quinta-feira, 6 de outubro de 2011
SATÉLITES DE COMUNICAÇÕES SERÃO PARTE DO PROGRAMA ESPACIAL BRASILEIRO
Por José Monserrat Filho, da AEB
“Está decidido nas mais altas esferas: o Brasil deve lançar em 2014 seu primeiro satélite geoestacionário de comunicações, comprado no exterior, mas -e essa é a grande diferença- construído com ativa participação da indústria brasileira.
O segundo tem seu lançamento previsto para 2019, com inserção ainda maior da nossa indústria.
O Brasil já teve, nos anos 80 e 90, satélites geoestacionários [100% comprados no esterior] -aqueles que voam a 35.786 km da Terra, no plano da Linha do Equador, e que, por se deslocarem com a mesma velocidade do nosso planeta, ficam como que parados, estacionados, sobre um mesmo ponto da superfície terrestre. O que constitui o cerne dos fantásticos avanços das telecomunicações no mundo inteiro.
A primeira geração de satélites brasileiros geoestacionários começou com o satélite Brasilsat A1, orbitado em 1985. Vários outros vieram depois: Brasilsat A2, em 1986; Brasilsat B1, em 1994; Brasilsat B2, em 1995; e Brasilsat B3, em 1998.
Todos eles adquiridos pela Embratel -até então pertencente ao nosso Ministério das Comunicações- de empresas privadas do Canadá e dos EUA, e lançados a partir de Kourou, na Guiana Francesa, pelo foguete europeu Ariane.
Sem nenhuma ligação com o Programa Espacial Brasileiro.
Em 29 de julho de 1998, dentro do programa de “abertura neoliberal da economia brasileira”, o Governo [FHC/PSDB] privatizou a Embratel -apesar de ser reconhecidamente lucrativa e eficiente-, com todos os seus satélites. Todo esse patrimônio foi transferido à empresa Star One, que lançou só mais um satélite, o Brasilsat B4, em 2000.
[OBS deste blog 'democracia&política': com a irresponsável “privatização” da Embratel (i.é., passagem 100% para estrangeiros) efetuada pelo governo demotucano, todas as comunicações brasileiras via satélite, militares, diplomáticas, governamentais, comerciais, individuais, passaram a ser 100% controladas por estrangeiros].
Cometemos um erro histórico. Poderíamos ter aberto o mercado das comunicações, mantendo uma grande empresa estatal brasileira. Pagamos preço alto: desde 1998, há 13 anos, o Brasil não dispõe de seus próprios satélites de comunicações e sente muita falta deles para comunicações estratégicas do governo e das Forças Armadas.
Hoje, a Star One conta com cinco dos satélites referidos, localizados nas excelentes longitudes de 75, 70 e 65 graus oeste, vendendo serviços de comunicações domésticas e internacionais, com alta taxa de uso. É deles e de outros satélites de empresas privadas [todas estrangeiras] que se servem hoje nossas instituições oficiais civis e militares.
Tal dependência é inaceitável. Por isso, os dois satélites a serem construídos a partir de agora com máxima presteza virão preencher importantíssimas lacunas, inclusive a de levar internet em banda larga às populações das zonas mais remotas do país.
Mas, o mais relevante de tudo é o fato de que os satélites não serão simplesmente comprados em caixas pretas, como se fazia no passado. Essa segunda geração de satélites geoestacionários brasileiros enriquecerá a política nacional de desenvolvimento tecnológico efetivo. Fator essencial do negócio será a maior integração possível de, pelo menos, uma grande empresa brasileira.
A empresa estrangeira contratada para produzir os satélies terá, necessariamente, que atender à exigência de dar acesso à tecnologia utilizada e de preparar especialistas qualificados, capazes amanhã de contribuírem na criação de outros satélites semelhantes.
É o esforço decisivo de valorizar a prata da casa e de priorizar a capacitação nacional em área estratégica, promovido pelos Governos Lula e Dilma Rousseff e conduzido com afinco pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação. Isso é inédito entre nós no campo das telecomunicações.
Significa, também, que os satélites geoestacionários brasileiros passam a compor capítulo especial do Programa Espacial Brasileiro, que agora inclui as telecomunicações por satélite, em trabalho conjunto com a Telebrás, do Ministério das Comunicações, e com o Ministério da Defesa. Há, portanto, grandes novidades a comemorar.”
FONTE: site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/space/noticia/2975/Satelites-de-comunicacoes-serao-parte-do-Programa-Espacial-Brasileiro) [imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
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3 comentários:
Oi Maria Tereza, é porque quando é para falar as verdade do DESgoverno FHC, o DEFESANET esquece...
Mas, a Helena Sthephanowitz tem uma memória tão boa... acho que ela toma "Memoriol" e "Alertol".
18/05/2011: Com 13 anos de atraso, imprensa "descobre" que satélite deve ser estatal
Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual
A revista IstoÉ traz reportagem, em tom de denúncia, dizendo que o Brasil depende da empresa Star-One, de Carlos Slim, para suas comunicações por satélite.
“Descobriram” (atrasados) que satélites sob controle estrangeiro compromete a segurança nacional. A rigor, o bilionário Slim poderia desligar os satélites, deixando às cegas a comunicação entre boa parte do Brasil.
Nós já cansamos de falar isso, criticando a privatização da Telebrás.
Em 1998, quando o governo Fernando Henrique Cardoso, privatizou a Embratel de “porteira fechada”, incluindo todos os satélites, até de uso militar. Caso inédito no mundo de entreguismo militar.
Ainda que quisesse seguir a cartilha neoliberal, o mínimo que qualquer chefe de estado tinha obrigação de fazer, era passar os satélites de uso militar para o Comando da Aeronáutica.
Mas a chamada grande imprensa ficou toda caladinha durante estes 13 anos de crime de lesa-pátria.
Trechos da reportagem da IstoÉ:
Sem um satélite próprio, o País depende de estrangeiros para proteger suas riquezas, fluir informações militares e até controlar o tráfego aéreo.
(...)
Desde que o Brasil perdeu o controle sobre seus satélites, com a privatização da Embratel em 1998, nenhum caso semelhante ocorreu.
(...)
Ao contrário das principais nações desenvolvidas e emergentes do mundo, o Brasil não tem controle nem ao menos sobre um dos quase mil satélites que estão em órbita no mundo hoje. A Índia, por exemplo, tem seis deles dedicados a ela e a China, outros 60.
(...)
“Não há como negar, é uma ameaça à segurança nacional”, diz o engenheiro José Bezerra Pessoa Filho, do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e ex-diretor da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB).
(...)
Em 1982, durante a Guerra das Malvinas, um dos satélites meteorológicos que fornecia imagens para o governo foi reposicionado pelos Estados Unidos e deixou de fornecer informações sobre o clima em todo o Hemisfério Sul durante dois meses. Em 2005, por conta do furacão Katrina, os americanos precisaram usar toda a potência de varredura de seus satélites para rastrear o fenômeno, reduzindo a frequência das imagens da América do Sul e do Brasil. “Se fossemos atingidos naquela época por um evento da magnitude do ciclone Catarina, que varreu a região Sul em 2004, ficaríamos no escuro”, afirma Villela [Thyrso Villela, diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB).].
(...)
A história de dependência começou com a privatização do sistema Telebrás, em 1998. A Embratel, que operava os satélites BrasilSat, passou às mãos da americana Verizon e depois da América Movil, do magnata mexicano Carlos Slim, dona da Star One.
(...)
Há, logicamente, salvaguardas pelas quais a operação desses satélites é feita somente por brasileiros. Mas os militares não têm controle sobre esses equipamentos, não podem desligar o satélite ou mudar sua posição.
De reportagem a rePORCAgem
A partir de certo ponto a reportagem da IstoÉ vira rePORCAgem, quando deprecia o programa de satélites ativo da Agência Espacial Brasileira.
O Brasil continua pesquisando e desenvolvendo satélites próprios. Tem satélites em operação, em parceria com a China. Desenvolve um satélite em parceria com a Argentina, e tem acordos com Índia e África do Sul, entre outros países.
Outro erro da revista: o desenvolvimento de satélite em si, não depende do Foguete lançador (VLS) brasileiro. São projetos à parte. Apesar do VLS ser uma conquista importante no domínio da tecnologia espacial, satélites nacionais podem ser desenvolvidos e colocados em órbita por foguetes estrangeiros.
Fonte: Amigos do Brasil
* Helena Sthephanowitz é jornalista e autora do blog Os Amigos do Presidente Lula e do Os Amigos do Brasil. Ela escreve no Na Rede, da Rede Brasil Atual.
http://www.redebrasilatual.com.br/blog/blog-na-rede/com-13-anos-de-atraso-imprensa-descobre-que-satelite-deve-ser-estatal
Probus,
Obrigada. Você ampliou muito bem, com seu comentário, exatamente o conceito que procurei destacar no parágrafo entre colchetes adicionado ao texto.
Maria Tereza
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