segunda-feira, 13 de outubro de 2008

RETRATOS DA ARMAÇÃO

Luis Nassif ontem publicou em seu blog (ver lista de “recomendamos”, à direita):

“Fui olhar o Índice da Veja desta semana e incluíram (por malícia do destino) a primeira matéria depois da armação do grampo com a conversa entre o Ministro Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres.

Confira a matéria (que entrou por engano no índice desta edição):

“A revelação de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) espionou autoridades do governo, senadores da República e ministros do Supremo Tribunal Federal provocou uma vigorosa reação institucional contra o aparato estatal que vem violando de maneira acintosa a privacidade dos cidadãos. Na semana passada, uma reportagem de VEJA mostrou que o descontrole chegou ao extremo de agentes a serviço da Abin terem interceptado ilegalmente uma conversa telefônica entre o ministro Gilmar Mendes, presidente do STF, a mais alta corte de Justiça do país, e o senador Demóstenes Torres, um dos líderes oposicionistas no Congresso.

O episódio só não se transformou numa grave crise graças à ação rápida e convincente das autoridades. De imediato, o presidente Lula afastou o diretor da Abin, Paulo Lacerda, e toda a cúpula do órgão. Também mandou instaurar sindicância para apurar o envolvimento de servidores da agência estatal na instalação de escutas e na obtenção e manuseio de informações por meio da captação de diálogos telefônicos sem autorização judicial. (...)

(...) Por último, sob o comando de Lacerda, um delegado de polícia, servidores da agência foram pilhados ouvindo telefones de ministros de estado, ministros do Supremo, senadores, do presidente do Congresso e até de auxiliares próximos do presidente Lula.

A CADA DIA QUE PASSA, MAIS CLARO FICA QUE A REVISTA MENTIU, JULGANDO QUE SAIRIA IMPUNE DA MENTIRA.

(...) A ofensiva contra os subterrâneos da espionagem oficial só começou depois que o presidente percebeu a iminência da crise. Na segunda-feira, o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, foi ao Palácio do Planalto, acompanhado de dois colegas da corte, para cobrar uma ação concreta e imediata do governo contra o ataque dos espiões oficiais. A reunião teve a participação dos ministros Nelson Jobim, da Defesa, e Tarso Genro, da Justiça. Depois do encontro, Lula conversou longamente com Jobim. Ex-presidente do STF e ex-deputado, o ministro advertiu o presidente do risco de uma crise institucional.

Se Lula não tomasse uma atitude rapidamente, alertou Jobim, compraria uma briga com o Judiciário e com o Legislativo que teria resultados imprevisíveis. Jobim tinha razão. Os ministros do STF pensavam até em convocar cadeia nacional de rádio e televisão para denunciar a perseguição patrocinada por agentes do estado contra o Judiciário e o Congresso. Permaneceriam reunidos em sessão secreta até que alguma medida fosse anunciada. "Nesse momento, o presidente percebeu que a coisa era muito grave", disse a VEJA um ministro cujo gabinete fica no Palácio do Planalto.

FICA CLARO A AÇÃO CONCATENADA ENTRE GILMAR E JOBIIM.

A decisão de afastar todo o comando da Abin, porém, só foi anunciada depois que Jobim mostrou ao presidente documentos que provariam que a agência possuía aparelhos capazes de fazer escutas telefônicas e ambientais – informação que havia sido negada pelo general Jorge Felix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

CONFORME OS FATOS DEMONSTRARAM, A INFORMAÇÃO ERA INVERÍDICA.

Desmentido na frente do presidente por um colega de governo, o ministro chegou a pedir demissão, mas acabou convencido por Lula a permanecer no cargo.

QUEM MENTIA ERA QUEM DESMENTIA.

Em depoimento à CPI dos Grampos, o general – que é o responsável pela sindicância que vai investigar as escutas clandestinas – voltou a repetir que a Abin não faz grampo. Dono de uma teoria muito pessoal sobre o caso, ele propaga que as gravações ilegais foram feitas por pessoas ligadas ao ex-banqueiro Daniel Dantas”.

NÃO É TEORIA PESSOAL. TODA A PARTICIPAÇÃO DA VEJA NO EPISÓDIO MOSTRA INDÍCIOS CLAROS DE CONLUIO COM DANTAS.

Andre Dusek/AE (Agência Estado)

O GENERAL E SUA FANTASIA

“O ministro da Defesa, Nelson Jobim (à esq.), desmentiu o general Jorge Felix na frente do presidente Lula ao revelar que a Abin dispõe de uma maleta capaz de fazer escutas ilegais.

Se a sindicância da Abin tem tudo para terminar à imagem e semelhança de seu artífice, sinais positivos são emitidos pela Polícia Federal. Ágeis, por enquanto, os delegados encarregados do caso inspecionaram na semana passada os telefones do Congresso para verificar se os grampos contra os senadores haviam sido feitos nas dependências da casa e também ouviram alguns depoimentos. Reservadamente, os delegados se dizem preparados para enfrentar até o constrangimento de descobrir que agentes da corporação podem ter se associado aos arapongas da Abin em ações clandestinas. Os policiais têm informações de que isso, de fato, pode ter acontecido dentro da Operação Satiagraha – a famosa ação que resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas.

Aqui a lisonja à Polícia Federal. Como ficará a posição da revista em relação à PF depois de comprovado que não há nenhum elemento que assegure que o grampo existiu? Paulo Lacerda mereceu capa laudatória da revista, quando reformou a PF. Depois que passou a investigar Dantas, tornou-se maldito. A revista passou a distribuir elogios à nova cúpula da PF. Como fica agora?”

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