quarta-feira, 15 de outubro de 2008

‘ACHO QUE DEUS É REALMENTE BRASILEIRO’

Li ontem no blog de Luis Favre o seguinte texto de José Meirelles Passos, do O Globo:

PRESIDENTE DO CITIGROUP DIZ QUE PAÍS PODE DAR LIÇÕES AOS PAÍSES RICOS

“Washington. Houve unanimidade entre banqueiros internacionais e brasileiros, ontem, sobre a capacidade de o Brasil suportar o impacto da atual crise financeira, sem perder o rumo do crescimento sustentável.

Ao fim de uma ampla análise da situação do país, o presidente e executivo-chefe do Citigroup, Bill Rhodes, utilizou um velho ditado brasileiro para resumir a situação privilegiada do país em meio à turbulência do momento.

— Começo a acreditar que Deus é realmente brasileiro.

Pelo jeito ele tinha tirado umas férias anos atrás — disse o banqueiro, provocando risos na platéia de investidores que lotou ontem a Conferência Econômica Brasileira, em Washington.

PARA MANTEGA, CRISE FOI UMA “ORGIA FINANCEIRA”

Rhodes, que nos anos 80 e 90 comandou o grupo de credores do país, numa longa e complicada negociação da dívida externa, disse que “o Brasil mudou completamente”, aprendendo muito com as crises que enfrentou.

E acrescentou que os brasileiros hoje têm condições de ensinar os países ricos: — Se algum país é capaz hoje de domar essa tempestade que enfrentamos é o Brasil.

O que me incomoda é os Estados Unidos não terem aprendido com as lições da América Latina. Os EUA passaram décadas ditando regras.

Acontece que os estudantes cresceram e se tornaram professores — disse ele.

Em seu discurso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, definiu a crise deflagrada nos Estados Unidos como “uma orgia financeira”. E admitiu que, a princípio, não imaginava que ela seria tão grave: — Não sabíamos o tamanho da encrenca.

Banqueiros brasileiros que participaram do evento, traçaram um retrato positivo do país.

Eles exibiram estudos mostrando que, mesmo com o dólar a R$ 2,20 e com o preço das commodities caindo, o país terá condições de continuar crescendo de forma sustentada.

Sergio Werlang, chefe do setor de riscos da Itaú Holding Financeira, chegou a dizer que isso será possível mesmo com grandes gastos federais: — Mesmo que o governo queira continuar gastando como está fazendo, o que eu não aprovo, o resultado continuará sendo positivo no ano que vem — disse ele.

Mantega respondeu: — Vamos cortar gastos, mas manter investimentos que são importantes. Eles representam nada mais que 1% do PIB.

Caio Megale, da Mauá Investimentos, disse que a crise tem um lado benéfico para o Brasil, uma vez que o país estava precisando desacelerar um pouco: — Estamos crescendo acima do potencial, acima do limite de velocidade. É como um carro numa estrada: você pode ir a 180 quilômetros por hora. Só que, em algum momento, vai dar uma trombada — comparou ele, acrescentando que “o risco seria haver uma redução do ritmo maior do que estamos precisando”.

Beny Parnes, diretor-gerente do Banco BBM, foi taxativo ao falar da capacidade de resistência do Brasil.

— Alguns anos atrás o Brasil sofreria um nocaute em dez segundos. Já temos grande experiência em enfrentar crises: é uma especialidade nossa”

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