FHC após sua reeleição
A crise de hoje é piada perto da que fez PSDB/FHC em 1998
Por Ana Cláudia Dantas Ferreira
"Se você vendesse a sua única casa e desse uma festança torrando todo o dinheiro que recebeu por ela, você iria parecer uma pessoa rica, mesmo sem ter casa para morar. Foi isso o que aconteceu com o Brasil em 1998, quando o governo se abriu todo aos investidores de Nova York, de Londres e da Suíça, e vendeu muitos ativos [duramente construídos pelas gerações anteriores] a preço de banana. Foi uma festa de dinheiro entrando no país, mas, ao acabarem-se os ativos, os investidores se foram deixando apenas os débitos.
A reserva brasileira caiu de $ 70 para $ 26 bilhões de dólares, Fernando Henrique Cardoso/PSDB teve de vender nossas empresas energéticas a preço de banana para obter fundos a fim de pagar os débitos. Como, ainda que drástica, essa medida não bastava, ele aumentou taxas de juros em 70%, que chegava para o consumidor final em até 200%. Isso é o que se pode chamar de crise. Mas éramos subdesenvolvidos e estávamos acostumados.
Só que o PSDB/FHC quis fazer mais festa e fez um novo empréstimo de $ 41 bilhões para gastar com a sua reeleição. E a imprensa não se vendeu por pouco para ficar calada, abocanhou o seu quinhão e fez até campanha. O Brasil, cada vez mais pobre, passou a abrigar brasileiros que constavam nos ranques dos mais milionários do mundo. FHC foi reeleito e a conta a pagar ao FMI já estava muito cara para o país. Para pagar esse débito, o governo pôs à venda tudo o que conseguiu, por bagatelas.
Lembro-me do Mário Covas brigando com FHC para não sucatear o Banespa. Isso já não é mais crise, isso é crime, e é motivo de fato e de lei para um impeachment. Mas a imprensa, essa que quer o golpe hoje, se encheu de dinheiro para se calar. E não só a imprensa, imagine você que FHC anunciou ao povo que houve uma entrada de 85,2 bilhões de reais de lucros com as privatizações, mas omitiu o fato de que, simultaneamente, na mesma “entrada de caixa”, saiu 87,6 bilhões de reais de contas escondidas.
A festa só acabou quando Lula ganhou as eleições. O que você acha que aconteceu com a dívida externa que degolava os brasileiros? Evaporou? O FMI ficou com peninha e deixou para lá? Não. O Lula peitou os investidores e disse: “essa dívida não é minha, nem do Brasil”.
Então, fomos ameaçados de falência pelos investidores, mas demos a volta por cima. Alguém aí sabe como? Lula “abriu os cofres públicos e emprestou mais de meio TRILHÃO de dólares para fábricas, fazendas, infraestrutura — mas nem um real para derivativos, aquisições hostis ou CDOs, os bancos estatais deram aos seus proprietários-cidadão mais crédito do que o FMI dava a mais de 100 nações. Foi assim que a economia brasileira saiu da lama. Isso é História. A "crise" de hoje é piada perto disso."
REFERÊNCIAS:
--PALAST, Greg. Picnic de Abutres: em busca dos porcos do petróleo, piratas da energia e carnívoros da alta finança. Rio de Janeiro: Alta Books, 2014.
--BIONDI, Aloysio. O Brasil privatizado: Um balanço do desmonte do Estado. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.
FONTE: escrito por Ana Cláudia Dantas Ferreira no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/a-crise-de-hoje-e-piada-perto-do-que-fez-fhc-em-1998-por-ana-claudia-dantas).
"Se você vendesse a sua única casa e desse uma festança torrando todo o dinheiro que recebeu por ela, você iria parecer uma pessoa rica, mesmo sem ter casa para morar. Foi isso o que aconteceu com o Brasil em 1998, quando o governo se abriu todo aos investidores de Nova York, de Londres e da Suíça, e vendeu muitos ativos [duramente construídos pelas gerações anteriores] a preço de banana. Foi uma festa de dinheiro entrando no país, mas, ao acabarem-se os ativos, os investidores se foram deixando apenas os débitos.
A reserva brasileira caiu de $ 70 para $ 26 bilhões de dólares, Fernando Henrique Cardoso/PSDB teve de vender nossas empresas energéticas a preço de banana para obter fundos a fim de pagar os débitos. Como, ainda que drástica, essa medida não bastava, ele aumentou taxas de juros em 70%, que chegava para o consumidor final em até 200%. Isso é o que se pode chamar de crise. Mas éramos subdesenvolvidos e estávamos acostumados.
Só que o PSDB/FHC quis fazer mais festa e fez um novo empréstimo de $ 41 bilhões para gastar com a sua reeleição. E a imprensa não se vendeu por pouco para ficar calada, abocanhou o seu quinhão e fez até campanha. O Brasil, cada vez mais pobre, passou a abrigar brasileiros que constavam nos ranques dos mais milionários do mundo. FHC foi reeleito e a conta a pagar ao FMI já estava muito cara para o país. Para pagar esse débito, o governo pôs à venda tudo o que conseguiu, por bagatelas.
Lembro-me do Mário Covas brigando com FHC para não sucatear o Banespa. Isso já não é mais crise, isso é crime, e é motivo de fato e de lei para um impeachment. Mas a imprensa, essa que quer o golpe hoje, se encheu de dinheiro para se calar. E não só a imprensa, imagine você que FHC anunciou ao povo que houve uma entrada de 85,2 bilhões de reais de lucros com as privatizações, mas omitiu o fato de que, simultaneamente, na mesma “entrada de caixa”, saiu 87,6 bilhões de reais de contas escondidas.
A festa só acabou quando Lula ganhou as eleições. O que você acha que aconteceu com a dívida externa que degolava os brasileiros? Evaporou? O FMI ficou com peninha e deixou para lá? Não. O Lula peitou os investidores e disse: “essa dívida não é minha, nem do Brasil”.
Então, fomos ameaçados de falência pelos investidores, mas demos a volta por cima. Alguém aí sabe como? Lula “abriu os cofres públicos e emprestou mais de meio TRILHÃO de dólares para fábricas, fazendas, infraestrutura — mas nem um real para derivativos, aquisições hostis ou CDOs, os bancos estatais deram aos seus proprietários-cidadão mais crédito do que o FMI dava a mais de 100 nações. Foi assim que a economia brasileira saiu da lama. Isso é História. A "crise" de hoje é piada perto disso."
REFERÊNCIAS:
--PALAST, Greg. Picnic de Abutres: em busca dos porcos do petróleo, piratas da energia e carnívoros da alta finança. Rio de Janeiro: Alta Books, 2014.
--BIONDI, Aloysio. O Brasil privatizado: Um balanço do desmonte do Estado. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.
FONTE: escrito por Ana Cláudia Dantas Ferreira no "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/a-crise-de-hoje-e-piada-perto-do-que-fez-fhc-em-1998-por-ana-claudia-dantas).
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