“Diálogo de Paulo Henrique Amorim com um sábio jornalista (sem diploma):
Que crise é essa do Senado ?
- É para desestabilizar o Lula, responde o sábio.
- Mas, e se o Sarney se afastasse, sem renunciar, como fez o Renan ?, perguntou Paulo Henrique Amorim.
- Aí, assume o vice, o Marconi Perillo, que é do PSDB e responsável pela instalação da CPI da Petrobras.
- Mas, se o Sarney continuar lá, licenciado da presidência, não pode ser uma resistência a um Golpe ?
- Responda você mesmo, disse o sábio. Esse Marconi Perillo é acusado de cometer em Goiás todos os crimes previstos na Lei Eleitoral.
- Mas, se a popularidade do Lula está alta, qual é o interesse dos senadores da oposição em querer derrubar o Lula ?
- Arthur Virgílio, Sérgio Guerra e Tasso Jereissati, as estrelas da oposição, dificilmente se reelegem.
- Então, é um ato de desespero, pondera PHA.
- É o desespero dos alucinados, é só olhar para a cara do Arthur Virgílio.
- Mas, o Brasil não é Honduras.
- Não é Honduras, mas, se eles tomam o Senado e fecham a Petrobras, eles quebram o Lula.
- Mas, o Brasil não é a Venezuela e pode sobreviver à Petrobras.
- O Brasil não é a Venezuela, diz o sábio. Mas, a Petrobras é um símbolo. A Petrobras é Getúlio Vargas e Lula.
- E o que o Serra tem a ver com isso, pergunta PHA sobre um dos temas de sua preferência.
- A economia brasileira vai sair mais forte no fim da crise e para o Serra o circo pegar fogo pode ser uma boa ideia.
- Mas, pondera PHA, aí, o Serra pega fogo junto.
- Você conhece a fábula do Esopo, a do escorpião e a rã ?, conclui o sábio.”
FONTE: site “Conversa Afiada”, do jornalista Paulo Henrique Amorim, publicado em 29/06/2009.
terça-feira, 30 de junho de 2009
ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB) ENROLADO ATÉ À ALMA
TENTA DESVIAR A ATENÇÃO PARA SARNEY, COM AJUDA DA IMPRENSA
Vejamos a seguinte matéria do jornal do grupo pró-Serra “Folha On line”, no blog do Josias de Souza:
“ALÉM DO PSOL, VIRGÍLIO IRÁ REPRESENTAR CONTRA SARNEY
José Sarney esquadrinhou o noticiário do final de semana com lupa. Festejou a ausência de novas denúncias contra ele.
Avaliou que o refresco atenuaria a crise que eletrificou o plenário na semana passada, culminando com o pedido de Pedro Simon para que renunciasse.
Engano. Nesta segunda (29), o líder tucano Arthur Virgílio (AM) deve voltar à tribuna. Promete anunciar a decisão de representar contra Sarney.
A exemplo do PSOL, Virgílio deseja levar o presidente do Senado ao Conselho de Ética. Move-se empurrado pelo noticiário que Sarney imaginara alvissareiro.
No início da semana passada, Virgílio discursara diante de Sarney. Dissera que o ex-diretor-geral Agaciel Maia recorria à chantagem para calar o Senado.
Julgava-se, ele próprio, alvo de chantagem. Mencionara episódios que Agaciel ameaçara divulgar para constrangê-lo.
Citara o reembolso de despesas médicas de sua mãe. Dissera ter sido socorrido numa viagem a Paris, quando um hotel rejeitara o seu cartão de crédito.
Ao esmiuçar os episódios em sua última edição, a revista IstoÉ levou ao caldeirão outro dado: Virgílio mantivera em seu gabinete, em situação irregular, um assessor.
Chama-se Carlos Alberto Nina Neto. Foi secretário particular do líder do PSDB. E recebeu contracheques do Senado num período em que morou no exterior.
Ouvido pela repórter Isabel Braga, Virgílio reconheceu o erro. E voltou a investir contra Agaciel:
“Cometo a idiotice de permitir que o filho de um grande amigo permaneça ligado ao meu gabinete por um tempo, uma imbecilidade, um gesto paternal equivocado...”
“...Agaciel queria que eu me calasse para ele continuar roubando o Senado. Vou pedir que o Conselho me investigue, não tenho nada a esconder”.
Além da investigação contra si próprio, o líder tucano decidiu pedir a abertura do processo contra Sarney, que identifica como padrinho e protetor de Agaciel.
Na quarta-feira (2), será a vez de o PSOL protocolar representação contra Sarney.
No mesmo documento, o partido presidido por Heloísa Helana pedirá que sejam investigados também dois ex-presidente: Renan Calheiros e Garibaldi Alves.
Antes de aportar no Conselho de Ética, o par de representações terá de ser aceito pela Mesa diretora do Senado. Uma Mesa presidida por Sarney.
Há, de resto, um segundo obstáculo a ser transposto. Imerso em crise ética, o Senado está, desde março, sem Conselho de Ética.
Quem abre a “janela” dedicada ao conselho no portal do Senado na web depara-se com o seguinte aviso: “Colegiado aguardando instalação”.
O Conselho de Ética do Senado tem –ou deveria ter— 15 membros efetivos e 15 suplentes. O mandato dos últimos integrantes expirou em março.
Quem se anima a buscar pelos nomes dos novos membros dá de cara com um quadro “atualizado em 2 de abril de 2009. Os espaços dedicados aos nomes estão vazios.”
FONTE: Folha Online, em 29/06/2009, texto de Sérgio Lima no blog de Josias de Souza.
Vejamos a seguinte matéria do jornal do grupo pró-Serra “Folha On line”, no blog do Josias de Souza:
“ALÉM DO PSOL, VIRGÍLIO IRÁ REPRESENTAR CONTRA SARNEY
José Sarney esquadrinhou o noticiário do final de semana com lupa. Festejou a ausência de novas denúncias contra ele.
Avaliou que o refresco atenuaria a crise que eletrificou o plenário na semana passada, culminando com o pedido de Pedro Simon para que renunciasse.
Engano. Nesta segunda (29), o líder tucano Arthur Virgílio (AM) deve voltar à tribuna. Promete anunciar a decisão de representar contra Sarney.
A exemplo do PSOL, Virgílio deseja levar o presidente do Senado ao Conselho de Ética. Move-se empurrado pelo noticiário que Sarney imaginara alvissareiro.
No início da semana passada, Virgílio discursara diante de Sarney. Dissera que o ex-diretor-geral Agaciel Maia recorria à chantagem para calar o Senado.
Julgava-se, ele próprio, alvo de chantagem. Mencionara episódios que Agaciel ameaçara divulgar para constrangê-lo.
Citara o reembolso de despesas médicas de sua mãe. Dissera ter sido socorrido numa viagem a Paris, quando um hotel rejeitara o seu cartão de crédito.
Ao esmiuçar os episódios em sua última edição, a revista IstoÉ levou ao caldeirão outro dado: Virgílio mantivera em seu gabinete, em situação irregular, um assessor.
Chama-se Carlos Alberto Nina Neto. Foi secretário particular do líder do PSDB. E recebeu contracheques do Senado num período em que morou no exterior.
Ouvido pela repórter Isabel Braga, Virgílio reconheceu o erro. E voltou a investir contra Agaciel:
“Cometo a idiotice de permitir que o filho de um grande amigo permaneça ligado ao meu gabinete por um tempo, uma imbecilidade, um gesto paternal equivocado...”
“...Agaciel queria que eu me calasse para ele continuar roubando o Senado. Vou pedir que o Conselho me investigue, não tenho nada a esconder”.
Além da investigação contra si próprio, o líder tucano decidiu pedir a abertura do processo contra Sarney, que identifica como padrinho e protetor de Agaciel.
Na quarta-feira (2), será a vez de o PSOL protocolar representação contra Sarney.
No mesmo documento, o partido presidido por Heloísa Helana pedirá que sejam investigados também dois ex-presidente: Renan Calheiros e Garibaldi Alves.
Antes de aportar no Conselho de Ética, o par de representações terá de ser aceito pela Mesa diretora do Senado. Uma Mesa presidida por Sarney.
Há, de resto, um segundo obstáculo a ser transposto. Imerso em crise ética, o Senado está, desde março, sem Conselho de Ética.
Quem abre a “janela” dedicada ao conselho no portal do Senado na web depara-se com o seguinte aviso: “Colegiado aguardando instalação”.
O Conselho de Ética do Senado tem –ou deveria ter— 15 membros efetivos e 15 suplentes. O mandato dos últimos integrantes expirou em março.
Quem se anima a buscar pelos nomes dos novos membros dá de cara com um quadro “atualizado em 2 de abril de 2009. Os espaços dedicados aos nomes estão vazios.”
FONTE: Folha Online, em 29/06/2009, texto de Sérgio Lima no blog de Josias de Souza.
A MÍDIA E O GOLPE EM HONDURAS
RESPOSTA DE UM PRESIDENTE DEPOSTO A UM JORNALISTA PRÓ-GOLPE
“O golpe militar deste domingo (28) em Honduras proporcionou novos e tocantes exemplos de como funciona a mídia ''criolla'', especialmente em momentos de tensão. Como esta passagem da coletiva do presidente Manuel Zelaya no aeroporto de San José da Costa Rica, depois de ser sequestrado e levado a força para fora do país pelos golpistas.
Zelaya estava de pijama. Tivera sua residência em Tegucigalpa invadida, durante a madrugada, por soldados armados, disparando tiros. No entanto, o foco dos jornalistas – na maioria centro-americanos – era o dos golpistas.
Um dos repórteres quis saber por que o presidente ''não desistiu da consulta eleitoral que fora catalogada como inconstitucional pela Corte Suprema de Justiça e o Ministério Público''. Outro perguntou: ''Esta situação política não deriva do desacato pelo senhor de uma ordem emanada pela Corte Suprema de Justiça?''
A resposta de Zelaya entrará para o longo anedotário dos golpes militares latino-americanos: ''Se a realização de uma consulta [eleitoral] não vinculante é motivo para se arrancar um presidente de sua moradia na ponta de fuzis, colocá-lo em um avião e tirá-lo do país, e isso é democracia, de que democracia estamos falando?''
O comportamento da maioria dos sites dos jornais brasileiros acompanhou essa postura hostil à democracia. O do Estado de S. Paulo não usou uma só vez a palavra golpe. O da Folha de S.Paulo recorreu a um estratagema ainda mais hipócrita, referindo-se a um ''aparente golpe de Estado''. Dos maiores jornais, penas O Globo, justiça se faça, usou sem rodeios a palavra proibida.
Ficou explícito o posicionamento da mídia mercantil ''criolla'' na extremidade direita do espectro político latino-americano. Entre os governos, todos condenaram a quartelada, até o do presidente colombiano Alvaro Uribe. Entre os órgãos de imprensa, prevaleceu a linha de argumentação dos golpistas.”
FONTE: site “vermelho”, em 29/06/2009.
“O golpe militar deste domingo (28) em Honduras proporcionou novos e tocantes exemplos de como funciona a mídia ''criolla'', especialmente em momentos de tensão. Como esta passagem da coletiva do presidente Manuel Zelaya no aeroporto de San José da Costa Rica, depois de ser sequestrado e levado a força para fora do país pelos golpistas.
Zelaya estava de pijama. Tivera sua residência em Tegucigalpa invadida, durante a madrugada, por soldados armados, disparando tiros. No entanto, o foco dos jornalistas – na maioria centro-americanos – era o dos golpistas.
Um dos repórteres quis saber por que o presidente ''não desistiu da consulta eleitoral que fora catalogada como inconstitucional pela Corte Suprema de Justiça e o Ministério Público''. Outro perguntou: ''Esta situação política não deriva do desacato pelo senhor de uma ordem emanada pela Corte Suprema de Justiça?''
A resposta de Zelaya entrará para o longo anedotário dos golpes militares latino-americanos: ''Se a realização de uma consulta [eleitoral] não vinculante é motivo para se arrancar um presidente de sua moradia na ponta de fuzis, colocá-lo em um avião e tirá-lo do país, e isso é democracia, de que democracia estamos falando?''
O comportamento da maioria dos sites dos jornais brasileiros acompanhou essa postura hostil à democracia. O do Estado de S. Paulo não usou uma só vez a palavra golpe. O da Folha de S.Paulo recorreu a um estratagema ainda mais hipócrita, referindo-se a um ''aparente golpe de Estado''. Dos maiores jornais, penas O Globo, justiça se faça, usou sem rodeios a palavra proibida.
Ficou explícito o posicionamento da mídia mercantil ''criolla'' na extremidade direita do espectro político latino-americano. Entre os governos, todos condenaram a quartelada, até o do presidente colombiano Alvaro Uribe. Entre os órgãos de imprensa, prevaleceu a linha de argumentação dos golpistas.”
FONTE: site “vermelho”, em 29/06/2009.
EMIR SADER: “O EIXO DO CAOS”
“A exportação dos seus problemas é uma das características da estratégia imperial dos Estados Unidos. É o complemento indispensável da “missão civilizadora” que se atribui como potência pelo mundo afora. Não houvesse um mundo selvagem fora, não se poderia justificar a ação “civilizatória” que os EUA reivindicam.
Em janeiro de 2002, George W. Bush, então presidente dos EUA, anunciou a existência de um “eixo do mal”, que promoveria o terrorismo, os ajudaria a obter armas de destruição em massa, etc., etc. Três países seriam os membros mais importantes desse eixo: Irã, Iraque e Coréia do Norte. As duas “guerras infinitas” a que se meteu os EUA se fundavam nesse enfoque: invasões do Afeganistão e do Iraque.
Agora, sem que se tenha fechado esse período, os ideólogos da doutrinas das “guerras preventivas” apontam para um novo eixo: o ''eixo do caos''. É o que anuncia Niall Ferguson, intelectual orgânico da estratégia norte-americana, na edição espanhola do Foreign Policy. Esse novo eixo contaria com “pelo menos nove membros e talvez mais”. Estariam unidos “pela perversidade de suas intenções assim como por sua instabilidade, que a crise financeira só faz piorar a cada dia”.
Segundo Ferguson, a “turbulência brutal” que caracterizaria o mundo atual teria três causas primárias: a desintegração étnica, a volatilidade econômica e o declínio dos impérios. No Oriente Médio os três fatores estaria fortemente concentrados, justificando, segundo ele, sua situação explosiva.
A revista seleciona três casos dessa lista “caótica”: Somália (“a anarquia interminável”), Rússia (“o novo estilo agressivo) e México (“as misérias causadas pela guerra do narcotráfico''). São três casos de uma lista de nove membros do suposto eixo do caos.
Gaza, a partir da frustrada ofensiva militar de Israel, viu piorar suas condições econômicas e sociais, ao mesmo tempo que fortaleceu o Hamas e enfraqueceu as forças consideradas moderadas – como o Fatah e o Egito, ao mesmo tempo que favoreciam a eleição de um governo de direita radical em Israel, dificultando mais ainda qualquer nova iniciativa de paz na região.
Claro que o Irã faz parte também desta lista, porque apoiaria às forças desestabilizadoras na região – Hezbolah no Libano, Hamas na Palestina -, possuindo armamento nuclear, enquanto sofre os efeitos da crise econômica internacional e da baixa do preço do petróleo.
O Afeganistão, evidentemente, seria outro pivô do eixo do caos, agora fazendo um casal inseparável com Paquistão. Os governos dos dois países estariam “entre os mais fracos que existem”, envolvidos entre taliban e armamento nuclear.
Outros membros do eixo seriam a Indonésia, a Turquia e a Tailândia, onde a crise exacerba os conflitos internos. Mas usar estes critérios permite estender a lista muito mais, então se fala da pirataria na Somália, na guerra na República Democrática do Congo, na violência em Darfur e em Zimbabwe. E se ameaça: “Não é arriscado dizer que a lista vai aumentar ainda este ano.” O diagnóstico remeteria a três fatores, que se articulariam entre si: “a volatilidade econômica, mais a desintegração étnica, mais um império em declive: a combinação mais letal que existe em geopolítica.” O que apontaria para o inicio de uma “era do caos”.
Os casos escolhidos servem como exemplos. A Somália seria “o lugar mais perigoso do mundo”, um “Estado governado pela anarquia, um cemitério de fracassos em política exterior que só conheceu seis meses de paz nos últimos vinte anos”, onde “o caos interminável do país ameaça devorar toda uma região.”
Na Rússia, “Putin baseou seu apoio popular em um Estado autoritário que fez crescer as rendas mais altas e devolveu à Rússia o orgulho de grande potência. Mas a crise está ameaçando tudo. E o que se avizinha pode ser pior.” Já o México estaria em um “estado de guerra”, em que os narcotraficantes “se converteram em uma autêntica insurgência. Só no ano passado a violência cobrou mais vidas do que estadunidenses mortos no Iraque. E o fim parece próximo.”
Da mesma forma que ocorria quando se anunciou “o eixo do mal”, nenhum diagnóstico global para definir o que tem a ver a globalização, a dominação imperial estadunidense, os modelos econômicos neoliberais tem a ver com isso. Se naturaliza o caos. Ele não seria uma das conseqüências da “ordem global”, da “ordem imperial”, da “ordem estadunidense” no mundo.
O terror se combatia com “guerras infinitas”. E esse suposto “caos”, quando os centros do sistema, eles mesmos, geram caos, insegurança, instabilidade, miséria, concentração ainda maior de pode e riqueza, industrias bélicas em crescente expansão? Somente outra ordem, outro mundo, pode diagnosticar e superar o caos – tanto nas periferias, quanto nos centros agonizantes do sistema financeiro global.”
FONTE: site “vermelho”, em 29/06/2009, com artigo de Emir Sader originariamente publicado no Blog do Emir.
Em janeiro de 2002, George W. Bush, então presidente dos EUA, anunciou a existência de um “eixo do mal”, que promoveria o terrorismo, os ajudaria a obter armas de destruição em massa, etc., etc. Três países seriam os membros mais importantes desse eixo: Irã, Iraque e Coréia do Norte. As duas “guerras infinitas” a que se meteu os EUA se fundavam nesse enfoque: invasões do Afeganistão e do Iraque.
Agora, sem que se tenha fechado esse período, os ideólogos da doutrinas das “guerras preventivas” apontam para um novo eixo: o ''eixo do caos''. É o que anuncia Niall Ferguson, intelectual orgânico da estratégia norte-americana, na edição espanhola do Foreign Policy. Esse novo eixo contaria com “pelo menos nove membros e talvez mais”. Estariam unidos “pela perversidade de suas intenções assim como por sua instabilidade, que a crise financeira só faz piorar a cada dia”.
Segundo Ferguson, a “turbulência brutal” que caracterizaria o mundo atual teria três causas primárias: a desintegração étnica, a volatilidade econômica e o declínio dos impérios. No Oriente Médio os três fatores estaria fortemente concentrados, justificando, segundo ele, sua situação explosiva.
A revista seleciona três casos dessa lista “caótica”: Somália (“a anarquia interminável”), Rússia (“o novo estilo agressivo) e México (“as misérias causadas pela guerra do narcotráfico''). São três casos de uma lista de nove membros do suposto eixo do caos.
Gaza, a partir da frustrada ofensiva militar de Israel, viu piorar suas condições econômicas e sociais, ao mesmo tempo que fortaleceu o Hamas e enfraqueceu as forças consideradas moderadas – como o Fatah e o Egito, ao mesmo tempo que favoreciam a eleição de um governo de direita radical em Israel, dificultando mais ainda qualquer nova iniciativa de paz na região.
Claro que o Irã faz parte também desta lista, porque apoiaria às forças desestabilizadoras na região – Hezbolah no Libano, Hamas na Palestina -, possuindo armamento nuclear, enquanto sofre os efeitos da crise econômica internacional e da baixa do preço do petróleo.
O Afeganistão, evidentemente, seria outro pivô do eixo do caos, agora fazendo um casal inseparável com Paquistão. Os governos dos dois países estariam “entre os mais fracos que existem”, envolvidos entre taliban e armamento nuclear.
Outros membros do eixo seriam a Indonésia, a Turquia e a Tailândia, onde a crise exacerba os conflitos internos. Mas usar estes critérios permite estender a lista muito mais, então se fala da pirataria na Somália, na guerra na República Democrática do Congo, na violência em Darfur e em Zimbabwe. E se ameaça: “Não é arriscado dizer que a lista vai aumentar ainda este ano.” O diagnóstico remeteria a três fatores, que se articulariam entre si: “a volatilidade econômica, mais a desintegração étnica, mais um império em declive: a combinação mais letal que existe em geopolítica.” O que apontaria para o inicio de uma “era do caos”.
Os casos escolhidos servem como exemplos. A Somália seria “o lugar mais perigoso do mundo”, um “Estado governado pela anarquia, um cemitério de fracassos em política exterior que só conheceu seis meses de paz nos últimos vinte anos”, onde “o caos interminável do país ameaça devorar toda uma região.”
Na Rússia, “Putin baseou seu apoio popular em um Estado autoritário que fez crescer as rendas mais altas e devolveu à Rússia o orgulho de grande potência. Mas a crise está ameaçando tudo. E o que se avizinha pode ser pior.” Já o México estaria em um “estado de guerra”, em que os narcotraficantes “se converteram em uma autêntica insurgência. Só no ano passado a violência cobrou mais vidas do que estadunidenses mortos no Iraque. E o fim parece próximo.”
Da mesma forma que ocorria quando se anunciou “o eixo do mal”, nenhum diagnóstico global para definir o que tem a ver a globalização, a dominação imperial estadunidense, os modelos econômicos neoliberais tem a ver com isso. Se naturaliza o caos. Ele não seria uma das conseqüências da “ordem global”, da “ordem imperial”, da “ordem estadunidense” no mundo.
O terror se combatia com “guerras infinitas”. E esse suposto “caos”, quando os centros do sistema, eles mesmos, geram caos, insegurança, instabilidade, miséria, concentração ainda maior de pode e riqueza, industrias bélicas em crescente expansão? Somente outra ordem, outro mundo, pode diagnosticar e superar o caos – tanto nas periferias, quanto nos centros agonizantes do sistema financeiro global.”
FONTE: site “vermelho”, em 29/06/2009, com artigo de Emir Sader originariamente publicado no Blog do Emir.
JORNAL “WORKERS WORLD”: “CUBA, COREIA E O BELICISMO DOS EUA”
"Com a eleição de Obama muitos foram os que, nos EUA e no Mundo, foram levados a acreditar, pela esmagadora campanha conduzida pela mídia, que o imperialismo renunciaria à sua natureza. Apesar da curta vida da administração Barack Obama, os fatos encarregam-se de desiludir as, afinal, infundadas esperanças. Como seria normal esperar, se a razão dominasse a emoção", comenta o editorial do jornal americano Workers World, de 28 de junho.
"Quando se tornou claro que os países da Organização dos Estados Americanos, com uma excepção, iriam votar a 3 de Junho a readmissão de Cuba como membro, a Secretária de Estado americana, representante da excepção, abandonou a sala.
Cuba aplaudiu os esforços dos países membros para finalmente inverterem a sua expulsão da OEA, engendrada por Washington em 1962 depois do fracasso da invasão de Cuba. Contudo, Havana disse “não, obrigado” à reentrada na OEA, que durante meio século foi impedida por Washington.
A justificação que Clinton deu para ter saído foi ser a OEA uma organização de estados “democráticos” e Cuba "não ser democrática".
Este argumento não vale um tostão furado para a América Latina atual. É do conhecimento geral que Washington tem tentado minar os governos democraticamente eleitos da Venezuela, da Bolívia e do Equador. A razão é evidente: combatem na defesa dos interesses dos seus povos as empresas transnacionais sediadas principalmente nos EUA.
Há também história que chegue para desmascarar o argumento “democrático” de Hillary Clinton. Apenas um exemplo: em 1973 um golpe militar de direita conduzido no Chile pelo general Augusto Pinochet depôs o governo progressista do presidente Salvador Allende, dando início a um regime de terror. Milhares de pessoas de esquerda foram caçadas e mortas, outras torturadas e “desaparecidas”. Mais tarde, um grande leque de forças políticas condenaram os métodos fascistas de Pinochet e da sua ditadura.
No entanto, a OEA nunca suspendeu o Chile.
De fato, em junho de 1976 o então Secretário de Estado Henry Kissinger fez uma viagem especial a Santiago, no Chile, para uma reunião da Assembleia Geral da OEA. Num encontro confidencial com Pinochet a 8 de Junho, Kissinger garantiu ao ditador chileno que, embora o representante dos EUA tivesse que publicamente dizer algumas palavras sobre “direitos humanos” no seu discurso à OEA, Pinochet não tinha que se preocupar.
“O discurso não está dirigido contra o Chile,” disse Kissinger a Pinochet. “As minhas declarações e a nossa posição estão pensadas de modo a permitir-nos dizer ao Congresso que estamos em conversações com o governo chileno e que portanto o Congresso não precisa de intervir.” Se o projeto de lei pendente no Congresso contra Pinochet fosse derrotado, prometeu que o Chile teria um fornecimento de aviões de combate F-5E.
Para garantir que Pinochet percebia bem, Kissinger frisou “Agradou-nos a derrubada do governo pró-comunista daqui. (…) Não vamos enfraquecer a sua posição.”
Uma nota interna do Departamento de Estado que descreve esta conversa foi finalmente desclassificada em 1998. Kissinger, como é óbvio, não foi ainda pronunciado pelos seus muitos crimes.
Um dia apenas após a derrota de Washington na OEA, o Departamento de Justiça anunciou a prisão de um antigo funcionário do departamento de Estado e sua mulher sob a acusação de espionagem a favor de Cuba, não por dinheiro, mas por convicção pelas mudanças lá acontecidas.
Na sua coluna de 8 de junho no jornal cubano Granma, Fidel Castro apontou a “estranha” oportunidade das prisões, dado que ambos com setenta anos estão agora reformados e, se as alegações contra eles fossem verdadeiras, teriam podido ser presos há muito tempo. Acrescentou que “Talvez a prisão tenha sido determinada não só pelo tremendo desaire sofrido em San Pedro Sula [local da reunião da OEA – WW], como também pelas notícias segundo as quais houve contatos entre os governos dos Estados Unidos e de Cuba sobre importantes questões de interesse comum.”
Muita gente esperou que Washington aliviasse o implacável bloqueio a Cuba depois do fim da guerra-fria. Não aconteceu. Depois, a eleição de Barack Obama como presidente e o regresso do Partido Democrático ao controle do governo animaram nova especulação de que a política americana iria mudar. No entanto, se alguma coisa está a levar o governo a ensaiar mudanças nas relações com Cuba será o esmagador apoio que a ilha socialista tem conseguido por parte dos povos do mundo, especialmente da América Latina, da África e do Caribe.
Washington está totalmente isolada na sua hostilidade aberta contra Cuba.
O olho de Hillary Clinton está também treinado para o outro lado do mundo. A Secretária de Estado, ao aparecer no programa This Week da ABC, em 7 de junho, fez novas ameaças contra a República Popular Democrática da Coreia (RPDC), outro país que seguiu o caminho socialista. Disse que o governo procurava maneira de "interditar" navios e aviões suspeitos de transporte de armas ou tecnologia nuclear para a RPDC.
Pondo as coisas claramente, os EUA procuram cometer um ato de guerra contra a Coreia. Trata-se de ato de guerra interceptar ou apreender um navio de outro país.
Hillary Clinton disse também que o governo procura uma maneira de inverter a decisão tomada por George W. Bush no ano passado de tirar a RPDC da lista de "apoiadores do terrorismo." Mais belicosa do que Bush? Aparentemente, sim.
É que, de fato, o Partido Democrata é responsável pela maior parte das guerras imperialistas dos EUA nos últimos 70 anos".
FONTE: site “vermelho”, em 29/06/2009, texto publicado no jornal norte-americano Workers World (www.workers.org). Traduzido por Jorge Vasconcelos, para o Diário.info.
"Quando se tornou claro que os países da Organização dos Estados Americanos, com uma excepção, iriam votar a 3 de Junho a readmissão de Cuba como membro, a Secretária de Estado americana, representante da excepção, abandonou a sala.
Cuba aplaudiu os esforços dos países membros para finalmente inverterem a sua expulsão da OEA, engendrada por Washington em 1962 depois do fracasso da invasão de Cuba. Contudo, Havana disse “não, obrigado” à reentrada na OEA, que durante meio século foi impedida por Washington.
A justificação que Clinton deu para ter saído foi ser a OEA uma organização de estados “democráticos” e Cuba "não ser democrática".
Este argumento não vale um tostão furado para a América Latina atual. É do conhecimento geral que Washington tem tentado minar os governos democraticamente eleitos da Venezuela, da Bolívia e do Equador. A razão é evidente: combatem na defesa dos interesses dos seus povos as empresas transnacionais sediadas principalmente nos EUA.
Há também história que chegue para desmascarar o argumento “democrático” de Hillary Clinton. Apenas um exemplo: em 1973 um golpe militar de direita conduzido no Chile pelo general Augusto Pinochet depôs o governo progressista do presidente Salvador Allende, dando início a um regime de terror. Milhares de pessoas de esquerda foram caçadas e mortas, outras torturadas e “desaparecidas”. Mais tarde, um grande leque de forças políticas condenaram os métodos fascistas de Pinochet e da sua ditadura.
No entanto, a OEA nunca suspendeu o Chile.
De fato, em junho de 1976 o então Secretário de Estado Henry Kissinger fez uma viagem especial a Santiago, no Chile, para uma reunião da Assembleia Geral da OEA. Num encontro confidencial com Pinochet a 8 de Junho, Kissinger garantiu ao ditador chileno que, embora o representante dos EUA tivesse que publicamente dizer algumas palavras sobre “direitos humanos” no seu discurso à OEA, Pinochet não tinha que se preocupar.
“O discurso não está dirigido contra o Chile,” disse Kissinger a Pinochet. “As minhas declarações e a nossa posição estão pensadas de modo a permitir-nos dizer ao Congresso que estamos em conversações com o governo chileno e que portanto o Congresso não precisa de intervir.” Se o projeto de lei pendente no Congresso contra Pinochet fosse derrotado, prometeu que o Chile teria um fornecimento de aviões de combate F-5E.
Para garantir que Pinochet percebia bem, Kissinger frisou “Agradou-nos a derrubada do governo pró-comunista daqui. (…) Não vamos enfraquecer a sua posição.”
Uma nota interna do Departamento de Estado que descreve esta conversa foi finalmente desclassificada em 1998. Kissinger, como é óbvio, não foi ainda pronunciado pelos seus muitos crimes.
Um dia apenas após a derrota de Washington na OEA, o Departamento de Justiça anunciou a prisão de um antigo funcionário do departamento de Estado e sua mulher sob a acusação de espionagem a favor de Cuba, não por dinheiro, mas por convicção pelas mudanças lá acontecidas.
Na sua coluna de 8 de junho no jornal cubano Granma, Fidel Castro apontou a “estranha” oportunidade das prisões, dado que ambos com setenta anos estão agora reformados e, se as alegações contra eles fossem verdadeiras, teriam podido ser presos há muito tempo. Acrescentou que “Talvez a prisão tenha sido determinada não só pelo tremendo desaire sofrido em San Pedro Sula [local da reunião da OEA – WW], como também pelas notícias segundo as quais houve contatos entre os governos dos Estados Unidos e de Cuba sobre importantes questões de interesse comum.”
Muita gente esperou que Washington aliviasse o implacável bloqueio a Cuba depois do fim da guerra-fria. Não aconteceu. Depois, a eleição de Barack Obama como presidente e o regresso do Partido Democrático ao controle do governo animaram nova especulação de que a política americana iria mudar. No entanto, se alguma coisa está a levar o governo a ensaiar mudanças nas relações com Cuba será o esmagador apoio que a ilha socialista tem conseguido por parte dos povos do mundo, especialmente da América Latina, da África e do Caribe.
Washington está totalmente isolada na sua hostilidade aberta contra Cuba.
O olho de Hillary Clinton está também treinado para o outro lado do mundo. A Secretária de Estado, ao aparecer no programa This Week da ABC, em 7 de junho, fez novas ameaças contra a República Popular Democrática da Coreia (RPDC), outro país que seguiu o caminho socialista. Disse que o governo procurava maneira de "interditar" navios e aviões suspeitos de transporte de armas ou tecnologia nuclear para a RPDC.
Pondo as coisas claramente, os EUA procuram cometer um ato de guerra contra a Coreia. Trata-se de ato de guerra interceptar ou apreender um navio de outro país.
Hillary Clinton disse também que o governo procura uma maneira de inverter a decisão tomada por George W. Bush no ano passado de tirar a RPDC da lista de "apoiadores do terrorismo." Mais belicosa do que Bush? Aparentemente, sim.
É que, de fato, o Partido Democrata é responsável pela maior parte das guerras imperialistas dos EUA nos últimos 70 anos".
FONTE: site “vermelho”, em 29/06/2009, texto publicado no jornal norte-americano Workers World (www.workers.org). Traduzido por Jorge Vasconcelos, para o Diário.info.
RECONTAGEM PARCIAL DE VOTOS CONFIRMA VITÓRIA DE AHMADINEJAD
“A recontagem parcial de 10% das cédulas utilizadas na eleição presidencial de 12 de junho, no Irã, confirmou a vitória do atual presidente, Mahmud Ahmadinejad, informou nesta segunda-feira a mídia iraniana.
Segundo noticiou a agência de notícias Fars, a recontagem foi realizada em cinco cidades iranianas e os resultados foram semelhantes aos obtidos há duas semanas.
De acordo com a apuração, Ahmadinejad obteve 62,63% dos votos.
Seu rival, o ex-primeiro ministro Mir Hosein Mussavi, obteve 33,75% dos votos. Mussavi anunciou sua vitória antes dos primeiros resultados oficiais serem divulgados e, mais tarde, acusou as autoridades de fraude.
Anunciados os resultados da eleição, milhares de partidários de Mussavi foram às ruas de Teerã, saqueando e incendiando lojas, bancos e edífícios públicos.
Para deter as desordens que causaram 20 mortes — 12 cidadãos e 8 militantes do movimento Basij — e centenas de feridos, o Conselho de Guardiões, órgão supervisor das eleições, ordenou que fosse realizada uma recontagem parcial dos votos em localidades onde teriam havido suposta fraude.”
FONTE: site “Vermelho” em 29/06/2009, com matéria da Agência Noticiosa RIA Novosti da Rússia.
Segundo noticiou a agência de notícias Fars, a recontagem foi realizada em cinco cidades iranianas e os resultados foram semelhantes aos obtidos há duas semanas.
De acordo com a apuração, Ahmadinejad obteve 62,63% dos votos.
Seu rival, o ex-primeiro ministro Mir Hosein Mussavi, obteve 33,75% dos votos. Mussavi anunciou sua vitória antes dos primeiros resultados oficiais serem divulgados e, mais tarde, acusou as autoridades de fraude.
Anunciados os resultados da eleição, milhares de partidários de Mussavi foram às ruas de Teerã, saqueando e incendiando lojas, bancos e edífícios públicos.
Para deter as desordens que causaram 20 mortes — 12 cidadãos e 8 militantes do movimento Basij — e centenas de feridos, o Conselho de Guardiões, órgão supervisor das eleições, ordenou que fosse realizada uma recontagem parcial dos votos em localidades onde teriam havido suposta fraude.”
FONTE: site “Vermelho” em 29/06/2009, com matéria da Agência Noticiosa RIA Novosti da Rússia.
GILSON CARONI: HONDURAS, OS GOLPISTAS NÃO SÃO AUTODIDATAS
"Exijo do TSE que deixe de artimanhas e comece a contar os votos. Se este Tribunal não começar a contar os votos, marcharemos até ele para exigir isto". Foi com essas palavras que o então candidato do Partido Nacional, Porfírio Lobo, reagiu às projeções do presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, Aristides Mejia, que apontava Manuel Zelaya como virtual vencedor das eleições presidenciais de 2005. O tom de inconformismo não escondia o víés golpista que seria adotado pela oposição hondurenha, culminando na quartelada de domingo que expulsou Zelaya do país.
A insurgência militar é uma velha tradição da América Central, onde há uma extensa história de rebeliões, golpes e intervenções estrangeiras. Nesse momento, o que ocorre é a repetição de um filme cujo roteiro é conhecido por todos. A burguesia local combina seu estilo de exercício de poder com as formas tradicionais de dominação herdadas de tradições coloniais, elitistas e autoritárias.
Vivendo sucessivas conjunturas de instabilidade, o processo político hondurenho sempre foi fortemente marcado pela ininterrupta sucessão de golpes de Estado, a maioria patrocinada pelos interesses conjuntos da oligarquia nativa e das empresas bananeiras estadunidenses.
A fragilidade institucional decorre, como em outros países do continente, da incapacidade política e cultural das classes dominantes em identificar e universalizar valores próprios que representem uma forma de vontade geral aceita por todos os segmentos sociais. Somando a isso sua conhecida subalternidade externa, a otimização de seus ganhos está na raiz da impossibilidade de se tornarem grandes fiadores de uma democracia estável e real.
A rapidez dos poderes Legislativo e Judiciário de Honduras em legitimar o golpe, contando com a boa vontade da grande imprensa, é a demonstração cabal da estreiteza do “Estado de Direito” na América Central. Projetar novas concepções de organização econômica, social e política capazes de amalgamar os interesses e aspirações das grandes maiorias continua sendo, para as elites encasteladas em quartéis, parlamentos e redações, o que deputados hondurenhos definiram como “uma explícita condução irregular".
Realizar uma consulta popular para abrir caminho a uma futura Assembléia Constituinte pode ser classificado como "reiterada violação à Constituição e às leis bem como a inobservância das resoluções e sentenças dos órgãos institucionais”. Essa é a semântica aceita pela gramática política da região.
O golpe em Honduras não diz respeito apenas ao povo hondurenho. Interpela diretamente todos aqueles que reconhecem que a única garantia possível de uma de instauração de uma verdadeira ordem democrática é a qualificação de agentes sociais e políticos para os quais esse regime seja uma condição e uma exigência.
O formalismo dos golpistas não pode deixar algumas perguntas sem resposta. Como fica a cláusula democrática da OEA? Qual será o tipo de sanção imposto a Honduras? Até quando os povos centro-americanos continuarão submetidos a uma espécie de castigo histórico, um eterno retorno do beco sem saída das ações repressivas ilegais? Não é mais admissível que nossa história continue sendo escrita como contínua experiência de mutilação e desintegração disfarçada de desenvolvimento.
É fato que o embaixador dos Estados Unidos em Honduras, Hugo Llorens, afirmou que “seu país só reconhece Manuel Zelaya como único presidente legítimo do país e condena o golpe em andamento". O isolamento internacional também parece não conspirar a favor da extrema-direita hondurenha.
Mas em nome da verdade histórica nunca devemos esquecer que os golpistas latino-americanos podem ser qualquer coisa, menos autodidatas. Valeria a pena Mr. Lorens consultar os compêndios. Até bem recentemente a regra era apoio incondicional a regimes liberticidas.”
FONTE: site “vermelho”, em 29/06/2009, artigo escrito por Gilson Caroni Filho, publicado originariamente no site “Carta Maior”. O autor é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa.
A insurgência militar é uma velha tradição da América Central, onde há uma extensa história de rebeliões, golpes e intervenções estrangeiras. Nesse momento, o que ocorre é a repetição de um filme cujo roteiro é conhecido por todos. A burguesia local combina seu estilo de exercício de poder com as formas tradicionais de dominação herdadas de tradições coloniais, elitistas e autoritárias.
Vivendo sucessivas conjunturas de instabilidade, o processo político hondurenho sempre foi fortemente marcado pela ininterrupta sucessão de golpes de Estado, a maioria patrocinada pelos interesses conjuntos da oligarquia nativa e das empresas bananeiras estadunidenses.
A fragilidade institucional decorre, como em outros países do continente, da incapacidade política e cultural das classes dominantes em identificar e universalizar valores próprios que representem uma forma de vontade geral aceita por todos os segmentos sociais. Somando a isso sua conhecida subalternidade externa, a otimização de seus ganhos está na raiz da impossibilidade de se tornarem grandes fiadores de uma democracia estável e real.
A rapidez dos poderes Legislativo e Judiciário de Honduras em legitimar o golpe, contando com a boa vontade da grande imprensa, é a demonstração cabal da estreiteza do “Estado de Direito” na América Central. Projetar novas concepções de organização econômica, social e política capazes de amalgamar os interesses e aspirações das grandes maiorias continua sendo, para as elites encasteladas em quartéis, parlamentos e redações, o que deputados hondurenhos definiram como “uma explícita condução irregular".
Realizar uma consulta popular para abrir caminho a uma futura Assembléia Constituinte pode ser classificado como "reiterada violação à Constituição e às leis bem como a inobservância das resoluções e sentenças dos órgãos institucionais”. Essa é a semântica aceita pela gramática política da região.
O golpe em Honduras não diz respeito apenas ao povo hondurenho. Interpela diretamente todos aqueles que reconhecem que a única garantia possível de uma de instauração de uma verdadeira ordem democrática é a qualificação de agentes sociais e políticos para os quais esse regime seja uma condição e uma exigência.
O formalismo dos golpistas não pode deixar algumas perguntas sem resposta. Como fica a cláusula democrática da OEA? Qual será o tipo de sanção imposto a Honduras? Até quando os povos centro-americanos continuarão submetidos a uma espécie de castigo histórico, um eterno retorno do beco sem saída das ações repressivas ilegais? Não é mais admissível que nossa história continue sendo escrita como contínua experiência de mutilação e desintegração disfarçada de desenvolvimento.
É fato que o embaixador dos Estados Unidos em Honduras, Hugo Llorens, afirmou que “seu país só reconhece Manuel Zelaya como único presidente legítimo do país e condena o golpe em andamento". O isolamento internacional também parece não conspirar a favor da extrema-direita hondurenha.
Mas em nome da verdade histórica nunca devemos esquecer que os golpistas latino-americanos podem ser qualquer coisa, menos autodidatas. Valeria a pena Mr. Lorens consultar os compêndios. Até bem recentemente a regra era apoio incondicional a regimes liberticidas.”
FONTE: site “vermelho”, em 29/06/2009, artigo escrito por Gilson Caroni Filho, publicado originariamente no site “Carta Maior”. O autor é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa.
EX-ALUNO DE MANGABEIRA UNGER ASSUMIRÁ ASSUNTOS ESTRATÉGICOS
“A exoneração do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, deve ser publicada no Diário Oficial da União nesta terça-feira (30). Mangabeira Unger se reapresentará no dia 1º de julho na Faculdade de Direito da Universidade de Havard, nos Estados Unidos, onde é professor há quatro décadas. Ele será substituído provisoriamente por Daniel Vargas, secretário-executivo, e seu ex-aluno em Harvard.
Indicado pelo vice-presidente da República, José Alencar, de quem é correligionário no PRB, Mangabeira Unger tomou posse em 19 de junho de 2007. Em dois anos de pasta, o ministro coordenou a elaboração e a negociação com os estados do Plano Amazônia Sustentável (PAS) e a Estratégia Nacional de Defesa. Mangabeira ainda articulava projetos regionais para as regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Para se reapresentar à universidade norte-americana, é preciso que Mangabeira seja exonerado. Oficialmente, o ministro deixa o governo porque expira sua licença como professor e ele perderia o posto de professor titular. Há informação, não confirmada, de que o ministro pretendia trocar de partido e por isso perderia apoio do PRB.
Nos dois anos em que comandou a Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira polemizou com a área ambiental do governo. Primeiro, com a ex-ministra Marina Silva, que saiu do Ministério do Meio Ambiente por não ter ficado com a coordenação do PAS (ganha por Mangabeira). O sucessor de Marina, Carlos Minc, também teve divergências públicas com o ministro em função de críticas ao licenciamento ambiental e ao andamento do PAS.
Mangabeira fez também críticas à condução do Bolsa Família, pois defendia que o governo deveria oferecer porta de saída aos beneficiários do programa e focar os estratos mais próximos de se integrar à classe média. Roberto Mangabeira Unger é carioca, nascido em 1947 e formado na antiga Faculdade Nacional de Direito.”
FONTE: site “vermelho”, em 29/06/2009, com informações da Agência Brasil
Indicado pelo vice-presidente da República, José Alencar, de quem é correligionário no PRB, Mangabeira Unger tomou posse em 19 de junho de 2007. Em dois anos de pasta, o ministro coordenou a elaboração e a negociação com os estados do Plano Amazônia Sustentável (PAS) e a Estratégia Nacional de Defesa. Mangabeira ainda articulava projetos regionais para as regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Para se reapresentar à universidade norte-americana, é preciso que Mangabeira seja exonerado. Oficialmente, o ministro deixa o governo porque expira sua licença como professor e ele perderia o posto de professor titular. Há informação, não confirmada, de que o ministro pretendia trocar de partido e por isso perderia apoio do PRB.
Nos dois anos em que comandou a Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira polemizou com a área ambiental do governo. Primeiro, com a ex-ministra Marina Silva, que saiu do Ministério do Meio Ambiente por não ter ficado com a coordenação do PAS (ganha por Mangabeira). O sucessor de Marina, Carlos Minc, também teve divergências públicas com o ministro em função de críticas ao licenciamento ambiental e ao andamento do PAS.
Mangabeira fez também críticas à condução do Bolsa Família, pois defendia que o governo deveria oferecer porta de saída aos beneficiários do programa e focar os estratos mais próximos de se integrar à classe média. Roberto Mangabeira Unger é carioca, nascido em 1947 e formado na antiga Faculdade Nacional de Direito.”
FONTE: site “vermelho”, em 29/06/2009, com informações da Agência Brasil
LULA DIZ QUE MANGABEIRA UNGER DEIXARÁ O GOVERNO
SEGUNDO PRESIDENTE, MINISTRO NÃO CONSEGUIU AMPLIAR LICENÇA DE HARVARD.
"Na semana retrasada, em nota, ele disse que pretendia ficar no governo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou na tarde desta segunda-feira (29) que o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, deixará o governo por não ter conseguido ampliar sua licença de professor da Universidade de Harvard, nos EUA. O presidente não disse quem o substituirá.
Mangabeira emitiu nota na quarta-feira (17) informando que pretendia continuar no governo. A nota foi uma resposta aos boatos sobre sua saída do ministério por conta de uma possível troca de partido. Ele está no ministério a pedido do vice-presidente da República, José Alencar, que é filiado ao PRB.
Na nota, o ministro informou que o presidente Lula queria que ele continuasse no governo e que não havia qualquer problema político ou programático na relação dele com o presidente e com o governo. Além disso, ele enfatizou que vinha discutindo com a Universidade de Harvard, a prorrogação de sua licença.
Veja a íntegra da nota
Com respeito a boato veiculado num jornal hoje, a Secretaria de Assuntos Estratégicos esclarece o seguinte.
1. O Ministro Mangabeira pretende continuar no governo.
2. O Presidente Lula quer que o Ministro Mangabeira continue no governo.
3. Não há qualquer problema político ou programático na relação do Ministro Mangabeira com o Presidente e com o governo.
4. O Ministro vem discutindo com a Universidade de Harvard, da qual está licenciado, a prorrogação de sua licença.”
FONTE: portal G1, em 29/06/2009
"Na semana retrasada, em nota, ele disse que pretendia ficar no governo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou na tarde desta segunda-feira (29) que o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, deixará o governo por não ter conseguido ampliar sua licença de professor da Universidade de Harvard, nos EUA. O presidente não disse quem o substituirá.
Mangabeira emitiu nota na quarta-feira (17) informando que pretendia continuar no governo. A nota foi uma resposta aos boatos sobre sua saída do ministério por conta de uma possível troca de partido. Ele está no ministério a pedido do vice-presidente da República, José Alencar, que é filiado ao PRB.
Na nota, o ministro informou que o presidente Lula queria que ele continuasse no governo e que não havia qualquer problema político ou programático na relação dele com o presidente e com o governo. Além disso, ele enfatizou que vinha discutindo com a Universidade de Harvard, a prorrogação de sua licença.
Veja a íntegra da nota
Com respeito a boato veiculado num jornal hoje, a Secretaria de Assuntos Estratégicos esclarece o seguinte.
1. O Ministro Mangabeira pretende continuar no governo.
2. O Presidente Lula quer que o Ministro Mangabeira continue no governo.
3. Não há qualquer problema político ou programático na relação do Ministro Mangabeira com o Presidente e com o governo.
4. O Ministro vem discutindo com a Universidade de Harvard, da qual está licenciado, a prorrogação de sua licença.”
FONTE: portal G1, em 29/06/2009
EMBRAER: BALANÇO IMPORTAÇÃO x EXPORTAÇÃO
OPERAÇÃO DA EMBRAER EXIGE LOGÍSTICA COMPLEXA
“Ela importou 19 mil toneladas de materiais em 2008, avaliados em US$ 3,8 bilhões, algo em torno de 2,2% das importações nacionais. No ano passado, suas exportações totalizaram US$ 5,7 bilhões, o que a colocou na posição de terceira maior exportadora brasileira, com uma contribuição de 2,9% para o saldo da balança comercial do país. Para atender um movimento comercial desse porte, a Embraer montou uma logística internacional que envolve uma operação complexa, já que seus principais clientes, fornecedores e competidores estão concentrados no Hemisfério Norte.
A empresa exporta mais de 90% da produção e importa 95% das matérias-primas, partes e peças para a produção e as peças de reposição para as aeronaves que fabrica. Até maio, o volume de importação foi de US$ 1,4 bilhão.
Uma das medidas adotadas pela empresa para aumentar a eficácia do gerenciamento da sua cadeia logística foi a construção, em 2008, de um centro de armazenagem de grandes segmentos aeronáuticos (matérias-primas, fuselagens, asas e superfícies de comando, entre outros) em Taubaté (SP). O centro de distribuição de peças da Embraer está instalado em uma área total de 380 mil metros quadrados, dos quais 135,7 mil metros quadrados foram doados pela prefeitura do município e o restante adquirido pela empresa junto a proprietários privados.
O ganho logístico, nesse caso, segundo a empresa, está diretamente relacionado ao atendimento "just in time" da linha de produção. Segundo o diretor do Grupo de Expansão Industrial (GEIN) de Taubaté, Antônio Roberto Paolicchi, o investimento anunciado pela Embraer na unidade foi de US$ 16,2 milhões.
A empresa conta também com oficinas próprias e depósitos de peças nos Estados Unidos, França, China e Cingapura, além do Brasil. Ela mantém empresas próprias especializadas em manutenção de aeronaves, peças de reposição, treinamento e segmentos aeronáuticos, como a Indústria aeronáutica de Portugal (Ogma) e a Embraer Aircraft Maintenance Services (EAMS).
A Embraer possui um operador logístico nos Estados Unidos que gerencia uma média de 11,9 mil toneladas de materiais enviados pela empresa a cada ano, avaliados em US$ 2,9 bilhões. Na Europa já existe um operador aéreo para uma média de 1,1 mil toneladas de materiais por ano e um operador marítimo para 5,6 mil toneladas anuais.
No Brasil, a Embraer trabalha com dois operadores logísticos, envolvendo porto e aeroporto e 16,6 mil toneladas de produtos por ano, que correspondem em valores a US$ 3,6 bilhões. Só o despachante aéreo, segundo a empresa, cuida de 18 mil processos anualmente. No modal marítimo, o número de processos anuais emitidos pela Embraer chega a três mil. Esses números constam de uma palestra feita pela Embraer durante um evento de logística realizado recentemente em São José dos Campos.
A Embraer também possui três centros de consolidação marítimo de materiais localizados em Colchester (Inglaterra), Bilbao (Espanha) e Freiburg (Alemanha). No segmento aéreo, os centros de consolidação ficam em Londres, Paris, Milão e Frankfurt. O modal aéreo, segundo a Embraer, é responsável por 75% da sua movimentação logística, tanto para exportação quanto para importação. O marítimo tem uma representatividade maior, de 70%, quando envolve peso.
Outra ferramenta que vem trazendo ganhos expressivos na redução de custos e eficiência da sua operação logística é o regime aduaneiro Recof, que passou a utilizar desde novembro. "Diferentemente do que ocorria no regime "drawback", o Recof permite a flexibilidade para a empresa realizar a destinação de até 20% das mercadorias estrangeiras admitidas no regime, para o mercado interno, no mesmo estado em que foram importadas", explicou a empresa por e-mail.
Por esse sistema, a Embraer não precisa manter um estoque nacionalizado e outro para o atendimento da linha de produção. A substituição do regime "drawback" pelo Recof, segundo a Embraer, resultou em custos finais mais competitivos, o que viabilizou a venda de aeronaves no mercado brasileiro. Assim como o regime antigo, o Recof suspende os impostos incidentes na importação e concede isenção para a exportação.
O Recof também reduziu o ciclo de importação e a despesa de armazenagem de peças, com a passagem rápida pela alfândega. "O processo de liberação de mercadorias na alfândega, que era de dois dias, passou a ser de 12 horas, mas a nossa meta é chegar a seis horas", disse uma executiva da área de logística da Embraer, em palestra sobre o tema. Já o processo de exportação temporária de materiais, para reparo, feiras e testes, levava uma média de 15 dias para ser concluído.
Com o Recof, a empresa precisou controlar suas operações de forma mais informatizada e passou a utilizar uma Autorização de Movimentação de Bens sob o Recof (AMBRA), que dispensa a abertura de processo junto às alfândegas, o que resultou em uma redução do ciclo para 10 dias. A Embraer é a primeira empresa no Brasil a utilizar essa autorização para agilizar o desembaraço alfandegário em exportações temporárias.
Apesar de importar 95% das peças que utiliza na produção dos seus aviões, a Embraer explica que o alto índice de importação refere-se a determinados conjuntos de materiais e componentes, como aviônicos, equipamentos, segmentos e matérias-primas sem similar no mercado nacional. Toda a parte de industrialização das aeronaves, mão de obra, desenvolvimento e demais materiais de origem nacional, segundo a empresa, superam em 60% o índice de nacionalização do produto final exportado.”
FONTE : jornal Valor Econômico, em 28/06/2009, reportagem de Virgínia Silveira
“Ela importou 19 mil toneladas de materiais em 2008, avaliados em US$ 3,8 bilhões, algo em torno de 2,2% das importações nacionais. No ano passado, suas exportações totalizaram US$ 5,7 bilhões, o que a colocou na posição de terceira maior exportadora brasileira, com uma contribuição de 2,9% para o saldo da balança comercial do país. Para atender um movimento comercial desse porte, a Embraer montou uma logística internacional que envolve uma operação complexa, já que seus principais clientes, fornecedores e competidores estão concentrados no Hemisfério Norte.
A empresa exporta mais de 90% da produção e importa 95% das matérias-primas, partes e peças para a produção e as peças de reposição para as aeronaves que fabrica. Até maio, o volume de importação foi de US$ 1,4 bilhão.
Uma das medidas adotadas pela empresa para aumentar a eficácia do gerenciamento da sua cadeia logística foi a construção, em 2008, de um centro de armazenagem de grandes segmentos aeronáuticos (matérias-primas, fuselagens, asas e superfícies de comando, entre outros) em Taubaté (SP). O centro de distribuição de peças da Embraer está instalado em uma área total de 380 mil metros quadrados, dos quais 135,7 mil metros quadrados foram doados pela prefeitura do município e o restante adquirido pela empresa junto a proprietários privados.
O ganho logístico, nesse caso, segundo a empresa, está diretamente relacionado ao atendimento "just in time" da linha de produção. Segundo o diretor do Grupo de Expansão Industrial (GEIN) de Taubaté, Antônio Roberto Paolicchi, o investimento anunciado pela Embraer na unidade foi de US$ 16,2 milhões.
A empresa conta também com oficinas próprias e depósitos de peças nos Estados Unidos, França, China e Cingapura, além do Brasil. Ela mantém empresas próprias especializadas em manutenção de aeronaves, peças de reposição, treinamento e segmentos aeronáuticos, como a Indústria aeronáutica de Portugal (Ogma) e a Embraer Aircraft Maintenance Services (EAMS).
A Embraer possui um operador logístico nos Estados Unidos que gerencia uma média de 11,9 mil toneladas de materiais enviados pela empresa a cada ano, avaliados em US$ 2,9 bilhões. Na Europa já existe um operador aéreo para uma média de 1,1 mil toneladas de materiais por ano e um operador marítimo para 5,6 mil toneladas anuais.
No Brasil, a Embraer trabalha com dois operadores logísticos, envolvendo porto e aeroporto e 16,6 mil toneladas de produtos por ano, que correspondem em valores a US$ 3,6 bilhões. Só o despachante aéreo, segundo a empresa, cuida de 18 mil processos anualmente. No modal marítimo, o número de processos anuais emitidos pela Embraer chega a três mil. Esses números constam de uma palestra feita pela Embraer durante um evento de logística realizado recentemente em São José dos Campos.
A Embraer também possui três centros de consolidação marítimo de materiais localizados em Colchester (Inglaterra), Bilbao (Espanha) e Freiburg (Alemanha). No segmento aéreo, os centros de consolidação ficam em Londres, Paris, Milão e Frankfurt. O modal aéreo, segundo a Embraer, é responsável por 75% da sua movimentação logística, tanto para exportação quanto para importação. O marítimo tem uma representatividade maior, de 70%, quando envolve peso.
Outra ferramenta que vem trazendo ganhos expressivos na redução de custos e eficiência da sua operação logística é o regime aduaneiro Recof, que passou a utilizar desde novembro. "Diferentemente do que ocorria no regime "drawback", o Recof permite a flexibilidade para a empresa realizar a destinação de até 20% das mercadorias estrangeiras admitidas no regime, para o mercado interno, no mesmo estado em que foram importadas", explicou a empresa por e-mail.
Por esse sistema, a Embraer não precisa manter um estoque nacionalizado e outro para o atendimento da linha de produção. A substituição do regime "drawback" pelo Recof, segundo a Embraer, resultou em custos finais mais competitivos, o que viabilizou a venda de aeronaves no mercado brasileiro. Assim como o regime antigo, o Recof suspende os impostos incidentes na importação e concede isenção para a exportação.
O Recof também reduziu o ciclo de importação e a despesa de armazenagem de peças, com a passagem rápida pela alfândega. "O processo de liberação de mercadorias na alfândega, que era de dois dias, passou a ser de 12 horas, mas a nossa meta é chegar a seis horas", disse uma executiva da área de logística da Embraer, em palestra sobre o tema. Já o processo de exportação temporária de materiais, para reparo, feiras e testes, levava uma média de 15 dias para ser concluído.
Com o Recof, a empresa precisou controlar suas operações de forma mais informatizada e passou a utilizar uma Autorização de Movimentação de Bens sob o Recof (AMBRA), que dispensa a abertura de processo junto às alfândegas, o que resultou em uma redução do ciclo para 10 dias. A Embraer é a primeira empresa no Brasil a utilizar essa autorização para agilizar o desembaraço alfandegário em exportações temporárias.
Apesar de importar 95% das peças que utiliza na produção dos seus aviões, a Embraer explica que o alto índice de importação refere-se a determinados conjuntos de materiais e componentes, como aviônicos, equipamentos, segmentos e matérias-primas sem similar no mercado nacional. Toda a parte de industrialização das aeronaves, mão de obra, desenvolvimento e demais materiais de origem nacional, segundo a empresa, superam em 60% o índice de nacionalização do produto final exportado.”
FONTE : jornal Valor Econômico, em 28/06/2009, reportagem de Virgínia Silveira
ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB) PEGOU DINHEIRO PÚBLICO “EMPRESTADO” DE AGACIEL
CASO ABAFADO PELA IMPRENSA: “FOI PARA PAGAR HOTEL EM PARIS” e “ERA, UM GRANDE AMIGO MEU”...REVISTA DIZ QUE ARTHUR VIRGÍLIO NÃO DEVOLVEU.
IMPRENSA TAMBÉM ABAFOU CASO TASSO JEREISSATI (PSDB-CE), QUE USOU SUA COTA DE PASSAGEM AÉREA PARA FRETAR JATINHOS PARTICULARES (O TUCANO CULPOU DIRETAMENTE AGACIEL)
Vejamos a seguinte reportagem do jornal pró-Serra/PSDB Folha de São Paulo:
“EMPRÉSTIMOS DE AGACIEL A SENADORES AMPLIAM CRISE
GABINETE DE ARTHUR VIRGÍLIO CONFIRMA QUE PEDIU DINHEIRO AO EX-DIRETOR-GERAL DA CASA
TUCANO TEM SIDO O PRINCIPAL CRÍTICO DE AGACIEL E SARNEY; BANCADAS DE PSDB E DEM VÃO DECIDIR SE PEDEM O AFASTAMENTO DO PRESIDENTE
Ameaças do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia de revelar empréstimos concedidos a senadores e definições de aliados sobre o apoio ao presidente José Sarney (PMDB-AP) vão contaminar ainda mais a crise na Casa numa semana que será decisiva para os dois.
Principal crítico de ambos desde o início da crise, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), terá de explicar um empréstimo que recebeu de Agaciel. As bancadas tucana e do DEM vão decidir amanhã se pedem o afastamento de Sarney do cargo.
Subchefe do gabinete de Virgílio, Carlos Homero Vieira Nina confirmou ontem que pediu dinheiro a Agaciel para ajudar o líder tucano a pagar uma conta de hotel em Paris, em 2003, conforme revelou a revista "IstoÉ" deste final de semana.
"O Arthur estava com um problema no cartão de crédito. Era fim de semana, então eu procurei o Agaciel, que é, ou era, um grande amigo meu", disse Nina à Folha. "Podem ter sido uns R$ 10 mil, mas não eram US$ 10 mil [como informou a revista]", completou.
DE ACORDO COM A REVISTA, O DINHEIRO NÃO FOI PAGO
O assessor do líder tucano nega. "Eu fiz uma vaquinha e paguei na mesma semana", disse. Vieira Nina não soube precisar se avisou o senador que o dinheiro depositado na conta dele era de Agaciel. "Não lembro, mas imagino que eu tenha dito sim."
Vieira Nina também admitiu que três filhos seus foram funcionários do gabinete do tucano. Virgílio afirmou que irá representar contra si próprio no Conselho de Ética.
A Folha apurou que outros senadores também já tomaram empréstimos de Agaciel. Apesar de dizer publicamente que não ameaça e não chantageia ninguém, o ex-diretor tem enviado recados por interlocutores que poderá começar a revelar outros casos parecidos com o do líder do PSDB.
Ao discursar em favor de Tião Viana (PT-AC), que perdeu a eleição para a presidência do Senado para Sarney em fevereiro, Virgílio defendeu a saída de Agaciel da Direção Geral, posto que exercia desde 1995, quando foi nomeado por Sarney. O tucano citou na ocasião que uma secretária de Agaciel tinha um automóvel BMW.
Em março, Agaciel foi demitido, após a Folha revelar que ele escondeu da Justiça uma mansão avaliada em R$ 5 milhões. Foi revelado também que, a pedido do então diretor-geral, o Senado gastou R$ 6,2 milhões para pagar horas extras no recesso parlamentar. Agaciel e seu grupo passaram a creditar aos tucanos e a Tião Viana a origem das denúncias.
Em seguida, o petista teve que explicar por que emprestou um telefone celular do Senado para a filha viajar para o México. A conta custou R$ 14 mil. Em abril, quando foi revelado que Tasso Jereissati (PSDB-CE) usou sua cota de passagem aérea para fretar jatinhos particulares, o tucano culpou diretamente Agaciel.
PROCESSO ADMINISTRATIVO
Na quarta-feira, deverá ser confirmada a abertura de um processo administrativo contra o ex-diretor-geral, o que poderá resultar na sua demissão. Agaciel é o principal acusado de produzir atos secretos na Casa. A comissão de sindicância que apura o caso deverá entregar o seu relatório final. O Ministério Público Federal também abriu um inquérito relativo ao tema.
Amigo de Agaciel e padrinho de casamento de sua filha, Sarney também enfrentará dias de tensão. O DEM e o PSDB decidem amanhã suas posições em relação à situação de Sarney.
As duas bancadas questionam o fato de um neto de Sarney ser dono de uma corretora que atuou no mercado de crédito consignado do Senado. Para o DEM, o caso é parecido com o do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi, cujos filhos eram donos ocultos de uma corretora que também operava no Senado.
"Não podemos ter dois pesos e duas medidas", disse o líder do DEM José Agripino.” [humilhada confissão]
FONTE: jornal Folha de São Paulo, em 29/06/2009 [título, subtítulo e entre colchetes deste blog]
IMPRENSA TAMBÉM ABAFOU CASO TASSO JEREISSATI (PSDB-CE), QUE USOU SUA COTA DE PASSAGEM AÉREA PARA FRETAR JATINHOS PARTICULARES (O TUCANO CULPOU DIRETAMENTE AGACIEL)
Vejamos a seguinte reportagem do jornal pró-Serra/PSDB Folha de São Paulo:
“EMPRÉSTIMOS DE AGACIEL A SENADORES AMPLIAM CRISE
GABINETE DE ARTHUR VIRGÍLIO CONFIRMA QUE PEDIU DINHEIRO AO EX-DIRETOR-GERAL DA CASA
TUCANO TEM SIDO O PRINCIPAL CRÍTICO DE AGACIEL E SARNEY; BANCADAS DE PSDB E DEM VÃO DECIDIR SE PEDEM O AFASTAMENTO DO PRESIDENTE
Ameaças do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia de revelar empréstimos concedidos a senadores e definições de aliados sobre o apoio ao presidente José Sarney (PMDB-AP) vão contaminar ainda mais a crise na Casa numa semana que será decisiva para os dois.
Principal crítico de ambos desde o início da crise, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), terá de explicar um empréstimo que recebeu de Agaciel. As bancadas tucana e do DEM vão decidir amanhã se pedem o afastamento de Sarney do cargo.
Subchefe do gabinete de Virgílio, Carlos Homero Vieira Nina confirmou ontem que pediu dinheiro a Agaciel para ajudar o líder tucano a pagar uma conta de hotel em Paris, em 2003, conforme revelou a revista "IstoÉ" deste final de semana.
"O Arthur estava com um problema no cartão de crédito. Era fim de semana, então eu procurei o Agaciel, que é, ou era, um grande amigo meu", disse Nina à Folha. "Podem ter sido uns R$ 10 mil, mas não eram US$ 10 mil [como informou a revista]", completou.
DE ACORDO COM A REVISTA, O DINHEIRO NÃO FOI PAGO
O assessor do líder tucano nega. "Eu fiz uma vaquinha e paguei na mesma semana", disse. Vieira Nina não soube precisar se avisou o senador que o dinheiro depositado na conta dele era de Agaciel. "Não lembro, mas imagino que eu tenha dito sim."
Vieira Nina também admitiu que três filhos seus foram funcionários do gabinete do tucano. Virgílio afirmou que irá representar contra si próprio no Conselho de Ética.
A Folha apurou que outros senadores também já tomaram empréstimos de Agaciel. Apesar de dizer publicamente que não ameaça e não chantageia ninguém, o ex-diretor tem enviado recados por interlocutores que poderá começar a revelar outros casos parecidos com o do líder do PSDB.
Ao discursar em favor de Tião Viana (PT-AC), que perdeu a eleição para a presidência do Senado para Sarney em fevereiro, Virgílio defendeu a saída de Agaciel da Direção Geral, posto que exercia desde 1995, quando foi nomeado por Sarney. O tucano citou na ocasião que uma secretária de Agaciel tinha um automóvel BMW.
Em março, Agaciel foi demitido, após a Folha revelar que ele escondeu da Justiça uma mansão avaliada em R$ 5 milhões. Foi revelado também que, a pedido do então diretor-geral, o Senado gastou R$ 6,2 milhões para pagar horas extras no recesso parlamentar. Agaciel e seu grupo passaram a creditar aos tucanos e a Tião Viana a origem das denúncias.
Em seguida, o petista teve que explicar por que emprestou um telefone celular do Senado para a filha viajar para o México. A conta custou R$ 14 mil. Em abril, quando foi revelado que Tasso Jereissati (PSDB-CE) usou sua cota de passagem aérea para fretar jatinhos particulares, o tucano culpou diretamente Agaciel.
PROCESSO ADMINISTRATIVO
Na quarta-feira, deverá ser confirmada a abertura de um processo administrativo contra o ex-diretor-geral, o que poderá resultar na sua demissão. Agaciel é o principal acusado de produzir atos secretos na Casa. A comissão de sindicância que apura o caso deverá entregar o seu relatório final. O Ministério Público Federal também abriu um inquérito relativo ao tema.
Amigo de Agaciel e padrinho de casamento de sua filha, Sarney também enfrentará dias de tensão. O DEM e o PSDB decidem amanhã suas posições em relação à situação de Sarney.
As duas bancadas questionam o fato de um neto de Sarney ser dono de uma corretora que atuou no mercado de crédito consignado do Senado. Para o DEM, o caso é parecido com o do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi, cujos filhos eram donos ocultos de uma corretora que também operava no Senado.
"Não podemos ter dois pesos e duas medidas", disse o líder do DEM José Agripino.” [humilhada confissão]
FONTE: jornal Folha de São Paulo, em 29/06/2009 [título, subtítulo e entre colchetes deste blog]
LEI DE FHC/PSDB ENCARECE TELEFONIA
PREÇO ALTO DA TELEFONIA É RESPONSABILIDADE DO CONGRESSO, DIZ O MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES HÉLIO
“O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), afirmou em entrevista exclusiva ao UOL Notícias que os altos preços dos serviços de telefonia no país só serão reduzidos com uma ação do Congresso Nacional, que é quem pode rever a Lei Geral das Comunicações.
"Não é o presidente da República, não é o ministro das comunicações que pode alterar a Lei Geral das Telecomunicações (*). A lei foi feita pelo Congresso", afirmou Hélio Costa. O ministro atribuiu ao modelo estabelecido no período das privatizações a permanência da assinatura básica para os telefones.
(*) OBS: “LEI No 9.472, DE 16 DE JULHO DE 1997: Dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda Constitucional no 08, de 1995”
FONTE: portal UOL, em 29/06/2009.
“O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), afirmou em entrevista exclusiva ao UOL Notícias que os altos preços dos serviços de telefonia no país só serão reduzidos com uma ação do Congresso Nacional, que é quem pode rever a Lei Geral das Comunicações.
"Não é o presidente da República, não é o ministro das comunicações que pode alterar a Lei Geral das Telecomunicações (*). A lei foi feita pelo Congresso", afirmou Hélio Costa. O ministro atribuiu ao modelo estabelecido no período das privatizações a permanência da assinatura básica para os telefones.
(*) OBS: “LEI No 9.472, DE 16 DE JULHO DE 1997: Dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda Constitucional no 08, de 1995”
FONTE: portal UOL, em 29/06/2009.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
SENADOR DO MENSALÃO DO PSDB QUER CENSURA NA INTERNET
FISL APLAUDE LULA: PROJETO AZEREDO É CENSURA
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje em Porto Alegre, no 10 Fórum Internacional Software Livre - fisl10 - que no governo dele é proibido proibir. A frase de Lula foi uma referência ao projeto de lei do senador Eduardo Azeredo, que propõe vigilância na internet. O presidente foi ovacionado pelos milhares de participantes em sua primeira visita ao fisl, que mostraram uma faixa a ele, pedindo que vete a lei Azeredo. Sem afirmar que vai vetá-la, mas sinalizando que se trata de censura na internet, Lula disse que antes o projeto precisa passar pelo Congresso.
O presidente chegou acompanhado da Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, do reitor da PUCRS, Joaquim Clotet, ministros e vários parlamentares, e foi recebido pelo coordenador-geral do fisl10, Marcelo Branco. Após passar pelo que considerou ''um corredor polonês'', quando visitou a exposição e a área destinada aos grupos de usuários, onde distribuiu autógrafos, abraços e pousou para fotos, Lula falou para um grupo de aproximadamente 300 pessoas, num dos auditórios do evento.
Antes do pronunciamento do presidente, falaram Marcelo Branco e a ministra Dilma. Branco afirmou que ''a revolução que estamos vivenciamos não é apenas tecnológica. É uma verdadeira mudança de atitude nas pessoas. O conhecimento não está mais apenas concentrado dentro das grandes corporações, visto que pode ser acessado de qualquer lugar pela internet''.
Muito aplaudida pelo público, a ministra Dilma Rousseff ressaltou em seu discurso os investimentos do governo federal em tecnologias livres. Segundo ela, mais de R$ 370 milhões foram economizados com a implantação de softwares que não exigem o pagamento de licenças. Ressaltou, ainda, que este dinheiro gera investimentos em importantes ações sociais.''As semelhanças que nos unem são muito maiores do que as diferenças. Estamos voltando a afirmar que um outro mundo é possível. E ele está sendo construído, aqui, por vocês'', afirmou.
Sobre o Blog do Planalto, a ministra Dilma informou se tratar de uma moderna ferramenta que se adapta a uma nova realidade. ''No Brasil, existem cerca de um mihão de blogs, produzidos por jovens com menos de 25 anos. É com este público que queremos dialogar'', explicou.
Carismático, o presidente Lula divertiu o público, com suas habituais metáforas. ''Agora que o prato está pronto, é fácil comer. Mas, elaborar este prato não foi brincadeira'', disse, referindo-se à idealização da cultura do software livre. ''Foi quando decidimos se iríamos para a cozinha preparar o nosso prato, com nossos próprios temperos, ou iríamos comer o prato que a Microsoft queria que a gente comesse, que decidimos pela liberdade'', frisou, recebendo empolgados aplausos.
Para o presidente, o software livre proporciona aos brasileiros a oportunidade da inovação, respeitando a criatividade e a particularidade do povo. ''Estamos descobrindo que ninguém é melhor do que nós. Apenas precisamos de oportunidades''.
Minutos antes do pronunciamento do presidente da República, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, se aproximou da área onde estavam os jornalistas e afirmou ser contra o projeto-lei cybercrimes, proposto pelo senador Eduardo Azeredo, que está na Câmara dos Deputados.
''Eu, pessoalmente, sou contra a lei de restrições na internet. A internet é livre, e deve se ter muito cuidado com o início de restrições para que não se inicie novamente um período de cercamento da liberdade de expressão.'' afirmou o ministro.
FONTE: site “Vermelho”, em 28/06/2009, com texto do “Fórum Internacional de Software Livre”.
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje em Porto Alegre, no 10 Fórum Internacional Software Livre - fisl10 - que no governo dele é proibido proibir. A frase de Lula foi uma referência ao projeto de lei do senador Eduardo Azeredo, que propõe vigilância na internet. O presidente foi ovacionado pelos milhares de participantes em sua primeira visita ao fisl, que mostraram uma faixa a ele, pedindo que vete a lei Azeredo. Sem afirmar que vai vetá-la, mas sinalizando que se trata de censura na internet, Lula disse que antes o projeto precisa passar pelo Congresso.
O presidente chegou acompanhado da Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, do reitor da PUCRS, Joaquim Clotet, ministros e vários parlamentares, e foi recebido pelo coordenador-geral do fisl10, Marcelo Branco. Após passar pelo que considerou ''um corredor polonês'', quando visitou a exposição e a área destinada aos grupos de usuários, onde distribuiu autógrafos, abraços e pousou para fotos, Lula falou para um grupo de aproximadamente 300 pessoas, num dos auditórios do evento.
Antes do pronunciamento do presidente, falaram Marcelo Branco e a ministra Dilma. Branco afirmou que ''a revolução que estamos vivenciamos não é apenas tecnológica. É uma verdadeira mudança de atitude nas pessoas. O conhecimento não está mais apenas concentrado dentro das grandes corporações, visto que pode ser acessado de qualquer lugar pela internet''.
Muito aplaudida pelo público, a ministra Dilma Rousseff ressaltou em seu discurso os investimentos do governo federal em tecnologias livres. Segundo ela, mais de R$ 370 milhões foram economizados com a implantação de softwares que não exigem o pagamento de licenças. Ressaltou, ainda, que este dinheiro gera investimentos em importantes ações sociais.''As semelhanças que nos unem são muito maiores do que as diferenças. Estamos voltando a afirmar que um outro mundo é possível. E ele está sendo construído, aqui, por vocês'', afirmou.
Sobre o Blog do Planalto, a ministra Dilma informou se tratar de uma moderna ferramenta que se adapta a uma nova realidade. ''No Brasil, existem cerca de um mihão de blogs, produzidos por jovens com menos de 25 anos. É com este público que queremos dialogar'', explicou.
Carismático, o presidente Lula divertiu o público, com suas habituais metáforas. ''Agora que o prato está pronto, é fácil comer. Mas, elaborar este prato não foi brincadeira'', disse, referindo-se à idealização da cultura do software livre. ''Foi quando decidimos se iríamos para a cozinha preparar o nosso prato, com nossos próprios temperos, ou iríamos comer o prato que a Microsoft queria que a gente comesse, que decidimos pela liberdade'', frisou, recebendo empolgados aplausos.
Para o presidente, o software livre proporciona aos brasileiros a oportunidade da inovação, respeitando a criatividade e a particularidade do povo. ''Estamos descobrindo que ninguém é melhor do que nós. Apenas precisamos de oportunidades''.
Minutos antes do pronunciamento do presidente da República, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, se aproximou da área onde estavam os jornalistas e afirmou ser contra o projeto-lei cybercrimes, proposto pelo senador Eduardo Azeredo, que está na Câmara dos Deputados.
''Eu, pessoalmente, sou contra a lei de restrições na internet. A internet é livre, e deve se ter muito cuidado com o início de restrições para que não se inicie novamente um período de cercamento da liberdade de expressão.'' afirmou o ministro.
FONTE: site “Vermelho”, em 28/06/2009, com texto do “Fórum Internacional de Software Livre”.
CENSURADOS NO BRASIL REVELA MÁQUINA MIDIÁTICA DE AÉCIO
“Estreou semana passada na Current TV nos EUA e no dia 27 de maio no Reino Unido o filme Censurados no Brasil. O título pode causar estranheza aos distraídos, mas reflete com fidelidade a situação vigente nos meios de comunicação de massa do Brasil. Não se trata, obviamente, de uma censura legal, senão que real. É corolário de uma perversa e absoluta falta de transparência e debate democrático na mídia brasileira.
Resulta daí a desinformação mais interessada sobre questões de relevância pública. Essa situação se sustenta devido ao monopólio exercido sem controle social pelos grandes meios de comunicação social. A Rede Globo sozinha responde por mais de 50% da audiência.
Nesse quadro, é natural que a sua versão dos fatos, transmitida como se fosse informação sobre os acontecimentos, deturpe a realidade, cortando e recortando a vida real a seu bel prazer, e que o seu ponto de vista se imponha como verdade inquestionável.
Mas a Rede Globo não é o único demônio da desinformação disseminada pela indústria cultural. A Rede Bandeirantes, por exemplo, talvez a mais reacionária de todas, não tem pejo em defender os interesses do agronegócio predador, justificando cinicamente os crimes ambientais e a grilagem das terras públicas. Todas as grandes redes de comunicação social do país são empresas capitalistas e, como não poderia deixar de ser, envenenam a população com o mesmo horizonte próprio dos deuses do mercado.
O filme em questão trata das relações entre governos e mídia e fala das pressões sofridas por jornalistas e demais profissionais da imprensa empresarial.
Neste filme o foco está posto nas relações que o governo de Minas Gerais estabeleceu com a mídia. Seu mérito é o de mostrar como o poder é usado para suprimir críticas e construir uma imagem positiva do Governador Aécio Neves. Naturalmente, Aécio Neves não constitui exceção nos podres poderes que nos governam. Como o filme mostra, a opinião pública torna-se presa fácil da manipulação da mídia ''convencida'' pelas verbas oficiais e privadas de publicidade. Eis um contexto no qual praticamente toda informação é direcionada, quase nenhuma imagem ou palavra é inocente e nada do que se diz ou mostra é confiável.
Censurados no Brasil é um filme ágil, de 8 minutos, com entrevistas e exemplos. Filme que fala sobre as relações entre Aécio Neves, TV Globo e Estado de Minas. Filme produzido para a Current TV e exibido nos EUA e Inglaterra'.
Uma versão com legendas em português do filme já está no YouTube e pode ser visto em http://br.youtube.com/watch?v=R4oKrj1R91g.”
FONTE: site “vermelho” em 28/06/2009, texto do site da Fundação Lauro Campos.
Resulta daí a desinformação mais interessada sobre questões de relevância pública. Essa situação se sustenta devido ao monopólio exercido sem controle social pelos grandes meios de comunicação social. A Rede Globo sozinha responde por mais de 50% da audiência.
Nesse quadro, é natural que a sua versão dos fatos, transmitida como se fosse informação sobre os acontecimentos, deturpe a realidade, cortando e recortando a vida real a seu bel prazer, e que o seu ponto de vista se imponha como verdade inquestionável.
Mas a Rede Globo não é o único demônio da desinformação disseminada pela indústria cultural. A Rede Bandeirantes, por exemplo, talvez a mais reacionária de todas, não tem pejo em defender os interesses do agronegócio predador, justificando cinicamente os crimes ambientais e a grilagem das terras públicas. Todas as grandes redes de comunicação social do país são empresas capitalistas e, como não poderia deixar de ser, envenenam a população com o mesmo horizonte próprio dos deuses do mercado.
O filme em questão trata das relações entre governos e mídia e fala das pressões sofridas por jornalistas e demais profissionais da imprensa empresarial.
Neste filme o foco está posto nas relações que o governo de Minas Gerais estabeleceu com a mídia. Seu mérito é o de mostrar como o poder é usado para suprimir críticas e construir uma imagem positiva do Governador Aécio Neves. Naturalmente, Aécio Neves não constitui exceção nos podres poderes que nos governam. Como o filme mostra, a opinião pública torna-se presa fácil da manipulação da mídia ''convencida'' pelas verbas oficiais e privadas de publicidade. Eis um contexto no qual praticamente toda informação é direcionada, quase nenhuma imagem ou palavra é inocente e nada do que se diz ou mostra é confiável.
Censurados no Brasil é um filme ágil, de 8 minutos, com entrevistas e exemplos. Filme que fala sobre as relações entre Aécio Neves, TV Globo e Estado de Minas. Filme produzido para a Current TV e exibido nos EUA e Inglaterra'.
Uma versão com legendas em português do filme já está no YouTube e pode ser visto em http://br.youtube.com/watch?v=R4oKrj1R91g.”
FONTE: site “vermelho” em 28/06/2009, texto do site da Fundação Lauro Campos.
O BIMOTOR BANDEIRANTE PRECEDEU A CRIAÇÃO DA EMBRAER
BIMOTOR BANDEIRANTE VOA EM 1968 E PRECEDE INDÚSTRIA AERONÁUTICA DO PAÍS
“O bimotor Bandeirante precede a criação da Embraer. Apenas após o primeiro vôo do avião, em 1968, é que o governo brasileiro decide fundar a empresa, ao antever as possibilidades de comercialização da aeronave. Porém, até a indústria aeronáutica brasileira tornar-se competitiva em termos globais, foi um longo período, informa a própria Embraer por meio de material histórico já publicado.
E conseguiu por conta do esforço anterior e determinante do setor aeronáutico. Um dos passos decisivos para a criação da Embraer foi a instituição do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), posteriormente rebatizado como Centro Técnico Aeroespacial - núcleo de excelência em conhecimentos na área. Oriundo do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), foi responsável por formar profissionais capazes de levar adiante o projeto de indústria aeronáutica no País.
Foi justamente um grupo do CTA que propôs a elaboração de um projeto de bimotor turboélice capaz de transportar cerca de 20 passageiros e operar nas condições vigentes na grande maioria das cidades brasileiras, na ocasião. O grupo, segundo a própria Embraer, era formado, essencialmente, por técnicos do ITA, sob a liderança de Ozires Silva, na oportunidade major da FAB. O Ministério da Aeronáutica, então, encomendou um estudo sobre a viabilidade de ser criada no Brasil uma linha de produção de bimotores turboélice de transporte.
Em 12 de junho de 1965, o então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Eduardo Gomes, assinou documento básico de aprovação do projeto do que viria a ser conhecido posteriormente como o Bandeirante. Para a construção do primeiro protótipo, decorreram três anos e quatro meses - entre os estudos preliminares e o vôo do dia 22 outubro de 1968.
Para isso, foram gastos 110 mil horas de projeto, tendo sido executados 12 mil desenhos de fabricação; 22 mil horas de cálculo estrutural e aerodinâmico e 282 mil horas de fabricação do avião e do seu ferramental.
DEMANDA NACIONAL
Embora o Bandeirante preceda a criação da Embraer, ele ainda é a aeronave adequada ao perfil da demanda do Brasil, onde o volume de passageiros é pequeno. No entanto, os poucos com disponibilidade para gastar com passagens aéreas no País exigem o conforto que o bimotor não tem. A difícil equação foi confirmada pelo próprio Ozires Silva, ex-presidente da Embraer.
“O grande problema do avião muito pequeno é que tem poucos passageiros. Não cobre todos os custos para operar”, explica. Pior quando a aeronave é grande. Nesse caso, nem linhas são oferecidas. “Nos Estados Unidos, em particular, muitas dessas linhas pequenas chegaram a ser subsidiadas pelo governo. Não só pelo governo federal”, comenta Silva. Mas ainda que os vôos regionais fossem estimulados, o passageiro aceitaria viajar um avião não pressurizado, mais barulhento e diversas vezes comparado a uma Kombi?
“O passageiro brasileiro tem mais posses. Voa nos aviões mais modernos do mundo. Não se sujeita. Os Estados Unidos transportaram, no ano passado, 900 milhões de passageiros. Ou seja, um pouco mais de três vezes a população americana. No ano passado, no Brasil, voaram 50 milhões. Eu me arriscaria a dizer que grande parte deles viaja, pelo menos, de cinco a dez vezes por ano, cada um. Então, se dividir, são só 10 milhões que voam. É pouquíssimo”, avalia
Não por acaso, o mercado nacional tem pouca significância para a Embraer ainda hoje. “No ano passado, a Embraer vendeu 3% da produção aqui no Brasil. O resto é tudo no Exterior”, finaliza Silva.
PROJETO DE AVIÃO ECONÔMICO
Com baixo padrão de vida e pobre em combustíveis na época, o Brasil teria de desenvolver tipos de avião cuja principal característica fosse a economia. Os aviões norte-americanos e ingleses eram dispendiosos, consta em artigo publicado pela revista “Tempo Social”, da Universidade de São Paulo (USP), e disponibilizada via Internet.
De acordo com o texto, o Brasil não deveria receber, mesmo que gratuitamente, material aeronáutico de guerra, a não ser para atender necessidades imediatas. Caso contrário, ficaria com material antiquado, caro para manter, além de tornar-se dependente de país estrangeiro para solicitar peças sobressalentes. Tal situação ainda acarretaria atraso no desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira. O CTA desenvolve, então, o protótipo da aeronave Bandeirante.
No entanto, informa o artigo publicado na “Tempo Social”, o modo de viabilizar sua produção em série e sua comercialização ainda era incerto. Dúvidas à parte, a Embraer já estava sendo gestada.
Ainda de acordo com o artigo, no final do anos 1960, o parque industrial brasileiro já havia amadurecido. A indústria automobilística propiciava ampla e complexa rede de apoio, que removia parcialmente o obstáculo da produção doméstica de materiais e componentes requerida para a manufatura de aeronaves.
“Nesse momento, o novo salto no projeto da indústria aeronáutica brasileira passou a ser apoiado pelo regime militar de 1964, possibilitando as condições para a criação da Embraer”, conclui o texto disponibilizado na rede. O autor do artigo pediu para não ter o nome divulgado.”
FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS É BASE PARA A INDÚSTRIA AERONÁUTICA
“O grupo de militares que liderou a criação da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Ministério da Aeronáutica tinha como objetivo, já no início dos anos de 1940, a constituição de uma indústria aeronáutica nacional, além do domínio da tecnologia necessária para a fabricação.
O projeto estratégico da Aeronáutica, do qual derivou posteriormente a fundação da Embraer, priorizou a formação de recursos humanos de alto nível, capazes não só de absorver os conhecimentos tecnológicos que surgiam de forma acelerada no cenário internacional, mas também de buscar soluções adequadas ao contexto nacional”, consta no artigo da “Tempo Social”.
Naquela época, as lideranças da Aeronáutica sabiam da impossibilidade de se montar uma indústria aeronáutica, naquele estágio de desenvolvimento da economia brasileira. Portanto, optaram por desenvolver uma escola de engenharia aeronáutica e um centro de pesquisa sobre tecnologia aeronáutica para ajudar a dar bases para as condições necessárias.
Desse modo, num País de infra-estrutura industrial mínima, incapaz de fabricar até bens de consumo leve, iniciou-se, naquela época, a formação de engenheiros aeronáuticos altamente qualificados, conforme consta em artigo veiculado pela revista e disponível na Internet.”
FONTE: site WWW.fab.mil.br, em 28/06/2009, texto de Luciana La Fortezza, do “JC NET – BAURU”.
“O bimotor Bandeirante precede a criação da Embraer. Apenas após o primeiro vôo do avião, em 1968, é que o governo brasileiro decide fundar a empresa, ao antever as possibilidades de comercialização da aeronave. Porém, até a indústria aeronáutica brasileira tornar-se competitiva em termos globais, foi um longo período, informa a própria Embraer por meio de material histórico já publicado.
E conseguiu por conta do esforço anterior e determinante do setor aeronáutico. Um dos passos decisivos para a criação da Embraer foi a instituição do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), posteriormente rebatizado como Centro Técnico Aeroespacial - núcleo de excelência em conhecimentos na área. Oriundo do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), foi responsável por formar profissionais capazes de levar adiante o projeto de indústria aeronáutica no País.
Foi justamente um grupo do CTA que propôs a elaboração de um projeto de bimotor turboélice capaz de transportar cerca de 20 passageiros e operar nas condições vigentes na grande maioria das cidades brasileiras, na ocasião. O grupo, segundo a própria Embraer, era formado, essencialmente, por técnicos do ITA, sob a liderança de Ozires Silva, na oportunidade major da FAB. O Ministério da Aeronáutica, então, encomendou um estudo sobre a viabilidade de ser criada no Brasil uma linha de produção de bimotores turboélice de transporte.
Em 12 de junho de 1965, o então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Eduardo Gomes, assinou documento básico de aprovação do projeto do que viria a ser conhecido posteriormente como o Bandeirante. Para a construção do primeiro protótipo, decorreram três anos e quatro meses - entre os estudos preliminares e o vôo do dia 22 outubro de 1968.
Para isso, foram gastos 110 mil horas de projeto, tendo sido executados 12 mil desenhos de fabricação; 22 mil horas de cálculo estrutural e aerodinâmico e 282 mil horas de fabricação do avião e do seu ferramental.
DEMANDA NACIONAL
Embora o Bandeirante preceda a criação da Embraer, ele ainda é a aeronave adequada ao perfil da demanda do Brasil, onde o volume de passageiros é pequeno. No entanto, os poucos com disponibilidade para gastar com passagens aéreas no País exigem o conforto que o bimotor não tem. A difícil equação foi confirmada pelo próprio Ozires Silva, ex-presidente da Embraer.
“O grande problema do avião muito pequeno é que tem poucos passageiros. Não cobre todos os custos para operar”, explica. Pior quando a aeronave é grande. Nesse caso, nem linhas são oferecidas. “Nos Estados Unidos, em particular, muitas dessas linhas pequenas chegaram a ser subsidiadas pelo governo. Não só pelo governo federal”, comenta Silva. Mas ainda que os vôos regionais fossem estimulados, o passageiro aceitaria viajar um avião não pressurizado, mais barulhento e diversas vezes comparado a uma Kombi?
“O passageiro brasileiro tem mais posses. Voa nos aviões mais modernos do mundo. Não se sujeita. Os Estados Unidos transportaram, no ano passado, 900 milhões de passageiros. Ou seja, um pouco mais de três vezes a população americana. No ano passado, no Brasil, voaram 50 milhões. Eu me arriscaria a dizer que grande parte deles viaja, pelo menos, de cinco a dez vezes por ano, cada um. Então, se dividir, são só 10 milhões que voam. É pouquíssimo”, avalia
Não por acaso, o mercado nacional tem pouca significância para a Embraer ainda hoje. “No ano passado, a Embraer vendeu 3% da produção aqui no Brasil. O resto é tudo no Exterior”, finaliza Silva.
PROJETO DE AVIÃO ECONÔMICO
Com baixo padrão de vida e pobre em combustíveis na época, o Brasil teria de desenvolver tipos de avião cuja principal característica fosse a economia. Os aviões norte-americanos e ingleses eram dispendiosos, consta em artigo publicado pela revista “Tempo Social”, da Universidade de São Paulo (USP), e disponibilizada via Internet.
De acordo com o texto, o Brasil não deveria receber, mesmo que gratuitamente, material aeronáutico de guerra, a não ser para atender necessidades imediatas. Caso contrário, ficaria com material antiquado, caro para manter, além de tornar-se dependente de país estrangeiro para solicitar peças sobressalentes. Tal situação ainda acarretaria atraso no desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira. O CTA desenvolve, então, o protótipo da aeronave Bandeirante.
No entanto, informa o artigo publicado na “Tempo Social”, o modo de viabilizar sua produção em série e sua comercialização ainda era incerto. Dúvidas à parte, a Embraer já estava sendo gestada.
Ainda de acordo com o artigo, no final do anos 1960, o parque industrial brasileiro já havia amadurecido. A indústria automobilística propiciava ampla e complexa rede de apoio, que removia parcialmente o obstáculo da produção doméstica de materiais e componentes requerida para a manufatura de aeronaves.
“Nesse momento, o novo salto no projeto da indústria aeronáutica brasileira passou a ser apoiado pelo regime militar de 1964, possibilitando as condições para a criação da Embraer”, conclui o texto disponibilizado na rede. O autor do artigo pediu para não ter o nome divulgado.”
FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS É BASE PARA A INDÚSTRIA AERONÁUTICA
“O grupo de militares que liderou a criação da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Ministério da Aeronáutica tinha como objetivo, já no início dos anos de 1940, a constituição de uma indústria aeronáutica nacional, além do domínio da tecnologia necessária para a fabricação.
O projeto estratégico da Aeronáutica, do qual derivou posteriormente a fundação da Embraer, priorizou a formação de recursos humanos de alto nível, capazes não só de absorver os conhecimentos tecnológicos que surgiam de forma acelerada no cenário internacional, mas também de buscar soluções adequadas ao contexto nacional”, consta no artigo da “Tempo Social”.
Naquela época, as lideranças da Aeronáutica sabiam da impossibilidade de se montar uma indústria aeronáutica, naquele estágio de desenvolvimento da economia brasileira. Portanto, optaram por desenvolver uma escola de engenharia aeronáutica e um centro de pesquisa sobre tecnologia aeronáutica para ajudar a dar bases para as condições necessárias.
Desse modo, num País de infra-estrutura industrial mínima, incapaz de fabricar até bens de consumo leve, iniciou-se, naquela época, a formação de engenheiros aeronáuticos altamente qualificados, conforme consta em artigo veiculado pela revista e disponível na Internet.”
FONTE: site WWW.fab.mil.br, em 28/06/2009, texto de Luciana La Fortezza, do “JC NET – BAURU”.
FOLHA INSISTE NA TRAPAÇA E NA TRAPALHADA DA FICHA DE DILMA
“Quanto mais a Folha de S.Paulo tenta se safar da denúncia de manipulação intencional em sua edição sobre o ''sequestro de Delfim Netto'' pelo ''grupo de Dilma Rousseff'', mais transparente fica a sua vileza jornalística. A ''explicação'' publicada neste domingo (28) pelo jornal da dinastia Frias não convence nenhum brasileiro, mesmo leigo em jornalismo, que ponha os neurônios para funcionar.
O episódio se arrasta desde o dia 5 de abril. O internauta que desejar recuperá-lo pode recorrer às matérias do Vermelho listadas ao pé deste texto.
O RESUMO DA ÓPERA
Em linhas muito gerais:
1) em 5 de abril a Folha estampou em sua capa, sobre um pouco usual fundo vermelho, a falsidade que ilustra esta matéria' ilustrada por uma ''ficha'' de Dilma no Dops na verdade montada por sites da extrema direita;
2) no mesmo dia o professor Antonio Roberto Espinosa, ''fonte'' involuntária da falsificação, escreveu ao jornal uma longa e indignada carta, publicada com cortes convenientes;
3) nos dias 7 e 12 o ombudsman Carlos Eduardo Lins da Silva cobrou do jornal a publicação da íntegra, ao menos na Folha Online, jamais realizada;
4) no dia 25 a Folha admite que ''a utenticidade de ficha de Dilma não é provada''... ''bem como não pode ser descartada'';
5) no dia 30 o jornalista Luis Nassif divulga em seu blog carta enviada ao jornal dos Frias, e jamais publicada, onde a ministra acusa a matéria de ''ter características de factóide'' e faz duas perguntas simples: ''Em que órgão público a Folha de S.Paulo obteve a ficha falsa? A quem interessa essa manipulação?''.
Este é apenas o resumo da ópera.
Nele sobressaem a má vontade, a má fé, a má qualidade da falsificação jornalística e sobretudo a soberba, presunçosa e preguiçosa recusa em voltar atrás no conteúdo da armação. Se o professor Emir Sader estiver certo quando decifra a FSP como sendo a Força Serra Presidente, o jornal está prestando um porco serviço ao seu candidato.
Melhor seria fazer como no episódio da ''ditabranda'', em 17 de fevereiro: enfiar o rabo entre as pernas e reconhecer o erro de conteúdo e princípios éticos jornalísticos. Para a Folha admitir que ''o uso da expressão 'ditabranda' foi um erro'' e ''todas as ditaduras são igualmente abomináveis'' foram necessárias três semanas, um número não revelado de iradas cartas de leitores e cancelamentos de assinaturas e até uma manifestação de rua diante da sede do jornal. Quantos leitores a Folha irá perder antes de recuar desta vez?
CINCO INFÂMIAS ESCOLHIDAS
No entanto parece que a dinastia Frias tem um ritmo muito próprio para se dar conta de que foi flagrada numa situação jornalística e eticamente insustentável. O texto publicado hoje o atesta.
1. A chamada na capa é discreta, com apenas duas frases, na metade inferior da página, enquanto a outra, a vermelha, figurava bem em cima (veja as reproduções).
2. Os títulos da capa – Laudos pagos por Dilma dizem que ficha é fabricada – e da página interna – Dilma contrata laudos que negam autenticidade de ficha – destaca, inexplicavelmente, que os laudos foram ''pagos'' ou ''contratados'' (?) e apenas em segundo plano que acusam uma falsificação do jornal.
3. O texto, finalmente, responde a uma das perguntas de Dilma: a ficha não veio de nenhum órgão público, mas chegou ao jornal ''por e-mail''. Mas silencia pudicamente, ou desavergonhadamente, sobre quem enviou a mensagem.
4. Sem assinatura, apenas com a indicação ''da reportagem local'' (a quem Otavio Frias pensa que engana?), o texto supostamente distanciado e anódino repete que publicou ''uma ficha cuja autenticidade não podia ser assegurada, bem como não podia ser descartada''. Assevera que ''a Folha tem procurado checar a autenticidade da ficha'' e até contratou três eméritos peritos para isso, mas ''todos disseram que teriam dificuldades em emitir um laudo''. Não seria mais fácil, rápido e eficaz perguntar logo ao remetente do e-mail?
5. Salto aqui outros ardis – de pequena e média gravidade – para chegar logo à infâmia final. Domingo é, há mais de uma década, o dia da coluna do ombudsman. Hoje, Carlos Eduardo Lins da Silva fala do jornalismo cidadão no Irã e da morte de Michael Jackson. Deve ser dura a vida de ombudsman da Folha...
Será que o ombudsman não sabia? Difícil, pois o próprio texto diz que "a ministra anexou o laudo da Unicamp em carta ao ombudsman da Folha". E cita a mensagem de Dilma:
''Diante da prova técnica da falsidade do documento, solicito providências no sentido de que seja prestada informação clara e precisa acerca da 'ficha' fraudulenta, nas mesmas condições editoriais de publicação da matéria por meio da qual ela foi amplamente divulgada, em 5 de abril de 2009'' – solicitações que o jornal da dinastia Frias se esmera em não atender.
O internauta que lê estas linhas pode pensar o que melhor lhe parecer sobre Dilma a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma a ''mãe do PAC'' e Dilma a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessão dentro de 15 meses. Mas nenhum ser humano merece que se cometa contra ele tão repugnantes e continuadas indignidades jornalísticas.
SANTA JOANA D'ARC E SANTA DILMA
Dilma Rousseff, segundo uma correspondência da Embaixada dos Estados Unidos enviada ao Departamento de Estado quando ela assumiu como ministra, quando jovem presa política da ditadura ficou conhecida entre os companheiros domo ''a Joana D'Arc da esquerda''. Deve ser preciso mesmo uma paciência de santa para aturar a fogueira incineradora da Força Serra Presidente. Ainda mais quando os algozes misturam à sanha piromaníaca uma tão torpe lerdeza. Decerto nem se dão conta de que puseram fogo às próprias vestes.
Confira abaixo o texto integral do que foi publicado na Folha deste domingo:
Na capa:
''LAUDOS PAGOS POR DILMA DIZEM QUE FICHA É FABRICADA''
Dois laudos pagos pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) negam a autenticidade de ficha reproduzida pela Folha com ações armadas de grupos em que ela militou. Os opareceres são de professores da Unicamp e de perito da UnB.''
Nas páginas internas:
''DILMA CONTRATA LAUDOS QUE NEGAM AUTENTICIDADE DE FICHA''
''A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, encaminhou à Folha dois laudos técnicos, por ela custeados, que apontaram ''manipulações tipográficas'' e ''fabricação digital'' em uma ficha reproduzida pela Folha na edição do último dia 5 de abril.
A ficha contém dados e foto de Dilma e lista ações armadas feitas por organizações de esquerda nas quais a ministra militou nos anos 60. Dilma nega ter participado dessas ações. A imagem foi publicada pela Folha com a seguinte legenda: ''Ficha de Dilma após ser presa com crimes atribuídos a ela, mas que ela não cometeu''.
O laudo produzido pelos professores do Instituto de Computação da Unicamp (Universidade de Campinas) Siome Klein Goldenstein e Anderson Rocha concluiu: ''O objeto deste laudo foi digitalmente fabricado, assim como as demais imagens aqui consideradas. A foto foi recortada e colada de uma outra fonte, o texto foi posteriormente adicionado digitalmente e é improvável que qualquer objeto tenha sido escaneado no Arquivo Público de São Paulo antes das manipulações digitais''.
O laudo produzido pelo perito Antonio Nuno de Castro Santa Rosa da Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos), ligada à UnB (Universidade de Brasília), chega às mesmas conclusões.
A ministra anexou o laudo da Unicamp em carta ao ombudsman da Folha. ''Diante da prova técnica da falsidade do documento, solicito providências no sentido de que seja prestada informação clara e precisa acerca da ''ficha'' fraudulenta, nas mesmas condições editoriais de publicação da matéria por meio da qual ela foi amplamente divulgada, em 5 de abril de 2009'', escreveu Dilma.
Em reportagem publicada no dia 25 de abril, intitulada Autenticidade de ficha de Dilma não é provada, a Folha reconheceu ter cometido dois erros na reportagem original. O primeiro foi afirmar, na Primeira Página, que a origem da ficha era ''o arquivo [do] Dops''. Na verdade, o jornal recebera a imagem por e-mail. O segundo foi tratar como verdadeira uma ficha cuja autenticidade não podia ser assegurada, bem como não podia ser descartada.
O jornal também publicou um Erramos com os mesmos esclarecimentos. A ministra se disse insatisfeita, questionou a nova reportagem e decidiu contratar um parecer técnico.
Para a análise, os professores descartaram a imagem da ficha reproduzida pela Folha em sua edição impressa. Captaram na internet cinco imagens ''com conteúdo similar ao utilizado pelo jornal Folha de S.Paulo''. Dentre elas, escolheram como ''objeto do laudo'' a imagem divulgada no blog do jornalista Luiz Carlos Azenha, que reproduz artigos que criticam o jornal e questionam a autenticidade da ficha.
Para os peritos, a imagem do blog era a que tinha ''a maior riqueza de detalhes''. Goldenstein disse à Folha que ''todas as imagens são de uma mesma família'' e que a qualidade da imagem publicada pelo jornal não é boa o suficiente para ''análise nenhuma''.
Os professores compararam a imagem com documentos reais que supostamente teriam alguma semelhança (papel, caracteres) com a ficha questionada. Trata-se de cópias de fichas de presos pela ditadura, hoje abrigadas no Arquivo Público paulista. Escolheram as produzidas entre 1967 e 1969.
Contudo, no Erramos e na reportagem publicados no final de abril, a Folha havia explicado que a origem da ficha não era o Arquivo Público. A imagem não é datada - relaciona eventos ocorridos entre 1967 e 1969, mas pode ter sido produzida em data posterior.
Para concluir que a fotografia foi ''recortada e colada'', os professores compararam a foto de Dilma com fotos que encontraram no mesmo arquivo. A ficha questionada não informa que a foto de Dilma foi obtida naquele arquivo.
Sobre a impressão digital contida na ficha, os peritos apontaram não ser possível nenhuma conclusão, devido à baixa qualidade da imagem.
CRIMES NEGADOS
Ouvido pela Folha na última quinta-feira, Goldenstein disse que não leu o blog do jornalista em que captou a imagem analisada e tampouco a reportagem original da Folha. ''Não estou criticando o que a Folha fez. Vou ser bem sincero, eu nem li a reportagem original da Folha. Não cabe a mim julgar absolutamente nada. Meu papel é analisar essas imagens digitais que estão circulando na internet. O que a ministra me pediu: 'É possível verificar, é possível um laudo sobre a autenticidade/origem da imagem? É possível dizer se vieram ou não do Arquivo Público?'.''
Doutor em ciência da computação pela Universidade de Pennsylvania (EUA), ele diz que foi o primeiro laudo externo que produziu em sua carreira. A ficha questionada era uma das imagens que ilustrava a reportagem original cujo título foi: Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto.
Na carta à Folha, Dilma escreveu: ''Reitero que jamais fui investigada, denunciada ou processada pelos atos mencionados nesse documento falso e de procedência inidônea, ao qual não se pode emprestar nenhuma credibilidade''.
A Folha tem procurado checar a autenticidade da ficha. Foram contatados três peritos de larga experiência na análise de documentos e um especialista em imagens digitais.
Todos disseram que teriam dificuldades em emitir um laudo, pois necessitavam do original da ficha, que nunca esteve em poder da reportagem. Disseram que a análise de uma imagem contida num e-mail não seria suficiente para identificar uma eventual fraude.''
FONTE: site “vermelho”, artigo de Bernardo Joffily, em 28/06/2009.
O episódio se arrasta desde o dia 5 de abril. O internauta que desejar recuperá-lo pode recorrer às matérias do Vermelho listadas ao pé deste texto.
O RESUMO DA ÓPERA
Em linhas muito gerais:
1) em 5 de abril a Folha estampou em sua capa, sobre um pouco usual fundo vermelho, a falsidade que ilustra esta matéria' ilustrada por uma ''ficha'' de Dilma no Dops na verdade montada por sites da extrema direita;
2) no mesmo dia o professor Antonio Roberto Espinosa, ''fonte'' involuntária da falsificação, escreveu ao jornal uma longa e indignada carta, publicada com cortes convenientes;
3) nos dias 7 e 12 o ombudsman Carlos Eduardo Lins da Silva cobrou do jornal a publicação da íntegra, ao menos na Folha Online, jamais realizada;
4) no dia 25 a Folha admite que ''a utenticidade de ficha de Dilma não é provada''... ''bem como não pode ser descartada'';
5) no dia 30 o jornalista Luis Nassif divulga em seu blog carta enviada ao jornal dos Frias, e jamais publicada, onde a ministra acusa a matéria de ''ter características de factóide'' e faz duas perguntas simples: ''Em que órgão público a Folha de S.Paulo obteve a ficha falsa? A quem interessa essa manipulação?''.
Este é apenas o resumo da ópera.
Nele sobressaem a má vontade, a má fé, a má qualidade da falsificação jornalística e sobretudo a soberba, presunçosa e preguiçosa recusa em voltar atrás no conteúdo da armação. Se o professor Emir Sader estiver certo quando decifra a FSP como sendo a Força Serra Presidente, o jornal está prestando um porco serviço ao seu candidato.
Melhor seria fazer como no episódio da ''ditabranda'', em 17 de fevereiro: enfiar o rabo entre as pernas e reconhecer o erro de conteúdo e princípios éticos jornalísticos. Para a Folha admitir que ''o uso da expressão 'ditabranda' foi um erro'' e ''todas as ditaduras são igualmente abomináveis'' foram necessárias três semanas, um número não revelado de iradas cartas de leitores e cancelamentos de assinaturas e até uma manifestação de rua diante da sede do jornal. Quantos leitores a Folha irá perder antes de recuar desta vez?
CINCO INFÂMIAS ESCOLHIDAS
No entanto parece que a dinastia Frias tem um ritmo muito próprio para se dar conta de que foi flagrada numa situação jornalística e eticamente insustentável. O texto publicado hoje o atesta.
1. A chamada na capa é discreta, com apenas duas frases, na metade inferior da página, enquanto a outra, a vermelha, figurava bem em cima (veja as reproduções).
2. Os títulos da capa – Laudos pagos por Dilma dizem que ficha é fabricada – e da página interna – Dilma contrata laudos que negam autenticidade de ficha – destaca, inexplicavelmente, que os laudos foram ''pagos'' ou ''contratados'' (?) e apenas em segundo plano que acusam uma falsificação do jornal.
3. O texto, finalmente, responde a uma das perguntas de Dilma: a ficha não veio de nenhum órgão público, mas chegou ao jornal ''por e-mail''. Mas silencia pudicamente, ou desavergonhadamente, sobre quem enviou a mensagem.
4. Sem assinatura, apenas com a indicação ''da reportagem local'' (a quem Otavio Frias pensa que engana?), o texto supostamente distanciado e anódino repete que publicou ''uma ficha cuja autenticidade não podia ser assegurada, bem como não podia ser descartada''. Assevera que ''a Folha tem procurado checar a autenticidade da ficha'' e até contratou três eméritos peritos para isso, mas ''todos disseram que teriam dificuldades em emitir um laudo''. Não seria mais fácil, rápido e eficaz perguntar logo ao remetente do e-mail?
5. Salto aqui outros ardis – de pequena e média gravidade – para chegar logo à infâmia final. Domingo é, há mais de uma década, o dia da coluna do ombudsman. Hoje, Carlos Eduardo Lins da Silva fala do jornalismo cidadão no Irã e da morte de Michael Jackson. Deve ser dura a vida de ombudsman da Folha...
Será que o ombudsman não sabia? Difícil, pois o próprio texto diz que "a ministra anexou o laudo da Unicamp em carta ao ombudsman da Folha". E cita a mensagem de Dilma:
''Diante da prova técnica da falsidade do documento, solicito providências no sentido de que seja prestada informação clara e precisa acerca da 'ficha' fraudulenta, nas mesmas condições editoriais de publicação da matéria por meio da qual ela foi amplamente divulgada, em 5 de abril de 2009'' – solicitações que o jornal da dinastia Frias se esmera em não atender.
O internauta que lê estas linhas pode pensar o que melhor lhe parecer sobre Dilma a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma a ''mãe do PAC'' e Dilma a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessão dentro de 15 meses. Mas nenhum ser humano merece que se cometa contra ele tão repugnantes e continuadas indignidades jornalísticas.
SANTA JOANA D'ARC E SANTA DILMA
Dilma Rousseff, segundo uma correspondência da Embaixada dos Estados Unidos enviada ao Departamento de Estado quando ela assumiu como ministra, quando jovem presa política da ditadura ficou conhecida entre os companheiros domo ''a Joana D'Arc da esquerda''. Deve ser preciso mesmo uma paciência de santa para aturar a fogueira incineradora da Força Serra Presidente. Ainda mais quando os algozes misturam à sanha piromaníaca uma tão torpe lerdeza. Decerto nem se dão conta de que puseram fogo às próprias vestes.
Confira abaixo o texto integral do que foi publicado na Folha deste domingo:
Na capa:
''LAUDOS PAGOS POR DILMA DIZEM QUE FICHA É FABRICADA''
Dois laudos pagos pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) negam a autenticidade de ficha reproduzida pela Folha com ações armadas de grupos em que ela militou. Os opareceres são de professores da Unicamp e de perito da UnB.''
Nas páginas internas:
''DILMA CONTRATA LAUDOS QUE NEGAM AUTENTICIDADE DE FICHA''
''A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, encaminhou à Folha dois laudos técnicos, por ela custeados, que apontaram ''manipulações tipográficas'' e ''fabricação digital'' em uma ficha reproduzida pela Folha na edição do último dia 5 de abril.
A ficha contém dados e foto de Dilma e lista ações armadas feitas por organizações de esquerda nas quais a ministra militou nos anos 60. Dilma nega ter participado dessas ações. A imagem foi publicada pela Folha com a seguinte legenda: ''Ficha de Dilma após ser presa com crimes atribuídos a ela, mas que ela não cometeu''.
O laudo produzido pelos professores do Instituto de Computação da Unicamp (Universidade de Campinas) Siome Klein Goldenstein e Anderson Rocha concluiu: ''O objeto deste laudo foi digitalmente fabricado, assim como as demais imagens aqui consideradas. A foto foi recortada e colada de uma outra fonte, o texto foi posteriormente adicionado digitalmente e é improvável que qualquer objeto tenha sido escaneado no Arquivo Público de São Paulo antes das manipulações digitais''.
O laudo produzido pelo perito Antonio Nuno de Castro Santa Rosa da Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos), ligada à UnB (Universidade de Brasília), chega às mesmas conclusões.
A ministra anexou o laudo da Unicamp em carta ao ombudsman da Folha. ''Diante da prova técnica da falsidade do documento, solicito providências no sentido de que seja prestada informação clara e precisa acerca da ''ficha'' fraudulenta, nas mesmas condições editoriais de publicação da matéria por meio da qual ela foi amplamente divulgada, em 5 de abril de 2009'', escreveu Dilma.
Em reportagem publicada no dia 25 de abril, intitulada Autenticidade de ficha de Dilma não é provada, a Folha reconheceu ter cometido dois erros na reportagem original. O primeiro foi afirmar, na Primeira Página, que a origem da ficha era ''o arquivo [do] Dops''. Na verdade, o jornal recebera a imagem por e-mail. O segundo foi tratar como verdadeira uma ficha cuja autenticidade não podia ser assegurada, bem como não podia ser descartada.
O jornal também publicou um Erramos com os mesmos esclarecimentos. A ministra se disse insatisfeita, questionou a nova reportagem e decidiu contratar um parecer técnico.
Para a análise, os professores descartaram a imagem da ficha reproduzida pela Folha em sua edição impressa. Captaram na internet cinco imagens ''com conteúdo similar ao utilizado pelo jornal Folha de S.Paulo''. Dentre elas, escolheram como ''objeto do laudo'' a imagem divulgada no blog do jornalista Luiz Carlos Azenha, que reproduz artigos que criticam o jornal e questionam a autenticidade da ficha.
Para os peritos, a imagem do blog era a que tinha ''a maior riqueza de detalhes''. Goldenstein disse à Folha que ''todas as imagens são de uma mesma família'' e que a qualidade da imagem publicada pelo jornal não é boa o suficiente para ''análise nenhuma''.
Os professores compararam a imagem com documentos reais que supostamente teriam alguma semelhança (papel, caracteres) com a ficha questionada. Trata-se de cópias de fichas de presos pela ditadura, hoje abrigadas no Arquivo Público paulista. Escolheram as produzidas entre 1967 e 1969.
Contudo, no Erramos e na reportagem publicados no final de abril, a Folha havia explicado que a origem da ficha não era o Arquivo Público. A imagem não é datada - relaciona eventos ocorridos entre 1967 e 1969, mas pode ter sido produzida em data posterior.
Para concluir que a fotografia foi ''recortada e colada'', os professores compararam a foto de Dilma com fotos que encontraram no mesmo arquivo. A ficha questionada não informa que a foto de Dilma foi obtida naquele arquivo.
Sobre a impressão digital contida na ficha, os peritos apontaram não ser possível nenhuma conclusão, devido à baixa qualidade da imagem.
CRIMES NEGADOS
Ouvido pela Folha na última quinta-feira, Goldenstein disse que não leu o blog do jornalista em que captou a imagem analisada e tampouco a reportagem original da Folha. ''Não estou criticando o que a Folha fez. Vou ser bem sincero, eu nem li a reportagem original da Folha. Não cabe a mim julgar absolutamente nada. Meu papel é analisar essas imagens digitais que estão circulando na internet. O que a ministra me pediu: 'É possível verificar, é possível um laudo sobre a autenticidade/origem da imagem? É possível dizer se vieram ou não do Arquivo Público?'.''
Doutor em ciência da computação pela Universidade de Pennsylvania (EUA), ele diz que foi o primeiro laudo externo que produziu em sua carreira. A ficha questionada era uma das imagens que ilustrava a reportagem original cujo título foi: Grupo de Dilma planejou sequestro de Delfim Netto.
Na carta à Folha, Dilma escreveu: ''Reitero que jamais fui investigada, denunciada ou processada pelos atos mencionados nesse documento falso e de procedência inidônea, ao qual não se pode emprestar nenhuma credibilidade''.
A Folha tem procurado checar a autenticidade da ficha. Foram contatados três peritos de larga experiência na análise de documentos e um especialista em imagens digitais.
Todos disseram que teriam dificuldades em emitir um laudo, pois necessitavam do original da ficha, que nunca esteve em poder da reportagem. Disseram que a análise de uma imagem contida num e-mail não seria suficiente para identificar uma eventual fraude.''
FONTE: site “vermelho”, artigo de Bernardo Joffily, em 28/06/2009.
PETROBRAS - ENTREVISTA DE GABRIELLI AO "ESTADO DE SÃO PAULO"
ENTREVISTA CONCEDIDA PELO PRESIDENTE DA PETROBRAS, JOSÉ SERGIO GABRIELLI DE AZEVEDO, AO JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO, EM 26 DE JUNHO DE 2009.
ENTREVISTADOR: ESSA SEMANA VAI (SER INSTALADA A CPI)?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não sei. Eu acho que o Congresso vai decidir o que fazer. Imagino que a dinâmica interna parlamentar vai determinar o que os congressistas vão decidir. Eu não tenho a menor opinião hoje nesse momento, sobre se vai instalar ou não vai instalar.
ENTREVISTADOR: VOCÊ AINDA TEM DÚVIDA SE VAI INSTALAR OU NÃO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Eu não sou senador. Eu sou presidente da Petrobras.
ENTREVISTADOR: MAS OLHA SÓ, VOCÊ PERCORREU OS GABINETES LÁ DO SENADO ANTES DA CRIAÇÃO DA CPI PARA TENTAR CONVENCER OS SENADORES DE QUE NÃO HAVIA NECESSIDADE, QUE VOCÊS PODERIAM PRESTAR OS ESCLARECIMENTOS. EU ME LEMBRO DISSO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nós continuamos com a mesma opinião.
ENTREVISTADOR: QUAL FOI A SUA SENSAÇÃO DAS CONVERSAS QUE VOCÊ TEVE COM OS PARLAMENTARES?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Os parlamentares concluíram que precisavam instalar a CPI, porque leram o pedido de instalação e ele foi lida no Senado. Portanto, do ponto de vista do ritual e do processual legislativo, ela está lida e ela vai ser instalada.
ENTREVISTADOR: EU SEI, MAS NA CONVERSA QUE VOCÊ TEVE VOCÊ SENTIA REALMENTE QUE HAVIA UMA DISPOSIÇÃO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Eu conversei com os senadores e alguns senadores achavam que não havia necessidade. Os senadores da oposição acharam que tinha que ter uma CPI. A nossa argumentação, muito explícita desde aquele momento, é que os temas que estão nos requerimentos estão sob investigação de órgãos competentes para fazer a investigação: a Polícia Federal, o Ministério Público, o TCU, a Receita Federal, os diversos órgãos de fiscalização da Companhia, e que, portanto, a investigação que a CPI poderia trazer, do ponto de vista legal, que é uma comissão de investigação de fatos determinados, ela provavelmente contribuiria muito pouco. O que poderia trazer problema é a criação de um clima nacional de denúncia para buscar denúncia para criar a possibilidade de investigar coisas que vão aparecer. Então, isso na língua portuguesa antiga chama-se “coscuvilhice”. E isso é que é o problema, porque a CPI, legalmente, tem que ser criada para fato determinado. E nós continuamos achando a mesma coisa. Evidentemente que nós não temos competência legal de dizer sim ou não à CPI. Nós temos que obedecer. Uma vez criada a CPI, nós temos que atender os requisitos da CPI. Ponto. Não tem alternativa para nós.
ENTREVISTADOR: AGORA, NESSE SENTIDO, ESTÃO SURGINDO HOJE UMAS REPORTAGENS SOBRE A HISTÓRIA DE REMUNERAÇÃO DOS DIRETORES.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Pois é, esse um exemplo, infelizmente até o Estadão entrou nessa matéria muito ridícula, porque ela é uma matéria que não tem fato novo nenhum, porque inclusive a divulgação disso é da nossa própria assembléia geral, que é pública. A informação refere-se à remuneração dos dirigentes da Companhia de forma bastante truncada, envolve um claro indício de crime de quebra de sigilo fiscal, porque, aparentemente, o repórter que fez a matéria para o Correio Braziliense obteve de forma fraudulenta informações fiscais que são protegidas pelo sigilo fiscal. Dessa maneira, portanto, de um lado ela é evidência de um crime. De outro lado, do ponto de vista dos valores, são bastante modestos comparados com empresas do mesmo tamanho. Se você compara, por exemplo, com a Petrobras… todos os dirigentes da Petrobras receberam R$ 7 milhões em 2007…
ENTREVISTADOR: R$ 7 MILHÕES?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: No ano de 2007, você teve R$ 7 milhões e 108 mil da autorização de pagamento para diretores e conselho da Petrobras.
ENTREVISTADOR: AH, TÁ. ISSO TODO MUNDO JUNTO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Todo mundo junto. R$ 7 milhões 108 mil para todo mundo junto (diretores e conselheiros). O Itaú teve R$ 244 milhões, o Bradesco R$ 170 milhões, o Unibanco R$ 153 milhões, a Gerdau R$ 59 milhões, Vale R$ 43 milhões, Sadia R$ 16 milhões, Perdigão R$ 14 milhões, Aracruz R$ 9 milhões, CSN R$ 9,5 milhões. Portanto, a Petrobras é a menor de todas. Então, do ponto de vista da comparação com empresas brasileiras, ela é a menor de todas. Se você comparar com as empresas internacionais, então, a Petrobras teve US$ 485 mil, a Exxon teve US$ 13,7 milhões, a BP US$ 4,2 milhões, Eni US$ 3,7 milhões, Total US$ 1,9 milhões.
ENTREVISTADOR: MAS O QUE EU VI ALI, DAQUELE QUESTIONAMENTO, NÃO É TANTO PELO VALOR, MAS PELO REAJUSTE.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Eu vou chegar lá. Primeiro o valor, o valor é pequeno. Como é que se chega a esse valor? O valor dos salários dos dirigentes da Petrobras, dos diretores da Petrobras, é o teto da remuneração da carreira da Petrobras. Nós ganhamos em torno de 10% acima do maior gerente, o presidente ganha em torno de 15% acima do maior gerente, e os diretores 10% acima do maior gerente.
Portanto, se você tem um salário que é baixo, para diretores e presidente, no que se refere à indústria, você achata toda a cadeia de salários da Companhia. Então, todo salário da Companhia é atrelado ao teto da Companhia, que é dado pelos diretores e pelo presidente. Consequentemente, você tem um achatamento. O que acontece com isso?
Você torna mais vulnerável os profissionais da Companhia às atrações de mercado. Como é que nós evitamos isso? Como é que nós deixamos de perder talentos? Nós temos a política de retenção de talentos. Essa política de retenção de talentos envolve uma carreira profissional de longo prazo, envolve treinamento, envolve condições de trabalho adequadas, envolve um compromisso, uma transferência de valores, de compromisso das pessoas, uma avaliação de condições de satisfação dos trabalhadores, e a história da Companhia. Os valores da Companhia, que faz com que ela seja uma Companhia em que as pessoas gostam de trabalhar. Mesmo ganhando menos, elas ficam na Companhia. Então esse é um problema. E um terceiro elemento importante é o reajuste. O reajuste dos salários dos diretores da Petrobras acompanhou o reajuste dos acordos coletivos dos trabalhadores, porque se ele é teto, acompanha os acordos coletivos.
ENTREVISTADOR: ENTÃO ESSA DESVINCULAÇÃO COM A INFLAÇÃO…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Essa desvinculação… Não tem nada a ver com a inflação. O reajuste dos trabalhadores da Petrobras não é relacionado com a inflação. Os trabalhadores da Petrobras tiveram um aumento real, sim, tiveram um aumento real nesses últimos anos. Não tem um aumento relativo à inflação. Então, houve um aumento real dos trabalhadores que ganharam inclusive, do ponto de vista da remuneração, em termos percentuais, mais do que os diretores. O reajuste dos empregados foi, se não me engano, de 62% e dos diretores, de 55%. Do ponto de vista do reajuste, não tem nada anormal e, particularmente, a partir de 2008, por decisão da assembléia, o salário dos diretores está congelado. O salário dos empregados vai depender do acordo coletivo. Mas o salário dos diretores está congelado.
ENTREVISTADOR: EU ME LEMBRO… FALAMOS DA CRISE…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Exatamente. Então nós estamos com os nossos salários congelados, a partir de 2008 para 2009. Os trabalhadores não têm congelamento, que vai depender da negociação do acordo coletivo, e até 2007 nós acompanhamos o aumento dos trabalhadores. Portanto, do ponto de vista do aumento, não tem nada que motive um escândalo. Do ponto de vista do valor, é muito abaixo do que o mercado paga.
Aliás, é sistemático, os gerentes da Petrobras, os maiores gerentes, o pessoal mais experiente da Petrobras ganha menos do que a média de mercado. Isso dá uma boa pauta, vou sugerir a vocês fazerem, qualquer empresa que acompanha o mercado, faça um estudo sobre isso. Existem estudos publicados mostrando a distribuição dos salários de pessoal equivalente a uma empresa como a Petrobras e, portanto é exclusivamente “coscuvilhice”. É tentativa de criar fofoca muitas vezes repetida para virar verdade.
ENTREVISTADOR: VOCÊS NÃO DIVULGAM O VALOR ABSOLUTO DE CADA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Individuais não.
ENTREVISTADOR: AGORA, NÃO SERIA MAIS CONVENIENTE DIVULGAR PELO MENOS O VALOR PAGO AOS CONSELHEIROS? PORQUE TEM MUITA GENTE ALI QUE É INDICADA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Eu vou pedir o salário total da diretoria do Estadão…. Total e individual. Por que tem que sempre individualizar o salário dessa gente?
ENTREVISTADOR: MAS EU DIGO DOS CONSELHEIROS QUE SÃO PESSOAS…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Os conselheiros recebem 10% do que os diretores recebem. A maior remuneração da Petrobras foi R$ 59 (mil). Faça a conta. Ele ganha 10%, nem de tudo, não é de R$ 59 (mil). Conselheiro não ganha PLR (participação nos lucros e resultados), conselheiro não tem 13º, conselheiro não tem férias. Então, com certeza, é relativamente muito pequeno para o tamanho da Petrobras, com o volume de decisões que se toma numa companhia dessas. Certo? São mais de 1.500 pautas por ano que a diretoria decide.
ENTREVISTADOR: GABRIELLI, TEM UMA DATA PARA INSTALAÇÃO DA CPI OU EU ESTOU ENGANADA? NÃO ERA DIA 30, DIA 30 AGORA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, não tem data. A data é uma decisão de acordo com os membros do Congresso.
ENTREVISTADOR: MAS O QUE ESTAVA CIRCULANDO É QUE SERIA ESSA SEMANA. NÃO É ISSO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Isso daí é um problema de acordos parlamentares que existem ou deixam de existir. A Petrobras está acompanhando isso de longe.
ENTREVISTADOR: VOCÊ ACHA QUE ESSES NOVOS TEMAS PODEM ENTRAR NA INVESTIGAÇÃO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Do ponto de vista legal, da nossa avaliação, não, porque são temas que não estão sendo pedidos na CPI. São temas que estão sendo criados. Há uma sistemática clara, se vocês observarem a imprensa, nos últimos meses, ela tem, no fim de semana, uma matéria bombástica de acusação contra a Petrobras. Na segunda-feira, uma suíte que reproduz essa matéria na boca de alguns parlamentares de oposição, pedindo para entrar na CPI. Isso é sistemático. Você pega toda semana, ou é O Globo, ou é o Estadão, ou é a Folha de S. Paulo, ou é uma revista, é sistemático. Nos últimos 6, 7, 8 meses.
ENTREVISTADOR: E VOCÊ FALOU A RESPEITO DESSA ÚLTIMA MATÉRIA QUE INDICAVA UM CRIME FISCAL?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nessa tem um crime fiscal. A empresa vai tomar providências, nosso jurídico está avaliando tomar providências do ponto de vista do que fazer. É evidente que como o crime de sigilo fiscal é um crime de ação pública, talvez nós tenhamos que representar ao Ministério Público. Nós estamos decidindo ainda o que fazer, mas já há um crime fiscal ali, assumido pelo repórter,…
ENTREVISTADOR: MAS CONTRA O REPÓRTER?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: É contra o repórter e contra o jornal.
ENTREVISTADOR: NÃO CONTRA A FONTE QUE PASSOU…?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: A fonte ele não revela. Nós não podemos. A matéria é assinada. A suíte que foi feita hoje pelo sr. Amauri Ribeiro Júnior repete esse crime, ele assume que houve uma quebra de sigilo fiscal, porque ele tem documentos enviados à Receita Federal. Está explícito, assinado, a matéria é assinada por ele. Ele está assumindo um crime. Não pode ficar impune uma coisa dessas.
ENTREVISTADOR: POR FALAR EM QUEBRA DE SIGILO, AGORA TAMBÉM, COM TODA ESSA QUESTÃO LEVANTADA EM TODA ESSA COBERTURA DE CPI, É A QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Esse é outro elemento…
ENTREVISTADOR: DO SANTAROSA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Esse é outro elemento absurdo do que está acontecendo, é outro tipo de situação absurda do que está acontecendo. Você tem uma investigação que ocorre em 2006. Essa investigação de 2006 para cá, ela continua em nível de sigilo jurídico, sigilo judicial, segredo de justiça. Nós não fomos intimados, quer dizer, nós e o Santarosa, diretamente, não fomos nunca intimados para falar. Nunca foi consultado, nunca houve nada diretamente em relação a ele. O jornal O Globo publica uma matéria cujo lead é uma imprecisão absoluta em termos do texto, se a quebra do sigilo refere-se ao período de 2006, ou se foi pedido em 2006… Não fica claro isso. Os nossos advogados procuram investigar lá, em Cuiabá, onde está esse pedido. Procuram identificar o processo. Não conseguem identificar. E O Globo continua publicando matéria sobre algo que ninguém consegue identificar. Só tem uma fonte, que é a fonte muito exclusiva do Globo, que é algo estranhíssimo.
ENTREVISTADOR: É UM PROCURADOR, NÃO É?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não sei se é um procurador. Porque o procurador, se ele divulgou isso, ele quebrou o sigilo fiscal. Se ele fez isso, ele quebrou o segredo de justiça. Não acredito que ele deve ter feito. Se ele fez, ele quebrou o segredo de justiça.
ENTREVISTADOR: O QUE JÁ INVALIDARIA O PROCESSO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: O que já invalidaria o processo. Então, consequentemente, algo estranho, algo muito estranho, que está acontecendo.
ENTREVISTADOR: MAS PREOCUPA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Que não é algo estranho no sentido de quem está interpretando que isso é apenas a criação de factóides. Coscuvilhices, mexericos.
ENTREVISTADOR: MAS PREOCUPA A QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO DE SANTAROSA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, a quebra de sigilo telefônico é uma decisão judicial que ocorre, e que pode ser feito. O problema não é a quebra do sigilo telefônico, se tem uma investigação, o problema não é esse. O ponto é: onde é que O Globo conseguiu a informação de que houve esse pedido? Quem passou essa informação para O Globo? Por que a essa informação só tem acesso O Globo? Por que essa informação é imediatamente reproduzida por alguns senadores de oposição? Será que tem algum esquema de criação de fatos? Artificiais? Não há dúvida.
ENTREVISTADOR: E O QUE VOCÊ ATRIBUI ESSE FATO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Atribuo a uma ideia de tentar viabilizar uma CPI que vai buscar o que investigar. Que não tem foco, que não sabe o que fazer.
ENTREVISTADOR: POR ISSO QUE VOCÊ ACHA QUE A CPI PODE NÃO SER INSTALADA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, eu não posso dizer que a CPI não vai ser instalada.
ENTREVISTADOR: MAS VOCÊ JÁ TEVE ALGUMA INDICAÇÃO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Eu não posso dizer. A CPI está lá para ser instalada. Se vai ser instalada ou não, é de âmbito interno do Parlamento.
ENTREVISTADOR: VOCÊ JÁ TEVE ALGUMA INDICAÇÃO DE QUE PODE NÃO OCORRER?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não posso, não tenho essa indicação, eu sou parte externa ao processo. Eu sou investigado enquanto presidente da Petrobras.
ENTREVISTADOR: A GENTE PODE VOLTAR UM POUQUINHO À PARTE DO SANTAROSA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Pode.
ENTREVISTADOR: É UMA PARTE ASSIM QUE PARECE QUE HÁ UMA MAIOR VULNERABILIDADE PARA TER PROBLEMAS.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, não há vulnerabilidade.
ENTREVISTADOR:…ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS… PRIMEIRO ME EXPLICA UMA COISA, POR QUE A ÁREA DELE, A GERÊNCIA. COMO É QUE EU CHAMO? NÃO É DIRETORIA.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Gerência Executiva de Comunicação Institucional.
ENTREVISTADOR: A GERÊNCIA EXECUTIVA DELE ESTÁ FORMADA POR INTEGRANTES DO PT…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, não é verdade. Não é verdade.
ENTREVISTADOR: É VERDADE, OS CINCO GERENTES, OS GERENTES, OS SUB-GERENTES, EU NÃO SEI COMO A GENTE PODE EXPLICAR. OS GERENTES REGIONAIS DELE SÃO TODOS LIGADOS AO PT E AO MOVIMENTO SINDICAL.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: A Petrobras tem 3 mil e tantos gerentes.
ENTREVISTADOR: ESTOU FALANDO DOS GERENTES REGIONAIS DA ÁREA DELE.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Quatro gerentes regionais.
ENTREVISTADOR: MAS TEM MAIS UM.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: A imprensa é subordinada ao Santarosa. A responsabilidade social é subordinada ao Santarosa. O patrocínio esportivo é subordinado ao Santarosa. O patrocínio cultural é subordinado ao Santarosa. Propaganda e publicidade é subordinada ao Santarosa. O planejamento de gestão da área publicitária é subordinado ao Santarosa. Então não é verdade o que vocês estão fazendo. Vocês estão pegando gerentes regionais que têm histórias sindicais absolutamente legítimas, profissionais de longo tempo da Companhia.
ENTREVISTADOR: NA ÁREA DE COMUNICAÇÃO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Na área de responsabilidade social tem. Na área de articulação com a comunidade. Na área de vinculação institucional com o poder público, na área de relação com a comunicação interna. Inclusive por terem sido sindicalistas eles têm essas relações. Por terem sido sindicalistas, é positivo. Não é negativo terem sido sindicalistas, não é uma coisa ruim ter sido sindicalista, isso é uma coisa positiva. Então, portanto, não se pode ter uma conotação negativa porque nós temos sindicalistas na Companhia. Primeiro, nós não temos só sindicalistas, segundo que ter sindicalistas não é uma coisa ruim, é bom.
ENTREVISTADOR: NÃO É DISSO QUE A GENTE ESTÁ FALANDO. A GENTE ESTÁ FALANDO DA COINCIDÊNCIA, DA CÚPULA DESSA ÁREA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não é verdade…
ENTREVISTADOR:…ESTAR LIGADA AO PT.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Isso não é verdade… Isso factualmente não é verdade.
ENTREVISTADOR: ENTÃO ESSES CARGOS TODOS SÃO ESCOLHIDOS PELO PRÓPRIO SANTAROSA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Sim, é evidente que ele tem que escolher as pessoas em quem ele confia. Qual é o problema? Não é verdade que o critério de composição das gerências de Comunicação Institucional seja critério partidário e sindical, não é verdade, os números mostram isso. A Comunicação Institucional não trata apenas de jornalismo, ela envolve toda responsabilidade social da Companhia, o que significa os milhares de projetos que temos com as comunidades que se relacionam conosco.
Temos quatro linhas de atuação para responsabilidade social. A primeira linha é a geração de oportunidades de emprego e renda, em que temos vários projetos. Nós temos uma linha que é criança e adolescente: combate ao trabalho infantil, combate à exploração sexual da criança e do adolescente. Nós temos a linha que é de montagem de redes sociais, de relacionamentos sociais. Nós temos um programa que é reconhecido como um benchmark mundial de patrocínio à responsabilidade social, que é o Programa Petrobras de Desenvolvimento e Cidadania. Nós desenvolvemos tecnologias de avaliação de projetos sociais que são benchmark mundiais. Nós somos reconhecidos pelo Pacto Global, pelo Global Report Initiative e por várias instituições internacionais como excelência na gestão de responsabilidade social. O nosso relatório de responsabilidade social que, por sinal, vai ser divulgado o do último ano segunda-feira (29/6), é padrão internacional de relatórios de responsabilidade social. Então, nós temos orgulho da nossa responsabilidade social, e não vergonha.
ENTREVISTADOR: MAS A VAGA NÃO DEVERIA SER PREENCHIDA POR ALGUÉM QUE ESTIVESSE GALGANDO OS DEGRAUS…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: E é. A responsabilidade social envolve milhares de projetos. Milhares de projetos. Portanto precisa ter controle, sucessão…
ENTREVISTADOR: ENTÃO O QUE EU QUIS DIZER, GABRIELLI, DAQUELES PROJETOS TODOS QUE APARECERAM, QUE ESTÃO FALANDO DE COISAS QUE SÃO PUBLICADAS, INFUNDADAS. E AQUELAS OBRAS QUE RECEBERAM DINHEIRO DA PETROBRAS? SE FOI LÁ PROCURAR A ONG E NÃO TINHA ONG NENHUMA.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não é verdade! Esse fato aí é outro, pegaram uma foto! Eu vou pedir para mandar para você a foto verdadeira. Vamos pegar a foto. Esse caso particular dessa ONG aqui do Rio de Janeiro é uma outra fabricação falsa! Pode-se evidenciar isso claramente. A gente não tinha o blog antes para desfazer. Hoje a gente já tem, que é para fazer esse tipo de combate. É exatamente mostrar o seguinte: o repórter pegou uma foto de um lugar que não era onde está funcionando o projeto e publicou como se fosse!
ENTREVISTADOR: NÃO FOI O ESTADÃO, O ESTADÃO NÃO É FEITO AQUI NO RIO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, foi O Globo! O Globo!
ENTREVISTADOR: É, MAS O ESTADÃO TAMBÉM FOI PROCURAR O PROJETO…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: O Ifas que é o caso do Estadão, é um processo que nós tomamos iniciativa de processar. Nós tomamos a iniciativa. Porque, evidentemente, se eu tenho milhares de projetos, nem todos vão performar…
ENTREVISTADOR: ANTES OU DEPOIS?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Antes! Antes dos jornais, nós tomamos a iniciativa! Antes dos jornais!
ENTREVISTADOR: AGORA, UMA COISA QUE EU NÃO ENTENDO É QUANDO VOCÊ FALA ASSIM: A PETROBRAS TEM 240 MIL CONTRATOS. NÃO PODEMOS DIZER QUE TODOS SÃO CORRETOS. COMO A PETROBRAS NÃO PODE DIZER QUE TODOS OS 240…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não posso. Porque em 240 mil contratos, você tem que garantir que todos os 240 mil contratos devem ter seguido uma sistemática. Agora, por isso você tem a sistemática, você tem a auditoria, você tem corregedoria, você tem avaliação posterior, você tem segurança empresarial, você tem avaliação externa, você tem investigações particulares de evidência. Porque isso significa que é um sistema muito grande, que você tem que fazer com que o sistema esteja funcionando. Agora, nada é perfeito. Você tem que, encontrando as imperfeições, corrigir as imperfeições. Você precisa corrigir as imperfeições.
ENTREVISTADOR: SE SÃO 240 MIL E SÃO MUITOS…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Quanto a gente gasta em sistemas? Quanto a gente gasta em auditorias? Quanto a gente gasta em controle da informação interna? Quanto a gente gasta em contabilidade? Quanto a gente gasta em avaliação direta do projeto? Quanto a gente gasta em supervisão de atividades? Quanto a gente gasta em treinamento? Isso são milhões e milhões e milhões de dólares.
ENTREVISTADOR: COMO É QUE A PETROBRAS ESTÁ SE PREPARANDO PARA ESSA SEMANA SE A CPI FOR INSTALADA? QUAL A ESTRATÉGIA DA EMPRESA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: A Petrobras está pronta para responder todos os temas do requerimento. Todos os temas do requerimento. Nós não temos problema nenhum. Se quiser eu posso passar um por um deles para você ver.
ENTREVISTADOR: QUANTAS PESSOAS ESTÃO ENVOLVIDAS ESPECIFICAMENTE DA PETROBRAS?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Especificamente da Petrobras, em tempo integral, eu acho que nós devemos ter umas 20, 30 pessoas só, mas a empresa está toda mobilizada. Por acaso eu pedi, antes de vocês chegarem, pedi quantas pautas… a imprensa tem nos dado um trabalho bastante razoável. De 19 de maio a 29 de maio, nós tivemos 53 pedidos de pauta. De 1° de junho a 26 de junho, 108 pedidos de pauta. Certo? 108 pedidos de pauta. Perguntas, nós tivemos 121 perguntas de 19 de maio, e 146 agora. Cada pergunta dessas, você mobiliza 30, 40, 50 pessoas. A pergunta vai até a ponta.
ENTREVISTADOR: VAI PEGAR TAMBÉM A DEMANDA QUE TEVE QUANDO VOCÊS ANUNCIARAM O PRÉ-SAL. ISSO ACONTECE…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Tudo bem, eu não estou me queixando. Eu estou dizendo, eu estou dando a dimensão da mobilização que tem internamente. Você tem que pegar o gerente e parar. Isso aqui é só para a imprensa. Aí eu pego todo o meu setor de orçamento, todos os engenheiros de orçamento para responder ao TCU. Porque tem que responder. Então para de fazer os orçamentos para os projetos e vai fazer respostas ao TCU.
ENTREVISTADOR: NESSE CASO JÁ?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Porque quando intensifica a questão, você tem que responder. Você tem que botar o pessoal para trabalhar. Eu tenho hoje dificuldade de constituir comissões de licitação. Porque o cara não ganha mais para fazer parte da comissão de licitação, só sabe que pode ter um problema com o TCU. Então, ele vai se recusar a participar da comissão de licitação.
ENTREVISTADOR: POR QUÊ? E VOCÊ ACHA QUE O TCU TEM ALGUMA COISA DIRIGIDA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, não é nada dirigido. É porque há compreensões diferentes sobre o que é um processo licitatório da Petrobras. Isso é uma grande diferença entre a (lei) 8.666 e (o decreto) 2.745. Por que que essa diferença? Porque a Lei 9.478, que é a lei do petróleo, que é a lei que acabou com o monopólio estatal do petróleo da Petrobras. A Petrobras, pela lei 2004, era a executora do monopólio estatal da União. O monopólio estatal da União continua em vigor porque é constitucional. Porém, a Lei 9.478 acabou com a lei 2004. Então, ao acabar com essa lei 2004, essa nova 9.478, que é uma lei assinada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, essa lei dizia o seguinte: a Petrobras tem que competir, em condições iguais às de outras empresas. Então, se ela tem que competir em condições iguais às de outras empresas, ela não pode seguir as mesmas normas do setor público. Porque o setor público não compete com as outras empresas. Então, a lei diz, no artigo 65, que tem um decreto que vai dizer quais são as regras para licitação da Petrobras. Esse decreto é o decreto 2.745. Esse decreto foi assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 98. E esse decreto, portanto, é o que a lei manda que seja aplicado à Petrobras. Esse decreto, a AGU – Advocacia Geral da União – disse que a Petrobras tem que cumprir. E o TCU acha que nós não temos que cumprir esse decreto, tem que cumprir a 8.666. Toda vez que a gente recorreu a STF, o STF ainda não decidiu nenhuma decisão sobre o mérito, mas todas as decisões liminares do STF são de que cumpra o 2.745. Então esse é um conflito que envolve grande parte do nosso problema com o TCU. E é um problema que nós não temos como resolver.
ENTREVISTADOR: POR QUE NÃO CHEGOU AO MÉRITO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Bom, isso é pergunta para o STF. Eu não vou me posicionar sobre o STF. O STF tem o seu ritmo.
ENTREVISTADOR: TEM UM BOCADO DE LIMINARES, IMAGINO…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Temos várias liminares, várias liminares.
ENTREVISTADOR: AGORA VOCÊ TEM QUE FAZER UMA MOBILIZAÇÃO TODA PELA CPI, PELO TCU, ISSO DE ALGUMA FORMA ESTÁ IMPACTANDO JÁ O ANDAMENTO DE NEGÓCIOS, RENOVAÇÕES DE CONTRATOS? EU OUVI DIZER QUE HOUVE UMA EMPRESA FALANDO QUE NÃO TEM CONSEGUIDO RENOVAR O CONTRATO COM A EMPRESA.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nós estamos diminuindo o ritmo, eu diria. Nesse momento, já começou a impactar ritmo de algumas coisas porque tem gente que não pode, por exemplo, fechar orçamento porque está tratando de outras coisas. Não é ainda significativo.
ENTREVISTADOR: COMO É QUE A GENTE DIMENSIONA ISSO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não tem como dimensionar claramente, mas, se eu tenho, por exemplo, um setor de orçamentos, que trabalha fazendo orçamentos e tem prazos para fazer orçamentos. Orçamento interno, nosso, que é fundamental para que nós possamos fazer licitação, porque nós temos que comparar o preço que vem de fora com o nosso orçamento. Então, se eu levaria um tempo para fazer orçamento, devo levar agora um tempo ‘x’ mais alguma coisa porque os nossos técnicos também estão voltados para responder problemas internos, o tempo aumenta. Então isso tem um impacto. Esse tipo de impacto é possível. Se eu tenho dificuldade para constituir comissões de licitação, isso passa também a ter um impacto. Porque eu levaria um tempo para fazer uma comissão de licitação e agora eu vou levar um outro tempo ou treinar pessoas novas, etc., para fazer comissões de licitação. E quando a gente fala nisso, a gente está falando em milhares de coisas, não são uma ou duas. São milhares! Milhares, literalmente milhares!
ENTREVISTADOR: E VOCÊ ACHA QUE, SE ISSO CONTINUAR, DURANTE QUANTO TEMPO QUE VAI REALMENTE PREJUDICAR O ANDAMENTO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não é possível prever. É uma pergunta impossível de responder porque você não sabe a profundidade. O que tem acontecido nesses dois últimos fins de semana são coisas escandalosas. Quer dizer, o que aconteceu na imprensa sobre esses elementos dos salários, da quebra do sigilo fiscal dos salários dos diretores, e o que aconteceu sobre a quebra do segredo de justiça do Santarosa… Vale tudo! Você pode criar, recriar, realimentar, redefinir e tentar fazer escândalo. Felizmente, as pessoas começam a perceber que tem um monte de escândalo que não tem fundamento, tem muita espuma e não tem realidade.
ENTREVISTADOR: A PETROBRAS ESTÁ PREPARADA PARA UM VALE-TUDO TAMBÉM?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nós estamos preparados para um vale-tudo. Ainda não atacamos ninguém… Não atacamos ninguém ainda, só temos nos defendido.
ENTREVISTADOR: O QUE É UM VALE-TUDO PARA VOCÊ? VOCÊ FALOU EM 20, 30 PESSOAS ENVOLVIDAS NESSA HISTÓRIA, EXCLUSIVAMENTE, 24 HORAS, COM CPI, DAQUI, NÃO É?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não. Todo o país.
ENTREVISTADOR: MAS DA PETROBRAS.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: É.
ENTREVISTADOR: VOCÊS TAMBÉM CONTRATARAM OUTRA CONSULTORIA DE GERENCIAMENTO DE CRISE?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, o gerenciamento de crise nós estamos fazendo. Agora, temos outras companhias que estão dando apoio de assessoria de imprensa. A CDN que vocês falaram tanto.
ENTREVISTADOR: CDN E TEVE MAIS, NÃO É?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Toda empresa, em uma situação de crise, se fortalece nas relações com os públicos. Isso é padrão. Nós precisamos ter apoio porque é uma crise. Nós estamos tratando isso. Nós temos uma sistemática.
Nós temos um procedimento. Essa é uma empresa que tem procedimentos escritos, tem regras. Ela não pode ser diferente, porque, dado o tamanho dela, tem que ter tudo isso. E há procedimentos para crise. Há um comitê de crise permanente. E esse comitê de crise se amplia ou muda sua composição em função do tipo de crise. Mas tem pessoas que permanentemente, diariamente, fora da CPI, tratam de crise. Crise como um acidente aéreo que envolve nosso pessoal. Nós tratamos como uma crise. Um derramamento em um determinado momento. A gente trata isso como uma crise. O roubo de laptops, tratamos isso como uma crise. Uma greve dos trabalhadores da Petrobras, tratamos como uma crise. Um evento em que aconteça alguma coisa especial, nós tratamos como uma crise. Então isso é um procedimento. Esse procedimento foi acionado nessa crise. Só que essa crise é um pouco maior. Então, esse comitê de crise geralmente reproduz a estrutura que está relacionada com a crise. Como essa atinge todo mundo, tem gente de todas as áreas. Essas pessoas passam a se dedicar exclusivamente, naquele momento agudo da crise, a tratar do problema. E é assim que a gente funciona. Não é só nesta crise. É um procedimento padrão que nós temos em qualquer crise. E evidentemente que, dado o tamanho dessa Companhia e dado o tamanho dessa crise em particular, porque ela é ampla, geral, irrestrita e ilimitada, porque não se sabe de onde vem. Uma semana é mamona, outra semana é festa de São João. Na outra semana, é salário dos diretores. Na outra semana é caso dos aloprados. Ninguém sabe para onde vai.
ENTREVISTADOR: HOUVE ALGUMAS OPERAÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, eu vou falar exatamente dos cinco temas da CPI. Vamos ver o caso das águas profundas. O que foi o caso das águas profundas? O caso das águas profundas é uma ação do Ministério Público e da Polícia Federal com ampla participação da Petrobras desde o seu início. A Petrobras colaborou inteiramente com o processo desde o seu primeiro momento. Tanto que nós, internamente, levamos um tempo, em comum acordo com a Polícia Federal e o Ministério Público, para não tomar nenhuma providência para não afetar as investigações. Demitimos dois funcionários, suspendemos três. Então, isso está no âmbito da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça, em pleno andamento. O que a CPI vai contribuir para isso? Não sei. O segundo tema.
ENTREVISTADOR: CASTELO DE AREIA.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: O segundo tema, Castelo de Areia, é uma investigação que chega a uma empresa que participa de um consórcio da refinaria Abreu e Lima. Esse é um processo em que se identifica uma diferença de interpretação do que é custo unitário, como se mede custo de terraplanagem, se o custo de terraplanagem de uma refinaria pode ser usado como custo de terraplanagem de uma estrada. Como é que se medem excessos de profundidade e água. Presença de água. Solo expansível. Isso são discussões técnicas que estão em pleno andamento entre a Petrobras e o TCU. O terceiro tema da CPI é sobre um eventual aumento de custos de plataformas com o TCU. O que é isso? Ao nosso entendimento, interpretamos que isso se refere a ajustes cambiais realizados quando houve uma variação substantiva do câmbio brasileiro em 2004/2005.
ENTREVISTADOR: NÃO É TER UM ADITIVO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não é ter um aditivo, é referente a variações, revisões de condições econômicas em função da variação cambial, isso está em discussão com os técnicos do TCU desde 2007. Não tem nada novo. Isso é uma discussão que está lá desde 2007. O tema é extremamente excitante, mobilizador e emocionante, que é o tema do regime de caixa e regime de competência para como fazer o pagamento de imposto de renda sobre variações cambiais no exterior. É um tema que eu, pessoalmente, como economista, acho maravilhoso. Para fazer uma CPI para isso, eu acho uma coisa exótica, porém está lá como requerimento da CPI. No máximo seria uma discussão entre a Petrobras e a Receita Federal. E sequer isso existe, porque não fomos ainda intimados, porque a Receita Federal não pode nos intimar, porque a declaração que nós vamos fazer é em junho. As pessoas físicas fizeram a declaração de Imposto de Renda em março. As pessoas jurídicas vão fazer em junho. Portanto, só depois de junho que pode ter uma discussão com a Receita Federal. No entanto, a CPI está aí colocada como um tema, “manobra contábil”, “manobra fiscal”, que para nós é absolutamente ridículo esse tipo de acusação porque nós temos absolutamente certeza de que fizemos tudo absolutamente dentro das condições legais e das condições regimentais.
ENTREVISTADOR: E RETORNAR AO SISTEMA ANTIGO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Retornar ao sistema antigo, não. O que aconteceu? Nós usamos um crédito que nós tínhamos porque pagamos a mais. Nós não pagamos a menos, nós pagamos a mais. E usamos o que pagamos a mais para deixar de pagar durante três meses o que pagamos a mais. E como foi usado isso, esgotou-se o crédito e volta a se pagar. Não porque mudou de procedimento, mas porque o crédito acabou. Normal. Você, quando desconta seu Imposto de Renda, ou você paga seu imposto de renda ou você recebe devolução. Por que se recebe devolução? Porque você pagou durante o ano. Você tem um crédito. No Brasil, o imposto se paga de duas maneiras: ou com crédito fiscal que você já tem, ou com dinheiro que você vai pagar. Isso é regra brasileira.
ENTREVISTADOR: MAS NÃO TEM AQUELA HISTÓRIA DE VOCÊ TEM QUE DECIDIR PARA O ANO INTEIRO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: A regra é que você só pode fazer a mesma forma o ano inteiro. Se você altera, você tem que recalcular tudo, foi o que nós fizemos. Você tem que recalcular tudo até que você apresente a declaração do ano. Para pagar de uma forma só. Você não pode pagar durante um período de uma forma e durante outro período de outra. No ano, você tem que pagar de uma forma só. Por isso leva o crédito, exatamente por isso leva o crédito. Senão não tem nenhum crédito.
ENTREVISTADOR: NÃO HÁ AÍ TAMBÉM UMA RIXAZINHA DA RECEITA COM A PETROBRAS?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, a Receita, não poderia nem comentar sobre a Petrobras, porque seria também quebra de sigilo fiscal. A Petrobras é um contribuinte como outro qualquer. O tratamento que a Receita tem que dar à Petrobras é igual ao tratamento que ela dá às pessoas físicas e pessoas jurídicas em geral. Não pode ser diferente. O ponto final é uma coisa sobre festas juninas, ONGs e patrocínios. Eu acho que envolve um conjunto de preconceitos contra os nordestinos, que é escandaloso. A festa junina é uma festa que é mais importante, talvez para muitos do Nordeste, do que o carnaval.
ENTREVISTADOR: ENTÃO VAMOS FALAR DO CARNAVAL.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nós fizemos o carnaval também. Nossa presença no carnaval foi, em muitos momentos, criticada e estamos presentes. Estamos presentes não só na festa, mas na estrutura social, do apoio social das escolas de samba do Rio de Janeiro, das escolas de samba de São Paulo. Participamos de festas étnicas e de outras origens étnicas brasileiras. O mosaico da cultura brasileira, ser brasileiro, a relação da Petrobras com a brasilidade é uma coisa que é orgulho da Petrobras, não é uma vergonha. O critério para apoiar festa de São João é onde tem festa de São João tradicional. O fato de um jornal, a Folha de São Paulo, publicar: ‘Ah, mas vocês fizeram a festa para Sergipe e Bahia. E em Sergipe e Bahia, todos os dois governadores são governadores do PT.’ Só que o jornal esqueceu que nós começamos em 2005. E os dois governadores eram do PFL, do Democratas. Por que é na Bahia e em Sergipe? Porque, primeiro, tem festa de São João. Segundo, nesses dois estados há a maior presença a Petrobras no Nordeste.
ENTREVISTADOR: NÃO HÁ, ENTÃO, UMA ESCOLHA DE PREFEITURAS, UMA ESCOLHA PARTIDÁRIA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: É uma escolha de onde tem festa de São João. Neste caso, não sei o número exato, tem 11 prefeituras do PT. Mas não é porque as cidades têm São João que é prefeitura do PT. Coincidiu. Outras são do DEM, do PSDB, do PMDB, dos outros partidos. É só fazer a conta. São fatos. Entra no blog que está lá. O número está lá. É livre acesso.
ENTREVISTADOR: FALANDO NO BLOG, VOCÊ DIZ QUE A PETROBRAS ESTÁ PRONTA PARA COMPRAR UMA BRIGA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, não queremos comprar briga nenhuma. Nós estamos nos defendendo apenas.
ENTREVISTADOR: POR ENQUANTO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nós estamos nos defendendo. Vamos nos defender. Agora, o ataque faz parte da defesa também. Nós não temos ataque nenhum ainda.
ENTREVISTADOR: E QUANDO COMEÇA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Bom, não vamos nem queremos começar ataque nenhum. Não tem muito por quê. Nós estamos nos defendendo.
ENTREVISTADOR: O BLOG JÁ FOI UM ATAQUE…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: O blog é defesa. Blog é difusão de informação da Petrobras. É difusão de fatos e dados. É combate a distorções, é combate a interpretações equivocadas.
ENTREVISTADOR: VOCÊS VÃO MANTER O BLOG DEPOIS DA CPI?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Vamos manter o blog. Comecei uma nova seção que é “perguntas à imprensa”. Vamos começar cobrir matéria da imprensa também.
ENTREVISTADOR: COBRIR MATÉRIAS COMO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: É um veículo de comunicação.
ENTREVISTADOR: É UM BLOG COM CONTEÚDO JORNALÍSTICO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Com conteúdo jornalístico. É claro.
FONTE: Blog Fatos e Dados, da Petrobras, em 28/06/2009.
ENTREVISTADOR: ESSA SEMANA VAI (SER INSTALADA A CPI)?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não sei. Eu acho que o Congresso vai decidir o que fazer. Imagino que a dinâmica interna parlamentar vai determinar o que os congressistas vão decidir. Eu não tenho a menor opinião hoje nesse momento, sobre se vai instalar ou não vai instalar.
ENTREVISTADOR: VOCÊ AINDA TEM DÚVIDA SE VAI INSTALAR OU NÃO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Eu não sou senador. Eu sou presidente da Petrobras.
ENTREVISTADOR: MAS OLHA SÓ, VOCÊ PERCORREU OS GABINETES LÁ DO SENADO ANTES DA CRIAÇÃO DA CPI PARA TENTAR CONVENCER OS SENADORES DE QUE NÃO HAVIA NECESSIDADE, QUE VOCÊS PODERIAM PRESTAR OS ESCLARECIMENTOS. EU ME LEMBRO DISSO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nós continuamos com a mesma opinião.
ENTREVISTADOR: QUAL FOI A SUA SENSAÇÃO DAS CONVERSAS QUE VOCÊ TEVE COM OS PARLAMENTARES?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Os parlamentares concluíram que precisavam instalar a CPI, porque leram o pedido de instalação e ele foi lida no Senado. Portanto, do ponto de vista do ritual e do processual legislativo, ela está lida e ela vai ser instalada.
ENTREVISTADOR: EU SEI, MAS NA CONVERSA QUE VOCÊ TEVE VOCÊ SENTIA REALMENTE QUE HAVIA UMA DISPOSIÇÃO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Eu conversei com os senadores e alguns senadores achavam que não havia necessidade. Os senadores da oposição acharam que tinha que ter uma CPI. A nossa argumentação, muito explícita desde aquele momento, é que os temas que estão nos requerimentos estão sob investigação de órgãos competentes para fazer a investigação: a Polícia Federal, o Ministério Público, o TCU, a Receita Federal, os diversos órgãos de fiscalização da Companhia, e que, portanto, a investigação que a CPI poderia trazer, do ponto de vista legal, que é uma comissão de investigação de fatos determinados, ela provavelmente contribuiria muito pouco. O que poderia trazer problema é a criação de um clima nacional de denúncia para buscar denúncia para criar a possibilidade de investigar coisas que vão aparecer. Então, isso na língua portuguesa antiga chama-se “coscuvilhice”. E isso é que é o problema, porque a CPI, legalmente, tem que ser criada para fato determinado. E nós continuamos achando a mesma coisa. Evidentemente que nós não temos competência legal de dizer sim ou não à CPI. Nós temos que obedecer. Uma vez criada a CPI, nós temos que atender os requisitos da CPI. Ponto. Não tem alternativa para nós.
ENTREVISTADOR: AGORA, NESSE SENTIDO, ESTÃO SURGINDO HOJE UMAS REPORTAGENS SOBRE A HISTÓRIA DE REMUNERAÇÃO DOS DIRETORES.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Pois é, esse um exemplo, infelizmente até o Estadão entrou nessa matéria muito ridícula, porque ela é uma matéria que não tem fato novo nenhum, porque inclusive a divulgação disso é da nossa própria assembléia geral, que é pública. A informação refere-se à remuneração dos dirigentes da Companhia de forma bastante truncada, envolve um claro indício de crime de quebra de sigilo fiscal, porque, aparentemente, o repórter que fez a matéria para o Correio Braziliense obteve de forma fraudulenta informações fiscais que são protegidas pelo sigilo fiscal. Dessa maneira, portanto, de um lado ela é evidência de um crime. De outro lado, do ponto de vista dos valores, são bastante modestos comparados com empresas do mesmo tamanho. Se você compara, por exemplo, com a Petrobras… todos os dirigentes da Petrobras receberam R$ 7 milhões em 2007…
ENTREVISTADOR: R$ 7 MILHÕES?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: No ano de 2007, você teve R$ 7 milhões e 108 mil da autorização de pagamento para diretores e conselho da Petrobras.
ENTREVISTADOR: AH, TÁ. ISSO TODO MUNDO JUNTO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Todo mundo junto. R$ 7 milhões 108 mil para todo mundo junto (diretores e conselheiros). O Itaú teve R$ 244 milhões, o Bradesco R$ 170 milhões, o Unibanco R$ 153 milhões, a Gerdau R$ 59 milhões, Vale R$ 43 milhões, Sadia R$ 16 milhões, Perdigão R$ 14 milhões, Aracruz R$ 9 milhões, CSN R$ 9,5 milhões. Portanto, a Petrobras é a menor de todas. Então, do ponto de vista da comparação com empresas brasileiras, ela é a menor de todas. Se você comparar com as empresas internacionais, então, a Petrobras teve US$ 485 mil, a Exxon teve US$ 13,7 milhões, a BP US$ 4,2 milhões, Eni US$ 3,7 milhões, Total US$ 1,9 milhões.
ENTREVISTADOR: MAS O QUE EU VI ALI, DAQUELE QUESTIONAMENTO, NÃO É TANTO PELO VALOR, MAS PELO REAJUSTE.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Eu vou chegar lá. Primeiro o valor, o valor é pequeno. Como é que se chega a esse valor? O valor dos salários dos dirigentes da Petrobras, dos diretores da Petrobras, é o teto da remuneração da carreira da Petrobras. Nós ganhamos em torno de 10% acima do maior gerente, o presidente ganha em torno de 15% acima do maior gerente, e os diretores 10% acima do maior gerente.
Portanto, se você tem um salário que é baixo, para diretores e presidente, no que se refere à indústria, você achata toda a cadeia de salários da Companhia. Então, todo salário da Companhia é atrelado ao teto da Companhia, que é dado pelos diretores e pelo presidente. Consequentemente, você tem um achatamento. O que acontece com isso?
Você torna mais vulnerável os profissionais da Companhia às atrações de mercado. Como é que nós evitamos isso? Como é que nós deixamos de perder talentos? Nós temos a política de retenção de talentos. Essa política de retenção de talentos envolve uma carreira profissional de longo prazo, envolve treinamento, envolve condições de trabalho adequadas, envolve um compromisso, uma transferência de valores, de compromisso das pessoas, uma avaliação de condições de satisfação dos trabalhadores, e a história da Companhia. Os valores da Companhia, que faz com que ela seja uma Companhia em que as pessoas gostam de trabalhar. Mesmo ganhando menos, elas ficam na Companhia. Então esse é um problema. E um terceiro elemento importante é o reajuste. O reajuste dos salários dos diretores da Petrobras acompanhou o reajuste dos acordos coletivos dos trabalhadores, porque se ele é teto, acompanha os acordos coletivos.
ENTREVISTADOR: ENTÃO ESSA DESVINCULAÇÃO COM A INFLAÇÃO…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Essa desvinculação… Não tem nada a ver com a inflação. O reajuste dos trabalhadores da Petrobras não é relacionado com a inflação. Os trabalhadores da Petrobras tiveram um aumento real, sim, tiveram um aumento real nesses últimos anos. Não tem um aumento relativo à inflação. Então, houve um aumento real dos trabalhadores que ganharam inclusive, do ponto de vista da remuneração, em termos percentuais, mais do que os diretores. O reajuste dos empregados foi, se não me engano, de 62% e dos diretores, de 55%. Do ponto de vista do reajuste, não tem nada anormal e, particularmente, a partir de 2008, por decisão da assembléia, o salário dos diretores está congelado. O salário dos empregados vai depender do acordo coletivo. Mas o salário dos diretores está congelado.
ENTREVISTADOR: EU ME LEMBRO… FALAMOS DA CRISE…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Exatamente. Então nós estamos com os nossos salários congelados, a partir de 2008 para 2009. Os trabalhadores não têm congelamento, que vai depender da negociação do acordo coletivo, e até 2007 nós acompanhamos o aumento dos trabalhadores. Portanto, do ponto de vista do aumento, não tem nada que motive um escândalo. Do ponto de vista do valor, é muito abaixo do que o mercado paga.
Aliás, é sistemático, os gerentes da Petrobras, os maiores gerentes, o pessoal mais experiente da Petrobras ganha menos do que a média de mercado. Isso dá uma boa pauta, vou sugerir a vocês fazerem, qualquer empresa que acompanha o mercado, faça um estudo sobre isso. Existem estudos publicados mostrando a distribuição dos salários de pessoal equivalente a uma empresa como a Petrobras e, portanto é exclusivamente “coscuvilhice”. É tentativa de criar fofoca muitas vezes repetida para virar verdade.
ENTREVISTADOR: VOCÊS NÃO DIVULGAM O VALOR ABSOLUTO DE CADA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Individuais não.
ENTREVISTADOR: AGORA, NÃO SERIA MAIS CONVENIENTE DIVULGAR PELO MENOS O VALOR PAGO AOS CONSELHEIROS? PORQUE TEM MUITA GENTE ALI QUE É INDICADA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Eu vou pedir o salário total da diretoria do Estadão…. Total e individual. Por que tem que sempre individualizar o salário dessa gente?
ENTREVISTADOR: MAS EU DIGO DOS CONSELHEIROS QUE SÃO PESSOAS…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Os conselheiros recebem 10% do que os diretores recebem. A maior remuneração da Petrobras foi R$ 59 (mil). Faça a conta. Ele ganha 10%, nem de tudo, não é de R$ 59 (mil). Conselheiro não ganha PLR (participação nos lucros e resultados), conselheiro não tem 13º, conselheiro não tem férias. Então, com certeza, é relativamente muito pequeno para o tamanho da Petrobras, com o volume de decisões que se toma numa companhia dessas. Certo? São mais de 1.500 pautas por ano que a diretoria decide.
ENTREVISTADOR: GABRIELLI, TEM UMA DATA PARA INSTALAÇÃO DA CPI OU EU ESTOU ENGANADA? NÃO ERA DIA 30, DIA 30 AGORA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, não tem data. A data é uma decisão de acordo com os membros do Congresso.
ENTREVISTADOR: MAS O QUE ESTAVA CIRCULANDO É QUE SERIA ESSA SEMANA. NÃO É ISSO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Isso daí é um problema de acordos parlamentares que existem ou deixam de existir. A Petrobras está acompanhando isso de longe.
ENTREVISTADOR: VOCÊ ACHA QUE ESSES NOVOS TEMAS PODEM ENTRAR NA INVESTIGAÇÃO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Do ponto de vista legal, da nossa avaliação, não, porque são temas que não estão sendo pedidos na CPI. São temas que estão sendo criados. Há uma sistemática clara, se vocês observarem a imprensa, nos últimos meses, ela tem, no fim de semana, uma matéria bombástica de acusação contra a Petrobras. Na segunda-feira, uma suíte que reproduz essa matéria na boca de alguns parlamentares de oposição, pedindo para entrar na CPI. Isso é sistemático. Você pega toda semana, ou é O Globo, ou é o Estadão, ou é a Folha de S. Paulo, ou é uma revista, é sistemático. Nos últimos 6, 7, 8 meses.
ENTREVISTADOR: E VOCÊ FALOU A RESPEITO DESSA ÚLTIMA MATÉRIA QUE INDICAVA UM CRIME FISCAL?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nessa tem um crime fiscal. A empresa vai tomar providências, nosso jurídico está avaliando tomar providências do ponto de vista do que fazer. É evidente que como o crime de sigilo fiscal é um crime de ação pública, talvez nós tenhamos que representar ao Ministério Público. Nós estamos decidindo ainda o que fazer, mas já há um crime fiscal ali, assumido pelo repórter,…
ENTREVISTADOR: MAS CONTRA O REPÓRTER?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: É contra o repórter e contra o jornal.
ENTREVISTADOR: NÃO CONTRA A FONTE QUE PASSOU…?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: A fonte ele não revela. Nós não podemos. A matéria é assinada. A suíte que foi feita hoje pelo sr. Amauri Ribeiro Júnior repete esse crime, ele assume que houve uma quebra de sigilo fiscal, porque ele tem documentos enviados à Receita Federal. Está explícito, assinado, a matéria é assinada por ele. Ele está assumindo um crime. Não pode ficar impune uma coisa dessas.
ENTREVISTADOR: POR FALAR EM QUEBRA DE SIGILO, AGORA TAMBÉM, COM TODA ESSA QUESTÃO LEVANTADA EM TODA ESSA COBERTURA DE CPI, É A QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Esse é outro elemento…
ENTREVISTADOR: DO SANTAROSA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Esse é outro elemento absurdo do que está acontecendo, é outro tipo de situação absurda do que está acontecendo. Você tem uma investigação que ocorre em 2006. Essa investigação de 2006 para cá, ela continua em nível de sigilo jurídico, sigilo judicial, segredo de justiça. Nós não fomos intimados, quer dizer, nós e o Santarosa, diretamente, não fomos nunca intimados para falar. Nunca foi consultado, nunca houve nada diretamente em relação a ele. O jornal O Globo publica uma matéria cujo lead é uma imprecisão absoluta em termos do texto, se a quebra do sigilo refere-se ao período de 2006, ou se foi pedido em 2006… Não fica claro isso. Os nossos advogados procuram investigar lá, em Cuiabá, onde está esse pedido. Procuram identificar o processo. Não conseguem identificar. E O Globo continua publicando matéria sobre algo que ninguém consegue identificar. Só tem uma fonte, que é a fonte muito exclusiva do Globo, que é algo estranhíssimo.
ENTREVISTADOR: É UM PROCURADOR, NÃO É?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não sei se é um procurador. Porque o procurador, se ele divulgou isso, ele quebrou o sigilo fiscal. Se ele fez isso, ele quebrou o segredo de justiça. Não acredito que ele deve ter feito. Se ele fez, ele quebrou o segredo de justiça.
ENTREVISTADOR: O QUE JÁ INVALIDARIA O PROCESSO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: O que já invalidaria o processo. Então, consequentemente, algo estranho, algo muito estranho, que está acontecendo.
ENTREVISTADOR: MAS PREOCUPA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Que não é algo estranho no sentido de quem está interpretando que isso é apenas a criação de factóides. Coscuvilhices, mexericos.
ENTREVISTADOR: MAS PREOCUPA A QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO DE SANTAROSA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, a quebra de sigilo telefônico é uma decisão judicial que ocorre, e que pode ser feito. O problema não é a quebra do sigilo telefônico, se tem uma investigação, o problema não é esse. O ponto é: onde é que O Globo conseguiu a informação de que houve esse pedido? Quem passou essa informação para O Globo? Por que a essa informação só tem acesso O Globo? Por que essa informação é imediatamente reproduzida por alguns senadores de oposição? Será que tem algum esquema de criação de fatos? Artificiais? Não há dúvida.
ENTREVISTADOR: E O QUE VOCÊ ATRIBUI ESSE FATO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Atribuo a uma ideia de tentar viabilizar uma CPI que vai buscar o que investigar. Que não tem foco, que não sabe o que fazer.
ENTREVISTADOR: POR ISSO QUE VOCÊ ACHA QUE A CPI PODE NÃO SER INSTALADA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, eu não posso dizer que a CPI não vai ser instalada.
ENTREVISTADOR: MAS VOCÊ JÁ TEVE ALGUMA INDICAÇÃO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Eu não posso dizer. A CPI está lá para ser instalada. Se vai ser instalada ou não, é de âmbito interno do Parlamento.
ENTREVISTADOR: VOCÊ JÁ TEVE ALGUMA INDICAÇÃO DE QUE PODE NÃO OCORRER?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não posso, não tenho essa indicação, eu sou parte externa ao processo. Eu sou investigado enquanto presidente da Petrobras.
ENTREVISTADOR: A GENTE PODE VOLTAR UM POUQUINHO À PARTE DO SANTAROSA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Pode.
ENTREVISTADOR: É UMA PARTE ASSIM QUE PARECE QUE HÁ UMA MAIOR VULNERABILIDADE PARA TER PROBLEMAS.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, não há vulnerabilidade.
ENTREVISTADOR:…ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS… PRIMEIRO ME EXPLICA UMA COISA, POR QUE A ÁREA DELE, A GERÊNCIA. COMO É QUE EU CHAMO? NÃO É DIRETORIA.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Gerência Executiva de Comunicação Institucional.
ENTREVISTADOR: A GERÊNCIA EXECUTIVA DELE ESTÁ FORMADA POR INTEGRANTES DO PT…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, não é verdade. Não é verdade.
ENTREVISTADOR: É VERDADE, OS CINCO GERENTES, OS GERENTES, OS SUB-GERENTES, EU NÃO SEI COMO A GENTE PODE EXPLICAR. OS GERENTES REGIONAIS DELE SÃO TODOS LIGADOS AO PT E AO MOVIMENTO SINDICAL.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: A Petrobras tem 3 mil e tantos gerentes.
ENTREVISTADOR: ESTOU FALANDO DOS GERENTES REGIONAIS DA ÁREA DELE.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Quatro gerentes regionais.
ENTREVISTADOR: MAS TEM MAIS UM.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: A imprensa é subordinada ao Santarosa. A responsabilidade social é subordinada ao Santarosa. O patrocínio esportivo é subordinado ao Santarosa. O patrocínio cultural é subordinado ao Santarosa. Propaganda e publicidade é subordinada ao Santarosa. O planejamento de gestão da área publicitária é subordinado ao Santarosa. Então não é verdade o que vocês estão fazendo. Vocês estão pegando gerentes regionais que têm histórias sindicais absolutamente legítimas, profissionais de longo tempo da Companhia.
ENTREVISTADOR: NA ÁREA DE COMUNICAÇÃO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Na área de responsabilidade social tem. Na área de articulação com a comunidade. Na área de vinculação institucional com o poder público, na área de relação com a comunicação interna. Inclusive por terem sido sindicalistas eles têm essas relações. Por terem sido sindicalistas, é positivo. Não é negativo terem sido sindicalistas, não é uma coisa ruim ter sido sindicalista, isso é uma coisa positiva. Então, portanto, não se pode ter uma conotação negativa porque nós temos sindicalistas na Companhia. Primeiro, nós não temos só sindicalistas, segundo que ter sindicalistas não é uma coisa ruim, é bom.
ENTREVISTADOR: NÃO É DISSO QUE A GENTE ESTÁ FALANDO. A GENTE ESTÁ FALANDO DA COINCIDÊNCIA, DA CÚPULA DESSA ÁREA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não é verdade…
ENTREVISTADOR:…ESTAR LIGADA AO PT.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Isso não é verdade… Isso factualmente não é verdade.
ENTREVISTADOR: ENTÃO ESSES CARGOS TODOS SÃO ESCOLHIDOS PELO PRÓPRIO SANTAROSA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Sim, é evidente que ele tem que escolher as pessoas em quem ele confia. Qual é o problema? Não é verdade que o critério de composição das gerências de Comunicação Institucional seja critério partidário e sindical, não é verdade, os números mostram isso. A Comunicação Institucional não trata apenas de jornalismo, ela envolve toda responsabilidade social da Companhia, o que significa os milhares de projetos que temos com as comunidades que se relacionam conosco.
Temos quatro linhas de atuação para responsabilidade social. A primeira linha é a geração de oportunidades de emprego e renda, em que temos vários projetos. Nós temos uma linha que é criança e adolescente: combate ao trabalho infantil, combate à exploração sexual da criança e do adolescente. Nós temos a linha que é de montagem de redes sociais, de relacionamentos sociais. Nós temos um programa que é reconhecido como um benchmark mundial de patrocínio à responsabilidade social, que é o Programa Petrobras de Desenvolvimento e Cidadania. Nós desenvolvemos tecnologias de avaliação de projetos sociais que são benchmark mundiais. Nós somos reconhecidos pelo Pacto Global, pelo Global Report Initiative e por várias instituições internacionais como excelência na gestão de responsabilidade social. O nosso relatório de responsabilidade social que, por sinal, vai ser divulgado o do último ano segunda-feira (29/6), é padrão internacional de relatórios de responsabilidade social. Então, nós temos orgulho da nossa responsabilidade social, e não vergonha.
ENTREVISTADOR: MAS A VAGA NÃO DEVERIA SER PREENCHIDA POR ALGUÉM QUE ESTIVESSE GALGANDO OS DEGRAUS…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: E é. A responsabilidade social envolve milhares de projetos. Milhares de projetos. Portanto precisa ter controle, sucessão…
ENTREVISTADOR: ENTÃO O QUE EU QUIS DIZER, GABRIELLI, DAQUELES PROJETOS TODOS QUE APARECERAM, QUE ESTÃO FALANDO DE COISAS QUE SÃO PUBLICADAS, INFUNDADAS. E AQUELAS OBRAS QUE RECEBERAM DINHEIRO DA PETROBRAS? SE FOI LÁ PROCURAR A ONG E NÃO TINHA ONG NENHUMA.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não é verdade! Esse fato aí é outro, pegaram uma foto! Eu vou pedir para mandar para você a foto verdadeira. Vamos pegar a foto. Esse caso particular dessa ONG aqui do Rio de Janeiro é uma outra fabricação falsa! Pode-se evidenciar isso claramente. A gente não tinha o blog antes para desfazer. Hoje a gente já tem, que é para fazer esse tipo de combate. É exatamente mostrar o seguinte: o repórter pegou uma foto de um lugar que não era onde está funcionando o projeto e publicou como se fosse!
ENTREVISTADOR: NÃO FOI O ESTADÃO, O ESTADÃO NÃO É FEITO AQUI NO RIO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, foi O Globo! O Globo!
ENTREVISTADOR: É, MAS O ESTADÃO TAMBÉM FOI PROCURAR O PROJETO…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: O Ifas que é o caso do Estadão, é um processo que nós tomamos iniciativa de processar. Nós tomamos a iniciativa. Porque, evidentemente, se eu tenho milhares de projetos, nem todos vão performar…
ENTREVISTADOR: ANTES OU DEPOIS?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Antes! Antes dos jornais, nós tomamos a iniciativa! Antes dos jornais!
ENTREVISTADOR: AGORA, UMA COISA QUE EU NÃO ENTENDO É QUANDO VOCÊ FALA ASSIM: A PETROBRAS TEM 240 MIL CONTRATOS. NÃO PODEMOS DIZER QUE TODOS SÃO CORRETOS. COMO A PETROBRAS NÃO PODE DIZER QUE TODOS OS 240…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não posso. Porque em 240 mil contratos, você tem que garantir que todos os 240 mil contratos devem ter seguido uma sistemática. Agora, por isso você tem a sistemática, você tem a auditoria, você tem corregedoria, você tem avaliação posterior, você tem segurança empresarial, você tem avaliação externa, você tem investigações particulares de evidência. Porque isso significa que é um sistema muito grande, que você tem que fazer com que o sistema esteja funcionando. Agora, nada é perfeito. Você tem que, encontrando as imperfeições, corrigir as imperfeições. Você precisa corrigir as imperfeições.
ENTREVISTADOR: SE SÃO 240 MIL E SÃO MUITOS…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Quanto a gente gasta em sistemas? Quanto a gente gasta em auditorias? Quanto a gente gasta em controle da informação interna? Quanto a gente gasta em contabilidade? Quanto a gente gasta em avaliação direta do projeto? Quanto a gente gasta em supervisão de atividades? Quanto a gente gasta em treinamento? Isso são milhões e milhões e milhões de dólares.
ENTREVISTADOR: COMO É QUE A PETROBRAS ESTÁ SE PREPARANDO PARA ESSA SEMANA SE A CPI FOR INSTALADA? QUAL A ESTRATÉGIA DA EMPRESA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: A Petrobras está pronta para responder todos os temas do requerimento. Todos os temas do requerimento. Nós não temos problema nenhum. Se quiser eu posso passar um por um deles para você ver.
ENTREVISTADOR: QUANTAS PESSOAS ESTÃO ENVOLVIDAS ESPECIFICAMENTE DA PETROBRAS?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Especificamente da Petrobras, em tempo integral, eu acho que nós devemos ter umas 20, 30 pessoas só, mas a empresa está toda mobilizada. Por acaso eu pedi, antes de vocês chegarem, pedi quantas pautas… a imprensa tem nos dado um trabalho bastante razoável. De 19 de maio a 29 de maio, nós tivemos 53 pedidos de pauta. De 1° de junho a 26 de junho, 108 pedidos de pauta. Certo? 108 pedidos de pauta. Perguntas, nós tivemos 121 perguntas de 19 de maio, e 146 agora. Cada pergunta dessas, você mobiliza 30, 40, 50 pessoas. A pergunta vai até a ponta.
ENTREVISTADOR: VAI PEGAR TAMBÉM A DEMANDA QUE TEVE QUANDO VOCÊS ANUNCIARAM O PRÉ-SAL. ISSO ACONTECE…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Tudo bem, eu não estou me queixando. Eu estou dizendo, eu estou dando a dimensão da mobilização que tem internamente. Você tem que pegar o gerente e parar. Isso aqui é só para a imprensa. Aí eu pego todo o meu setor de orçamento, todos os engenheiros de orçamento para responder ao TCU. Porque tem que responder. Então para de fazer os orçamentos para os projetos e vai fazer respostas ao TCU.
ENTREVISTADOR: NESSE CASO JÁ?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Porque quando intensifica a questão, você tem que responder. Você tem que botar o pessoal para trabalhar. Eu tenho hoje dificuldade de constituir comissões de licitação. Porque o cara não ganha mais para fazer parte da comissão de licitação, só sabe que pode ter um problema com o TCU. Então, ele vai se recusar a participar da comissão de licitação.
ENTREVISTADOR: POR QUÊ? E VOCÊ ACHA QUE O TCU TEM ALGUMA COISA DIRIGIDA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, não é nada dirigido. É porque há compreensões diferentes sobre o que é um processo licitatório da Petrobras. Isso é uma grande diferença entre a (lei) 8.666 e (o decreto) 2.745. Por que que essa diferença? Porque a Lei 9.478, que é a lei do petróleo, que é a lei que acabou com o monopólio estatal do petróleo da Petrobras. A Petrobras, pela lei 2004, era a executora do monopólio estatal da União. O monopólio estatal da União continua em vigor porque é constitucional. Porém, a Lei 9.478 acabou com a lei 2004. Então, ao acabar com essa lei 2004, essa nova 9.478, que é uma lei assinada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, essa lei dizia o seguinte: a Petrobras tem que competir, em condições iguais às de outras empresas. Então, se ela tem que competir em condições iguais às de outras empresas, ela não pode seguir as mesmas normas do setor público. Porque o setor público não compete com as outras empresas. Então, a lei diz, no artigo 65, que tem um decreto que vai dizer quais são as regras para licitação da Petrobras. Esse decreto é o decreto 2.745. Esse decreto foi assinado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 98. E esse decreto, portanto, é o que a lei manda que seja aplicado à Petrobras. Esse decreto, a AGU – Advocacia Geral da União – disse que a Petrobras tem que cumprir. E o TCU acha que nós não temos que cumprir esse decreto, tem que cumprir a 8.666. Toda vez que a gente recorreu a STF, o STF ainda não decidiu nenhuma decisão sobre o mérito, mas todas as decisões liminares do STF são de que cumpra o 2.745. Então esse é um conflito que envolve grande parte do nosso problema com o TCU. E é um problema que nós não temos como resolver.
ENTREVISTADOR: POR QUE NÃO CHEGOU AO MÉRITO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Bom, isso é pergunta para o STF. Eu não vou me posicionar sobre o STF. O STF tem o seu ritmo.
ENTREVISTADOR: TEM UM BOCADO DE LIMINARES, IMAGINO…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Temos várias liminares, várias liminares.
ENTREVISTADOR: AGORA VOCÊ TEM QUE FAZER UMA MOBILIZAÇÃO TODA PELA CPI, PELO TCU, ISSO DE ALGUMA FORMA ESTÁ IMPACTANDO JÁ O ANDAMENTO DE NEGÓCIOS, RENOVAÇÕES DE CONTRATOS? EU OUVI DIZER QUE HOUVE UMA EMPRESA FALANDO QUE NÃO TEM CONSEGUIDO RENOVAR O CONTRATO COM A EMPRESA.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nós estamos diminuindo o ritmo, eu diria. Nesse momento, já começou a impactar ritmo de algumas coisas porque tem gente que não pode, por exemplo, fechar orçamento porque está tratando de outras coisas. Não é ainda significativo.
ENTREVISTADOR: COMO É QUE A GENTE DIMENSIONA ISSO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não tem como dimensionar claramente, mas, se eu tenho, por exemplo, um setor de orçamentos, que trabalha fazendo orçamentos e tem prazos para fazer orçamentos. Orçamento interno, nosso, que é fundamental para que nós possamos fazer licitação, porque nós temos que comparar o preço que vem de fora com o nosso orçamento. Então, se eu levaria um tempo para fazer orçamento, devo levar agora um tempo ‘x’ mais alguma coisa porque os nossos técnicos também estão voltados para responder problemas internos, o tempo aumenta. Então isso tem um impacto. Esse tipo de impacto é possível. Se eu tenho dificuldade para constituir comissões de licitação, isso passa também a ter um impacto. Porque eu levaria um tempo para fazer uma comissão de licitação e agora eu vou levar um outro tempo ou treinar pessoas novas, etc., para fazer comissões de licitação. E quando a gente fala nisso, a gente está falando em milhares de coisas, não são uma ou duas. São milhares! Milhares, literalmente milhares!
ENTREVISTADOR: E VOCÊ ACHA QUE, SE ISSO CONTINUAR, DURANTE QUANTO TEMPO QUE VAI REALMENTE PREJUDICAR O ANDAMENTO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não é possível prever. É uma pergunta impossível de responder porque você não sabe a profundidade. O que tem acontecido nesses dois últimos fins de semana são coisas escandalosas. Quer dizer, o que aconteceu na imprensa sobre esses elementos dos salários, da quebra do sigilo fiscal dos salários dos diretores, e o que aconteceu sobre a quebra do segredo de justiça do Santarosa… Vale tudo! Você pode criar, recriar, realimentar, redefinir e tentar fazer escândalo. Felizmente, as pessoas começam a perceber que tem um monte de escândalo que não tem fundamento, tem muita espuma e não tem realidade.
ENTREVISTADOR: A PETROBRAS ESTÁ PREPARADA PARA UM VALE-TUDO TAMBÉM?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nós estamos preparados para um vale-tudo. Ainda não atacamos ninguém… Não atacamos ninguém ainda, só temos nos defendido.
ENTREVISTADOR: O QUE É UM VALE-TUDO PARA VOCÊ? VOCÊ FALOU EM 20, 30 PESSOAS ENVOLVIDAS NESSA HISTÓRIA, EXCLUSIVAMENTE, 24 HORAS, COM CPI, DAQUI, NÃO É?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não. Todo o país.
ENTREVISTADOR: MAS DA PETROBRAS.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: É.
ENTREVISTADOR: VOCÊS TAMBÉM CONTRATARAM OUTRA CONSULTORIA DE GERENCIAMENTO DE CRISE?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, o gerenciamento de crise nós estamos fazendo. Agora, temos outras companhias que estão dando apoio de assessoria de imprensa. A CDN que vocês falaram tanto.
ENTREVISTADOR: CDN E TEVE MAIS, NÃO É?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Toda empresa, em uma situação de crise, se fortalece nas relações com os públicos. Isso é padrão. Nós precisamos ter apoio porque é uma crise. Nós estamos tratando isso. Nós temos uma sistemática.
Nós temos um procedimento. Essa é uma empresa que tem procedimentos escritos, tem regras. Ela não pode ser diferente, porque, dado o tamanho dela, tem que ter tudo isso. E há procedimentos para crise. Há um comitê de crise permanente. E esse comitê de crise se amplia ou muda sua composição em função do tipo de crise. Mas tem pessoas que permanentemente, diariamente, fora da CPI, tratam de crise. Crise como um acidente aéreo que envolve nosso pessoal. Nós tratamos como uma crise. Um derramamento em um determinado momento. A gente trata isso como uma crise. O roubo de laptops, tratamos isso como uma crise. Uma greve dos trabalhadores da Petrobras, tratamos como uma crise. Um evento em que aconteça alguma coisa especial, nós tratamos como uma crise. Então isso é um procedimento. Esse procedimento foi acionado nessa crise. Só que essa crise é um pouco maior. Então, esse comitê de crise geralmente reproduz a estrutura que está relacionada com a crise. Como essa atinge todo mundo, tem gente de todas as áreas. Essas pessoas passam a se dedicar exclusivamente, naquele momento agudo da crise, a tratar do problema. E é assim que a gente funciona. Não é só nesta crise. É um procedimento padrão que nós temos em qualquer crise. E evidentemente que, dado o tamanho dessa Companhia e dado o tamanho dessa crise em particular, porque ela é ampla, geral, irrestrita e ilimitada, porque não se sabe de onde vem. Uma semana é mamona, outra semana é festa de São João. Na outra semana, é salário dos diretores. Na outra semana é caso dos aloprados. Ninguém sabe para onde vai.
ENTREVISTADOR: HOUVE ALGUMAS OPERAÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, eu vou falar exatamente dos cinco temas da CPI. Vamos ver o caso das águas profundas. O que foi o caso das águas profundas? O caso das águas profundas é uma ação do Ministério Público e da Polícia Federal com ampla participação da Petrobras desde o seu início. A Petrobras colaborou inteiramente com o processo desde o seu primeiro momento. Tanto que nós, internamente, levamos um tempo, em comum acordo com a Polícia Federal e o Ministério Público, para não tomar nenhuma providência para não afetar as investigações. Demitimos dois funcionários, suspendemos três. Então, isso está no âmbito da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça, em pleno andamento. O que a CPI vai contribuir para isso? Não sei. O segundo tema.
ENTREVISTADOR: CASTELO DE AREIA.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: O segundo tema, Castelo de Areia, é uma investigação que chega a uma empresa que participa de um consórcio da refinaria Abreu e Lima. Esse é um processo em que se identifica uma diferença de interpretação do que é custo unitário, como se mede custo de terraplanagem, se o custo de terraplanagem de uma refinaria pode ser usado como custo de terraplanagem de uma estrada. Como é que se medem excessos de profundidade e água. Presença de água. Solo expansível. Isso são discussões técnicas que estão em pleno andamento entre a Petrobras e o TCU. O terceiro tema da CPI é sobre um eventual aumento de custos de plataformas com o TCU. O que é isso? Ao nosso entendimento, interpretamos que isso se refere a ajustes cambiais realizados quando houve uma variação substantiva do câmbio brasileiro em 2004/2005.
ENTREVISTADOR: NÃO É TER UM ADITIVO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não é ter um aditivo, é referente a variações, revisões de condições econômicas em função da variação cambial, isso está em discussão com os técnicos do TCU desde 2007. Não tem nada novo. Isso é uma discussão que está lá desde 2007. O tema é extremamente excitante, mobilizador e emocionante, que é o tema do regime de caixa e regime de competência para como fazer o pagamento de imposto de renda sobre variações cambiais no exterior. É um tema que eu, pessoalmente, como economista, acho maravilhoso. Para fazer uma CPI para isso, eu acho uma coisa exótica, porém está lá como requerimento da CPI. No máximo seria uma discussão entre a Petrobras e a Receita Federal. E sequer isso existe, porque não fomos ainda intimados, porque a Receita Federal não pode nos intimar, porque a declaração que nós vamos fazer é em junho. As pessoas físicas fizeram a declaração de Imposto de Renda em março. As pessoas jurídicas vão fazer em junho. Portanto, só depois de junho que pode ter uma discussão com a Receita Federal. No entanto, a CPI está aí colocada como um tema, “manobra contábil”, “manobra fiscal”, que para nós é absolutamente ridículo esse tipo de acusação porque nós temos absolutamente certeza de que fizemos tudo absolutamente dentro das condições legais e das condições regimentais.
ENTREVISTADOR: E RETORNAR AO SISTEMA ANTIGO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Retornar ao sistema antigo, não. O que aconteceu? Nós usamos um crédito que nós tínhamos porque pagamos a mais. Nós não pagamos a menos, nós pagamos a mais. E usamos o que pagamos a mais para deixar de pagar durante três meses o que pagamos a mais. E como foi usado isso, esgotou-se o crédito e volta a se pagar. Não porque mudou de procedimento, mas porque o crédito acabou. Normal. Você, quando desconta seu Imposto de Renda, ou você paga seu imposto de renda ou você recebe devolução. Por que se recebe devolução? Porque você pagou durante o ano. Você tem um crédito. No Brasil, o imposto se paga de duas maneiras: ou com crédito fiscal que você já tem, ou com dinheiro que você vai pagar. Isso é regra brasileira.
ENTREVISTADOR: MAS NÃO TEM AQUELA HISTÓRIA DE VOCÊ TEM QUE DECIDIR PARA O ANO INTEIRO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: A regra é que você só pode fazer a mesma forma o ano inteiro. Se você altera, você tem que recalcular tudo, foi o que nós fizemos. Você tem que recalcular tudo até que você apresente a declaração do ano. Para pagar de uma forma só. Você não pode pagar durante um período de uma forma e durante outro período de outra. No ano, você tem que pagar de uma forma só. Por isso leva o crédito, exatamente por isso leva o crédito. Senão não tem nenhum crédito.
ENTREVISTADOR: NÃO HÁ AÍ TAMBÉM UMA RIXAZINHA DA RECEITA COM A PETROBRAS?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, a Receita, não poderia nem comentar sobre a Petrobras, porque seria também quebra de sigilo fiscal. A Petrobras é um contribuinte como outro qualquer. O tratamento que a Receita tem que dar à Petrobras é igual ao tratamento que ela dá às pessoas físicas e pessoas jurídicas em geral. Não pode ser diferente. O ponto final é uma coisa sobre festas juninas, ONGs e patrocínios. Eu acho que envolve um conjunto de preconceitos contra os nordestinos, que é escandaloso. A festa junina é uma festa que é mais importante, talvez para muitos do Nordeste, do que o carnaval.
ENTREVISTADOR: ENTÃO VAMOS FALAR DO CARNAVAL.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nós fizemos o carnaval também. Nossa presença no carnaval foi, em muitos momentos, criticada e estamos presentes. Estamos presentes não só na festa, mas na estrutura social, do apoio social das escolas de samba do Rio de Janeiro, das escolas de samba de São Paulo. Participamos de festas étnicas e de outras origens étnicas brasileiras. O mosaico da cultura brasileira, ser brasileiro, a relação da Petrobras com a brasilidade é uma coisa que é orgulho da Petrobras, não é uma vergonha. O critério para apoiar festa de São João é onde tem festa de São João tradicional. O fato de um jornal, a Folha de São Paulo, publicar: ‘Ah, mas vocês fizeram a festa para Sergipe e Bahia. E em Sergipe e Bahia, todos os dois governadores são governadores do PT.’ Só que o jornal esqueceu que nós começamos em 2005. E os dois governadores eram do PFL, do Democratas. Por que é na Bahia e em Sergipe? Porque, primeiro, tem festa de São João. Segundo, nesses dois estados há a maior presença a Petrobras no Nordeste.
ENTREVISTADOR: NÃO HÁ, ENTÃO, UMA ESCOLHA DE PREFEITURAS, UMA ESCOLHA PARTIDÁRIA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: É uma escolha de onde tem festa de São João. Neste caso, não sei o número exato, tem 11 prefeituras do PT. Mas não é porque as cidades têm São João que é prefeitura do PT. Coincidiu. Outras são do DEM, do PSDB, do PMDB, dos outros partidos. É só fazer a conta. São fatos. Entra no blog que está lá. O número está lá. É livre acesso.
ENTREVISTADOR: FALANDO NO BLOG, VOCÊ DIZ QUE A PETROBRAS ESTÁ PRONTA PARA COMPRAR UMA BRIGA…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Não, não queremos comprar briga nenhuma. Nós estamos nos defendendo apenas.
ENTREVISTADOR: POR ENQUANTO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Nós estamos nos defendendo. Vamos nos defender. Agora, o ataque faz parte da defesa também. Nós não temos ataque nenhum ainda.
ENTREVISTADOR: E QUANDO COMEÇA?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Bom, não vamos nem queremos começar ataque nenhum. Não tem muito por quê. Nós estamos nos defendendo.
ENTREVISTADOR: O BLOG JÁ FOI UM ATAQUE…
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: O blog é defesa. Blog é difusão de informação da Petrobras. É difusão de fatos e dados. É combate a distorções, é combate a interpretações equivocadas.
ENTREVISTADOR: VOCÊS VÃO MANTER O BLOG DEPOIS DA CPI?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Vamos manter o blog. Comecei uma nova seção que é “perguntas à imprensa”. Vamos começar cobrir matéria da imprensa também.
ENTREVISTADOR: COBRIR MATÉRIAS COMO?
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: É um veículo de comunicação.
ENTREVISTADOR: É UM BLOG COM CONTEÚDO JORNALÍSTICO.
JOSÉ SERGIO GABRIELLI: Com conteúdo jornalístico. É claro.
FONTE: Blog Fatos e Dados, da Petrobras, em 28/06/2009.
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