terça-feira, 20 de abril de 2010
BRASÍLIA - 50 ANOS AMANHÃ
Amante de desafios
Por Lustosa da Costa
"Pessoa de bem com a vida, sem espaço no coração para rancores, capaz de beneficiar inimigos que o queriam depor, com anistia, Juscelino Kubitschek amava os desafios. Para tomar posse, teve de enfrentar a feroz conjuração militar que implantaria a ditadura, cinco anos depois. Não havia nenhum compromisso de campanha, assumido publicamente, para a mudança da capital. Assumiu no interior de Goiás, quando o então candidato a presidente foi interpelado por um popular sobre se comandaria a mudança da Capital. Num traço de gênio, captou o desafio e o enfrentou.
Ódio
Sabia que teria de enfrentar o ódio da UDN golpista [hoje PSDB/DEM], de vezo denuncista, habituada a chamar todo o mundo de ladrão. A descrença dos brasileiros na capacidade de realização de seus engenheiros, de seus empreiteiros, de seus arquitetos. Sem falar na imprensa que, receosa de ficar distante dos cofres federais, tudo faria para impedir a mudança.
O ceticismo era contra
E ela começou, sob descrença geral. O tempo era o grande inimigo, afora o ceticismo. Gustavo Corção, líder da direita golpista, jurava, por todos os santos e por seus conhecimentos de engenharia, que não havia possibilidade de estabelecer ligação telefônica da nova cidade com o restante do País. Os diplomatas daqui e de fora, por sua vez, garantiam que não haveria condições de implantar a administração pública e a representação diplomática no ermo, na deserta Brasília. Em meio a isso, a campanha de descrédito, de ceticismo e as acusações de corrupção generalizada. Ainda assim, ele venceu.
Venceu duas vezes
A primeira quando na data aprazada [21/04/1960] comandou a festa de inauguração de nova capital, belíssimo monumento arquitetônico, bolado por Oscar Niemeyer, construído segundo todas as exigências da modernidade. Por ela, sofreu humilhações dos militares. E o receio de que a construção seria, em breve, abandonada por eles, de retorno ao Rio de Janeiro. JK foi preso e humilhado. Sua obra, porém, engrandecida pelos que o detiveram e dele escarneceram. Foram os militares que mais se empenharam por sua consolidação e seu brilho.
Outro de seus êxitos
O último foi o pranto desatado de toda a cidade que instalara no deserto, quando chegou a notícia de que ele morrera num desastre automobilístico. Todo o povo, a pé, acompanhou até o túmulo o homem que engrandecera este pedaço de chão. Venceram o trabalho e a coragem. JK se imortalizou fazendo o brasileiro acreditar no Brasil.
Diminuição
[Diminuição do brilho de Brasília, causada pelos escândalos dos demotucanos, herdeiros da UDN golpista. Todos os corruptos são oriundos de outros Estados, São Paulo inclusive, mas querem se eximir colocando a culpa na geografia. As TVs e jornalões os ajudam. As fraudes são tratadas somente como "os escândalos de Brasília"...]
Tratando de personalidade histórica tão importante, constrange-nos mencionar Joaquim Roriz que, muito depois, se instalaria, com sua quadrilha, na administração da Capital. O pior é que o governador eleito é seu cupincha, além de haver recebido votos de deputados, filmados, recebendo propinas do ex-governador [demotucano] José Roberto Arruda."
FONTE: escrito por Lustosa da Costa em sua coluna no Diário do Nordeste [título e entre colchetes colocados por este blog].
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