sexta-feira, 3 de outubro de 2008

TEREMOS QUE APRENDER MANDARIM?

Li no site “Terra Magazine”, do jornalista Bob Fernandes, o seguinte artigo de Ana Varón, de Bogotá, Colômbia:

“Os Estados Unidos atravessam uma de suas piores crises econômicas. Há aqueles que temem que ela seja ainda mais grave e tenha repercussões maiores do que a Grande Depressão de 1929. O mundo inteiro se viu afetado, porém, há um continente que, apesar de ver suas economias seriamente lesadas, percebe a conjuntura como a oportunidade perfeita para desbancar o país norte-americano e ocupar primeiro lugar no podium de superpotência econômica: Ásia.

Os países orientais sofrem os efeitos da crise. Os altos investimentos que nações asiáticas faziam nos EUA estão minguando. Além disso, a recessão econômica diminui consideravelmente as demandas que o país do norte faz regularmente à Ásia.

Segundo especialistas, os países asiáticos que mais podem ser afetados são Coréia do Sul e Japão; em menor escala, China e Índia, em virtude da força dos mercados internos.

Pio García, ex-funcionário da chancelaria colombiana para assuntos relativos à Ásia e à África, acredita que o Japão tem poucas possibilidades de expandir seu mercado interno como está fazendo a China.

- A superprodução de mercadorias chinesas que não está sendo enviada aos EUA pode ser absorvida pelo mercado interno - comenta.

Apesar disso, se poderia dizer que esta crise econômica é o ataúde do país no norte como hegemonia econômica no jogo das relações internacionais. A Ásia já está tomando o lugar dos EUA, no vácuo deixado pelo país liderado por George W. Bush. De acordo com García, a maior alavanca para o desenvolvimento do sudeste asiático já não são os Estados Unidos, senão a China e o Japão.

- Já há uma maior integração asiática que substitui o papel que os Estados Unidos estava desempenhando na região - salienta García.

O DRAGÃO APAGA AS ESTRELAS DO TIO SAM

A fim de se financiar, o Tesouro americano emite títulos da dívida com vencimento para daqui a 20, 25 e 30 anos. Para a surpresa de muitos, os maiores compradores destes títulos são os asiáticos. De acordo com relatórios do Treasury International Capital, o Japão é o país que mais possui títulos da dívida americana, com US$ 583,8 bilhões, seguido pela China e em seguida a Grã Bretanha.

A invasão da Ásia na economia mundial chegou a tal ponto que desbancou vários norte-americanos na lista dos mais ricos da revista Forbes. No top ten atual, quatro empresários indianos aparecem na lista: Lakshmi Mittal (4°), Mukesh Ambani (5°), Anil Ambani (6°), KP Singh (8°).

Uma possível guinada do poder econômico em direção ao Oriente poderia vir acompanhado de reflexos em vários aspectos da vida dos cidadãos ocidentais, incluindo a esfera cultural. Num futuro próximo, os refrigerantes e hambúrgueres poderiam ser substituídos por arroz frito e insetos, por exemplo.

AMÉRICA LATINA: INGLÊS OU MANDARIM?

Tendo em vista esta previsões, nossa região talvez deveria perguntar-se: é realmente vital ter os olhos voltados para o norte? Por que não nos voltamos mais para a Ásia? Quem sabe não teríamos bons resultados...

Alguns países latino-americanos já deram os primeiros passos na tarefa de buscar negócios com a Ásia e parecem já garantir bons resultados: Chile, México e Peru pertencem à Apec - Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico - e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está apostando suas fichas, não só econômicas como políticas, na China. Enquanto isso, por outro lado, países como a Colômbia, que tem um extenso litoral no Pacífico, vêem a Ásia de forma distante, e não como um eixo estratégico para seu comércio”.

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