quarta-feira, 11 de novembro de 2009

CANDIDO MENDES: "PARA ONDE NÃO VAMOS?"

O ex-presidente [FHC] pergunta-se, indeciso, para onde vamos. Mas as próximas eleições mostrarão para onde não voltamos

O artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ("Para onde vamos") revigora todo o debate político nacional, tirando as oposições de sua presente e contundente mediocridade.

Amplo no propósito e na riqueza polêmica, parte da afirmação [jocosa] de que tudo que é bom no atual governo já veio de antes e que o mal de agora apenas começa.

Há, sim, confronto radical entre os dois regimes, ao contrário do que diz, e os tucanos abriram o país à globalização privatista hegemônica [que beneficiou as grandes potências], enquanto o petismo vai hoje, com a melhoria social do país, à recuperação do poder do Estado, numa efetiva economia de desenvolvimento sustentável.

A legislação do petróleo, em projeto que ora assaca ao governo o ex-presidente, quer corrigir os efeitos da emenda constitucional de 1995, que desfigurou o monopólio do petróleo da Carta do dr. Ulysses num regime de concessão que, inclusive, entrega aos exploradores [estrangeiros] do subsolo nacional "a propriedade" do óleo extraído.

A partilha, sim, é o novo instrumento, nada "mal-ajambrado", em que volta, por inteiro, ao Estado o direito aos proventos dessa extração, ampliando sua destinação social imediata. Diga-o, agora, a Noruega, o país mais desenvolvido e democrático do mundo, que, exatamente, adotou esse regime nas suas riquezas do mar do Norte, deixando as concessões no cemitério das ideologias liberais capitalistas de há uma vintena.

O governo Lula reassegurou a presença do Estado para a efetiva mudança da infraestrutura, que pede o desenvolvimento, atrasado durante o 'progressismo liberal' [sic] do PSDB, como mostravam os primeiros resultados do PAC, a contemplar entre os seus principais beneficiários, inclusive, o governo de São Paulo.

O país não frui ainda, claro, o programa Minha Casa, Minha Vida, mas sabe que o Bolsa Família colocou a população de uma Colômbia na nossa economia de mercado.

Claro, também enfrentamos o risco da absorção corporativa sindical no controle dos recursos públicos.

Mas essa é etapa adiante da página que se virou de vez, ou seja, do retorno ao controle pelo status quo, sob a ideologia social-democrata, de autolimitação do poder do Estado ou da crença dos progressismos espontâneos, sem dor para o país instalado, como professa a oposição a Lula.

O embaraço do tucanato em reconhecer o "entreguismo" dos controles públicos [a estrangeiros e ONGs] durante o seu governo é o mesmo que o alvoroça a assimilar o governo Lula ao "populismo autoritário peronista".

São comparações regressivas, que não se dão conta da experiência única da chegada do "outro país" ao poder, contra o desespero da violência dos "sem-nada", das Farc colombianas ou do Sendero Luminoso, no Peru, e assentou, de vez, uma maioria nacional, consciente de suas opções.

Realizar-se ou não o que seja, hoje, na sua originalidade, o "povo de Lula", é a diferença entre o Brasil "bem" e o país da mudança.

O petismo não é o justicialismo peronista, e hoje a nossa consciência coletiva supera o próprio partido, na solidez do que não quer para o futuro.

Essa nossa adesão ao novo, aliás, foi adiante, até, da própria legenda e de suas siderações pelas vantagens do poder, nessa matriz de um evento político que torna as futuras eleições tão distintas de uma escolha da hora entre situacionismos cansados e oposições gulosas. E o Brasil potência, tão profligado pelo ex-presidente, é a configuração emergente desse país que sabe que não volta ao berço esplêndido da nação dos ricos.

Mais que a denúncia dos "pequenos assassinatos" a minar "devagarzinho" o espírito democrático, o que entra pelos olhos do Brasil na conduta de Lula é a determinação visceral do governo de não ceder a um terceiro mandato, avassaladoramente acolhível, se assim quisesse o presidente, por emenda constitucional, tal como o governo tucano desfigurou o monopólio do petróleo.

No inverso de Chávez, Lula, no seu gesto, reafirma o essencial da democracia, que é o cumprimento das regras do jogo, no que diga a Carta, por maior que seja o poder da hora de quem está no palácio.

O ex-presidente pergunta-se, indeciso, para onde vamos. Mas as próximas eleições mostrarão para onde não voltamos, tanto quanto a nação de Lula sabe que, no Brasil, é "o povo como povo" intrinsecamente melhor que as suas "elites como elites".

FONTE: artigo de Candido Mendes, membro da Academia Brasileira de Letras e da Comissão de Justiça e Paz, presidente do "senior Board" do Conselho Internacional de Ciências Sociais da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e secretário-geral da Academia da Latinidade. Publicado na Folha de São Paulo de hoje (11/11). [Este blog fez pequenas inserções no texto, entre colchetes e em itálico].

2 comentários:

Laerte Vicente disse...

Eu sou poeta
e Ativista do Movimento de AIDS
e Acompanho a politica de meu Brasil
desde minha aolecencia
Eu não dou ouvidos para as BOBAGENS
que esse Fernando Henrique fala,
a unica coisa que ele soube fazer,
foi vender nossas empresas estratégicas,luz,agua,energia,transporte e saude para o mercado intenacional,e Hoje seu amiguinho José Serra continua vendendo nosso SUS.É o momento do povo Brasileiro cobrar do PSDB indenização por esse apagão que aconteceu nesses dias.Temos que varrer esses picaretas e meliantes do PSDB do cenário político.A população soropositiva da Cidade de Guarulhos sofrem na mãos de uma diretora do Hospital estadual Padre Bento que desarticulou o ambulatório de DST/AIDS
infelismente a Dona Maria Madalena que não é a da Biblia e sim do PSDB
está mais para assassina do que para médica.Que o POVO do nosso Brasil não desista nunca da luta,e fazer de nosso Brasil um Pais melhor,mais Humano,mais justo

LAERTE VICENTE
ATIVISTA INDEPENDENTE
http:laertevicente.zip.net

Unknown disse...

Prezado Laerte,
Obrigado pela visita e comentário.
Você tem toda a razão. Concordo que os anos FHC/PSDB/DEM foram muito ruins para o Brasil. Foram antinacionais. O povo brasileiro deve lutar para que eles não voltem e que continuemos a resolver os problemas brasileiros, inclusive para a Saúde Pública bem atender a todos.
Maria Tereza