domingo, 12 de outubro de 2008

HOJE, 12 OUTUBRO: 200 ANOS DO BANCO DO BRASIL

Sorte para o Brasil. Na década de 90, no auge da ganância neoliberal, quando os governos Collor e FHC/PSDB/PFL/PPS obedeciam ardorosamente os ditames dos Estados Unidos e demais potências, quase que perdemos o Banco do Brasil.

O “Estado Mínimo”, a extrema desestatização, a radical
“desregulamentação financeira” eram as ordens que nos eram transmitidas direta, via presidente, ou indiretamente, via FMI, BIRD, BID etc. O Brasil de FHC e a Argentina de Menem cediam entusiástica e submissamente às pressões dos países ricos.

Nesse cenário, foram desencadeados estudos oficiais para a privatização do Banco do Brasil, para a sua venda para bancos e governos estrangeiros. Caso concretizada, o BB poderia hoje estar falido junto com o seu dono, como ocorre com grandes bancos norte-americanos e europeus. Deus é brasileiro. Não permitiu.

Escolhi na Folha Online a seguinte reportagem de Wanderley Preite Sobrinho para lembrar o bicentenário do Banco do Brasil:

BANCO DO BRASIL CELEBRA 200 ANOS COMO A MAIOR INSTITUIÇÃO FINANCEIRA DO PAÍS

O Banco do Brasil comemora em 2008 seu bicentenário. Nesses dois séculos, a instituição passou por crises, fechou, foi reaberto, mudou de atribuições e, finalmente, se consolidou como um símbolo do país. A instituição é mais um legado deixado pela família real portuguesa, cuja mudança para o Brasil também completa 200 anos.

Foi por iniciativa do príncipe regente dom João que o Banco do Brasil foi fundado no dia 12 de outubro de 1808. A intenção era financiar a indústria, até então proibida de atuar no país.

"Mas a abertura dos portos matou a indústria nacional", diz o historiador João Garrido Pimenta, professor da Universidade de São Paulo (USP), se referindo à entrada de produtos ingleses no Brasil que eram mais baratos que os fabricados aqui.

Mesmo assim, o capital do banco --iniciado com 1.200 ações de um conto de réis cada uma-- se consolidou. É que um alvará de 1812 incluiu a Real Fazenda como acionista, que decidiu abrir mão dos lucros de suas ações por cinco anos.

A saúde financeira do BB durou pouco. Em 1821, dom João 6º retornou para Portugal levando com ele todo o dinheiro da instituição estatal.

"Não deve haver surpresa nisso", diz o historiador Adilson José Gonçalves, do Centro de Estudos da América Latina. "Como Lisboa voltaria a ser a capital do império, era natural que parte da estrutura montada no Rio voltasse para lá."

A partir de então, a má administração e os abusos do governo culminou no fechamento do banco em 1829.

Na década seguinte, o governo tentou reabrir o BB, mas o que vingou foi o Banco Comercial do Rio de Janeiro, fundado em dezembro de 1838.

Somente em 1851 o Conde de Mauá abre um banco particular e o batiza de Banco do Brasil. Dois anos depois, a instituição do conde se funde ao Banco Comercial do Rio de Janeiro dando origem ao novo Banco do Brasil, novamente estatal.

CRISE NA DÉCADA DE 1990

Uma das principais vocações do BB é a liberação de crédito para a agricultura. E essa tradição começou cedo, em 1888, com o fim da escravidão.

É que a libertação dos escravos abriu a necessidade de auxiliar os agricultores, que precisavam se adaptar à transição do trabalho escravo para o assalariado.

E foi exatamente a oferta de crédito para os agricultores que levou o Banco do Brasil, na década de 1990, a uma de suas mais graves crises.

Os efeitos do Plano Collor --no início daquela década-- foram responsáveis por um calote dos pequenos e médios agricultores no BB, que já era o responsável por cerca de 80% do crédito rural concedido pelo sistema bancário.

O resultado foi uma queda no patrimônio líquido do banco de R$ 9,6 bilhões, em junho de 1994, para R$ 3,5 bilhões em dezembro de 1995. No primeiro semestre de 1996, foi registrado um prejuízo de R$ 7,8 bilhões.

O corte de mais de 13 mil funcionários e o fechamento de 108 agências no Brasil e oito no exterior foram fundamentais para a recuperação do banco.

O BANCO 200 ANOS DEPOIS

O Banco do Brasil comemora seu bicentenário como a maior instituição financeira do país. Segundo o BB, seus ativos são de R$ 342,4 bilhões, bem acima dos cerca de R$ 270 bilhões do Bradesco, o segundo maior banco nacional.

Muito disso se deve a sua base de clientes, que gira em torno de 26 milhões de pessoas --10 milhões a mais que seu principal concorrente--, os responsáveis pelos depósitos de R$ 172,2 bilhões até setembro do ano passado.

Segundo o vice-presidente de finanças e mercado de capitais do Banco do Brasil, Aldo Luiz Mendes, a função de banco estatal ainda é fundamental para o desenvolvimento do país.

"Só um banco estatal consegue alocar o dinheiro nos locais em que as instituições privadas não investem porque não dão retorno ou oferecem risco", diz”.

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