segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A PROPOSTA BRASILEIRA

Li ontem no blog de Luis Nassif o seguinte texto de Denise Chrispim Marin
publicado pelo jornal “O Estado de São Paulo” (Estadão):

BRASIL PROPÕE AUTORIDADE MONETÁRIA MUNDIAL

Para Celso Amorim, a atual desordem internacional deve ser combatida com idéias novas.

A criação de uma autoridade monetária internacional para prevenir o mundo de crises e remediar a atual tornou-se a nova bandeira do governo brasileiro. Defendida ontem pelo chanceler Celso Amorim, a proposta vai além da antiga reivindicação por reformas no Fundo Monetário Internacional (FMI), no Banco Mundial (Bird) e no Conselho de Segurança das Nações Unidas, ainda presente no discurso oficial.

A iniciativa contou com um respaldo discreto de Portugal, que hoje acompanha os movimentos do Brasil no plano internacional. Ao Estado, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Luís Amado, disse que a crise "destruiu o capital de confiança em um sistema (financeiro) que vive da confiança" e a sua superação dependerá de um esforço multilateral.

"Vivemos num mundo novo, que exige idéias novas; não se pode querer que, nessa situação de desordem internacional, trabalhemos com parâmetros antigos. Deveríamos pensar em mecanismos financeiros que nos protejam. Para além da reforma das instituições de Bretton Woods (FMI e Bird), há necessidade de uma autoridade monetária verdadeiramente internacional", disse Amorim, no Itamaraty, ao final de encontro com o chanceler português.

"A gravidade e a dimensão da crise que vivemos releva a fragilidade do sistema internacional e a necessidade de sua ruptura, notadamente na área institucional. O Brasil pode ter um papel importante na perspectiva de saída da crise", disse Amado, na embaixada portuguesa.

Cada um a seu modo, Amorim e Amado mostraram-se frustrados com as reações individualizadas das principais economias do mundo, justamente as mais afetadas pela crise. Para Amado, em curto prazo será difícil evitar que as nações ajam por "instinto de sobrevivência" e em suas esferas de interesse nacional imediato, até com a opção por um perfil mais protecionista. O fracasso da tentativa da União Européia (UE) de adotar um pacote comum contra a crise ou, pelo menos, de agir de forma coordenada para reduzir seu principal efeito - a redução brutal da liquidez - tornou-se um exemplo da dificuldade de uma ação multilateral.

"Não há como fazer face à crise sem uma ação global. A crise ultrapassa a ação dos Estados nacionais", afirmou. "A interdependência é tão grande entre os mercados econômico-financeiros e as regiões do mundo que é absolutamente utópico pensar que um país possa isoladamente encontrar soluções para seus problemas, que não são diferentes dos do restante da comunidade internacional?, completou Amado.

A conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) seria uma resposta coordenada, pelo menos entre os seus 183 membros, do ponto de vista de ambos os chanceleres. Sem valer-se do termo "otimismo", Amado avaliou que seria possível acelerar as negociações, seja nesta etapa final de mandato do presidente dos EUA, George W. Bush, ou no início da administração de seu sucessor, que assumirá em fevereiro de 2009.

O ministro enfatizou que, independentemente do destino da Rodada Doha, a União Européia tem de apostar nas negociações inter-regionais, com o Mercosul e outros blocos”.

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