
Valério preparou planilhas do mensalão do PSDB, diz lobista
"O lobista Nilton Monteiro, da Lista de Furnas, afirmou ao jornal Estado de SP que Marcos Valério participou pessoalmente da elaboração das planilhas de caixa 2 que deram origem à investigação do chamado mensalão tucano. Nilton Monteiro é o responsável por abastecer a Polícia Federal e o Ministério Público com documentos que levaram à denúncia contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) por participar do esquema.
Segundo ele, as planilhas, com detalhes de repasses de dinheiro a políticos aliados durante a campanha de Azeredo ao governo de Minas, em 1998, que ficaram conhecido como Lista de Furnas, foram preparadas em 2005, logo depois de estourar o mensalão envolvendo o PT.
Monteiro explicou que a ideia de fazer a lista partiu de Marcos Valério e de Cláudio Mourão, ex-tesoureiro de campanha de Azeredo, e tinha dois objetivos: Mourão queria usar os papeis para cobrar de Azeredo uma dívida remanescente da campanha, e Marcos Valério, por sua vez, tentaria emparedar o PSDB com as provas de que, bem antes de atuar para o PT, havia prestado os mesmos serviços aos tucanos mineiros. "Marcos Valério queria fazer com que o PSDB parasse com as acusações contra ele, por causa do mensalão petista", disse Nilton Monteiro.
Para preparar os relatórios, destacou Claudio Mourão e Marcos Valério recuperaram toda a memória do caixa 2 da campanha de 1998 do PSDB. O plano inicial, explicou, era utilizar os documentos só nos bastidores. Conhecido personagem do submundo dos dossiês, Nilton Monteiro afirmou que foi convidado por Valério e Mourão para apresentar os papeis ao PSDB e tentar um acordo. "Eu fui chamado para ser o negociador." Pelas mãos do próprio lobista, os documentos foram parar, depois, na PF e no Ministério Público.
DENÚNCIA
A lista, acompanhada de recibos e documentos bancários, detalhava a origem e o destino de R$ 100 milhões que teriam sido utilizados para irrigar a campanha de Eduardo Azeredo Azeredo (PSDB). Parte do dinheiro tinha origem em estatais de Minas, Cemig por exemplo.
Iniciada a partir dos documentos, a investigação descobriu que parte do caixa 2 foi movimentada por agências de publicidade de Marcos Valério, a DNA e a SMP&B.
Em novembro de 2007, o então procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, denunciou o tucano Eduardo Azeredo ao Supremo Tribunal Federal (STF) por peculato e lavagem de dinheiro. A denúncia começou a ser apreciada na semana passada pelo plenário do STF. O relator do caso, o ministro Joaquim Barbosa, votou a favor da abertura de ação penal contra Azeredo. O julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro José Antonio Dias Toffoli, recém-chegado à corte.
Em sua defesa, o senador Azeredo acusou o ministro Joaquim Barbosa, relator do caso de ter incluído nos autos um documento falso. Trata-se de um recibo assinado pelo tucano,Azeredo atestando o recebimento de R$ 4,5 milhões das agências DNA e SMP&B. O senador diz que o documento foi montado por Nilton Monteiro. Em resposta, o lobista protocolou anteontem no Supremo uma queixa-crime contra o senador Azeredo. "Eu desafio o senador a provar que o documento é falso. Se ele provar isso, eu engulo o recibo", afirmou.
Monteiro, que ficou conhecido por denunciar o mensalão tucano, submergiu após o escândalo e voltou à cena no primeiro semestre deste ano. Em maio, ele havia retornado a Brasília, desta vez com novos documentos sobre a lista de Furnas, que atesta repasses de dinheiro da estatal a políticos do PSDB e do DEM."
FONTE: publicado hoje (13/11) no blog "Os amigos do Presidente Lula".
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