quinta-feira, 4 de junho de 2009

DESTROÇOS SÃO CAMINHO PARA DESVENDAR CAUSAS DA QUEDA

HÁ POSSIBILIDADE DE UMA DESPRESSURIZAÇÃO SEVERA TER DESINTEGRADO O AVIÃO.

“Um avião em queda livre com seus sistemas eletrônicos em pane. É isso o que os investigadores já têm certeza de que aconteceu com o A330 do vôo 477 da Air France. As dúvidas, no entanto, persistem. Eis o que os especialistas ouvidos pelo Estado afirmaram neste segundo dia de investigações.

1. QUAL A IMPORTÂNCIA DO RESGATE DOS DESTROÇOS DO A330 DA AIR FRANCE?

Primeiro, os pedaços encontrados podem identificar o avião que fazia o vôo AF 447, confirmando a queda. De acordo com a quantidade de material a ser coletado, os peritos poderão reconstituir a aeronave, ou parte dela, e conhecer as causas do acidente.

2. OS DESTROÇOS ESTÃO NA MESMA REGIÃO EM QUE O AVIÃO CAIU?

Não se sabe. Se houve uma explosão severa da aeronave, os destroços ficaram espalhados por vários quilômetros. As correntes marítimas naquele trecho do Oceano Atlântico também empurram os pedaços rumo ao litoral brasileiro.

3. O QUE SÃO OS PONTOS LARANJAS QUE PILOTOS DIZEM TER AVISTADO NA REGIÃO DO ACIDENTE?

Não se sabe. Uma das hipóteses é que eles podem ser fogo provocado pelo combustível do avião, que não se mistura com a água.

4. O AVIÃO SE DESPEDAÇOU QUANDO AINDA ESTAVA NO AR OU SE ESPATIFOU AO CHOCAR COM O MAR?

Ainda não se sabe como foi a queda. A princípio, um jato em queda livre após uma despressurização severa, como ocorreu com o A330, tende a se desintegrar no ar, mesmo sem que ocorra uma explosão na aeronave como foi o caso do Boeing 737 da Gol, em 2006. O processo pode espalhar milhares de pedaços pelo oceano.

5. POR QUE O COMANDANTE DO VÔO AF 447 NÃO FEZ CONTATO POR RÁDIO PARA FALAR SOBRE OS PROBLEMAS DO JATO?

Não há explicação, ainda, sobre a falta de comunicação com o controle aéreo do Recife. Isso pode indicar que o problema que afetou o avião foi repentino e severo, sem dar tempo para que a tripulação entrasse em contato por rádio com os controladores de vôo. Sabe-se que, minutos antes do acidente, uma comunicação por rádio com a base do Recife informou que não havia problemas climáticos por volta das 23 horas (horário de Brasília). Momentos depois, às 23h10, o próprio avião enviou comunicado à Air France de que o piloto automático havia sido desligado e o sistema fly-by-wire também teria sido desligado. Isso pode ter sido feito pelos pilotos em uma tentativa de controlar manualmente a aeronave durante uma forte turbulência, o que seria algo desaconselhado a fazer. Além disso, a tripulação em um momento de crise concentraria a atenção na tentativa de recuperar o controle do jato. Os sinais automáticos emitidos pelo A330 continuaram informando que outros sistemas de controle do jato deixaram de funcionar até que as 23h14, após uma série de panes elétricas, o avião mandou uma mensagem indicando que estava, possivelmente, em queda vertical.

6. HÁ A POSSIBILIDADE DE O AVIÃO TER FICADO SEM INSTRUMENTOS DE NAVEGAÇÃO E TER SE ACIDENTADO?

É uma das hipóteses levantadas por pilotos e experts em segurança de vôo. Não há explicação para o início desses problemas que teriam provocado pane nos instrumentos. Tanto pode ser um raio como outro problema gerado na chamada "baia eletrônica", onde ficam os computadores que controlam os equipamentos do avião. Nos anos 90, curtos-circuitos em sistemas elétricos podem ter derrubado aviões como um MD-11 da Swissair e um Boeing 747 da TWA no litoral da América do Norte.

7. QUAL PAÍS FICARÁ RESPONSÁVEL PELAS INVESTIGAÇÕES DAS CAUSAS DO ACIDENTE?

A França, por ser país fabricante do avião e sede do registro da aeronave, vai gerenciar as investigações. O Brasil ficará responsável pelo resgate dos corpos das vítimas e dos destroços da aeronave.

8. É POSSÍVEL ENCONTRAR A CAIXA-PRETA E OUTROS EQUIPAMENTOS PESADOS QUE AFUNDARAM NO OCEANO?

Trata-se de uma operação bastante custosa, que precisa de sonares para rastrear o fundo do oceano. O governo francês está enviando um navio com um sonar para rastrear as regiões onde estão sendo encontrados pedaços da aeronave - ali o oceano tem até 4 mil metros de profundidade. Autoridades acreditam que é muito difícil encontrar a caixa-preta. Esse equipamento registra os dados do vôo e as conversas dos pilotos. É capaz de emitir, por 30 dias, um sinal que permite localizá-la mesmo quando está submersa.”

FONTE: jornal Folha de São Paulo, texto de Bruno Tavares, Eduardo Reina e Marcelo Godoy, 03/06/2009

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