sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

‘WIKILEAKS’ APONTA ‘TRAÍRAS’ BRASILEIROS QUE TRABALHARAM PARA OS EUA E A ALCA!


Para os traíras e os EUA, o MRE e Samuel Guimarães (foto) eram o inimigo # 1 da ALCA (e do Johnbim) (*)

‘WIKILEAKS’ APONTA ‘TRAÍRAS’ BRASILEIROS: FUNCIONÁRIOS DO BRASIL TRABALHARAM PARA OS EUA E A ALCA!

INTRODUÇÃO DESTE BLOG:  A MALDADE DA ALCA

O tratado com os EUA, sob o bonito e enganoso título de “livre comércio”, escondia danosa armadilha. A principal consequência negativa para o Brasil, na hipótese de adesão à ALCA, é pouco comentada, até escondida pela oposição e mídia. Seria o impedimento de termos políticas de desenvolvimento específicas para setores estratégicos.

Diferentemente dos EUA, o Brasil, não desenvolvido em todas as principais áreas, ainda necessita criar estímulos e proteções para crescer em setores que agregam muito valor ao produto nacional e alavancam fortemente o progresso econômico e social. Dentre eles, o nuclear, o espacial, o de informática, nanotecnologia, química fina, biotecnologia, fármacos e outros.

Contudo, as políticas industriais de desenvolvimento nacional (com estímulo do Estado e com proteção ao nascente setor estratégico contra concorrentes estrangeiros já "adultos" e poderosos) estariam proibidas pelas regras da ALCA, pois, segundo os EUA, “violariam o princípio da livre concorrência”. Não poderia haver proteções governamentais. Com isso, estaríamos perpetuamente condenados a ser país periférico, vendedor de matérias-primas, produtos agrícolas ou de simples semimanufaturados, e eternos importadores de bens de alto valor agregado.

Os EUA ganhariam disparada vantagem dentro da ALCA, pois já se desenvolveram, especialmente com o forte estímulo e subsídio, que há décadas adotam, de compras governamentais “buy american”, especialmente de pesquisa e desenvolvimento de produtos militares para a sua gigantesca máquina de guerra. Esses produtos, após criados e desenvolvidos com todos os seus custos não-recorrentes absorvidos pelo Estado, são colocados no mercado em facilmente adaptada versão civil, “para competição com outros países”, com as empresas americanas arcando somente com os custos recorrentes.

Por exemplo, um novo avião cargueiro militar encomendado pelo Pentágono, por exemplo à Boeing, tem todos os seus custos de projeto, desenvolvimento, ensaios, homologação, capacitação tecnológica e industrial da linha de produção etc pagos pelo Estado norte-americano (são os custos não-recorrentes, que incidem uma vez). A empresa que desenvolveu o avião pode, se assim decidir, colocá-lo no mercado também em versão de passageiros, bancando somente os custos de produção (recorrentes, que incidem a cada produto da série). Portanto, em preços muito mais baixos que os similares de outros países onde a empresa bancou e tem de amortizar todos os elevadíssimos custos não-recorrentes e arca com os recorrentes. É competição desigual muito favorável aos EUA.

(OBS: sobre esse exemplo acima, a Folha publicou em 08/01/11:

"A economia dos EUA, disse Robert Hormats, subsecretário de assuntos econômicos do Departamento de Estado, depende cada vez mais de exportações a países em desenvolvimento, e a Boeing é a maior exportadora norte-americana de bens industrializados")

Com a ALCA, seria assim, luta desigual, em quase todas as áreas do nosso comércio com os EUA. Com a diferença de que, como membro, estaríamos proibidos de estimular e sustentar o crescimento, de nossas áreas estratégicas, com proteções governamentais (suporte indispensável, até elas estarem “adultas”, em condição de competir com as norte-americanas, sem apoios estatais).

O governo FHC/PSDB/PFL-DEM era favorável à entrada do Brasil na ALCA. Chegou a comprometer-se com data. Talvez, além da forte pressão dos EUA que ocorria, houvesse também a pressão interna dos setores brasileiros que poderiam vir a exportar mais (os de matérias-primas, produtos agrícolas ou de simples semimanufaturados).

O governo tucano FHC era simpático àquela aliança com os EUA ser rapidamente estabelecida. FHC afirmou em Washington, em 21/04/1995, que estava seguro que a meta de criar a ALCA seria alcançada em 2005 (discurso em sessão solene do Conselho da Organização dos Estados Americanos). A Folha de São Paulo, em 2004, publicou que deveríamos aceitar logo as imposições dos EUA para a ALCA “mesmo que em condições não-satisfatórias para o Brasil”.

Isso significaria a condenação de estacionarmos perpetuamente como país subdesenvolvido, periférico. Essa é a maldade da ALCA que os EUA e brasileiros antinacionais, ou com visão egoísta de curto prazo, ardentemente queriam para o Brasil.

Na campanha de 2002, José Serra expressou perante as TVs que era favorável à adesão do Brasil à ALCA e que era contra a ênfase ao Mercosul. O governador tucano Aécio Neves enviou carta ao presidente Lula, em 2003, propondo que Belo Horizonte fosse a sede da ALCA. Em novembro de 2005, o senador Arthur Virgílio (líder do PSDB no Senado) aproveitou a visita de George W. Bush para defender a retomada das negociações da ALCA.

Agora, o “Wikileaks’ revela outros “traíras” que faziam o jogo dos EUA. São traíras porque, pelo preparo intelectual e pelo nível de suas funções, não podem ter a desculpa de serem ingênuos e não terem percebido as maldades acima citadas.

Vejamos a seguinte postagem de Paulo Henrique Amorim ontem, sobre as novas revelações do 'Weakleaks':

NELSON JOHNBIM E TONY PALOCCI NÃO ESTAVAM SOZINHOS

(...) Tony pretendia liderar movimento para o Brasil entrar (de quatro) na ALCA.

Segundo Stanley Burburinho I (quem serão os Stanley Burburinhos I e II ?), o reparador de iniquidades, a traição à política externa do Governo a que serviam contaminou mais gente:

Telegrama abaixo mostra que dois altos funcionários do Brasil trabalharam em favor dos EUA sugerindo estratégias que ajudariam a ALCA:

“…Além disso, eles identificam dois altos funcionários do Brasil que, ao longo do processo, trabalharam em favor dos EUA sugerindo estratégias que ajudariam a Casa Branca a vencer resistências do governo brasileiro.”

Um deles, Paulo Venturelli, coordenador geral de política agrícola no Ministério de Agricultura, teria dito – em conversas com diplomatas americanos – que “os negociadores do Itamaraty estão paranóicos”. O documento, classificado como confidencial, registra que ele foi tão franco a ponto de afirmar que “o Itamaraty tem mentido ao presidente Lula sobre a ALCA”. Mais: “Venturelli disse que altos funcionários do Itamaraty estão formulando política baseados totalmente na ideologia Norte-Sul dos anos 60, e sem nenhuma real consideração econômica”.

“Além de tais considerações, Venturelli teria – segundo os americanos – feito sugestões aos EUA de como lidar com o Itamaraty. “Ele sugeriu ao governo dos EUA que adotasse uma linha dura com o governo do Brasil, como dizer a ele para aceitar a ALCA como está ou será deixado para trás com os EUA e outros países avançando para formar a ALCA. Sua visão é a de que esse choque pode ser necessário antes que o governo admita que a política do Itamaraty é falha”.

“Um segundo funcionário, Arno Meyer, então vice-secretário para Assuntos Internacionais, do Ministério da Fazenda, envolvido – como Venturelli – nas negociações da ALCA, procurou as autoridades americanas com ideias de como minar a resistência brasileira. “Meyer nos forneceu uma franca e refletida análise sobre a situação atual no governo com relação à ALCA, e sugeriu como o governo dos EUA poderia fortalecer as forças pró-ALCA dentro do governo (brasileiro)”.

“…Segundo eles, Meyer disse que se os EUA conseguissem lidar com os efeitos do apoio doméstico (à ALCA) na região, “isso derrubaria um dos principais argumentos do Itamaraty contra a posição dos EUA”.

EUA CULPARAM ITAMARATY PELO FRACASSO DA ALCA, REVELA DOCUMENTO DIVULGADO PELO WIKILEAKS

José Meirelles Passos

“O fracasso na criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e os entraves que engasgaram as negociações (até hoje não concluídas) da Rodada de Doha, na Organização Mundial do Comércio (OMC), foram atribuídos pelos EUA ao Brasil – responsabilizando mais especificamente o Itamaraty, sob o argumento genérico de que o Ministério das Relações Exteriores brasileiro suspeitava de que os EUA planejavam dominar o hemisfério através da ALCA.

Essa constatação está num novo pacote de documentos do governo americano divulgados pelo WikiLeaks. Os papéis estão recheados de intrigas palacianas, revelando discórdias entre ministérios brasileiros sobre a questão. Além disso, eles identificam dois altos funcionários do Brasil que, ao longo do processo, trabalharam em favor dos EUA sugerindo estratégias que ajudariam a Casa Branca a vencer resistências do governo brasileiro.

Um deles, Paulo Venturelli, coordenador geral de política agrícola no Ministério de Agricultura, teria dito – em conversas com diplomatas americanos – que “os negociadores do Itamaraty estão paranóicos”. O documento, classificado como confidencial, registra que ele foi tão franco a ponto de afirmar que “o Itamaraty tem mentido ao presidente Lula sobre a ALCA”. Mais: “Venturelli disse que altos funcionários do Itamaraty estão formulando política baseados totalmente na ideologia Norte-Sul dos anos 60, e sem nenhuma real consideração econômica”.

BNDES SERIA USADO PARA IMPEDIR AVANÇO DA ALCA

Além de tais considerações, Venturelli teria – segundo os americanos – feito sugestões aos EUA de como lidar com o Itamaraty. “Ele sugeriu ao governo dos EUA que adotasse uma linha dura com o governo do Brasil, como dizer a ele para aceitar a ALCA como está ou será deixado para trás com os EUA e outros países avançando para formar a ALCA. Sua visão é a de que esse choque pode ser necessário antes que o governo admita que a política do Itamaraty é falha”.

Um segundo funcionário, Arno Meyer, então vice-secretário para Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, envolvido – como Venturelli – nas negociações da ALCA, procurou as autoridades americanas com ideias de como minar a resistência brasileira. “Meyer nos forneceu uma franca e refletida análise sobre a situação atual no governo com relação à ALCA, e sugeriu como o governo dos EUA poderia fortalecer as forças pró-ALCA dentro do governo (brasileiro)”.

Segundo os americanos, os ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento e da Fazenda teriam uma posição diferente da do Itamaraty. Segundo eles, Meyer disse que se os EUA conseguissem lidar com os efeitos do apoio doméstico (à ALCA) na região, “isso derrubaria um dos principais argumentos do Itamaraty contra a posição dos EUA”.

Os registros oficiais mostram que os EUA começaram a se preocupar com a questão logo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter assumido o governo, no início de 2003. “Novos elementos de firme oposição à ALCA fixaram residência dentro do governo do Brasil, em vez de permanecer nos partidos de oposição e ONGs. Isso é particularmente evidente no Itamaraty”.

Os telegramas destacam o então secretário geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, como o principal inimigo: “O papel ascendente de Pinheiro Guimarães na política sobre a ALCA, dentro do Itamaraty, não é um bom agouro para que haja esforços conjuntos e colaborativos sobra a ALCA”.

Para o governo americano, o Brasil não se empenhava pela ALCA devido às suas próprias metas políticas “que incluem um papel de liderança na América do Sul com um enfoque vigoroso no desenvolvimento e na agenda social, que às vezes colidem em sua busca de certos interesses econômicos nacionais”. Um dos fatores principais, segundo os EUA, seria o de que, além de querer ser líder regional o Brasil, deseja “ser a força motor por trás da revigoração do Mercosul” [o que seria ruim para os EUA].

Segundo a análise, o Brasil lançava mão do BNDES para impedir o avanço a ALCA. Através de linhas de crédito a Argentina, Venezuela, Bolívia, Colômbia e Peru, o país procurava “reforçar os laços regionais e a fidelidade ao Brasil”.

Os papéis deixam claro que, depois de muito esforço, o próprio governo americano desistiu de insuflar uma reviravolta na posição brasileira: “O Itamaraty foi colocado a cargo da política da ALCA, e nós não acreditamos que esforços para explorar as diferenças entre ministros tenham êxito. Tentativas de agitar a situação (…) só serviriam para endurecer os linha-duras e minar os ministros que compartem de nossa opinião”.

(*) Como se sabe, Nelson Johnbin foi ao embaixador americano falar mal de Samuel Pinheiro Guimarães e da política externa do Governo a que servia. Será que Johnbim ainda vai falar mal da política externa do Governo a que serve ?”

FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e publicado em seu portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2011/01/06/funcionarios-do-brasil-trabalharam-para-eua-e-a-alca/) [título e introdução “A Maldade da ALCA” escritos e adicionados por este blog].

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