terça-feira, 2 de setembro de 2014

BANCOCRACIA A UM PASSO DO PLANALTO







Coluna de Cesar Fonseca. no "Pátria Latina"

Bancocracia a um passo do Planalto

"A emergência espetacular de Marina Silva, que atinge o PT e o PSDB, como verdadeiro tsunami, na campanha eleitoral, representa, simplesmente, a chegada dos banqueiros, isto é, a BANCOCRACIA, ao poder nacional.

As forças do capital especulativo estão comandando a campanha de Marina. A principal herdeira do Itaú, o maior banco privado nacional, que fatura, no primeiro semestre, R$ 30 bilhões, em meio a uma crise econômica global, com reflexos destrutivos sobre a economia nacional, graças à especulação financeira violenta, direciona os interesses do poder financeiro por trás da candidata do PSB-REDE.

VITÓRIA NO PRIMEIRO TURNO? BARBADA NO SEGUNDO? ENLOUQUECEM PETISTAS E TUCANOS. A "TERCEIRA VIA", TOTALMENTE, INDEFINIDA, BATE ÀS PORTAS DO PLANALTO COM O APOIO TOTAL DO SISTEMA FINANCEIRO EM EUFORIA COMPLETA. 


A emergência espetacular de Marina Silva, que abala brutalmente PT e PSDB, escanteando polarização político-histórica vigente no País há 20 anos, como verdadeiro tsunami, representa, simplesmente, a chegada dos banqueiros, isto é, a BANCOCRACIA, ao poder executivo, para exercitar o presidencialismo de coalizão diretamente pelo poder financeiro especulativo, com o braço explícito do Itaú, por meio da sua herdeira, Neca Setúbal, assessora especial da candidata.

No Legislativo, a burguesia financeira já manda desde 1988, dando as cartas na economia, por meio, primeiro, da legislação eleitoral, financiando campanhas, para formar a elite dirigente, no ambiente do fracassado e desmoralizado sistema político-eleitoral; segundo, por intermédio da própria Constituição. Esta, em seu art. 166, § 3º, II, expressa a prioridade número um da política macroeconômica nacional: pagar os serviços da dívida pública em primeiríssimo lugar.

Fica proibido, via determinação constitucional, em forma de cláusula pétrea, qualquer contingenciamento de recursos orçamentários destinados ao pagamento dos serviços da dívida, enquanto os recursos dos demais setores essenciais da economia – saúde, educação, segurança, infraestrutura etc – entram na fila. São sistematicamente contingenciados.

Com os banqueiros, no Planalto, por meio de Marina, o Banco Central caminhará para ser independente das forças políticas, a fim de ser dependente da BANCOCRACIA, das demandas do mercado financeiro. Os assessores econômicos-financeiros de Marina são todos alinhados ao grande capital especulativo.

Acaba de chegar à equipe André Lara Resende – ex-banco Matrix –, que trabalhou com FHC/PSDB. Junto com Luis Carlos Mendonça de Barros, no comando do BNDES/PSDB, capitanearam o processo de privatização, de forma escandalosa, atuando, como reconheceram, no "limite da irresponsabilidade". Lara Resende, desgastado, no final da Era FHC, mudou para Londres, dizendo-se cansado do Brasil. Ficou bilionário e se mandou. Foi viver como um nababo na Europa, gerenciando fortunas dos burgueses financistas internacionais e seus herdeiros. Agora, convocado pelas forças do capital especulativo, está de volta.
Se Aécio está dançando, certamente, outro ícone do entreguismo nacional que o acompanha, Armínio Fraga, aliado de George Soros e responsável, no Governo Collor, por abrir as porteiras das regras prudenciais ao capital especulativo [internacional], tenderá bandear-se, também, para Marina.

Afinal, o capital, como diz Marx, é poder sobre coisas e pessoas. Aécio, depois do debate na Band, quando foi muito mal, totalmente, inconvincente, cuidou de alardear que tinha a seu lado Armínio, como se quisesse dizer “eu cheguei primeiro ao ícone do entreguismo”, claro, para obter o apoio dos especuladores internacionais, tendo o representante desses no seu governo em posição privilegiada. Enfim, com Aécio, caso chegue lá, o que parece cada vez mais improvável, ou com Marina, que poderá chegar, conforme anunciaram pesquisas no último fim de semana, o fato é que a BANCOCRACIA está a um passo do Planalto.

Sua meta é clara: instalar o que está dando errado no mundo capitalista desenvolvido: o tripé macroeconômico, de modo a reverter a política nacionalista lulista-dilmista que criou 40 milhões de novos consumidores e serviu de anteparo à bancarrota global de 2007-2008. Os agiotas querem virar a mesa em favor deles, é claro.
Freud diria que os neoliberais estão apresentando apenas um lado da realidade. O sinistro está escondido.

As palavras servem para esconder o pensamento, disse Freud.

Então vamos tentar decifrar o segredo de polichinelo que é o programa econômico essencial de Aécio e Marina, assessorados pelos banqueiros internacionais.

O endeusado tripé econômico (câmbio flutuante, metas inflacionárias e superavit primário) é a base desse programa, que, no final de 2002, produziu fuga de capitais e tentado nos países ricos está dando errado.

Armínio Fraga, cinicamente, diz que a fuga decorreu do medo do mercado quanto ao governo Lula, se ganhasse eleição.

Mentira safada.

Ele, à frente do BC, espalhou a notícia de que se o PT ganhasse daria calote na dívida.

Criou pânico, como um bom especulador sabe fazer.

Isso obrigou os petistas, receosos, a assinarem CARTA AOS BRASILEIROS, garantindo que não fariam essa loucura.

Armínio é um grande especulador, entreguista.

O resultado do tripé que ele adotou foi a falência visível no final da Era FHC, expressa em esvaziamento das reservas cambiais.

Esvaziaram-nas no processo de fuga de capitais, mesmo em meio a uma taxa básica média Selic de 26%, depois dela chegar às alturas dos 45% ao ano.

A esmola foi tão grande que até o santo desconfiou e pulou fora com o saco cheio das reservas internacionais, na casa dos 40 bilhões de dólares.

O jornal "Valor Econômico" [dos grupos tucanos Globo e Folha] tenta, na base da especulação, fazer crer que a valorização da bolsa decorre do excesso de oferta de moeda na circulação global que favoreceria empréstimos externos ao país.

Será?

Ou vai destruir a indústria?

Ou vai engordar mais reservas para depois, gordas pelos juros, sofrerem ataques de abutres?

O fato é que a política monetária americana expansionista vai desgraçar geral a economia nacional, se Armínio ou André Lara tomar conta do galinheiro, como fizeram na Era FHC/PSDB.
O FED joga excesso de oferta monetária; assim, o juro na casa dos zero ou negativo, primeiro, promove calote nos detentores dos títulos da dívida pública americana; segundo, fortalece a indústria, reduzindo seus custos financeiros, posicionando-a competitivamente no mercado global.

Quando o FED puxar as taxas, se é que isso vai acontecer, no ambiente do grande endividamento americano, que deixa a economia global rateando, o prejuízo vem em dobro.

Antes, os dólares desvalorizados voam para outras praças, sobrevalorizando moedas dos países receptores, especialmente, os que adotam políticas de abertura ao capital externo, a exemplo das medidas que o BC brasileiro, quando Armínio o presidiu, adotou.

Pintam os chamados “capitais de motel” ou os IDEs – Investimento Diretos Estrangeiros.

Já entram para sair, naquela base, arrasando quarteirão, levando o triplo do valor que entrou pelos métodos dos saques conhecidos (leiam “Globalização versus Desenvolvimento”, de Adriano Benayon).

Se o câmbio ficar flutuante, vai entrando dinheiro a rodo. O real se sobrevaloriza, para comprar barato as importações, a inflação cai para a meta que Armínio quer, em torno de 3,5% , 4%, a dívida cresce, a desindustrialização avança, o desemprego cresce e as reservas cambiais, com o tempo, serão sangradas para ir pagando déficits comerciais.

Capitalismo de catástrofe.

Quando esgotarem as reservas, ocorrerá o que aconteceu no tempo de FHC/PSDB, debandada geral, 'overshotting', que exige socorro ao FMI.

Eis a estratégia anglo-americana, capitaneada por Armínio-Lara Resende, para inviabilizar o Banco BRICS, de modo a eternizar o Banco Mundial e o FMI, as armas falidas do império erguidas em Bretton Woods no pós guerra.

Mais: quando as reservas forem diminuindo em escalada, os especuladores terão chances de comprar ainda mais barato o patrimônio nacional, levando-o de bandeja.

E no curso dessa catástrofe, já experimentada, conhecida, virão, adicionalmente, mais arrocho salarial, mais cortes nos gastos, mais desemprego, menos arrecadação e, como necessidade para elevá-la, mais aumento de impostos.

Tradução: arrocho salarial, porretada nos salários, nos gastos públicos, reduzindo renda disponível para o consumo, elevação de impostos por meio de “reforma” tributária, algo que já se sabe como funciona, bastando lembrar da Era FHC, quando a receita federal era comandada pelo gênio de Everardo Maciel, fiscalista publicano, atuando ao lado de Armínio Fraga.

Os salários, que não fazem parte do índice de preços, para aferir a inflação na evolução deles, serão, sempre, os culpados, alvos das porretadas.

Salário arrochado e juro para segurar a alta dos preços, sem que se possa provar que os preços subam por causa dos salários, porque os salários não fazem parte do índice de preços, são pura falácia neoliberal desde sempre.

Fetichismo das mercadorias.

Alguém acredita para valer numa conversa fiada dessa, a de que salário, sem estar no índice de preços, sempre é culpado pela inflação, sendo necessária a sua contenção?

Metas inflacionárias é ferro nos trabalhadores.

Sem jamais compor o índice de preços, os salários sob impacto da sua redução em nome do combate à inflação, será culpado, certamente, pelo desemprego que pintará, porque o trabalhador será acusado de não querer trabalhar porque se recusa ao trabalho pelo salário disponível, ou seja, o salário tendente a zero ou negativo, o ideal, segundo Pigou, para assegurar, permanentemente, o pleno emprego.

Ou seja, não faltará emprego, o que não existirá é trabalhador disposto a ganhar o salário disponível para ele, insuficiente até para garantir sua ração básica, como no tempo da economia clássica.

As forças do capital especulativo que estão por trás de Marina querem um esforço concentrado de economia forçada no contexto do orçamento para pagar dívida, a fim, segundo eles, de ajudar na formação da poupança interna, necessária aos investimentos.

Pagando mais dívida, mediante cortes de gastos, que, na prática, são investimentos, porque dão retorno, como são os casos de compras governamentais para alavancar infraestrutura tocada pelo setor privado, diga-se, além de salários capados, abrir-se-ia, de acordo com o juízo neoliberal, espaço para redução dos juros.

Tudo bem?

Só que isso ocorre no ambiente de redução da renda disponível para consumo, que afeta a produção, o emprego, o consumo, a arrecadação e, claro, os investimentos.

A realidade é dual, interativa, dialética, mas os neoliberais, mecanicistamente, só vê um lado, o deles.

Não seria o superavit elevado, tão somente, estratégia para sobrar mais dinheiro para os especuladores à custa da redução dos gastos destinados aos setores sociais, inviabilizando o social, que,hoje, movimenta o econômico, no ambiente da crise global?

Quem garante que no ambiente de crise mundial, com renda disponível para o consumo cadente em nome do aumento da poupança interna levarão os empresários aos investimentos?

Stiglitz, prêmio nobel de economia, disse, semana passada, na Alemanha que a terapia neoliberal adotada pelos ricos no pós crise mundial de 2007-2008 é um retumbante fracasso.

A Alemanha, país europeu mais rico, locomotiva europeia, está em recessão e partiu para a aproximação com a Rússia, contrariando Washington, que queria ela contra Putin para fortalecer os neonazistas que deram o golpe política na Ucrânia, com apoio da CIA.

Por quê?

Claro, Merkel não quer responder pela culpa de aliar-se ao neoliberalismo washingtoniano fracassado, que força alinhamento da Europa contra a Rússia, como uma fuga para frente em relação à crise neoliberal cujos contornos levam os seus adeptos ao abismo.

Desviar a atenção do problema central do capitalismo em crise, abrindo-se para a guerra como salvação.

Marina Silva vai seguir essa economia de catástrofe?

Com Marina sob domínio do Banco Itaú, dos especuladores, do grande capital especulativo internacional, certamente, haverá um racha entre as forças produtivas (trabalhadores, comerciantes, industriais, agricultores e setores de serviços) e as forças especulativas, levando a uma erupção política que abriria as portas para o imponderável.

O capitalismo de catástrofe não estaria jogando com a possibilidade de guerra civil, como a que arrebentou na Ucrânia?

Quem duvida disso que leia “Tacão de ferro”, de Jack London, com prefácio de Trotski."

FONTE: da coluna de Cesar Fonseca. no "Pátria Latina"   (http://www.patrialatina.com.br/colunaconteudo.php?idprog=b445e314138101eecc58503e98aa2b2d&codcolunista=36&cod=3365). [Imagens do google adicionadas por este blog 'democracia&política'].

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