domingo, 13 de setembro de 2015

O JOSÉLIO E O SEU INCRÍVEL PEDIDO PARA INTERROGAR LULA SOBRE O NADA





O incrível pedido do delegado para interrogar Lula sobre o nada

Por FERNANDO BRITO


"Recomenda-se aos professores de Direito e aos instrutores das academias de polícia que copiem o texto publicado agora há pouco no jornal [tucano, propriedade da Folha e Globo] "Valor" sobre o pedido do delegado federal Josélio Azevedo de Souza.

É para mostrar como NÃO se faz um interrogatório policial.

Em seu relatório, o delegado reconhece que não há provas do envolvimento direto de Lula, porém considera que a investigação “não pode se furtar à luz da apuração dos fatos” se o ex-­presidente foi ou não beneficiado “pelo esquema em curso na Petrobras”.

Vejam que maravilha ditar para o escrivão: “Inquirido sobre se foi beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, o depoente disse que não”.

Depois: “ao citar eventuais indícios sobre o papel de Lula no esquema da Petrobras, o delegado reconheceu que o doleiro Alberto Youssef e o ex­-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa apenas “presumem que o ex-­presidente da República tivesse conhecimento do esquema de corrupção”.

E lá vai o delegado ditando: “sobre as suposições dos indiciados Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef de que presumiam que [Lula] teria conhecimento do esquema de corrupção, o inquirido disse não tem a menor ideia de onde tiraram a suposição e sugeriu que se vá perguntar a eles”…

No final, mas um esclarecimento sobre tudo o que (não) tem o delegado contra Lula, informando ao STF que “os colaboradores, porém, não dispõem de elementos concretos que impliquem a participação direta do então presidente Lula nos fatos”.

Então, depois do “aos costumes disse nada; testemunha sem contradita” o Dr. Josélio manda lavrar, no termo de declarações: “indagado se, como os denunciantes não têm qualquer prova de seu envolvimento, o inquirido poderia dar uma mãozinha e fornecer alguma, declarou perante esta autoridade policial que não, ao que agregou um ‘muito obrigado’ e mais não disse nem lhe foi perguntado”.

Que beleza! Digno de um Sherlock Holmes!

Não sei porque a semelhança do nome me fez lembrar do personagem “Joselito Sem-Noção”, simpático personagem interpretado por Adriano Pereira, lá pelo ano 2000, na MTV.

É obvio que o pedido de interrogatório será – se houver um mínimo de bom-senso da Procuradoria Geral da República – recusado por absoluta falta de indício que o justifique.

Porque não faz sentido interrogar alguém senão para colher provas ou explicar fatos concretos que lhe forem imputados, jamais para responder ao que outros “acham” e “não dispõem de elementos concretos”.

Como não faz sentido que um delegado da Polícia Federal, ao qual certamente não faltam experiência e a noção do significado dos seus atos, convoque alguém a depois apenas para “ouvir o que ele vai dizer”.

A menos que o sentido já nem seja assim tão “sem noção”, mas o de produzir dano político e eleitoral, transformando a atividade policial em gazua de interesses partidários.

A propósito, o Dr. Joselito pediu para interrogar Aécio Neves, de quem Yousseff não disse “achar”, mas ter certeza que recebia dinheiro de uma diretoria de Furnas, que dividiria com o falecido deputado José Janene, do PP?

Não? Sem-noção!"

FONTE: escrito por FERNANDO BRITO em seu blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=29548).


COMPLEMENTAÇÃO

ATÉ COLUNISTA DA TUCANA "FOLHA" DESCONFIA DA PF DO JOSÉLIO

CAÇADA A LULA COLOCA PF SOB SUSPEITA




"Se a Polícia Federal não apresentar indícios e argumentos, o alto número de convictos de haver caça a Lula vai aumentar muito", afirma o jornalista, a respeito do pedido de um delegado da PF ao STF para ouvir Lula no âmbito da Lava Jato, mesmo sem ter provas contra o ex-presidente. Segundo ele, "a PF levou tão longe o propósito de enquadrar Lula que acabou na situação original de ficar ela mesma sujeita às suas suspeitas"

Do "Brasil 247"

"A PF levou tão longe o propósito de enquadrar Lula que acabou na situação original de ficar ela mesma sujeita às suas suspeitas", afirma o jornalista Janio de Freitas, em sua coluna deste domingo.

Segundo ele, "se a Polícia Federal não apresentar indícios e argumentos, o alto número de convictos de haver caça a Lula vai aumentar muito".

O colunista comenta o pedido feito pelo delegado da Polícia Federal Josélio de Sousa ao Supremo Tribunal Federal para ouvir Lula no âmbito da Lava Jato, mesmo sem ter provas diretas contra o ex-presidente, conforme ele próprio admite no documento.

Trecho do documento da PF "recusa a possibilidade de inexistirem, no governo, pessoas insuspeitas de conexão com negócios ilícitos na Petrobras." Janio comenta: "Se a 'base de apoio' para isso era 'sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal', com 'vantagens mesmo para o governo', a PF, como parte do governo, fica incluída na suspeita que lança."

Leia aqui a íntegra:

JANIO DE FREITAS
Suspeitas e suspeitas

"Se a Polícia Federal não apresentar indícios e argumentos, o alto número de convictos de haver caça a Lula vai aumentar muito.

Os muitos convictos de que todo o vendaval de aparente moralização visa Lula, desde o processo do mensalão, devem estar reconfortados com a aprovação que lhes dá a Polícia Federal. O que não assegura, necessariamente, a exatidão da tese. Mas a PF levou tão longe o propósito de enquadrar Lula que acabou na situação original de ficar ela mesma sujeita às suas suspeitas.

No pedido ao Supremo para tomar o depoimento do ex-presidente, a PF sustenta que ele "pode ter sido beneficiado [...] obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos" na Petrobras.

Ministro da Justiça no primeiro mandato de Lula, Marcio Thomaz Bastos deu à Polícia Federal uma nova estatura. Em abertura para investigação de crimes do poder econômico, em liberdade investigatória, em qualificação técnica e em quadros. E em conceito da corporação e dos seus integrantes. Antigos e recentes funcionários foram beneficiados, em muitas dimensões, pela nova PF. Tal benefício foi possível, aplicando-se a concepção exposta pela PF ao Supremo e ao país, por vários fatores.

Primeiro, haver um governo que nomeou um ministro disposto a fazer da PF e dos seus policiais o que, por diferentes motivos, nenhum antecessor fizera, desde o governo Jango. Segundo, ser um governo disposto a dar à PF e aos seus policiais o apoio e as condições materiais para a mudança de importância e de estatura que tiveram. Terceiro, sem o qual os dois anteriores seriam inúteis, dispor aquele governo de "uma base de apoio partidário" que aprovou os recursos e as medidas, diretas ou não, para dar à Polícia Federal e a seus quadros novo papel e nova estatura.

Se a "base de apoio" para isso era "sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal", com "vantagens mesmo para o governo", a PF, como parte do governo, fica incluída na suspeita que lança.

Outro trecho recusa a possibilidade de inexistirem, no governo, pessoas insuspeitas de conexão com negócios ilícitos na Petrobras. Sustenta a PF que "os indícios de participação devem ser buscados não apenas no rastreamento e identificação de vantagens pessoais por ventura obtidas pelo então presidente, mas também nos atos de governo que possibilitaram que o esquema se instituísse e fosse mantido".

Está claro aonde a PF quer chegar: os atos de governo mencionados são as nomeações para a Petrobras. São frequentes os inquéritos de fatos graves ocorridos na PF – desaparecimento de grande quantidade de cocaína recolhida à polícia, engavetamento de inquérito, quadrilha de delegados, e outros. Na tese da PF, as nomeações dos autores de tais ocorrências, e outras feitas pelos demais governantes, implicaram o conhecimento da conduta que cada nomeado teria. Uma ideia estapafúrdia.

Se a Polícia Federal não apresentar indícios e argumentos menos suspeitos de desejo e autoritarismo, o alto número de convictos de haver caça a Lula vai aumentar muito. Pior para as pretensões, em 2018, de Aécio, Alckmin, Serra e Temer."

FONTE da complementação: do portal "Brasil 247" e do jornal tucano "Folha de São Paulo"  (http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/196671/Janio-ca%C3%A7ada-a-Lula-coloca-PF-sob-suspeita.htm)  e  (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/232843-suspeitas-e-suspeitas.shtml).

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