sábado, 3 de dezembro de 2011

BRASIL AUMENTA PODER NAVAL PARA PROTEGER RESERVAS DE PETRÓLEO

Submarino Tupi na Baía de Guanabra: para reforçar o poder naval, o Brasil receberá 4 submarinos da França

Da revista "Exame" (do grupo "Abril"):

BRASIL AUMENTA PODER NAVAL PARA PROTEGER RESERVAS DE PETRÓLEO

A Marinha ficou encarregada de desenvolver uma força para proteger as enormes reservas de petróleo do pré-sal, a bacia do Rio Amazonas e seus 7.491 quilômetros de costa

No momento em que tenta obter o status de grande potência, o Brasil reforça seu poder naval no Atlântico Sul com ambicioso programa submarino para proteger suas enormes reservas de petróleo em águas profundas e projetar sua influência crescente. (*) [ver OBS ao final].

A potência emergente já ostenta a posição de maior Marinha da América Latina (*) , mas para um país com uma frota envelhecida, que inclui o porta-aviões São Paulo -originalmente da Marinha francesa-, nove fragatas de fabricação britânica e cinco submarinos movidos a diesel, uma modernização é fundamental. "A frota atualmente é inadequada para realizar suas missões" no Atlântico Sul, uma área para a qual Brasília olha com atenção por seu alto valor estratégico, disse à [agência francesa de notícias] AFP Nelson During, editor-chefe do site "DefesaNet".

Como parte da Estratégia de Defesa Nacional apresentada em 2008, a Marinha ficou encarregada de desenvolver uma força para proteger as enormes reservas de petróleo do pré-sal, a bacia do Rio Amazonas e seus 7.491 quilômetros de costa. Os campos de petróleo, localizados no sudeste da costa do país podem conter mais de 100 bilhões de barris de petróleo de alta qualidade, de acordo com estimativas oficiais.

Em discurso ao comando da Marinha em junho, a presidente Dilma Rousseff ressaltou que esse desenvolvimento, incluindo a aquisição do primeiro submarino do país de propulsão nuclear, representa importante "instrumento de dissuasão". No começo do mês de novembro, o almirante Luiz Umberto de Mendonça disse a um painel do congresso que cerca de US$ 117 bilhões seriam necessários em 2030 para financiar o projeto, incluindo a aquisição de 20 submarinos convencionais, seis de energia nuclear e a criação de uma segunda frota que ficará em uma base no Nordeste.

Mas During disse que esses planos estão "totalmente fora da realidade por causa do corte de 26% no orçamento de Defesa, que é de R$ 15 bilhões", acrescentando que a Marinha recebe apenas um terço desse total. "Não temos dinheiro e a defesa não é a prioridade no Congresso", acrescentou During. "Há um sentimento de que somos um grande país em paz com o mundo, sem conflitos externos" (*).

Eric Wertheim, um analista do Instituto Naval dos EUA, em Annapolis, disse que o Brasil, com "uma poderosa economia e cerca de 200 milhões de pessoas deve ter condições de defender seus campos de petróleo em águas profundas e a região da Amazônia". "O país (deve) também estar pronto para um futuro imprevisível que pode incluir demandas como escoltar navios mercantes que estão vulneráveis a ataques de piratas do outro lado do mundo", disse Wertheim à AFP, que edita o ‘Guia do Instituto Naval para Frotas de Combate do Mundo’.”

(*) OBS deste blogdemocracia&política’:

[A reportagem da revista "Exame" é boa de modo geral. Porém, como ela pertence ao grupo "Abril", o mesmo da revista "Veja", é necessário expor certos condicionantes do problema militar brasileiro. O dono da "Abril" é Roberto Civita, judeu nascido em Milão-Itália em 1936; fez todos os seus estudos nos EUA. O governo FHC/PSDB/DEM concedeu-lhe, em 2002, a mais elevada honraria, a de “Grande Oficial da Ordem do Rio Branco”, provavelmente pelos imensos serviços prestados à direita e ao governo demotucano. As revistas e outros meios do Grupo Abril são tradicionais defensores e difusores dos interesses da direita israelense e norte-americana, acima dos brasileiros. Portanto, cabe fazer algumas ressalvas sobre sutilezas conceituais lançadas bem disfarçadas no texto acima da revista “Exame”. Repito a seguir o que já manifestamos neste blog em 21 de fevereiro deste ano, na postagem intitulada “Preocupa a Capacidade de Defesa Brasileira”  (http://democraciapolitica.blogspot.com/2011/02/preocupa-capacidade-de-defesa.html).

Sobre a capciosa frase da reportagem da “Exame”, de que (*) somos um grande país em paz com o mundo, sem conflitos externos”, expresso que qualquer país, mesmo os sem ameaças evidentes (que hoje surgem inesperada e rapidamente), tem que investir em segurança, bem equipando e adestrando suas Forças Armadas. Isso é indispensável, exceto notórias exceções, com situação não aplicável ao Brasil (ex.: Porto Rico, Vaticano, Andorra, San Marino). Ainda assim, o Vaticano investe em segurança (per capita do seu efetivo, não de turistas) mais do que o Brasil. 

Comparemos, metaforicamente, o Brasil com uma casa grande, com rico patrimônio, situada em rua tranquila, cercada de bons vizinhos. Se o proprietário acreditar nessa paz e aceitar idéias “modernas” incutidas por espertos terceiros, seus “grandes amigos”, aceitar conselhos de que não é necessário, naquele ambiente de paz, colocar muros, portas, janelas, trincos, "visando, assim, evitar despesas nesses itens de segurança para dedicar o dispêndio ao social”, o resultado será óbvio. Os perigos, os assaltos, as invasões com estupros dentro de sua casa sem muros, portas e janelas logo surgirão. Quando um grupo de malfeitores “da zona norte” aparecer na esquina ou já estiver dentro de casa, nada mais adiantará sair correndo para tentar gastar com defesa, encomendar grades, portas, janelas, trancas e fechaduras... Um detalhe: os vizinhos da "casa Brasil' se protegeram com todos esses itens de segurança e outros mais, como vigias, ferozes cães, cercas eletrificadas, modernos sistemas de vigilância com câmeras, holofotes movidos a sensores infravermelho. Na relação custo/benefício para os malfeitores, a casa Brasil é muito mais atraente.

Saindo da metáfora, da mesma maneira, ficou e está vulnerável o Brasil.

O desmantelamento das Forças Armadas agravou-se desde o início dos governos Collor e FHC/PSDB/DEM. E a ‘grande imprensa’ brasileira, na época, dava total apoio à intensa divulgação de conceitos "modernos", capciosos, proferidos até por presidentes da República. Os argumentos constantemente martelados e amplificados na imprensa eram: “não temos ameaças”; “Forças Armadas no Brasil para quê!?!”; “gastar só com o social” (realmente, o governo gastava desproporcionalmente mais com comunicação "social"...).

A campanha nociva continuou no governo Lula. Por exemplo, a "Folha de S. Paulo" publicou, em 02/05/2004, como “Opinião” do jornal: “O Brasil ter Forças Armadas é só por diletantismo, já que há décadas não há guerras e não há nenhuma guerra à vista”. No mesmo ano, na data magna da celebração da independência brasileira, o mesmo jornal publicou: “Parada militar para celebrar o chamado Dia da Pátria é, em país pacífico, uma imitação de países guerreiros e, acima de tudo, uma impropriedade absoluta e lamentável” (Jânio de Freitas, FSP, 07/09/2004). Um presidente chegou até a dizer que o desfile militar de 7 de setembro era "uma palhaçada".

Com “brasileiros” pensando assim, ficamos ainda muito mais fracos, indefesos, submissos. Há décadas não temos a menor capacidade de resistência à eventual ação contra patrimônio brasileiro por parte de força militar estrangeira de alguma potência. E também, por fraqueza, temos sido subservientes aos interesses das grandes potências, que nos são impostos no dia-a-dia da vida econômica, financeira e política do país.  

As aparentemente ufanistas (na verdade maliciosas) frases acima da “Exame”, de (*) o Brasil “ter a maior Marinha da América Latina”, "tenta obter o status de grande potência", com um "ambicioso programa militar quer projetar sua influência crescente" são falsas e enganosas. A Marinha pode até ser “maior” em quantidade, mas de velhos e obsoletos navios, fraca até no contexto sul-americano. A Força Aérea Brasileira também é “grande” em nº de aviões, a maioria inofensivos turboélices de transporte leve e instrução. É fraca em poder de combate. O Chile, a Venezuela e o Peru, cada um, isoladamente, possui mais aviões modernos de combate do que o Brasil. O Exército Brasileiro agora está recebendo seus melhores carros de combate (Leopard I) recém-comprados. Porém, são usados e de modelo antigo, o mesmo que o Chile já possuía há muitos anos e está desativando, substituindo por modelo mais moderno.

Nem é preciso falar mais sobre o que está por trás dessa situação tenebrosa. Para os EUA, as grandes potências em geral, os grandes grupos financeiros e econômicos mundiais, o ideal é que sejamos militarmente fracos, sem capacidade de opor resistência às vontades deles. O máximo que aceitam é que tenhamos polícias que combatam o narcotráfico e mantenham a ordem interna, para que as multinacionais aqui instaladas possam trabalhar em segurança e mandar seus gordos lucros para suas matrizes].

FONTE: publicado pela revista “Exame” e transcrito no site “DefesaNet”  (http://www.defesanet.com.br/naval/noticia/3795/Brasil-aumenta-poder-naval-para-proteger-reservas-de-petroleo).
[Observação final entre colchetes adicionada por este blog ‘democracia&política].

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