“O FMI (Fundo Monetário Internacional) saudou a "liderança" e o "compromisso" demonstrados pelo Brasil, que emprestará US$ 10 bilhões ao organismo multilateral, informou nesta quarta-feira seu diretor-gerente, Dominique Strauss-Kahn.
"O Brasil reafirma mais uma vez a firmeza de seu papel como destacada economia emergente", afirmou Strauss-Kahn, citado em um comunicado do FMI.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou nesta quarta-feira que o empréstimo será efetuado através da aquisição de bônus do organismo. Com a decisão, o país exerce, pela primeira vez, o papel de financiador do fundo, já que, apesar de integrar o grupo dos 47 países credores, o Brasil ainda não havia feito empréstimos fora de sua cota (hoje de US$ 4,7 bilhões).
Segundo Mantega (foto), os financiamentos ao FMI serão feitos pela compra de bônus
Segundo Mantega, os financiamentos ao FMI serão feitos pela compra de bônus (títulos), expressos em direitos especiais de saque, modalidade que já existia no fundo e foi recuperada pelo Brasil. É como se o Brasil desse um cheque de US$ 10 bilhões ao FMI, para ser usado em caso de emergência, e pelo qual o país recebe juros --a taxa ainda não foi definida.
"É uma aplicação que o Brasil está fazendo para o FMI poder ajudar os países em crise, principalmente os emergentes", disse Mantega. Segundo ele, essa modalidade de empréstimos é distinta da cota e provisória --enquanto o FMI não faz a reforma de cotas de participação dos países, aumentando a do Brasil e dos emergentes.
A decisão foi acertada na noite de ontem com o presidente Lula, e já havia sido combinada durante a reunião do G20 financeiro, em abril.
"As autoridades brasileiras mostraram grande capacidade de liderança em seu compromisso com o processo de reforma do FMI e a expansão de nossos recursos, e me dá satisfação o fato de o Brasil mostrar claramente seu forte apoio ao sistema econômico e financeiro internacional", disse Strauss-Kahn.
O diretor-gerente destacou que o FMI tomará as medidas necessárias para "permitir a emissão de bônus o mais rápido possível".
Os US$ 10 bilhões serão provenientes das reservas internacionais brasileiras, estimadas em US$ 200 bilhões, segundo números do Banco Central
As reservas, porém, permanecem inalteradas, uma vez que o Brasil apenas modifica o tipo de aplicação. Em vez de aplicar as reservas, por exemplo, em títulos do governo norte-americano, investiria nesses bônus do FMI. "É um segundo passo importante que o Brasil tem dado no sentido de tornar credor e não devedor", afirmou Mantega."
FONTE: reportagem da agência francesa de notícias France Presse, em Washington, e da Folha Online, em Brasília, publicada no portal UOL em 10/06/2009.
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