quinta-feira, 2 de outubro de 2008

REFLEXÕES ECLÉTICAS P'RA COMEÇAR BEM A PRIMAVERA

Li ontem no blog “Óleo do Diabo”, do jornalista Miguel do Rosário, o seguinte interessante artigo. O seu título é o acima exposto:

“Hoje é um dia de muitas notícias e pensamentos. Meu espírito se divide entre escrever sobre cinema brasileiro ou sobre a crise financeira mundial. Sei que a crise é grave, mas é que não tenho um centavo aplicado em bolsa - ao contrário, sinto até uma alegria mesquinha porque até pouco tempo sentia-me um pouco idiota por não ter, quando podia, comprado alguma ação da Petrobras e agora posso me sentir esperto novamente. Comecemos pela economia. Falo de cinema lá no final.

Tenho a impressão que o momento agora é de comprar. Estamos na baixa, o capital estrangeiro fugiu para seus países de origem, assim como pessoas mimadas que gritam mamãe quando enfrentam qualquer problema mais grave. É hora do brasileiro aproveitar e comprar barato o que seguramente será valorizado no futuro.

Além do mais, o dinheiro não desaparece. Apenas muda de mãos. Se os especuladores estão perdendo dinheiro, isso é otimo para os trabalhadores. Talvez não no curto prazo, por causa da confusão causada à economia, mas no médio e longo prazo certamente as atividades econômicas não especulativas serão beneficiadas com o estouro da bolha artificial do mercado financeiro.

Lembrem-se que a industrialização brasileira apenas acelerou-se a partir de 1929, após o crash da bolsa de Nova York. E os próprios EUA, depois da Grande Depressão, encontrou uma harmonia melhor entre Estado e capital, obtida com a eleição daquele que talvez tenha sido o melhor presidente norte-americano de todos os tempos, Roosevelt, eleito quatro vezes sucessivas(morreu no início do quarto mandato), que não só tirou a economia americana do buraco como consolidou a nação como grande super-potência global. Vencer Hitler, Mussolini e os nazistas japoneses é um detalhe nada desprezível.

Graças a Deus o Congresso americano não deu mais um cheque em branco ao Bush, desta vez no valor de US$ 700 bilhões. Que se danem os bancos, seguradoras, as bolsas! Que vão todos à falência. Sou a favor de um Estado forte e regulador, mas nunca de um Estado paternalista. E o que é pior: paternalista de banqueiros! Aí é demais.

Hoje li os três: Globo, Estadão e Folha. No Estadão tem um artigo do Marco Macial lembrando, com orgulho, do Proer. Tolinho, esse Maciel. Eu estava atrás desses dados há tempos, e o próprio ex-vice-presidente de FHC os entrega de bandeja. Lembram-se do Proer? Alguns anos após o plano Real, implantado em 1994, o sistema financeiro nacional começou a entrar em colapso. Então, a equipe econômica neoliberal tucana resolveu ajudar os pobres banqueiros, e compraram papéis podres (o que significa que deram dinheiro, de graça, para os bancos em crise) no valor de R$ 20,4 bilhões (total gasto com o programa, que durou até meados de 1997), em valores da época, que correspondiam a 2,7% do PIB brasileiro. Em valores atualizados, considerando o PIB de 2007 de R$ 2,7 trilhões, o Proer custou ao bolso dos brasileiros a bagatela de R$ 69,66 bilhões. Lembrando: o Bolsa Familia, tão criticado nos primeiros anos do governo Lula pela oposição e maior parte dos colunistas, custou, em QUATRO ANOS, de 2003 a 2006, um total de R$ 24 bilhões, ou média de 0,45% do PIB. Ou seja, para a direita o Estado foi criado para salvar banqueiro de apuros, mas nunca para ajudar uma família pobre a se alimentar decentemente.

É a mesma coisa com esse pacote de Bush. Ele equivale a mais que o dobro do PIB da África, de toda a África. O dinheiro, se fosse usado para livrar a África da miséria, poderia transformar o grande continente negro num grande mercado consumidor de produtos americanos. Mas Bush prefere comprar papéis podres de bancos falidos e gastar dinheiro mandando mísseis de 3 milhões de dólares sobre cabanas de palha no Afeganistão.”

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