Li hoje esse bom artigo de Eliakim Araújo no site “Direto da Redação”:
BERLUSCONI E O ÓDIO AOS IMIGRANTES
“Foram os assessores do presidente George Bush que resolveram escancarar o que todo mundo já sabia. Distribuíram entre os membros da comitiva presidencial – inclusive os jornalistas - que participou da última reunião do G-8, no Japão, um dossiê com informações biográficas dos chefes de estado presentes ao encontro.
O Primeiro-Ministro da Itália, Silvio Berlusconi, foi contemplado com esta jóia: “trata-se de um dos mais controvertidos líderes de um país conhecido por sua corrupção governamental e vícios”. E mais adiante: “um empresário com grandes propriedades e influência nos meios de comunicação internacionais, considerado por muitos como um diletante político que só chegou ao cargo por meio de sua considerável influência na mídia nacional”.
Isso é o que se pode chamar de uma monumental gafe diplomática, não pelo conteúdo, mas por ter sido divulgada oficialmente pela Casa Branca. O resto da história todo mundo sabe. O governo norteamericano teve que pedir desculpas oficiais a Berlusconi e ao povo italiano, atingido em cheio pela incompetência dos assessores de Bush.
Mas, na verdade, os dados biográficos distribuídos são até modestos em relação a Berlusconi e à sua presença na vida italiana nas últimas décadas. Berlusconi está em seu terceiro mandato e isso só se explica pelo seu poder empresarial. Ele é dono de vários canais de televisão, jornais, revistas, banco, companhias imobiliárias e de seguros, é dono do Milan, enfim – e para resumir - é a trigésima-sétima maior fortuna do mundo, segundo a revista Forbes.
No Brasil, costumavam comparar Roberto Marinho a ele, em termos de poder e fortuna. O Doutor Roberto felizmente não enveredou pelo caminho da política. Se o tivesse feito, que força ou quem poderia detê-lo? Com o poder conquistado durante o período dos governos militares, Marinho tornou-se o homem mais poderoso do Brasil. Mas preferiu agir sempre na sombra, usando sua influência em favor do candidato que lesse pela sua cartilha.
Mas isso é outra história. O objetivo da coluna é mostrar que Berlusconi é um politico perigoso que não mede esforços para conseguir seus objetivos, mesmo que tenha que passar por cima da lei ou adaptá-la a seus interesses pessoais. No dia 22 último, ele conseguiu a aprovação de uma lei de imunidade que isenta de qualquer processo penal, durante o tempo em que exercerem seus mandatos, o primeiro-ministro, o presidente da república, o presidente da câmara dos deputados e o presidente do Senado. Com isso, Berlusconi se livra de processos de corrupção que correm contra ele na justiça. Uma lei injustificável e imoral, como declara a oposição que vai tentar derrubá-la através de um plebiscito. Mas precisa de 500 mil assinaturas.
Mas não é só isso. Berlusconi é considerado hoje o maior caçador de imigrantes indocumentados, a ponto da própria União Européia pedir moderação ao governo italiano. Ele acaba de declarar estado de emergência nacional contra os imigrantes e conseguiu que o Congresso aprovasse um pacote de segurança que prevê a entrada do exército no combate direto aos imigrantes. A partir de segunda-feira, 3 mil homens estarão ocupando pontos estratégicos nas principais cidades do país, como embaixadas e consulados, prédios públicos e centro de proteção a imigrantes. Eles usarão armas e terão poderes para prender. As entidades de direitos humanos estão atentas, já denunciaram que as ações da polícia têm sido extremamente violentas na repressão à imigração ilegal.
Mas a polícia e o exército têm as costas quentes pois contam a proteção de um “controvertido líder de um país conhecido por sua corrupção governamental e vícios”.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
NYT HOJE: “BRASIL VIVE ONDA DE CRESCIMENTO ENQUANTO ECONOMIAS MAIORES SOFREM”
O jornal norte-americano “The New York Times”, em reportagem de Alexei Barrionuevo e Mery Galanternick, com tradução de George El Khouri Andolfato, publicou hoje (li no UOL) essa notícia positiva sobre as melhoras significativas que o Brasil vem apresentando em diversos setores nos últimos anos::
“Desesperada para escapar de sua existência precária em uma das regiões mais pobres do Brasil, Maria Benedita Sousa fez uso de um pequeno empréstimo há cinco anos para comprar máquinas de costura e iniciar seu próprio negócio, produzindo roupa íntima feminina.
Hoje, Sousa, uma mãe de três que antes trabalhava em uma fábrica de jeans ganhando salário mínimo, emprega 25 pessoas em uma fábrica modesta de duas salas, que produz 55 mil conjuntos de roupas íntimas de algodão por mês. Ela comprou e reformou uma casa para sua família e agora está pensando em comprar um segundo carro. A filha dela, que está estudando para ser farmacêutica, poderá ser a primeira pessoa na família a concluir um curso superior.
"Você não pode imaginar a felicidade que estou sentindo", disse Sousa, 43 anos, em sua fábrica, Big Mateus, que leva o nome de seu filho. "Eu sou uma pessoa que veio do interior para a cidade. Eu lutei e lutei, e hoje meus filhos estão estudando. Uma na faculdade e dois outros na escola. É um presente de Deus."
Hoje o país dela está se erguendo da mesma forma. O Brasil, a maior economia da América do Sul, está finalmente em posição de realizar seu há muito esperado potencial como potência econômica global, dizem os economistas, enquanto o país vive sua maior expansão econômica em três décadas.
Este crescimento está sendo sentido em quase todas as partes da economia, criando uma nova classe de super-ricos, enquanto pessoas como Sousa ascendem a uma crescente classe média.
Ele também concede ao Brasil uma nova imponência, lhe dando, por exemplo, maior força para negociar os termos com os Estados Unidos e a Europa nas negociações de comércio global. Após sete anos, estas negociações finalmente fracassaram nesta semana, por causa das exigências da Índia e da China de salvaguardas para seus produtores rurais, um sinal claro da força crescente destas economias emergentes.
Apesar dos temores dos investidores com a inclinação esquerdista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando foi eleito em 2002, ele demonstrou um toque leve na condução da economia, evitando os impulsos populistas dos líderes da Venezuela e da Bolívia.
Em vez disso, ele alimentou o crescimento do Brasil por meio de uma combinação hábil de respeito pelos mercados financeiros e programas sociais direcionados, que estão retirando milhões da pobreza, disse David Fleischer, um analista político e professor emérito da Universidade de Brasília. Sousa é uma dessas beneficiárias.
Conhecido há muito tempo por sua distribuição desigual de riqueza, o Brasil reduziu sua desigualdade de renda em 6% desde 2001, mais do que qualquer outro país na América do Sul nesta década, disse Francisco Ferreira, um importante economista do Banco Mundial.
Enquanto os 10% que mais ganham no Brasil viram sua renda cumulativa crescer 7% de 2001 a 2006, os 10% que menos ganham viram sua renda subir 58%, disse Marcelo Cortes Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
Mas o Brasil também está gastando mais do que seus vizinhos latino-americanos em programas sociais, e os gastos públicos em geral continuam quase quatro vezes mais altos que os do México como percentual de seu produto interno bruto, disse Ferreira.
Ainda assim, o impulso de sua expansão econômica deverá durar. Enquanto os Estados Unidos e partes da Europa enfrentam recessão e as conseqüências da crise imobiliária, a economia do Brasil exibe poucas das vulnerabilidades de outras potências emergentes.
Ele diversificou enormemente sua base industrial, tem imenso potencial de expandir um setor agrícola que passa por boom e dispõe de tremendos recursos naturais inexplorados. Novas descobertas de petróleo colocarão o Brasil ao lado das potências globais de petróleo na próxima década.
Mas, apesar das exportações de commodities como petróleo e produtos agrícolas terem impulsionado grande parte de seu crescimento recente, o Brasil está cada vez menos dependente deles, dizem os economistas, ao dispor da vantagem de um imenso mercado doméstico - 185 milhões de pessoas - que está se tornando mais próspero com o sucesso de pessoas como Sousa.
Na verdade, com uma moeda mais forte e a inflação em grande parte sob controle, os brasileiros estão em uma onda de gastos que se tornou o principal motor da economia, que cresceu 5,4% no ano passado.
Eles estão comprando tanto bens brasileiros quanto um crescente número de produtos importados. Muitos empresários relaxaram seus termos de crédito para permitir que os brasileiros paguem por refrigeradores, carros e até mesmo cirurgia plástica de forma parcelada em anos, e não em meses, apesar de taxas de juros entre as mais altas do mundo. Em junho, o país atingiu a marca de 100 milhões de cartões de crédito emitidos, um salto de 17% em comparação ao ano passado.
Nas Casas Bahia, uma rede brasileira de lojas de móveis populares, o número de clientes comprando itens a prestação quase triplicou, para 29,3 milhões de 2002 a 2007, disse Sônia Mitaini, uma assessora de imprensa da empresa.
Há abundância de outros sinais de nova riqueza. Em Macaé, uma cidade com reservas de petróleo perto do Rio de Janeiro, construtoras estão correndo para concluir os novos shoppings centers e imóveis residenciais de luxo para atender a demanda das empresas do setor de petróleo em crescimento. Em um porto em Angra dos Reis, uma cidade conhecida por suas ilhas espetaculares, cerca de 25 mil trabalhadores encontraram emprego construindo as novas plataformas de petróleo brasileiras.
A Petrobras, a companhia estatal de petróleo do Brasil, espantou o mundo do petróleo em novembro, quando anunciou que seu campo de Tupi em águas profundas, além da costa do Rio de Janeiro, pode conter de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo. Os analistas acham que pode haver bilhões de barris adicionais nas áreas ao redor, deixando o Brasil atrás apenas da Venezuela na hierarquia do petróleo da América Latina.
Apesar de o petróleo ser caro e complicado de extrair, a Petrobras disse que espera produzir até 100 mil barris por dia de Tupi até 2010, e espera produzir até um milhão de barris por dia em aproximadamente uma década.
Os novos campos de petróleo estão provocando um boom de investimento no Rio de Janeiro, com a expectativa de que cerca de R$ 107 bilhões ingressem no Estado até 2010, segundo o governo do Estado. A Petrobras sozinha deverá investir US$ 40,5 bilhões até 2012.
Alguns economistas dizem que uma desaceleração do restante da economia mundial, especialmente na Ásia, que está absorvendo grande parte das exportações de soja e minério de ferro do Brasil, poderia atrapalhar o crescimento aqui. "Mas esta probabilidade é pequena", disse Alfredo Coutiño, um economista sênior para América Latina da Moody's Economy.com.
Na verdade, como a economia do Brasil se tornou muito diversificada nos últimos anos, o país está menos suscetível a uma ressaca por causa da crise econômica americana, diferente de muitos outros na América Latina.
As exportações do Brasil para os Estados Unidos representam apenas 2,5% do produto interno bruto brasileiro, em comparação a 25% do PIB para as exportações mexicanas, segundo a Moody's.
"O que torna o Brasil mais resistente é o fato de o restante do mundo ser menos importante", disse Don Hanna, o chefe de economia de mercados emergentes do Citibank.
Mas o restante do mundo certamente ajudou. A alta dos preços globais dos minerais e outros commodities criou uma nova classe de super-ricos. O número de brasileiros com fortunas líquidas que ultrapassam US$ 1 milhão cresceu 19% no ano passado, atrás apenas da China e da Índia, segundo uma pesquisa da Merrill Lynch e CapGemini.
Ao mesmo tempo, o presidente Lula aprofundou muitos programas sociais iniciados há 10 anos pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que promoveu muitas das reformas estruturais que estabeleceram as fundações do atual crescimento estável do Brasil.
No caso de Sousa, por exemplo, ela deve muito do sucesso de seu negócio aos empréstimos que obteve junto ao Banco do Nordeste daqui, um banco do governo que concede micro empréstimos para 330 mil pessoas desenvolverem negócios nesta região em rápido crescimento.
Outros programas, como o Bolsa Família, fornecem uma pequena ajuda para milhões de brasileiros pobres comprarem alimento e outros itens essenciais. O Bolsa Família, que beneficia 45 milhões de pessoas em todo o país distribuindo anualmente R$ 8,75 bilhões, está sendo muito mais eficaz em elevar a renda per capita do que os recentes aumentos no salário mínimo, que subiu 36% desde 2003.
A natureza de baixo para cima destes programas sociais ajudou a expandir enormemente tanto o emprego formal quanto informal, assim como a classe média brasileira. O número de pessoas abaixo da linha de pobreza - definida como aqueles que ganham menos que US$ 80 por mês - caiu 32% de 2004 a 2006, disse Neri.
Os programas foram particularmente eficazes aqui no Nordeste do Brasil, historicamente uma das regiões mais pobres do país. Os moradores desta região receberam mais da metade dos US$ 15,6 bilhões gastos em programas sociais de 2003 a 2006, segundo a Empresa de Pesquisa Energética, uma divisão do Ministério das Minas e Energia.
As pessoas daqui estão usando esta nova riqueza para comprar itens como televisores e refrigeradores em uma taxa maior do que o restante do país. O Nordeste, de fato, ultrapassou o Sul do país em consumo de eletricidade neste ano pela primeira vez na história do Brasil, disse a estatal de energia.
Muitas famílias conseguiram chegar até a classe média usando o Bolsa Família para atender as necessidades básicas, e então pedindo pequenos empréstimos para iniciar seus próprios negócios e escapar da economia informal. Foi o que Maria Auxiliadora Sampaio e seu marido fizeram aqui em Fortaleza, uma cidade de 2,4 milhões de habitantes. Eles recebiam pagamentos do Bolsa Família de cerca de US$ 30 por mês, que usavam para sustentar seus três filhos. Então, há dois anos, Sampaio usou um micro empréstimo de cerca de US$ 190 para comprar esmalte e iniciar seu negócio de manicure, que funciona em sua casa.
Hoje ela ganha cerca de US$ 70 por dia fazendo unhas - cerca de quatro salários mínimos por mês, ela disse. Com seu próximo empréstimo, ela planeja gastar cerca de US$ 140 para comprar uma estufa para esterilização dos alicates de unha, o que atualmente faz com água quente.
Os frutos de seu novo negócio permitiram ao casal refazer o piso da casa e comprar uma televisão e celular. Neste mês seu marido, que trabalha em uma fábrica de cachaça, conseguiu realizar um sonho: comprar uma bateria para tocar.
Ele planeja usá-la para formar uma banda para tocar forró, uma música tradicional do Nordeste. "Nós sempre comíamos e pagávamos as contas, e ele esperava e esperava", mas finalmente conseguiu comprar a bateria por cerca de US$ 780 em dinheiro, ela disse.
"Eu sinto como se fizéssemos parte deste grupo de pessoas que estão subindo na vida", disse Sampaio, 28 anos. "Quando você não tem nada, quando você não tem uma profissão, não tem meios de sustento, você não é ninguém, você é um mosquito. Eu não era nada. Hoje, estou no paraíso."
“Desesperada para escapar de sua existência precária em uma das regiões mais pobres do Brasil, Maria Benedita Sousa fez uso de um pequeno empréstimo há cinco anos para comprar máquinas de costura e iniciar seu próprio negócio, produzindo roupa íntima feminina.
Hoje, Sousa, uma mãe de três que antes trabalhava em uma fábrica de jeans ganhando salário mínimo, emprega 25 pessoas em uma fábrica modesta de duas salas, que produz 55 mil conjuntos de roupas íntimas de algodão por mês. Ela comprou e reformou uma casa para sua família e agora está pensando em comprar um segundo carro. A filha dela, que está estudando para ser farmacêutica, poderá ser a primeira pessoa na família a concluir um curso superior.
"Você não pode imaginar a felicidade que estou sentindo", disse Sousa, 43 anos, em sua fábrica, Big Mateus, que leva o nome de seu filho. "Eu sou uma pessoa que veio do interior para a cidade. Eu lutei e lutei, e hoje meus filhos estão estudando. Uma na faculdade e dois outros na escola. É um presente de Deus."
Hoje o país dela está se erguendo da mesma forma. O Brasil, a maior economia da América do Sul, está finalmente em posição de realizar seu há muito esperado potencial como potência econômica global, dizem os economistas, enquanto o país vive sua maior expansão econômica em três décadas.
Este crescimento está sendo sentido em quase todas as partes da economia, criando uma nova classe de super-ricos, enquanto pessoas como Sousa ascendem a uma crescente classe média.
Ele também concede ao Brasil uma nova imponência, lhe dando, por exemplo, maior força para negociar os termos com os Estados Unidos e a Europa nas negociações de comércio global. Após sete anos, estas negociações finalmente fracassaram nesta semana, por causa das exigências da Índia e da China de salvaguardas para seus produtores rurais, um sinal claro da força crescente destas economias emergentes.
Apesar dos temores dos investidores com a inclinação esquerdista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando foi eleito em 2002, ele demonstrou um toque leve na condução da economia, evitando os impulsos populistas dos líderes da Venezuela e da Bolívia.
Em vez disso, ele alimentou o crescimento do Brasil por meio de uma combinação hábil de respeito pelos mercados financeiros e programas sociais direcionados, que estão retirando milhões da pobreza, disse David Fleischer, um analista político e professor emérito da Universidade de Brasília. Sousa é uma dessas beneficiárias.
Conhecido há muito tempo por sua distribuição desigual de riqueza, o Brasil reduziu sua desigualdade de renda em 6% desde 2001, mais do que qualquer outro país na América do Sul nesta década, disse Francisco Ferreira, um importante economista do Banco Mundial.
Enquanto os 10% que mais ganham no Brasil viram sua renda cumulativa crescer 7% de 2001 a 2006, os 10% que menos ganham viram sua renda subir 58%, disse Marcelo Cortes Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
Mas o Brasil também está gastando mais do que seus vizinhos latino-americanos em programas sociais, e os gastos públicos em geral continuam quase quatro vezes mais altos que os do México como percentual de seu produto interno bruto, disse Ferreira.
Ainda assim, o impulso de sua expansão econômica deverá durar. Enquanto os Estados Unidos e partes da Europa enfrentam recessão e as conseqüências da crise imobiliária, a economia do Brasil exibe poucas das vulnerabilidades de outras potências emergentes.
Ele diversificou enormemente sua base industrial, tem imenso potencial de expandir um setor agrícola que passa por boom e dispõe de tremendos recursos naturais inexplorados. Novas descobertas de petróleo colocarão o Brasil ao lado das potências globais de petróleo na próxima década.
Mas, apesar das exportações de commodities como petróleo e produtos agrícolas terem impulsionado grande parte de seu crescimento recente, o Brasil está cada vez menos dependente deles, dizem os economistas, ao dispor da vantagem de um imenso mercado doméstico - 185 milhões de pessoas - que está se tornando mais próspero com o sucesso de pessoas como Sousa.
Na verdade, com uma moeda mais forte e a inflação em grande parte sob controle, os brasileiros estão em uma onda de gastos que se tornou o principal motor da economia, que cresceu 5,4% no ano passado.
Eles estão comprando tanto bens brasileiros quanto um crescente número de produtos importados. Muitos empresários relaxaram seus termos de crédito para permitir que os brasileiros paguem por refrigeradores, carros e até mesmo cirurgia plástica de forma parcelada em anos, e não em meses, apesar de taxas de juros entre as mais altas do mundo. Em junho, o país atingiu a marca de 100 milhões de cartões de crédito emitidos, um salto de 17% em comparação ao ano passado.
Nas Casas Bahia, uma rede brasileira de lojas de móveis populares, o número de clientes comprando itens a prestação quase triplicou, para 29,3 milhões de 2002 a 2007, disse Sônia Mitaini, uma assessora de imprensa da empresa.
Há abundância de outros sinais de nova riqueza. Em Macaé, uma cidade com reservas de petróleo perto do Rio de Janeiro, construtoras estão correndo para concluir os novos shoppings centers e imóveis residenciais de luxo para atender a demanda das empresas do setor de petróleo em crescimento. Em um porto em Angra dos Reis, uma cidade conhecida por suas ilhas espetaculares, cerca de 25 mil trabalhadores encontraram emprego construindo as novas plataformas de petróleo brasileiras.
A Petrobras, a companhia estatal de petróleo do Brasil, espantou o mundo do petróleo em novembro, quando anunciou que seu campo de Tupi em águas profundas, além da costa do Rio de Janeiro, pode conter de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo. Os analistas acham que pode haver bilhões de barris adicionais nas áreas ao redor, deixando o Brasil atrás apenas da Venezuela na hierarquia do petróleo da América Latina.
Apesar de o petróleo ser caro e complicado de extrair, a Petrobras disse que espera produzir até 100 mil barris por dia de Tupi até 2010, e espera produzir até um milhão de barris por dia em aproximadamente uma década.
Os novos campos de petróleo estão provocando um boom de investimento no Rio de Janeiro, com a expectativa de que cerca de R$ 107 bilhões ingressem no Estado até 2010, segundo o governo do Estado. A Petrobras sozinha deverá investir US$ 40,5 bilhões até 2012.
Alguns economistas dizem que uma desaceleração do restante da economia mundial, especialmente na Ásia, que está absorvendo grande parte das exportações de soja e minério de ferro do Brasil, poderia atrapalhar o crescimento aqui. "Mas esta probabilidade é pequena", disse Alfredo Coutiño, um economista sênior para América Latina da Moody's Economy.com.
Na verdade, como a economia do Brasil se tornou muito diversificada nos últimos anos, o país está menos suscetível a uma ressaca por causa da crise econômica americana, diferente de muitos outros na América Latina.
As exportações do Brasil para os Estados Unidos representam apenas 2,5% do produto interno bruto brasileiro, em comparação a 25% do PIB para as exportações mexicanas, segundo a Moody's.
"O que torna o Brasil mais resistente é o fato de o restante do mundo ser menos importante", disse Don Hanna, o chefe de economia de mercados emergentes do Citibank.
Mas o restante do mundo certamente ajudou. A alta dos preços globais dos minerais e outros commodities criou uma nova classe de super-ricos. O número de brasileiros com fortunas líquidas que ultrapassam US$ 1 milhão cresceu 19% no ano passado, atrás apenas da China e da Índia, segundo uma pesquisa da Merrill Lynch e CapGemini.
Ao mesmo tempo, o presidente Lula aprofundou muitos programas sociais iniciados há 10 anos pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que promoveu muitas das reformas estruturais que estabeleceram as fundações do atual crescimento estável do Brasil.
No caso de Sousa, por exemplo, ela deve muito do sucesso de seu negócio aos empréstimos que obteve junto ao Banco do Nordeste daqui, um banco do governo que concede micro empréstimos para 330 mil pessoas desenvolverem negócios nesta região em rápido crescimento.
Outros programas, como o Bolsa Família, fornecem uma pequena ajuda para milhões de brasileiros pobres comprarem alimento e outros itens essenciais. O Bolsa Família, que beneficia 45 milhões de pessoas em todo o país distribuindo anualmente R$ 8,75 bilhões, está sendo muito mais eficaz em elevar a renda per capita do que os recentes aumentos no salário mínimo, que subiu 36% desde 2003.
A natureza de baixo para cima destes programas sociais ajudou a expandir enormemente tanto o emprego formal quanto informal, assim como a classe média brasileira. O número de pessoas abaixo da linha de pobreza - definida como aqueles que ganham menos que US$ 80 por mês - caiu 32% de 2004 a 2006, disse Neri.
Os programas foram particularmente eficazes aqui no Nordeste do Brasil, historicamente uma das regiões mais pobres do país. Os moradores desta região receberam mais da metade dos US$ 15,6 bilhões gastos em programas sociais de 2003 a 2006, segundo a Empresa de Pesquisa Energética, uma divisão do Ministério das Minas e Energia.
As pessoas daqui estão usando esta nova riqueza para comprar itens como televisores e refrigeradores em uma taxa maior do que o restante do país. O Nordeste, de fato, ultrapassou o Sul do país em consumo de eletricidade neste ano pela primeira vez na história do Brasil, disse a estatal de energia.
Muitas famílias conseguiram chegar até a classe média usando o Bolsa Família para atender as necessidades básicas, e então pedindo pequenos empréstimos para iniciar seus próprios negócios e escapar da economia informal. Foi o que Maria Auxiliadora Sampaio e seu marido fizeram aqui em Fortaleza, uma cidade de 2,4 milhões de habitantes. Eles recebiam pagamentos do Bolsa Família de cerca de US$ 30 por mês, que usavam para sustentar seus três filhos. Então, há dois anos, Sampaio usou um micro empréstimo de cerca de US$ 190 para comprar esmalte e iniciar seu negócio de manicure, que funciona em sua casa.
Hoje ela ganha cerca de US$ 70 por dia fazendo unhas - cerca de quatro salários mínimos por mês, ela disse. Com seu próximo empréstimo, ela planeja gastar cerca de US$ 140 para comprar uma estufa para esterilização dos alicates de unha, o que atualmente faz com água quente.
Os frutos de seu novo negócio permitiram ao casal refazer o piso da casa e comprar uma televisão e celular. Neste mês seu marido, que trabalha em uma fábrica de cachaça, conseguiu realizar um sonho: comprar uma bateria para tocar.
Ele planeja usá-la para formar uma banda para tocar forró, uma música tradicional do Nordeste. "Nós sempre comíamos e pagávamos as contas, e ele esperava e esperava", mas finalmente conseguiu comprar a bateria por cerca de US$ 780 em dinheiro, ela disse.
"Eu sinto como se fizéssemos parte deste grupo de pessoas que estão subindo na vida", disse Sampaio, 28 anos. "Quando você não tem nada, quando você não tem uma profissão, não tem meios de sustento, você não é ninguém, você é um mosquito. Eu não era nada. Hoje, estou no paraíso."
LUCRO DA EMBRAER TEM ALTA DE 73% NO PRIMEIRO SEMESTRE
Esta noite, a Folha Online publicou a seguinte notícia sobre a única significativa indústria aeronáutica brasileira, orgulho nacional, “braço estratégico-militar" brasileiro, cuja propriedade começou a ser gravemente vendida para acionistas estrangeiros na era FHC, em 1999, em processo concluído em março de 2006 sob o bonito nome de “reestruturação”:
“A Embraer informou nesta quinta-feira que seu lucro líquido registrou aumento de 73% no primeiro semestre do ano na comparação com o mesmo período de 2007, para R$ 239,7 milhões. Apenas no segundo trimestre, o resultado registrou alta de 121% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, para R$ 176,3 milhões. A empresa é líder na fabricação de jatos comerciais com até 120 assentos
A empresa apresentou no primeiro semestre receita líquida de R$ 5,009 bilhões, contra R$ 3,943 bilhões do mesmo período do ano passado. Considerando apenas o segundo trimestre deste ano, a companhia registrou receita líquida de R$ 2,695 bilhões, ante R$ 2,190 bilhões do mesmo período de 2007, um crescimento de 23,1%, principalmente em função do maior volume de entregas.
No segundo trimestre a Embraer informou que conquistou novos clientes como a ETA Star Group, de Dubai e a brasileira Trip Linhas Aéreas, aumentando assim o número de empresas brasileiras a operar jatos Embraer.
A carteira de pedidos firmes da Embraer em 30 de junho de 2008 alcançou a marca recorde de US$ 20,7 bilhões, incluindo vendas para o mercado de aviação executiva, que possui um backlog atual de cerca de US$ 6 bilhões. A carteira de pedidos firmes da família Embraer 170/190 acumula um total de 847 ordens firmes e 827 opções.
Adicionalmente, a Embraer entregou 52 jatos para os segmentos de aviação comercial e aviação executiva, representando um incremento de 44,4% na comparação com o segundo trimestre de 2007, quando o total de entregas foi de 36 aeronaves, terminando o semestre com um recorde de 97 jatos entregues. Este resultado representa um aumento de 59% em relação às 61 aeronaves entregues durante o primeiro semestre de 2007. A Embraer reafirmou sua estimativa de entregar entre 195 e 200 jatos em 2008, com tendência para o limite superior, além de dez a 15 jatos Phenom 100.
A empresa informou ainda que, no segundo trimestre de 2008, as despesas operacionais somaram R$ 307,2 milhões, representando uma redução de 6,6% em relação aos R$ 329,1 milhões do mesmo período de 2007.”
“A Embraer informou nesta quinta-feira que seu lucro líquido registrou aumento de 73% no primeiro semestre do ano na comparação com o mesmo período de 2007, para R$ 239,7 milhões. Apenas no segundo trimestre, o resultado registrou alta de 121% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, para R$ 176,3 milhões. A empresa é líder na fabricação de jatos comerciais com até 120 assentos
A empresa apresentou no primeiro semestre receita líquida de R$ 5,009 bilhões, contra R$ 3,943 bilhões do mesmo período do ano passado. Considerando apenas o segundo trimestre deste ano, a companhia registrou receita líquida de R$ 2,695 bilhões, ante R$ 2,190 bilhões do mesmo período de 2007, um crescimento de 23,1%, principalmente em função do maior volume de entregas.
No segundo trimestre a Embraer informou que conquistou novos clientes como a ETA Star Group, de Dubai e a brasileira Trip Linhas Aéreas, aumentando assim o número de empresas brasileiras a operar jatos Embraer.
A carteira de pedidos firmes da Embraer em 30 de junho de 2008 alcançou a marca recorde de US$ 20,7 bilhões, incluindo vendas para o mercado de aviação executiva, que possui um backlog atual de cerca de US$ 6 bilhões. A carteira de pedidos firmes da família Embraer 170/190 acumula um total de 847 ordens firmes e 827 opções.
Adicionalmente, a Embraer entregou 52 jatos para os segmentos de aviação comercial e aviação executiva, representando um incremento de 44,4% na comparação com o segundo trimestre de 2007, quando o total de entregas foi de 36 aeronaves, terminando o semestre com um recorde de 97 jatos entregues. Este resultado representa um aumento de 59% em relação às 61 aeronaves entregues durante o primeiro semestre de 2007. A Embraer reafirmou sua estimativa de entregar entre 195 e 200 jatos em 2008, com tendência para o limite superior, além de dez a 15 jatos Phenom 100.
A empresa informou ainda que, no segundo trimestre de 2008, as despesas operacionais somaram R$ 307,2 milhões, representando uma redução de 6,6% em relação aos R$ 329,1 milhões do mesmo período de 2007.”
PARA GEOPOLÍTICO DOS EUA, A AMEAÇA DE GUERRA VEM DO BRASIL E DA ARGENTINA
NICHOLAS SPYKMAN E A AMÉRICA LATINA
Artigo de José Luís Fiori, postado no site "Carta Maior". O autor é cientista político e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Li o texto no blog do Azenha.
“Para o principal geoestrategista norte-americano do século XX, qualquer ameaça à hegemonia dos EUA na América Latina deverá vir do sul, em particular da Argentina, Brasil e Chile. Uma ameaça à hegemonia nesta região terá que ser respondida através da guerra, escreveu Spykman.”
“O principal “geoestrategista” norte-americano do século XX, nasceu em Amsterdam, em 1893, e morreu nos Estados Unidos, em 1943. Era de origem holandesa, mas fez seus estudos superiores na Universidade da Califórnia, e foi professor da Universidade de Yale, onde dirigiu o seu Instituto de Estudos Internacionais, entre 1935 e 1940. Morreu ainda jovem, com 49 anos, e deixou apenas dois livros sobre a política externa norte-americana: o primeiro, America’s Strategy in World Politics, publicado em 1942, e o segundo, The Geography of the Peace, publicado um ano depois da sua morte, em 1944. Dois livros que se transformaram na pedra angular do pensamento estratégico norte-americano de toda a segunda metade do século XX, e do início do século XXI.
Nicholas Spykman não foi um cientista, foi um “geopolítico” e a geopolítica não é uma ciência, é apenas uma disciplina que estuda a relação entre o espaço e a expansão do poder, antecipando e racionalizando as decisões estratégicas dos países que exercem poder fora de suas fronteiras nacionais. É por isto, aliás, que só existe produção geopolítica relevante, nas chamadas “grandes potências”, e cada uma delas tem sua própria “escola geopolítica”, com suas preocupações, objetivos e racionalizações específicas. Como no caso clássico da “escola geopolítica alemã”, de Friederich Ratzel e Karl Haushofer, com a sua teoria do “espaço vital” e do “pan-germanismo”, que serviu de ponto de partida para explicar a “necessidade geográfica” de expansão alemã, na direção da Europa Central, e da Rússia/União Soviética. Ou também, como no caso da “escola geopolítica inglesa” de Halford Mackinder, com sua famosa tese de que “quem controla o “coração do mundo”( situado mais ou menos entre Berlim e Moscou), controla também a “ilha mundial” (a Eurásia), e quem controla a “ilha mundial” controla o mundo”. Teoria que serviu de base para justificar a política externa britânica durante todo o século XX, e seu permanente veto e bloqueio de qualquer aliança entre a Alemanha e a Rússia/União Soviética.
Dentro desta tradição, não há dúvida que Nicholas Spykman foi o pai da “escola geopolítica norte-americana”. Ele partiu das idéias de Halford Mackinder, mas modificou sua tese central: para Spykman, quem tem o poder mundial não é quem controla diretamente o “coração do mundo”, é quem é capaz de cercá-lo, como os Estados Unidos fizeram durante toda a Guerra Fria, e seguem fazendo até os nossos dias. Spykman escreveu seus dois livros antes da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, e por isto chama atenção a sua capacidade genial de prever o que aconteceria depois da guerra, tanto quanto a semelhança entre suas propostas estratégicas e a política externa que os Estados Unidos adotaram efetivamente, durante a segunda metade do século XX, na Europa, Ásia e América.
Em 1942, Nicholas Spykman defendeu a necessidade de uma aliança estratégica e de uma hegemonia conjunta, anglo-americana, para “gerir o mundo” depois do fim da Guerra, como de fato ocorreu, em São Francisco, em Bretton Woods, e na formulação da Doutrina Churchill-Truman da “cortina de ferro”. Além disto, Spykman defendeu a necessidade de que os Estados Unidos reconstruíssem e protegessem a Alemanha, depois da guerra, para facilitar a “contenção” da União Soviética, como aconteceu durante toda a Guerra Fria. E defendeu também a necessidade de reconstruir e proteger o Japão, para enfrentar a ameaça futura da China, que era na época o principal aliado asiático dos Estados Unidos. Por fim, Spykman se opôs ao projeto da unificação européia, e defendeu a manutenção do equilíbrio de poder europeu, tutelado pelos Estados Unidos, como vem acontecendo cada vez mais, depois da queda do Muro de Berlim.
E com relação à América, o que foi que previu e propôs Nicholas Spykman? Sobre este ponto, chama a atenção o grande espaço que ele dedica na sua obra à discussão da América Latina, e em particular, à “luta pela América do Sul”. Ele parte de uma separação radical, entre a América dos anglo-saxões e a América dos latinos. Nas suas palavras “as terras situadas ao sul do Rio Grande constituem um mundo diferente do Canadá e dos Estados Unidos. E é uma coisa desafortunada que as partes de fala inglesa e latina do continente tenham que ser chamadas igualmente de América, evocando uma similitude entre as duas que de fato não existe”.
Em seguida, ele propõe dividir o “mundo latino” em duas regiões, do ponto de vista da estratégia americana, no subcontinente: uma primeira, “mediterrânea”, que incluiria o México, a América Central e o Caribe, além da Colômbia e da Venezuela; e uma segunda que incluiria toda a América do Sul, abaixo da Colômbia e da Venezuela. Feita esta separação geopolítica, Spykman define a “América Mediterrânea como uma zona em que a supremacia dos Estados Unidos não pode ser questionada. Para todos os efeitos trata-se um mar fechado cujas chaves pertencem aos Estados Unidos. O que significa que o México, Colômbia e Venezuela (por serem incapazes de se transformar em grandes potências), ficarão sempre numa posição de absoluta dependência dos Estados Unidos”.
Donde, qualquer ameaça à hegemonia americana na América Latina deverá vir do sul, em particular da Argentina, Brasil e Chile, a “região do ABC”. Nas palavras do próprio Spykman: “para nossos vizinhos ao sul do Rio Grande, os norte-americanos seremos sempre o “Colosso do Norte”, o que significa um perigo, no mundo do poder político.
Por isto, os países situados fora da nossa zona imediata de supremacia, ou seja, os grandes estados da América do Sul (Argentina, Brasil e Chile) podem tentar contrabalançar nosso poder através de uma ação comum ou através do uso de influências de fora do hemisfério”. E neste caso, conclui: “uma ameaça à hegemonia americana nesta região do hemisfério (a região do ABC) terá que ser respondida através da guerra”.
O mais interessante é que se estas análises, previsões e advertências não tivessem feitas por Nicholas Spykman, pareceriam bravata de algum destes populistas latino-americanos, que inventam inimigos externos e que se multiplicam como cogumelos, segundo a idiotia conservadora.”
Artigo de José Luís Fiori, postado no site "Carta Maior". O autor é cientista político e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Li o texto no blog do Azenha.
“Para o principal geoestrategista norte-americano do século XX, qualquer ameaça à hegemonia dos EUA na América Latina deverá vir do sul, em particular da Argentina, Brasil e Chile. Uma ameaça à hegemonia nesta região terá que ser respondida através da guerra, escreveu Spykman.”
“O principal “geoestrategista” norte-americano do século XX, nasceu em Amsterdam, em 1893, e morreu nos Estados Unidos, em 1943. Era de origem holandesa, mas fez seus estudos superiores na Universidade da Califórnia, e foi professor da Universidade de Yale, onde dirigiu o seu Instituto de Estudos Internacionais, entre 1935 e 1940. Morreu ainda jovem, com 49 anos, e deixou apenas dois livros sobre a política externa norte-americana: o primeiro, America’s Strategy in World Politics, publicado em 1942, e o segundo, The Geography of the Peace, publicado um ano depois da sua morte, em 1944. Dois livros que se transformaram na pedra angular do pensamento estratégico norte-americano de toda a segunda metade do século XX, e do início do século XXI.
Nicholas Spykman não foi um cientista, foi um “geopolítico” e a geopolítica não é uma ciência, é apenas uma disciplina que estuda a relação entre o espaço e a expansão do poder, antecipando e racionalizando as decisões estratégicas dos países que exercem poder fora de suas fronteiras nacionais. É por isto, aliás, que só existe produção geopolítica relevante, nas chamadas “grandes potências”, e cada uma delas tem sua própria “escola geopolítica”, com suas preocupações, objetivos e racionalizações específicas. Como no caso clássico da “escola geopolítica alemã”, de Friederich Ratzel e Karl Haushofer, com a sua teoria do “espaço vital” e do “pan-germanismo”, que serviu de ponto de partida para explicar a “necessidade geográfica” de expansão alemã, na direção da Europa Central, e da Rússia/União Soviética. Ou também, como no caso da “escola geopolítica inglesa” de Halford Mackinder, com sua famosa tese de que “quem controla o “coração do mundo”( situado mais ou menos entre Berlim e Moscou), controla também a “ilha mundial” (a Eurásia), e quem controla a “ilha mundial” controla o mundo”. Teoria que serviu de base para justificar a política externa britânica durante todo o século XX, e seu permanente veto e bloqueio de qualquer aliança entre a Alemanha e a Rússia/União Soviética.
Dentro desta tradição, não há dúvida que Nicholas Spykman foi o pai da “escola geopolítica norte-americana”. Ele partiu das idéias de Halford Mackinder, mas modificou sua tese central: para Spykman, quem tem o poder mundial não é quem controla diretamente o “coração do mundo”, é quem é capaz de cercá-lo, como os Estados Unidos fizeram durante toda a Guerra Fria, e seguem fazendo até os nossos dias. Spykman escreveu seus dois livros antes da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, e por isto chama atenção a sua capacidade genial de prever o que aconteceria depois da guerra, tanto quanto a semelhança entre suas propostas estratégicas e a política externa que os Estados Unidos adotaram efetivamente, durante a segunda metade do século XX, na Europa, Ásia e América.
Em 1942, Nicholas Spykman defendeu a necessidade de uma aliança estratégica e de uma hegemonia conjunta, anglo-americana, para “gerir o mundo” depois do fim da Guerra, como de fato ocorreu, em São Francisco, em Bretton Woods, e na formulação da Doutrina Churchill-Truman da “cortina de ferro”. Além disto, Spykman defendeu a necessidade de que os Estados Unidos reconstruíssem e protegessem a Alemanha, depois da guerra, para facilitar a “contenção” da União Soviética, como aconteceu durante toda a Guerra Fria. E defendeu também a necessidade de reconstruir e proteger o Japão, para enfrentar a ameaça futura da China, que era na época o principal aliado asiático dos Estados Unidos. Por fim, Spykman se opôs ao projeto da unificação européia, e defendeu a manutenção do equilíbrio de poder europeu, tutelado pelos Estados Unidos, como vem acontecendo cada vez mais, depois da queda do Muro de Berlim.
E com relação à América, o que foi que previu e propôs Nicholas Spykman? Sobre este ponto, chama a atenção o grande espaço que ele dedica na sua obra à discussão da América Latina, e em particular, à “luta pela América do Sul”. Ele parte de uma separação radical, entre a América dos anglo-saxões e a América dos latinos. Nas suas palavras “as terras situadas ao sul do Rio Grande constituem um mundo diferente do Canadá e dos Estados Unidos. E é uma coisa desafortunada que as partes de fala inglesa e latina do continente tenham que ser chamadas igualmente de América, evocando uma similitude entre as duas que de fato não existe”.
Em seguida, ele propõe dividir o “mundo latino” em duas regiões, do ponto de vista da estratégia americana, no subcontinente: uma primeira, “mediterrânea”, que incluiria o México, a América Central e o Caribe, além da Colômbia e da Venezuela; e uma segunda que incluiria toda a América do Sul, abaixo da Colômbia e da Venezuela. Feita esta separação geopolítica, Spykman define a “América Mediterrânea como uma zona em que a supremacia dos Estados Unidos não pode ser questionada. Para todos os efeitos trata-se um mar fechado cujas chaves pertencem aos Estados Unidos. O que significa que o México, Colômbia e Venezuela (por serem incapazes de se transformar em grandes potências), ficarão sempre numa posição de absoluta dependência dos Estados Unidos”.
Donde, qualquer ameaça à hegemonia americana na América Latina deverá vir do sul, em particular da Argentina, Brasil e Chile, a “região do ABC”. Nas palavras do próprio Spykman: “para nossos vizinhos ao sul do Rio Grande, os norte-americanos seremos sempre o “Colosso do Norte”, o que significa um perigo, no mundo do poder político.
Por isto, os países situados fora da nossa zona imediata de supremacia, ou seja, os grandes estados da América do Sul (Argentina, Brasil e Chile) podem tentar contrabalançar nosso poder através de uma ação comum ou através do uso de influências de fora do hemisfério”. E neste caso, conclui: “uma ameaça à hegemonia americana nesta região do hemisfério (a região do ABC) terá que ser respondida através da guerra”.
O mais interessante é que se estas análises, previsões e advertências não tivessem feitas por Nicholas Spykman, pareceriam bravata de algum destes populistas latino-americanos, que inventam inimigos externos e que se multiplicam como cogumelos, segundo a idiotia conservadora.”
quarta-feira, 30 de julho de 2008
A NEWSWEEK ELOGIA O BRASIL
Agora à noite, o blog do Azenha (“Vi o mundo”) postou o artigo a seguir exposto. Foi publicado, em texto de Mac Margolis, pela revista norte-americana Newsweek distribuída nas bancas em 28 último:
A AUTOCONFIANÇA NACIONAL BRUTA DO BRASIL
“Há muitas formas de medir as fortunas de uma sociedade, da renda per capita à felicidade nacional bruta. Em São Paulo talvez a melhor coisa a checar é o céu. Alto sobre esta hipercidade do Brasil, onde torres de escritório perfuram a poluição, helicópteros voam. Transportando fazedores de chuva corporativos sobre ruas congestionadas, eles pousam no topo de prédios e decolam, como se polinizassem uma selva de pedra.
O Brasil tem hoje 1.100 helicópteros privados (metade deles em São Paulo), a terceira maior frota do mundo e crescendo a 15% ao ano. Para os que ficam embaixo, condenados a batalhar numa das piores horas do rush do planeta (num dia ruim, o congestionamento pode chegar a 160 quilômetros ou mais), a visão não é nada inspiradora. Mas assim como o céu congestionado, as ruas cheias são emblemas de um novo momento em uma nação que se levantou de sua posição de crônico sub-desempenho para mercado emergente.
Isso pegou muita gente de surpresa. Por meio século o Brasil tem flertado com a grandeza, mirando as nuvens mas se queimando em seguida. O país já ganhou pelo charme uma legião de crentes, mas a convicção deles se desfez. Fugindo da Europa antes da Segunda Guerra Mundial, o escritor austríaco Stefan Zweig declarou seu país adotivo "a terra do futuro" mas depois perdeu a esperança no mundo e tomou uma dose letal de vironal em 1942 - e bem no meio do carnaval. O futuro teria que esperar. Charles DeGaulle, do alto de seu nariz espaçoso, desprezou a maior parte do mundo, mas os brasileiros levaram a sério a esnobada de que "o Brasil não é um país sério".
É uma espécie de justiça poética que os brasileiros hoje desprezem boa parte do mundo. No quarto de século em que mantenho meus olhos neste país, é a primeira vez que me lembro em que a conversa de "crise" sombria não se refere a algum debate doméstico mas a uma confusão além das fronteiras nacionais. "Ei, Bush, esperamos 20 anos para crescer", gozou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva num discurso de improviso outro dia, se referindo à contaminação global causada pela crise de hipotecas nos Estados Unidos. "Vê se ajeita a casa".
Com exceção dos estádios de futebol e passarelas, essa auto-confiança é nova para este país de sub-desempenho crônico. Quando primeiro cheguei ao Rio, no início dos anos 80, com a inflação de três dígitos, a verdinha era todo-poderosa. Convertidos em maços de cruzeiros verdes e rosas ou cruzados ou cruzeiros novos (escolha a sua moeda perecível), cem dólares poderiam garantir uma semana na cidade. De vez em quando autoridades em Brasília tentavam fazer alguma coisa a respeito, cortando três zeros da moeda e congelando os preços, trazendo assim um átimo de estabilidade. Não era tão ruim quanto na Bolívia, onde uma vez eu vi gente pesando o dinheiro em vez de contando, no distrito de Chapare, mas ainda assim deixava o maior país do continente desfuncional.
Eu guardo uma caixa em uma gaveta cheia de lembretes daqueles dias. Perdido no meio de meia dúzia de versões de notas bancárias antigas e um quilo de moedas que já não valem, há um pequeno pedaço de papel com o número 2147. Foi o número da fila de espera que tirei para esperar na ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro, que graças ao congelamento de preços do Plano Cruzado, de 1986, custava 38 dólares, cerca de metade do preço da passagem de ônibus. Quando os preços são mantidos assim os bens tendem a desaparecer e no Plano Cruzado não foi diferente; os aeroportos do Brasil se tornaram pousadas para passageiros que esperavam horas por um assento.
Não é fácil marcar exatamente o ponto de virada de uma nação, mas 1994 tem de ser um marco do Brasil moderno. Foi aquele o ano do Plano Real, um plano de estabilização radical com a nome da moeda lançada da mesma época, daquela vez acompanhada por disciplina fiscal, não congelamento de preços ou outra medida hocus pocus de planos "heterodoxos" anteriores. Os brasileiros estavam céticos e quem poderia culpá-los, depois de um quarto de século de reformas de band-aid e dinheiro do jogo Monopólio?
Hoje, com investidores estrangeiros se atropelando para colocar dinheiro no Brasil, o real superou as 16 moedas mais importantes do mundo, do Euro ao Yen, ganhando 13% em relação ao dólar só este ano e cerca de 60% desde 2004. Que seja de meu conhecimento a supermodelo Gisele Bündchen nunca rejeitou trabalho pago em dólares americanos, mas quando o rumor de que ela havia rejeitado se tornou um vírus no Brasil eu sabia que as coisas tinham mudado nesta parte do hemisfério. Agora são brasileiros viajando que trocam o real em maços de verdinhas e aproveitam a vida em Paris ou na Disney World.
Você não tem que ir longe para vê-los. O boom que viu o Brasil disparar também aprofundou os bolsos. O país agora tem 20 bilionários na lista da Forbes (eram apenas quatro em 2003) e 140 milionários, um aumento de 19% ano a ano, contra 6% do resto do mundo. Atendimento bancário exclusivo e gerentes de bens pessoais agora decoram os céus com seus logos e pistas de helicóptero.
A bonança não é apenas para os que usam os helicópteros. O aumento de salários (que tem sido de 16% por ano), a enchente de crédito ao consumidor (crescimento anual de 30%) e muitos novos empregos (1 milhão este ano, 7,3 milhões desde 2004), levantaram um número incontável para a classe consumidora. Muito se fala de como a economia da China tirou dezenas de milhões da pobreza. De fato, a Dragonomics aumentou a diferença de renda, enquanto o Brasil conseguiu reduzir a desigualdade enquanto cresce. Os 10% mais pobres do Brasil viram sua renda real aumentar 57% entre 2002 e 2006, contra 9% para os 10% mais ricos, diz o economista e especialista em pobreza Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas.
E enquanto a classe média no mundo desenvolvido reclama que está em queda, a do Brasil continua a ascender. Cerca de 20 milhões de brasileiros subiram para a classe média na última década e agora colocam 800 carros novos por dia nas ruas de São Paulo. Soa exagerado? Cheque a hora do rush.”
A AUTOCONFIANÇA NACIONAL BRUTA DO BRASIL
“Há muitas formas de medir as fortunas de uma sociedade, da renda per capita à felicidade nacional bruta. Em São Paulo talvez a melhor coisa a checar é o céu. Alto sobre esta hipercidade do Brasil, onde torres de escritório perfuram a poluição, helicópteros voam. Transportando fazedores de chuva corporativos sobre ruas congestionadas, eles pousam no topo de prédios e decolam, como se polinizassem uma selva de pedra.
O Brasil tem hoje 1.100 helicópteros privados (metade deles em São Paulo), a terceira maior frota do mundo e crescendo a 15% ao ano. Para os que ficam embaixo, condenados a batalhar numa das piores horas do rush do planeta (num dia ruim, o congestionamento pode chegar a 160 quilômetros ou mais), a visão não é nada inspiradora. Mas assim como o céu congestionado, as ruas cheias são emblemas de um novo momento em uma nação que se levantou de sua posição de crônico sub-desempenho para mercado emergente.
Isso pegou muita gente de surpresa. Por meio século o Brasil tem flertado com a grandeza, mirando as nuvens mas se queimando em seguida. O país já ganhou pelo charme uma legião de crentes, mas a convicção deles se desfez. Fugindo da Europa antes da Segunda Guerra Mundial, o escritor austríaco Stefan Zweig declarou seu país adotivo "a terra do futuro" mas depois perdeu a esperança no mundo e tomou uma dose letal de vironal em 1942 - e bem no meio do carnaval. O futuro teria que esperar. Charles DeGaulle, do alto de seu nariz espaçoso, desprezou a maior parte do mundo, mas os brasileiros levaram a sério a esnobada de que "o Brasil não é um país sério".
É uma espécie de justiça poética que os brasileiros hoje desprezem boa parte do mundo. No quarto de século em que mantenho meus olhos neste país, é a primeira vez que me lembro em que a conversa de "crise" sombria não se refere a algum debate doméstico mas a uma confusão além das fronteiras nacionais. "Ei, Bush, esperamos 20 anos para crescer", gozou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva num discurso de improviso outro dia, se referindo à contaminação global causada pela crise de hipotecas nos Estados Unidos. "Vê se ajeita a casa".
Com exceção dos estádios de futebol e passarelas, essa auto-confiança é nova para este país de sub-desempenho crônico. Quando primeiro cheguei ao Rio, no início dos anos 80, com a inflação de três dígitos, a verdinha era todo-poderosa. Convertidos em maços de cruzeiros verdes e rosas ou cruzados ou cruzeiros novos (escolha a sua moeda perecível), cem dólares poderiam garantir uma semana na cidade. De vez em quando autoridades em Brasília tentavam fazer alguma coisa a respeito, cortando três zeros da moeda e congelando os preços, trazendo assim um átimo de estabilidade. Não era tão ruim quanto na Bolívia, onde uma vez eu vi gente pesando o dinheiro em vez de contando, no distrito de Chapare, mas ainda assim deixava o maior país do continente desfuncional.
Eu guardo uma caixa em uma gaveta cheia de lembretes daqueles dias. Perdido no meio de meia dúzia de versões de notas bancárias antigas e um quilo de moedas que já não valem, há um pequeno pedaço de papel com o número 2147. Foi o número da fila de espera que tirei para esperar na ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro, que graças ao congelamento de preços do Plano Cruzado, de 1986, custava 38 dólares, cerca de metade do preço da passagem de ônibus. Quando os preços são mantidos assim os bens tendem a desaparecer e no Plano Cruzado não foi diferente; os aeroportos do Brasil se tornaram pousadas para passageiros que esperavam horas por um assento.
Não é fácil marcar exatamente o ponto de virada de uma nação, mas 1994 tem de ser um marco do Brasil moderno. Foi aquele o ano do Plano Real, um plano de estabilização radical com a nome da moeda lançada da mesma época, daquela vez acompanhada por disciplina fiscal, não congelamento de preços ou outra medida hocus pocus de planos "heterodoxos" anteriores. Os brasileiros estavam céticos e quem poderia culpá-los, depois de um quarto de século de reformas de band-aid e dinheiro do jogo Monopólio?
Hoje, com investidores estrangeiros se atropelando para colocar dinheiro no Brasil, o real superou as 16 moedas mais importantes do mundo, do Euro ao Yen, ganhando 13% em relação ao dólar só este ano e cerca de 60% desde 2004. Que seja de meu conhecimento a supermodelo Gisele Bündchen nunca rejeitou trabalho pago em dólares americanos, mas quando o rumor de que ela havia rejeitado se tornou um vírus no Brasil eu sabia que as coisas tinham mudado nesta parte do hemisfério. Agora são brasileiros viajando que trocam o real em maços de verdinhas e aproveitam a vida em Paris ou na Disney World.
Você não tem que ir longe para vê-los. O boom que viu o Brasil disparar também aprofundou os bolsos. O país agora tem 20 bilionários na lista da Forbes (eram apenas quatro em 2003) e 140 milionários, um aumento de 19% ano a ano, contra 6% do resto do mundo. Atendimento bancário exclusivo e gerentes de bens pessoais agora decoram os céus com seus logos e pistas de helicóptero.
A bonança não é apenas para os que usam os helicópteros. O aumento de salários (que tem sido de 16% por ano), a enchente de crédito ao consumidor (crescimento anual de 30%) e muitos novos empregos (1 milhão este ano, 7,3 milhões desde 2004), levantaram um número incontável para a classe consumidora. Muito se fala de como a economia da China tirou dezenas de milhões da pobreza. De fato, a Dragonomics aumentou a diferença de renda, enquanto o Brasil conseguiu reduzir a desigualdade enquanto cresce. Os 10% mais pobres do Brasil viram sua renda real aumentar 57% entre 2002 e 2006, contra 9% para os 10% mais ricos, diz o economista e especialista em pobreza Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas.
E enquanto a classe média no mundo desenvolvido reclama que está em queda, a do Brasil continua a ascender. Cerca de 20 milhões de brasileiros subiram para a classe média na última década e agora colocam 800 carros novos por dia nas ruas de São Paulo. Soa exagerado? Cheque a hora do rush.”
O NEOLIBERALISMO AUMENTOU AS DESIGUALDADES
O artigo a seguir exposto é de Marcio Pochmann e foi publicado na Folha de São Paulo de hoje. Mostra-nos os malefícios da política neoliberal, no Brasil endeusada pelo PSDB/PFL-DEM e adotada no governo FHC. O autor é economista, presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e professor licenciado do Instituto de Economia e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
“AS ESCOLHAS DOS PAÍSES RICOS E A DESIGUALDADE”
“Após 70 anos de trajetória comum verificada na queda da desigualdade de renda, os países ricos passaram a apresentar tendências bem distintas nas duas últimas décadas. Em grande medida, as opções de políticas econômicas e sociais realizadas em cada uma das economias avançadas terminaram por impactar direta e indiretamente o grau de concentração da renda.
No caso das nações em que predominaram políticas econômicas e sociais de corte neoliberal, houve, em geral, interrupção no movimento de longo prazo de redução da desigualdade de renda. A combinação das medidas de focalização do gasto social com a redução no peso da tributação direta, especialmente progressiva (rebaixamento das alíquotas do Imposto de Renda e na tributação sobre a riqueza), tornou mais difícil a vida dos pobres simultaneamente ao crescimento das facilidades concedidas aos mais ricos.
Com isso, a participação do 1% mais rico da população no total da renda nacional voltou a aumentar a partir da década de 1980, após sete décadas de queda significativa.
Nas duas últimas décadas, por exemplo, a apropriação do 1% mais rico praticamente dobrou nas economias em que o uso das políticas neoliberais grassou, conforme indicam as experiências das economias dos Estados Unidos e da Inglaterra.
Entre os anos 1950 e os anos 1980, o 1% mais rico de Estados Unidos, Inglaterra, França e Suíça mantiveram uma fatia da renda nacional variando de 5% a 10%. Neste século, a concentração da renda do 1% mais rico americano e a concentração do 1% mais rico inglês saltaram para quase 20% e 15%, respectivamente.
Em outras palavras, o peso dos super-ricos na apropriação da renda total voltou ao patamar do primitivismo da desigualdade do início do século 20, quando o 1% mais rico ficava com mais de 15% de todo o rendimento nacional. Assim, o crescimento da renda vem sendo acompanhado pela maior participação dos ricos, cada vez mais liberados da tributação progressiva, enquanto os pobres precisam se virar diante da revisão do papel do Estado orientado à focalização dos gastos sociais.
A supremacia do neoliberalismo não foi plena, uma vez que nem todos os países ricos se tornaram caudatários das políticas econômicas e sociais de flexibilização tributária e seletividade no gasto público. Destacam-se os exemplos das experiências da França e da Suíça, que não registram elevação na participação do 1% mais rico da população no bolo da renda desde a década de 1970, mantendo a concentração da riqueza dos super-ricos em torno dos 8% da renda nacional.
Nesses países, mesmo com a elevação na renda per capita no período mais recente, o grau de desigualdade pouco se modificou, mantendo-se no menor patamar de desigualdade distributiva do século 20.
Tanto na França como na Suíça, a concentração até caiu. Lembrando que a média da concentração nos dois países hoje é de 8%, vale destacar que, nos anos 1960, o 1% mais rico dos suíços abocanhava até 12% da renda nacional. Na França, na mesma época, a concentração era de quase 10%.
Nessas nações, ademais da ênfase nas políticas sociais de natureza universal, prevaleceram medidas tributárias progressivas, com maior peso proporcional do fisco sobre o segmento de maior renda e patrimônio.
Em síntese, percebe-se que a aplicação das políticas econômicas e sociais neoliberais não se mostrou determinante para a expansão ou não das economias avançadas. Seus efeitos distributivos, contudo, não deixaram dúvidas sobre o seu caráter de aprofundamento da desigualdade, tendo em vista os prejuízos impostos aos mais pobres.
Algumas nações ricas, sem contar com a aplicação intensa das políticas neoliberais (França e Suíça), também apresentaram expansão econômica equivalente ou superior à dos países com fortes alterações liberalizantes na tributação e na focalização do gasto social (Inglaterra e Estados Unidos). Já a desigualdade não aumentou, ao contrário do ocorrido em alguns países ricos com forte predomínio neoliberal.”
“AS ESCOLHAS DOS PAÍSES RICOS E A DESIGUALDADE”
“Após 70 anos de trajetória comum verificada na queda da desigualdade de renda, os países ricos passaram a apresentar tendências bem distintas nas duas últimas décadas. Em grande medida, as opções de políticas econômicas e sociais realizadas em cada uma das economias avançadas terminaram por impactar direta e indiretamente o grau de concentração da renda.
No caso das nações em que predominaram políticas econômicas e sociais de corte neoliberal, houve, em geral, interrupção no movimento de longo prazo de redução da desigualdade de renda. A combinação das medidas de focalização do gasto social com a redução no peso da tributação direta, especialmente progressiva (rebaixamento das alíquotas do Imposto de Renda e na tributação sobre a riqueza), tornou mais difícil a vida dos pobres simultaneamente ao crescimento das facilidades concedidas aos mais ricos.
Com isso, a participação do 1% mais rico da população no total da renda nacional voltou a aumentar a partir da década de 1980, após sete décadas de queda significativa.
Nas duas últimas décadas, por exemplo, a apropriação do 1% mais rico praticamente dobrou nas economias em que o uso das políticas neoliberais grassou, conforme indicam as experiências das economias dos Estados Unidos e da Inglaterra.
Entre os anos 1950 e os anos 1980, o 1% mais rico de Estados Unidos, Inglaterra, França e Suíça mantiveram uma fatia da renda nacional variando de 5% a 10%. Neste século, a concentração da renda do 1% mais rico americano e a concentração do 1% mais rico inglês saltaram para quase 20% e 15%, respectivamente.
Em outras palavras, o peso dos super-ricos na apropriação da renda total voltou ao patamar do primitivismo da desigualdade do início do século 20, quando o 1% mais rico ficava com mais de 15% de todo o rendimento nacional. Assim, o crescimento da renda vem sendo acompanhado pela maior participação dos ricos, cada vez mais liberados da tributação progressiva, enquanto os pobres precisam se virar diante da revisão do papel do Estado orientado à focalização dos gastos sociais.
A supremacia do neoliberalismo não foi plena, uma vez que nem todos os países ricos se tornaram caudatários das políticas econômicas e sociais de flexibilização tributária e seletividade no gasto público. Destacam-se os exemplos das experiências da França e da Suíça, que não registram elevação na participação do 1% mais rico da população no bolo da renda desde a década de 1970, mantendo a concentração da riqueza dos super-ricos em torno dos 8% da renda nacional.
Nesses países, mesmo com a elevação na renda per capita no período mais recente, o grau de desigualdade pouco se modificou, mantendo-se no menor patamar de desigualdade distributiva do século 20.
Tanto na França como na Suíça, a concentração até caiu. Lembrando que a média da concentração nos dois países hoje é de 8%, vale destacar que, nos anos 1960, o 1% mais rico dos suíços abocanhava até 12% da renda nacional. Na França, na mesma época, a concentração era de quase 10%.
Nessas nações, ademais da ênfase nas políticas sociais de natureza universal, prevaleceram medidas tributárias progressivas, com maior peso proporcional do fisco sobre o segmento de maior renda e patrimônio.
Em síntese, percebe-se que a aplicação das políticas econômicas e sociais neoliberais não se mostrou determinante para a expansão ou não das economias avançadas. Seus efeitos distributivos, contudo, não deixaram dúvidas sobre o seu caráter de aprofundamento da desigualdade, tendo em vista os prejuízos impostos aos mais pobres.
Algumas nações ricas, sem contar com a aplicação intensa das políticas neoliberais (França e Suíça), também apresentaram expansão econômica equivalente ou superior à dos países com fortes alterações liberalizantes na tributação e na focalização do gasto social (Inglaterra e Estados Unidos). Já a desigualdade não aumentou, ao contrário do ocorrido em alguns países ricos com forte predomínio neoliberal.”
PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE SÃO PAULO CRESCE 8,8% EM RELAÇÃO A 2007
Reportagem de Fernando Antunes para a Folha Online, publicada pelo portal UOL na tarde de hoje, mostra que o crescimento da economia brasileira continua forte, surpreendendo até os especialistas da Federação das Indústrias do Estado:
PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE SÃO PAULO SOBE 3,1% EM JUNHO, DIZ FIESP
"O INA, indicador do nível de atividade da indústria paulista, teve alta de 3,1% em junho contra maio, segundo levantamento da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), já considerado o ajuste sazonal. Sem ajuste sazonal, houve alta de 1,9%.
Na comparação com junho do ano passado, o indicador apresenta um incremento de 8,2%. No acumulado do ano até o mês passado, o INA mostrou alta de 8,8% sobre o mesmo período em 2007.
Segundo o diretor do Depecon (Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos) da Fiesp, Paulo Francini, o resultado de junho foi considerado como uma 'surpresa positiva'."
PRODUÇÃO INDUSTRIAL DE SÃO PAULO SOBE 3,1% EM JUNHO, DIZ FIESP
"O INA, indicador do nível de atividade da indústria paulista, teve alta de 3,1% em junho contra maio, segundo levantamento da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), já considerado o ajuste sazonal. Sem ajuste sazonal, houve alta de 1,9%.
Na comparação com junho do ano passado, o indicador apresenta um incremento de 8,2%. No acumulado do ano até o mês passado, o INA mostrou alta de 8,8% sobre o mesmo período em 2007.
Segundo o diretor do Depecon (Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos) da Fiesp, Paulo Francini, o resultado de junho foi considerado como uma 'surpresa positiva'."
terça-feira, 29 de julho de 2008
KASSAB (DEM-SP) NA "LISTA SUJA"
No início desta noite (18h37), o portal UOL publicou a notícia seguinte, da qual transcrevo a parte inicial:
AMB INCLUI NOME DE GILBERTO KASSAB NA "LISTA SUJA"
“Rosanne D'Agostino
Em São Paulo
“O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), foi incluído nesta terça-feira (29) na apelidada "lista suja" da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), que contém os candidatos com ações em andamento na Justiça. Kassab responde por improbidade administrativa.
Reportagem do UOL revelou na sexta-feira (25) que o processo a que responde Kassab continua em andamento no Tribunal de Justiça de São Paulo, embora não tenha sido incluído na lista divulgada na última terça (22). Na capital paulista, a relação continha apenas os adversários na disputa Marta Suplicy (PT) e Paulo Maluf (PP).”
AMB INCLUI NOME DE GILBERTO KASSAB NA "LISTA SUJA"
“Rosanne D'Agostino
Em São Paulo
“O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), foi incluído nesta terça-feira (29) na apelidada "lista suja" da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), que contém os candidatos com ações em andamento na Justiça. Kassab responde por improbidade administrativa.
Reportagem do UOL revelou na sexta-feira (25) que o processo a que responde Kassab continua em andamento no Tribunal de Justiça de São Paulo, embora não tenha sido incluído na lista divulgada na última terça (22). Na capital paulista, a relação continha apenas os adversários na disputa Marta Suplicy (PT) e Paulo Maluf (PP).”
UM PROJETO DE ESTADO
Li ontem no jornal “O Povo”, de Fortaleza-CE, com o título acima, um interessante artigo de Roberto Amaral - Diretor-Geral no Brasil da “Alcântara Cyclone Space”. O autor é ex-ministro da Ciência e Tecnologia.
“O primeiro satélite artificial, o Sputnik, inaugurou em 1957 a Era das Telecomunicações. Em 1961, Iuri Gagarin nos disse que a Terra é azul. E quando, em 1969, Neil Armstrong pisou na Lua, uns não acreditaram e outros comemoraram o fato como vitória do capitalismo no Fla-Flu da Guerra Fria. Questionavam alguns por que ir ao espaço, com tantos problemas aqui mesmo, na Terra. Nesses idos, completar uma ligação interurbana levava horas. A telecomunicação engatinhava. O mundo atual, então, era impensável.
Hoje, em todo lugar temos celulares, internet e meios que informam, em segundos, que um ciclone ameaça o litoral e que tropas avançam do outro lado do mundo. A vida é frenética e quem não detém informação perde a corrida do progresso. A disseminação da informação foi possível graças aos avanços que um dia pareceram extravagâncias.
A raiz dessa revolução é a invenção do satélite artificial, que mudou a co-relação de forças entre os povos. Quem domina a tecnologia de fabricar e lançar satélites é senhor e soberano. Controla desde sua meteorologia, até a segurança de suas fronteiras e matas. Fala e ouve o mundo. Implanta programas de educação e saúde à distância. Usufrui, enfim, de tudo o que o homem criou em milênios de evolução. Apenas oito países detêm a tecnologia de lançamentos. Nosso país quer e precisa entrar nesse clube.
No Brasil, temos o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), que inclui o desenvolvimento de satélites e o penoso desenvolvimento de um foguete (VLS), no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), que sofreu, desde o início, a falta de recursos e vontade política. Nos anos 80, ombreávamos com Índia e China em termos de tecnologia espacial. Hoje, esses países têm foguetes enquanto nós tentamos viabilizar a última oportunidade de ocupar um lugar ao sol na disputa do espaço. Sem foguete, dependemos de carona. O satélite CBERS, construído junto com a China, é lançado de sua base de lançamentos em Taiyuan, por foguete chinês.
A Alcântara Cyclone Space (ACS), parceria dos governos de Brasil e Ucrânia para lançar foguetes de Alcântara (MA), é vitória de todos nós. Nossos sócios vieram atrás das vantagens da região, que a dois graus do Equador barateia o lançamento ou aumenta a capacidade de carga em até 30%.
A tecnologia dos foguetes Cyclone é comprovada por 200 lançamentos bem-sucedidos. Para nós, representa acesso à disputa de boa fatia de um mercado internacional de US$3,7 bilhões/ano. Até 2016, estima-se que seja necessário lançar 401 satélites para renovar os que vão envelhecendo. Além de nos permitir transformar um município paupérrimo, habitado por uma população limitada à caça, pesca e agricultura familiar, no maior complexo espacial da América Latina, com a atração de fornecedores de equipamentos para os projetos dos sítios e investimentos de cerca de R$1 bilhão em infra-estrutura na região.
A parceria traz ainda oportunidade de incorporação de tecnologias sensíveis às quais não temos acesso. Queremos tecnologia, pois quem não é senhor de suas informações é vulnerável a interesses que nem sempre serão os seus. A ACS é projeto de Estado, ação de inclusão tecnológica de quem quer levar o país a novo patamar de desenvolvimento. O que buscamos, aqui, é dirigir nossa História.”
“O primeiro satélite artificial, o Sputnik, inaugurou em 1957 a Era das Telecomunicações. Em 1961, Iuri Gagarin nos disse que a Terra é azul. E quando, em 1969, Neil Armstrong pisou na Lua, uns não acreditaram e outros comemoraram o fato como vitória do capitalismo no Fla-Flu da Guerra Fria. Questionavam alguns por que ir ao espaço, com tantos problemas aqui mesmo, na Terra. Nesses idos, completar uma ligação interurbana levava horas. A telecomunicação engatinhava. O mundo atual, então, era impensável.
Hoje, em todo lugar temos celulares, internet e meios que informam, em segundos, que um ciclone ameaça o litoral e que tropas avançam do outro lado do mundo. A vida é frenética e quem não detém informação perde a corrida do progresso. A disseminação da informação foi possível graças aos avanços que um dia pareceram extravagâncias.
A raiz dessa revolução é a invenção do satélite artificial, que mudou a co-relação de forças entre os povos. Quem domina a tecnologia de fabricar e lançar satélites é senhor e soberano. Controla desde sua meteorologia, até a segurança de suas fronteiras e matas. Fala e ouve o mundo. Implanta programas de educação e saúde à distância. Usufrui, enfim, de tudo o que o homem criou em milênios de evolução. Apenas oito países detêm a tecnologia de lançamentos. Nosso país quer e precisa entrar nesse clube.
No Brasil, temos o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), que inclui o desenvolvimento de satélites e o penoso desenvolvimento de um foguete (VLS), no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), que sofreu, desde o início, a falta de recursos e vontade política. Nos anos 80, ombreávamos com Índia e China em termos de tecnologia espacial. Hoje, esses países têm foguetes enquanto nós tentamos viabilizar a última oportunidade de ocupar um lugar ao sol na disputa do espaço. Sem foguete, dependemos de carona. O satélite CBERS, construído junto com a China, é lançado de sua base de lançamentos em Taiyuan, por foguete chinês.
A Alcântara Cyclone Space (ACS), parceria dos governos de Brasil e Ucrânia para lançar foguetes de Alcântara (MA), é vitória de todos nós. Nossos sócios vieram atrás das vantagens da região, que a dois graus do Equador barateia o lançamento ou aumenta a capacidade de carga em até 30%.
A tecnologia dos foguetes Cyclone é comprovada por 200 lançamentos bem-sucedidos. Para nós, representa acesso à disputa de boa fatia de um mercado internacional de US$3,7 bilhões/ano. Até 2016, estima-se que seja necessário lançar 401 satélites para renovar os que vão envelhecendo. Além de nos permitir transformar um município paupérrimo, habitado por uma população limitada à caça, pesca e agricultura familiar, no maior complexo espacial da América Latina, com a atração de fornecedores de equipamentos para os projetos dos sítios e investimentos de cerca de R$1 bilhão em infra-estrutura na região.
A parceria traz ainda oportunidade de incorporação de tecnologias sensíveis às quais não temos acesso. Queremos tecnologia, pois quem não é senhor de suas informações é vulnerável a interesses que nem sempre serão os seus. A ACS é projeto de Estado, ação de inclusão tecnológica de quem quer levar o país a novo patamar de desenvolvimento. O que buscamos, aqui, é dirigir nossa História.”
ESTADOS UNIDOS PREJUDICAM SATÉLITES BRASILEIROS
Li essa notícia hoje no site www.inovacao.unicamp.br. Ela nos mostra como é real e presente o monitoramento norte-americano para impedir o nosso desenvolvimento nas áreas que agregam mais valor aos produtos nacionais.
As áreas espacial, aeronáutica, de eletrônica, química e mecânica finas, de fármacos, informática, biotecnologia, fortes geradoras de produtos de alto valor agregado, têm o desenvolvimento nacional inibido ao máximo pelos países detentores dessas tecnologias. Para as grandes potências industriais e militares, o papel ideal do Brasil é de exportador contido e disciplinado de produtos agrícolas, matérias-primas ou de semimanufaturados, e de importador de produtos que valem milhares de dólares por quilo. É assim, hoje, a diferença entre metrópole e colônia. Vejamos a notícia de hoje que selecionei sobre o assunto:
SATÉLITE SINO-BRASILEIRO
EUA IMPÕEM RESTRIÇÕES À COMPRA DE COMPONENTES PARA O CBERS
“As restrições impostas à importação de componentes para a fabricação do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, o CBERS-3, provocaram alterações no cronograma de lançamento do satélite. Inicialmente previsto para ir ao espaço em 2009, o CBERS-3 só estará pronto para lançamento em 2010. As dificuldades de importação de componentes resultam da ação dos Estados Unidos. O governo dos EUA teme que exportações de produtos de empresas norte-americanas a ser embarcados no CBERS-3 resultem em transferência de tecnologias sensíveis para os chineses, que podem ser usadas por estes com fins militares.
As restrições atrasaram as entregas de partes dos subsistemas do CBERS-3 que eram de responsabilidade do Brasil na parceria com a China. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que gerencia o programa CBERS, contrata empresas no País para desenvolver e produzir parte desses subsistemas. Algumas dessas firmas tiveram problemas na importação dos componentes. Em julho, o instituto recebeu a notícia de que mais três componentes importantes não serão vendidos para o projeto.
A informação foi dada dia 17 de julho por Jânio Kono, gerente da área espacial do programa CBERS, durante mesa-redonda sobre o programa e a formação de recursos humanos para a indústria aeroespacial na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Kono não revelou quais são os três componentes que não serão entregues.
Os subsistemas do satélite sino-brasileiro sob responsabilidade do Brasil são: estrutura; suprimento de energia; telecomunicações de telemetria e telecomando; imageadores; transmissores de dados; gravador de dados; carga útil de coleta de dados. Além desses subsistemas, o Brasil fabrica os computadores de supervisão de bordo e controle de atitude. Em todos os subsistemas houve restrições de importação dos EUA que causaram atrasos no desenvolvimento, testes e fabricação. O país é líder em tecnologias espaciais.
AS RESTRIÇÕES DOS EUA
Uma das empresas impedidas de comprar componentes nos EUA foi a Opto Eletrônica, de São Carlos (SP). A empresa ficou encarregada de montar duas câmeras do CBERS-3, e teve de cancelar um contrato de US$ 45 mil com a International Rectifier (IR), da Califórnia, em 2007. O componente comprado — um conversor de corrente altamente sensível — não pôde ser embarcado para o Brasil, mesmo depois de pago, porque as severas regras do governo dos EUA impediram a empresa californiana de fornecer o produto. Empresas norte-americanas que exportem tecnologia considerada sensível pelo Departamento de Estado dos EUA são fortemente penalizadas. O receio dessas penalidades, impostas pelo governo, fazem-nas desistir de negócios com países como China, Coréia do Norte, Cuba e Irã, entre outros.
As empresas dos EUA pedem a seus compradores no exterior para assinar o que chamam de "bomb letter". Na carta, o comprador se compromete a não dar a esses produtos nenhuma destinação que os EUA não aprovariam, como a fabricação de bombas — daí o nome. Limitar a transferência de tecnologia também é preocupação de outros países, que os faz adotar medidas e restrições semelhantes às dos EUA.
No caso norte-americano, há uma norma específica sobre isso, conhecida pela sigla ITAR — International Traffic in Arms Regulations. Nela, há uma lista que classifica os países em graus de proibição de exportação, segundo o desenvolvimento tecnológico e as relações comerciais e políticas de cada um deles com os EUA. A ITAR também enumera quais componentes devem ter a exportação restringida ou impedida. As firmas norte-americanas, ao cumprir a norma, deixaram de exportar vários componentes para o Brasil, em razão da participação da China no CBERS.
ESTADOS UNIDOS PREJUDICAM SATÉLITES BRASILEIROS
Jarbas Caiado de Castro Neto, presidente da Opto, foi o primeiro a mencionar o embargo às importações por parte dos EUA durante a mesa-redonda na reunião anual da SBPC. A Opto desenvolve e constrói duas câmeras para o CBERS-3: uma multiespectral de alta resolução, conhecida pela sigla MUX, que a empresa desenvolve sozinha e que servirá para monitoramento ambiental e gerenciamento de recursos naturais; e uma câmera imageadora de amplo campo de visada, conhecida pela sigla WFI, desenvolvida em consórcio com a empresa Equatorial Sistemas. Esse último tipo de câmera cobre grandes extensões territoriais, maiores do que as cobertas pela MUX, por exemplo, que registra mais detalhes. "No caso da WFI, que é muito mais simples do que a MUX, se não fosse o boicote norte-americano, já estaríamos em uma etapa mais avançada", contou Castro Neto.
O empresário afirmou que, sem o embargo dos EUA, a câmera estaria sendo qualificada em modelo de vôo, praticamente a fase final de testes no desenvolvimento de um satélite. Em qualquer programa espacial, como lançamento de satélites, há uma série de testes feitos para qualificar os componentes, subsistemas, todas as tecnologias utilizadas. Qualificar significa verificar se os subsistemas e componentes atendem aos requisitos técnicos dados por quem encomendou o satélite. Esses requisitos definem o que cada componente ou subsistema deve fazer e dão os parâmetros para que estes "sobrevivam" às condições de vôo e ao ambiente espacial. Por exemplo: os componentes devem operar perfeitamente em ambientes sem gravidade, resistir a grandes variações de temperatura, etc.
Contudo, Castro Neto destacou que os problemas de importação, por conta da norma ITAR, não são de todo negativos, pois estão se transformando em oportunidade. Podem tornar o País mais independente de nações mais desenvolvidas no que se refere às tecnologias para os satélites, comentou ele na apresentação na SBPC.
SOLUÇÃO PARA O BLOQUEIO DE IMPORTAÇÕES
Como participante da platéia, Jânio Kono, do INPE, usou o espaço de debates para oferecer mais informações sobre o assunto. Segundo ele, o maior problema no desenvolvimento do CBERS-3 foi o embargo às importações de componentes. Quando o Brasil e a China construíram o CBERS-2, já houve alguma restrição, lembrou. Para o CBERS-3, disse ele, as câmeras e todos os subsistemas que ficaram sob responsabilidade do Brasil foram afetados pelas dificuldades impostas pelos norte-americanos. "Projetos foram recomeçados, refeitos, componentes foram trocados, causando atrasos", enumerou Kono.
Por e-mail, Kono contou a Inovação, de maneira mais detalhada, a forma encontrada pelo INPE para ajudar as empresas parceiras a atender as encomendas, de modo a não aumentar ainda mais o atraso no lançamento do satélite causado pela restrição na importação de componentes de alta confiabilidade e qualificados para uso no espaço. "Os problemas e os atrasos foram diferentes para cada subsistema e estão sendo resolvidos caso a caso", contou. Procuram-se, em primeiro lugar, componentes qualificados com funções similares que possam substituir os restritos. "Se não forem encontrados, há um impacto maior no projeto. Em certos casos, optou-se por mudanças substanciais na concepção do subsistema", completou. Em outros casos, procura-se qualificar para o uso no CBERS, por meio de testes adicionais (chamados de up-screening), componentes para os quais não há garantia de qualificação dos fabricantes. "Isso deve ser feito com cuidado para não comprometer a confiabilidade do satélite", alertou.
SETOR ESPACIAL NO BRASIL É MARCADO POR POUCAS ENCOMENDAS
O embargo na importação amplia os problemas das empresas do setor espacial no Brasil, que dependem muito do governo. Na Europa, as empresas do setor espacial têm encontrado um mercado em expansão por atuarem também em telecomunicações, por exemplo. Nos Estados Unidos, o programa espacial é estratégico e recebe grandes volumes de recursos por parte do governo, o que sustenta o setor.
Já no Brasil, há forte sazonalidade, devido à instabilidade no repasse de recursos, por parte do governo, aos projetos que integram o programa espacial brasileiro. César Ghizoni, presidente da empresa Equatorial Sistemas e um dos palestrantes da mesa-redonda sobre a importância do CBERS na formação de recursos humanos nas indústrias, e Jarbas Caiado de Castro Neto, da Opto, falaram das estratégias diferentes para sobreviver também a essa sazonalidade.
Os dois primeiros satélites do programa, CBERS-1 e 2, quase não contaram com a participação de empresas privadas. Praticamente tudo do CBERS-1 foi desenvolvido pelo INPE, dentro dos subsistemas que eram de responsabilidade do País. No CBERS-2, empresas participaram discretamente, e isso se ampliou no CBERS-2B e no CBERS-3. Mas, por quase cinco anos, o programa CBERS não fez nenhuma encomenda para a iniciativa privada.
Empresas como a Opto, que atua em outros nichos de mercado, conseguem gerar caixa com outras atividades para se manter enquanto o governo não faz uma encomenda. No caso da Opto, ela utiliza a expertise conseguida pela divisão aeroespacial, que trabalha com sistemas imageadores (câmeras) para satélite e ópticos para defesa, para desenvolver e fabricar produtos para uso civil. Daí ela ter uma divisão médica, com foco em oftalmologia, e de filmes finos, que trabalha com lentes de óculos anti-reflexo.
Já a Equatorial, que atua exclusivamente no setor, seguiu outro caminho: fez parceria com empresas internacionais para participar de projetos de outros países. O programa espacial brasileiro não gera demanda que consiga manter uma empresa funcionando por muito tempo, devido à sazonalidade das encomendas. A saída, segundo Ghizoni, foi se internacionalizar. A Equatorial tem como acionista minoritária a European Aeronautics Defence and Space Company (EADS), e isso facilita a entrada da empresa brasileira em outros mercados.
Apesar dos problemas envolvendo o setor espacial no Brasil, ambas as firmas destacam como ponto positivo do programa espacial brasileiro o projeto CBERS. Trata-se do único projeto ativo do programa espacial nacional de longa duração. Completou 20 anos em 2008. E quando as empresas participam de um projeto como o CBERS, destacou Ghizoni, ganham ao se capacitar e formar pessoas capazes de lidar com tecnologias de última geração, pois os requisitos para trabalhar na área espacial são maiores do que os para desenvolver um produto para uso civil.
A Opto ilustra bem isso: a participação no CBERS é fundamental para suas outras atividades, porque amplia sua capacidade de inovar. Um exemplo: por ser muito sofisticado, o sistema de imagem do CBERS exigiu da Opto a montagem de uma equipe de físicos e engenheiros treinados em desenho óptico. Essa mesma equipe trabalhou na câmera de fundo de olho, produto da área oftalmológica da empresa. Essa câmera fotografa toda a retina do olho. Apenas duas outras empresas em todo o mundo — uma japonesa e outra alemã — produzem equipamentos similares.
OS PRÓXIMOS PASSOS PARA O LANÇAMENTO DO CBERS-3
Segundo Jânio Koko, no momento o INPE está realizando testes para qualificação do projeto estrutural do satélite, em São Jose dos Campos (SP). Os modelos de engenharia dos subsistemas estão sendo entregues pelas empresas contratadas e deverão ser enviados para a China em agosto. A partir de setembro, um modelo de engenharia do satélite será integrado e o funcionamento e desempenho do satélite serão verificados. "Esses modelos de engenharia são semelhantes aos equipamentos que irão integrar os satélites de vôo, mas são fabricados com componentes não qualificados e não são submetidos aos testes ambientais de qualificação", explicou. Os componentes qualificados serão utilizados em modelos de qualificação e modelos de vôo dos equipamentos.
Além da Opto e da Equatorial, outras empresas, como Mectron, Cenic e Fibraforte, participam do projeto do CBERS-3, contratadas pelo INPE para desenvolvimento e montagem de partes dos subsistemas do satélite.”
As áreas espacial, aeronáutica, de eletrônica, química e mecânica finas, de fármacos, informática, biotecnologia, fortes geradoras de produtos de alto valor agregado, têm o desenvolvimento nacional inibido ao máximo pelos países detentores dessas tecnologias. Para as grandes potências industriais e militares, o papel ideal do Brasil é de exportador contido e disciplinado de produtos agrícolas, matérias-primas ou de semimanufaturados, e de importador de produtos que valem milhares de dólares por quilo. É assim, hoje, a diferença entre metrópole e colônia. Vejamos a notícia de hoje que selecionei sobre o assunto:
SATÉLITE SINO-BRASILEIRO
EUA IMPÕEM RESTRIÇÕES À COMPRA DE COMPONENTES PARA O CBERS
“As restrições impostas à importação de componentes para a fabricação do Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, o CBERS-3, provocaram alterações no cronograma de lançamento do satélite. Inicialmente previsto para ir ao espaço em 2009, o CBERS-3 só estará pronto para lançamento em 2010. As dificuldades de importação de componentes resultam da ação dos Estados Unidos. O governo dos EUA teme que exportações de produtos de empresas norte-americanas a ser embarcados no CBERS-3 resultem em transferência de tecnologias sensíveis para os chineses, que podem ser usadas por estes com fins militares.
As restrições atrasaram as entregas de partes dos subsistemas do CBERS-3 que eram de responsabilidade do Brasil na parceria com a China. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que gerencia o programa CBERS, contrata empresas no País para desenvolver e produzir parte desses subsistemas. Algumas dessas firmas tiveram problemas na importação dos componentes. Em julho, o instituto recebeu a notícia de que mais três componentes importantes não serão vendidos para o projeto.
A informação foi dada dia 17 de julho por Jânio Kono, gerente da área espacial do programa CBERS, durante mesa-redonda sobre o programa e a formação de recursos humanos para a indústria aeroespacial na 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Kono não revelou quais são os três componentes que não serão entregues.
Os subsistemas do satélite sino-brasileiro sob responsabilidade do Brasil são: estrutura; suprimento de energia; telecomunicações de telemetria e telecomando; imageadores; transmissores de dados; gravador de dados; carga útil de coleta de dados. Além desses subsistemas, o Brasil fabrica os computadores de supervisão de bordo e controle de atitude. Em todos os subsistemas houve restrições de importação dos EUA que causaram atrasos no desenvolvimento, testes e fabricação. O país é líder em tecnologias espaciais.
AS RESTRIÇÕES DOS EUA
Uma das empresas impedidas de comprar componentes nos EUA foi a Opto Eletrônica, de São Carlos (SP). A empresa ficou encarregada de montar duas câmeras do CBERS-3, e teve de cancelar um contrato de US$ 45 mil com a International Rectifier (IR), da Califórnia, em 2007. O componente comprado — um conversor de corrente altamente sensível — não pôde ser embarcado para o Brasil, mesmo depois de pago, porque as severas regras do governo dos EUA impediram a empresa californiana de fornecer o produto. Empresas norte-americanas que exportem tecnologia considerada sensível pelo Departamento de Estado dos EUA são fortemente penalizadas. O receio dessas penalidades, impostas pelo governo, fazem-nas desistir de negócios com países como China, Coréia do Norte, Cuba e Irã, entre outros.
As empresas dos EUA pedem a seus compradores no exterior para assinar o que chamam de "bomb letter". Na carta, o comprador se compromete a não dar a esses produtos nenhuma destinação que os EUA não aprovariam, como a fabricação de bombas — daí o nome. Limitar a transferência de tecnologia também é preocupação de outros países, que os faz adotar medidas e restrições semelhantes às dos EUA.
No caso norte-americano, há uma norma específica sobre isso, conhecida pela sigla ITAR — International Traffic in Arms Regulations. Nela, há uma lista que classifica os países em graus de proibição de exportação, segundo o desenvolvimento tecnológico e as relações comerciais e políticas de cada um deles com os EUA. A ITAR também enumera quais componentes devem ter a exportação restringida ou impedida. As firmas norte-americanas, ao cumprir a norma, deixaram de exportar vários componentes para o Brasil, em razão da participação da China no CBERS.
ESTADOS UNIDOS PREJUDICAM SATÉLITES BRASILEIROS
Jarbas Caiado de Castro Neto, presidente da Opto, foi o primeiro a mencionar o embargo às importações por parte dos EUA durante a mesa-redonda na reunião anual da SBPC. A Opto desenvolve e constrói duas câmeras para o CBERS-3: uma multiespectral de alta resolução, conhecida pela sigla MUX, que a empresa desenvolve sozinha e que servirá para monitoramento ambiental e gerenciamento de recursos naturais; e uma câmera imageadora de amplo campo de visada, conhecida pela sigla WFI, desenvolvida em consórcio com a empresa Equatorial Sistemas. Esse último tipo de câmera cobre grandes extensões territoriais, maiores do que as cobertas pela MUX, por exemplo, que registra mais detalhes. "No caso da WFI, que é muito mais simples do que a MUX, se não fosse o boicote norte-americano, já estaríamos em uma etapa mais avançada", contou Castro Neto.
O empresário afirmou que, sem o embargo dos EUA, a câmera estaria sendo qualificada em modelo de vôo, praticamente a fase final de testes no desenvolvimento de um satélite. Em qualquer programa espacial, como lançamento de satélites, há uma série de testes feitos para qualificar os componentes, subsistemas, todas as tecnologias utilizadas. Qualificar significa verificar se os subsistemas e componentes atendem aos requisitos técnicos dados por quem encomendou o satélite. Esses requisitos definem o que cada componente ou subsistema deve fazer e dão os parâmetros para que estes "sobrevivam" às condições de vôo e ao ambiente espacial. Por exemplo: os componentes devem operar perfeitamente em ambientes sem gravidade, resistir a grandes variações de temperatura, etc.
Contudo, Castro Neto destacou que os problemas de importação, por conta da norma ITAR, não são de todo negativos, pois estão se transformando em oportunidade. Podem tornar o País mais independente de nações mais desenvolvidas no que se refere às tecnologias para os satélites, comentou ele na apresentação na SBPC.
SOLUÇÃO PARA O BLOQUEIO DE IMPORTAÇÕES
Como participante da platéia, Jânio Kono, do INPE, usou o espaço de debates para oferecer mais informações sobre o assunto. Segundo ele, o maior problema no desenvolvimento do CBERS-3 foi o embargo às importações de componentes. Quando o Brasil e a China construíram o CBERS-2, já houve alguma restrição, lembrou. Para o CBERS-3, disse ele, as câmeras e todos os subsistemas que ficaram sob responsabilidade do Brasil foram afetados pelas dificuldades impostas pelos norte-americanos. "Projetos foram recomeçados, refeitos, componentes foram trocados, causando atrasos", enumerou Kono.
Por e-mail, Kono contou a Inovação, de maneira mais detalhada, a forma encontrada pelo INPE para ajudar as empresas parceiras a atender as encomendas, de modo a não aumentar ainda mais o atraso no lançamento do satélite causado pela restrição na importação de componentes de alta confiabilidade e qualificados para uso no espaço. "Os problemas e os atrasos foram diferentes para cada subsistema e estão sendo resolvidos caso a caso", contou. Procuram-se, em primeiro lugar, componentes qualificados com funções similares que possam substituir os restritos. "Se não forem encontrados, há um impacto maior no projeto. Em certos casos, optou-se por mudanças substanciais na concepção do subsistema", completou. Em outros casos, procura-se qualificar para o uso no CBERS, por meio de testes adicionais (chamados de up-screening), componentes para os quais não há garantia de qualificação dos fabricantes. "Isso deve ser feito com cuidado para não comprometer a confiabilidade do satélite", alertou.
SETOR ESPACIAL NO BRASIL É MARCADO POR POUCAS ENCOMENDAS
O embargo na importação amplia os problemas das empresas do setor espacial no Brasil, que dependem muito do governo. Na Europa, as empresas do setor espacial têm encontrado um mercado em expansão por atuarem também em telecomunicações, por exemplo. Nos Estados Unidos, o programa espacial é estratégico e recebe grandes volumes de recursos por parte do governo, o que sustenta o setor.
Já no Brasil, há forte sazonalidade, devido à instabilidade no repasse de recursos, por parte do governo, aos projetos que integram o programa espacial brasileiro. César Ghizoni, presidente da empresa Equatorial Sistemas e um dos palestrantes da mesa-redonda sobre a importância do CBERS na formação de recursos humanos nas indústrias, e Jarbas Caiado de Castro Neto, da Opto, falaram das estratégias diferentes para sobreviver também a essa sazonalidade.
Os dois primeiros satélites do programa, CBERS-1 e 2, quase não contaram com a participação de empresas privadas. Praticamente tudo do CBERS-1 foi desenvolvido pelo INPE, dentro dos subsistemas que eram de responsabilidade do País. No CBERS-2, empresas participaram discretamente, e isso se ampliou no CBERS-2B e no CBERS-3. Mas, por quase cinco anos, o programa CBERS não fez nenhuma encomenda para a iniciativa privada.
Empresas como a Opto, que atua em outros nichos de mercado, conseguem gerar caixa com outras atividades para se manter enquanto o governo não faz uma encomenda. No caso da Opto, ela utiliza a expertise conseguida pela divisão aeroespacial, que trabalha com sistemas imageadores (câmeras) para satélite e ópticos para defesa, para desenvolver e fabricar produtos para uso civil. Daí ela ter uma divisão médica, com foco em oftalmologia, e de filmes finos, que trabalha com lentes de óculos anti-reflexo.
Já a Equatorial, que atua exclusivamente no setor, seguiu outro caminho: fez parceria com empresas internacionais para participar de projetos de outros países. O programa espacial brasileiro não gera demanda que consiga manter uma empresa funcionando por muito tempo, devido à sazonalidade das encomendas. A saída, segundo Ghizoni, foi se internacionalizar. A Equatorial tem como acionista minoritária a European Aeronautics Defence and Space Company (EADS), e isso facilita a entrada da empresa brasileira em outros mercados.
Apesar dos problemas envolvendo o setor espacial no Brasil, ambas as firmas destacam como ponto positivo do programa espacial brasileiro o projeto CBERS. Trata-se do único projeto ativo do programa espacial nacional de longa duração. Completou 20 anos em 2008. E quando as empresas participam de um projeto como o CBERS, destacou Ghizoni, ganham ao se capacitar e formar pessoas capazes de lidar com tecnologias de última geração, pois os requisitos para trabalhar na área espacial são maiores do que os para desenvolver um produto para uso civil.
A Opto ilustra bem isso: a participação no CBERS é fundamental para suas outras atividades, porque amplia sua capacidade de inovar. Um exemplo: por ser muito sofisticado, o sistema de imagem do CBERS exigiu da Opto a montagem de uma equipe de físicos e engenheiros treinados em desenho óptico. Essa mesma equipe trabalhou na câmera de fundo de olho, produto da área oftalmológica da empresa. Essa câmera fotografa toda a retina do olho. Apenas duas outras empresas em todo o mundo — uma japonesa e outra alemã — produzem equipamentos similares.
OS PRÓXIMOS PASSOS PARA O LANÇAMENTO DO CBERS-3
Segundo Jânio Koko, no momento o INPE está realizando testes para qualificação do projeto estrutural do satélite, em São Jose dos Campos (SP). Os modelos de engenharia dos subsistemas estão sendo entregues pelas empresas contratadas e deverão ser enviados para a China em agosto. A partir de setembro, um modelo de engenharia do satélite será integrado e o funcionamento e desempenho do satélite serão verificados. "Esses modelos de engenharia são semelhantes aos equipamentos que irão integrar os satélites de vôo, mas são fabricados com componentes não qualificados e não são submetidos aos testes ambientais de qualificação", explicou. Os componentes qualificados serão utilizados em modelos de qualificação e modelos de vôo dos equipamentos.
Além da Opto e da Equatorial, outras empresas, como Mectron, Cenic e Fibraforte, participam do projeto do CBERS-3, contratadas pelo INPE para desenvolvimento e montagem de partes dos subsistemas do satélite.”
segunda-feira, 28 de julho de 2008
OS EUA PODEM SER REBAIXADOS NO GRAU DE INVESTIMENTO
Li no blog do Nassif essa notícia. Será uma confirmação do ditado popular “Não há nada como um dia após o outro”?
“O REBAIXAMENTO DOS EUA"
"Um tema tabu começa a ser discutido cada vez mais amplamente: até que ponto a economia dos Estados Unidos continuará a receber classificação AAA+ das agências de risco?
É um dado crucial porque interfere no valor do dólar, no custo das aplicações no país e, por tabela, na estrutura de juros mundial – já que os títulos do Tesouro americano são a taxa básica da economia global.
Artigo de Mark Gilbert, da Bloomberg News, publicado no Valor de hoje, expõe as dúvidas da comunidade financeira internacional.
Os casos Fannie e Freddir – a crise das duas agências hipotecárias americanas – reacenderam a discussão. Este mês ainda, lembra o artigo, a Fannie Mae informou estar capitalizada e ter acesso a “amplas fontes de liquidez, incluindo os mercados de dívida”.
Segundo a Standard & Poor’s, o socorro às “instituições sob licença do governo” - como é o caso das duas companhias – poderia, no limite, custar 10% do PIB do país, contra 3% da ajuda às instituições privadas.”
“O REBAIXAMENTO DOS EUA"
"Um tema tabu começa a ser discutido cada vez mais amplamente: até que ponto a economia dos Estados Unidos continuará a receber classificação AAA+ das agências de risco?
É um dado crucial porque interfere no valor do dólar, no custo das aplicações no país e, por tabela, na estrutura de juros mundial – já que os títulos do Tesouro americano são a taxa básica da economia global.
Artigo de Mark Gilbert, da Bloomberg News, publicado no Valor de hoje, expõe as dúvidas da comunidade financeira internacional.
Os casos Fannie e Freddir – a crise das duas agências hipotecárias americanas – reacenderam a discussão. Este mês ainda, lembra o artigo, a Fannie Mae informou estar capitalizada e ter acesso a “amplas fontes de liquidez, incluindo os mercados de dívida”.
Segundo a Standard & Poor’s, o socorro às “instituições sob licença do governo” - como é o caso das duas companhias – poderia, no limite, custar 10% do PIB do país, contra 3% da ajuda às instituições privadas.”
A QUEM SERVE A GLOBALIZAÇÃO?
O jornal Folha de São Paulo publicou hoje um bom artigo de Luiz Carlos Bresser-Pereira. O autor é professor emérito da Fundação Getulio Vargas, ex-ministro da Fazenda (governo Sarney), da Administração e Reforma do Estado (primeiro governo FHC) e da Ciência e Tecnologia (segundo governo FHC), é autor de "Macroeconomia da Estagnação: Crítica da Ortodoxia Convencional no Brasil pós-1994". Transcrevo:
“Nos Anos 1990, a globalização era a "bête noire" da esquerda e dos países em desenvolvimento -para muitos significava abertura econômica prematura. Na atual década, deixou de ser bandeira ideológica do neoliberalismo para se transformar no fantasma perseguindo os países ricos que, aos poucos, abandonam o discurso neoliberal e se preparam para levantar mais barreiras protecionistas.
Nos EUA, o discurso dos dois candidatos à presidência é protecionista. Na Europa, a rejeição aos imigrantes pobres porque eles pressionam para baixo os salários médios aumenta a cada dia, ao mesmo tempo em que leis contra os imigrantes violando direitos humanos são aprovadas pelo parlamento europeu, como bem demonstraram Ricardo Seitenfus e Deisy Ventura nesta Folha (25.7.08).
Como explicar esse fato? Afinal, a quem serve a globalização? A globalização é a denominação para o estágio atual do capitalismo; é abertura comercial combinada à formação de uma sociedade global. No plano econômico, a globalização significa abertura de todos os mercados: abertura comercial, necessariamente, porque é parte da própria definição de globalização; abertura financeira -dos fluxos de capital-, perfeitamente evitável, já que aumenta a instabilidade financeira mundial ao tirar dos países em desenvolvimento o controle de suas taxas de câmbio.
Nos anos 1990, a globalização contou com o apoio dos países do Norte, que partiam do pressuposto que, na competição global, teriam vantagem. Isso, entretanto, só era verdadeiro em relação à abertura financeira, porque esta, ao impedir os países em desenvolvimento de administrar sua taxa de câmbio, deixava livre a tendência à sobreapreciação da sua taxa de câmbio.
Não era verdade em relação à abertura comercial, porque, desde que os países em desenvolvimento neutralizassem aquela tendência, sua mão-de-obra mais barata lhes garantiria êxito na competição global sem necessidade de proteção.
Para que isso ocorresse o país em desenvolvimento deveria preencher três condições: (1) ser um país de renda média (que já passou pelo estágio da indústria infante), (2) manter o equilíbrio fiscal e (3) contar com uma estratégia de desenvolvimento que implicasse a determinação nacional de neutralizar a tendência à sobreapreciação da taxa de câmbio -uma tendência existente em todos os países em desenvolvimento devido à doença holandesa e à atração que as economias desses países exercem sobre os capitais abundantes e relativamente mal-remunerados do Norte.
Os países asiáticos dinâmicos hoje capitaneados pela China satisfizeram essas condições; mantiveram tanto as finanças do Estado quanto do Estado-Nação sadias graças ao estrito controle orçamentário e à administração da taxa de câmbio para mantê-la sempre competitiva -e cresceram muito mais do que os países ricos.
Outra, porém, foi a sorte dos países latino-americanos. Subordinaram-se à ortodoxia convencional; aceitaram, além da globalização comercial, a financeira; passaram a receber capitais de que não têm necessidade; perderam o controle de suas taxas de câmbio; deixaram-se se apreciar até a beira da crise de balanço de pagamentos; e ficaram para trás. A globalização, que lhes poderia ter sido tão favorável, afinal não os beneficiou, porque, embora tivessem as condições para competir mundialmente, suas elites não têm a autonomia para poder aproveitar a oportunidade.”
“Nos Anos 1990, a globalização era a "bête noire" da esquerda e dos países em desenvolvimento -para muitos significava abertura econômica prematura. Na atual década, deixou de ser bandeira ideológica do neoliberalismo para se transformar no fantasma perseguindo os países ricos que, aos poucos, abandonam o discurso neoliberal e se preparam para levantar mais barreiras protecionistas.
Nos EUA, o discurso dos dois candidatos à presidência é protecionista. Na Europa, a rejeição aos imigrantes pobres porque eles pressionam para baixo os salários médios aumenta a cada dia, ao mesmo tempo em que leis contra os imigrantes violando direitos humanos são aprovadas pelo parlamento europeu, como bem demonstraram Ricardo Seitenfus e Deisy Ventura nesta Folha (25.7.08).
Como explicar esse fato? Afinal, a quem serve a globalização? A globalização é a denominação para o estágio atual do capitalismo; é abertura comercial combinada à formação de uma sociedade global. No plano econômico, a globalização significa abertura de todos os mercados: abertura comercial, necessariamente, porque é parte da própria definição de globalização; abertura financeira -dos fluxos de capital-, perfeitamente evitável, já que aumenta a instabilidade financeira mundial ao tirar dos países em desenvolvimento o controle de suas taxas de câmbio.
Nos anos 1990, a globalização contou com o apoio dos países do Norte, que partiam do pressuposto que, na competição global, teriam vantagem. Isso, entretanto, só era verdadeiro em relação à abertura financeira, porque esta, ao impedir os países em desenvolvimento de administrar sua taxa de câmbio, deixava livre a tendência à sobreapreciação da sua taxa de câmbio.
Não era verdade em relação à abertura comercial, porque, desde que os países em desenvolvimento neutralizassem aquela tendência, sua mão-de-obra mais barata lhes garantiria êxito na competição global sem necessidade de proteção.
Para que isso ocorresse o país em desenvolvimento deveria preencher três condições: (1) ser um país de renda média (que já passou pelo estágio da indústria infante), (2) manter o equilíbrio fiscal e (3) contar com uma estratégia de desenvolvimento que implicasse a determinação nacional de neutralizar a tendência à sobreapreciação da taxa de câmbio -uma tendência existente em todos os países em desenvolvimento devido à doença holandesa e à atração que as economias desses países exercem sobre os capitais abundantes e relativamente mal-remunerados do Norte.
Os países asiáticos dinâmicos hoje capitaneados pela China satisfizeram essas condições; mantiveram tanto as finanças do Estado quanto do Estado-Nação sadias graças ao estrito controle orçamentário e à administração da taxa de câmbio para mantê-la sempre competitiva -e cresceram muito mais do que os países ricos.
Outra, porém, foi a sorte dos países latino-americanos. Subordinaram-se à ortodoxia convencional; aceitaram, além da globalização comercial, a financeira; passaram a receber capitais de que não têm necessidade; perderam o controle de suas taxas de câmbio; deixaram-se se apreciar até a beira da crise de balanço de pagamentos; e ficaram para trás. A globalização, que lhes poderia ter sido tão favorável, afinal não os beneficiou, porque, embora tivessem as condições para competir mundialmente, suas elites não têm a autonomia para poder aproveitar a oportunidade.”
A IV FROTA PODERÁ “CUMPRIR MISSÕES HUMANITÁRIAS” VISTA DAS NOSSAS PRAIAS
GOVERNO DOS EUA DIZEM QUE “RESPEITARÃO O MAR TERRITORIAL BRASILEIRO” NAS SUAS MISSÕES HUMANITÁRIAS NA AMÉRICA DO SUL
Em 10 de julho, este blog já expressou: “DO LEBLON E IPANEMA SERÁ POSSÍVEL VER A IV FROTA OPERANDO”, pois “mar territorial” é uma estreitíssima faixa assim definida: “É a faixa de mar que se estende desde a linha de base até uma distância que não deve exceder 12 milhas marítimas de largura.
Sobre esse assunto, o jornal Gazeta Mercantil publicou hoje o instrutivo artigo a seguir apresentado:
DIFERENTES ÁREAS MARÍTIMAS E AS DEFINIÇÕES
Os limites da jurisdição nacional do espaço oceânico estavam em negociação entre os países desde 1973. A regulamentação, que determinou esses limites, bem como direitos e deveres dos países para a exploração do mar, foi definida na Convenção das Nações Unidas sobre o Direto do Mar, em 1982.
O documento estabelece que todas as nações costeiras têm direito a um mar territorial, que possui até 12 milhas marítimas a partir da marca mais baixa deixada pela água ao longo da costa. Nesta área o país é soberano sobre as águas, o solo e o subsolo, o espaço aéreo sobrejacente, com direito exclusivo sobre recursos vivos e não-vivos.
Além disso, os Estados estabelecem uma zona econômica explusiva, que não deve se estender além das 200 milhas marítimas. Nessa região, o país não possui jurisdição absoluta, mas tem soberania exclusiva para a exploração e aproveitamento, gestão e conservação de recursos marinhos, do subsolo e águas adjacentes e, exerce jurisdição sobre as investigações científicas marinhas. A navegação e o sobrevôo são livres.
A zona econômica exclusiva é, em boa medida, a plataforma continental, definida como o prolongamento submerso de massa terrestre até a borda exterior, a margem continental. Quando essa plataforma se estende além das 200 milhas, a Convenção prevê critérios para estabelecer limites externos. O Brasil já solicitou à ONU uma extensão da plataforma continental correspondente a 1 milhão de km.
Nas áreas internacionais dos oceanos, que estão além dos limites dos Estados, os recursos são considerados patrimônio da humanidade. Para pesquisar e eventualmente explorar essa região, os países podem solicitar reservas de áreas.”
Em 10 de julho, este blog já expressou: “DO LEBLON E IPANEMA SERÁ POSSÍVEL VER A IV FROTA OPERANDO”, pois “mar territorial” é uma estreitíssima faixa assim definida: “É a faixa de mar que se estende desde a linha de base até uma distância que não deve exceder 12 milhas marítimas de largura.
Sobre esse assunto, o jornal Gazeta Mercantil publicou hoje o instrutivo artigo a seguir apresentado:
DIFERENTES ÁREAS MARÍTIMAS E AS DEFINIÇÕES
Os limites da jurisdição nacional do espaço oceânico estavam em negociação entre os países desde 1973. A regulamentação, que determinou esses limites, bem como direitos e deveres dos países para a exploração do mar, foi definida na Convenção das Nações Unidas sobre o Direto do Mar, em 1982.
O documento estabelece que todas as nações costeiras têm direito a um mar territorial, que possui até 12 milhas marítimas a partir da marca mais baixa deixada pela água ao longo da costa. Nesta área o país é soberano sobre as águas, o solo e o subsolo, o espaço aéreo sobrejacente, com direito exclusivo sobre recursos vivos e não-vivos.
Além disso, os Estados estabelecem uma zona econômica explusiva, que não deve se estender além das 200 milhas marítimas. Nessa região, o país não possui jurisdição absoluta, mas tem soberania exclusiva para a exploração e aproveitamento, gestão e conservação de recursos marinhos, do subsolo e águas adjacentes e, exerce jurisdição sobre as investigações científicas marinhas. A navegação e o sobrevôo são livres.
A zona econômica exclusiva é, em boa medida, a plataforma continental, definida como o prolongamento submerso de massa terrestre até a borda exterior, a margem continental. Quando essa plataforma se estende além das 200 milhas, a Convenção prevê critérios para estabelecer limites externos. O Brasil já solicitou à ONU uma extensão da plataforma continental correspondente a 1 milhão de km.
Nas áreas internacionais dos oceanos, que estão além dos limites dos Estados, os recursos são considerados patrimônio da humanidade. Para pesquisar e eventualmente explorar essa região, os países podem solicitar reservas de áreas.”
AS MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
BRASIL DOMINA RANKING DAS 500 MAIORES EMPRESAS DA AMÉRICA LATINA
Essa notícia, a seguir transcrita, da agência inglesa de notícias BBC, foi publicada hoje de manhã no portal UOL:
“As empresas brasileiras dominam um ranking que reúne as 500 maiores empresas da América Latina em 2007, de acordo com um estudo anual realizado pela revista chilena "América Economía".
De acordo com a listagem, que reúne informações financeiras de grandes companhias latino-americanas, do total de 500 empresas analisadas, 210 são brasileiras.
O número representa um aumento de apenas quatro companhias em relação ao ano anterior, mas põe o Brasil muito à frente do México, o segundo colocado, com 134 empresas.
Apesar de contar com o maior número de empresas, o Brasil não lidera o ranking, encabeçado pela petrolífera mexicana Pemex.
Na segunda posição vem a Petrobras, que subiu do terceiro para o segundo lugar, depois que suas vendas aumentaram 12% em um ano, batendo US$ 96,3 bilhões em 2007. A estatal brasileira ultrapassou a venezuelana PDVSA que caiu da primeira para terceira posição, com um total de vendas estimado em US$ 96,2 bilhões, uma queda de 6% em relação a 2006.
"Se a petroleira brasileira mantiver em 2008 o ritmo médio de crescimento alcançado nos últimos dez anos (18,63%) e supondo que suas rivais mexicanas e venezuelanas façam o mesmo, podemos adiantar que fechará 2008 como a maior empresa em vendas da América Latina", afirma a publicação, com sede em Santiago, no Chile.
ERA DOURADA
De acordo com a "América Economía", o advento da Petrobras como a maior empresa da região "é apenas uma das diversas manifestações da forte liderança que as companhias brasileiras começam a tomar na América Latina".
Segundo os dados da revista, as companhias do Brasil são as que mais cresceram em volume de vendas de 2006 para 2007 (35%), enquanto o índice de crescimento registrado entre todas as 500 listadas foi de 23%.
Ainda segunda revista, além do setor petrolífero, o Brasil também desponta no topo de outros setores econômicos citados no estudo, como o de alimentos e agroindústria.
"As firmas brasileiras de alimentos vivem uma era dourada. Crescem os estímulos à exportação e a demanda interna. O aumento das vendas das 11 brasileiras no ranking do setor é sintomático: passou de 30% para 65%", diz.
Entre outras empresas brasileiras citadas dentro das 50 primeiras do ranking geral estão a Vale do Rio Doce (5°), Petrobras Distribuidora (7°), Grupo Votorantim (13°), Gerdau (15°), Odebrecht (16°) e Eletrobras (19°).
"BRASILCENTRISMO"
Na avaliação da revista, as multinacionais já falam no termo "Brasilcentrismo" quando traçam sua estratégia de investimento na América Latina.
"Trata-se de um conceito que busca explicar o afã de executivos em reduzir seu plano latino-americano ao penetrar somente no maior país da região", afirma.
"O Brasil sempre foi o centro de gravidade da América Latina, pelo menos da América do Sul. No entanto, com as positivas taxas de crescimento dos últimos anos, as reformas realizadas e a seriedade econômica com a qual se está administrando o país incrementaram o poder de atração deste gigante que começa a crescer e cujo atrativo ameaça ofuscar outras economias da região", avalia a revista.
A expansão das empresas brasileiras e mexicanas, que somam 344 do total, castigam as argentinas, colombianas, chilenas, peruanas e venezuelanas, que perderam terreno, reduzindo seu número de participantes de 169 para 144.
Na avaliação da revista, o que explica o bom desempenho das 500 maiores empresas da região são os rendimentos das economias domésticas.
"A valorização das moedas locais frente ao dólar dificultou as exportações", diz a revista.
De fato, a fatia das vendas para o exterior caiu de 47,5% para 39,8% em 2007.
"O que está realmente por trás dos bons resultados é o rendimento das economias domésticas. Em 2007, a América Latina teve seu quarto ano de expansão consecutiva, acima dos 3%", afirma a ‘América Economía’."
Essa notícia, a seguir transcrita, da agência inglesa de notícias BBC, foi publicada hoje de manhã no portal UOL:
“As empresas brasileiras dominam um ranking que reúne as 500 maiores empresas da América Latina em 2007, de acordo com um estudo anual realizado pela revista chilena "América Economía".
De acordo com a listagem, que reúne informações financeiras de grandes companhias latino-americanas, do total de 500 empresas analisadas, 210 são brasileiras.
O número representa um aumento de apenas quatro companhias em relação ao ano anterior, mas põe o Brasil muito à frente do México, o segundo colocado, com 134 empresas.
Apesar de contar com o maior número de empresas, o Brasil não lidera o ranking, encabeçado pela petrolífera mexicana Pemex.
Na segunda posição vem a Petrobras, que subiu do terceiro para o segundo lugar, depois que suas vendas aumentaram 12% em um ano, batendo US$ 96,3 bilhões em 2007. A estatal brasileira ultrapassou a venezuelana PDVSA que caiu da primeira para terceira posição, com um total de vendas estimado em US$ 96,2 bilhões, uma queda de 6% em relação a 2006.
"Se a petroleira brasileira mantiver em 2008 o ritmo médio de crescimento alcançado nos últimos dez anos (18,63%) e supondo que suas rivais mexicanas e venezuelanas façam o mesmo, podemos adiantar que fechará 2008 como a maior empresa em vendas da América Latina", afirma a publicação, com sede em Santiago, no Chile.
ERA DOURADA
De acordo com a "América Economía", o advento da Petrobras como a maior empresa da região "é apenas uma das diversas manifestações da forte liderança que as companhias brasileiras começam a tomar na América Latina".
Segundo os dados da revista, as companhias do Brasil são as que mais cresceram em volume de vendas de 2006 para 2007 (35%), enquanto o índice de crescimento registrado entre todas as 500 listadas foi de 23%.
Ainda segunda revista, além do setor petrolífero, o Brasil também desponta no topo de outros setores econômicos citados no estudo, como o de alimentos e agroindústria.
"As firmas brasileiras de alimentos vivem uma era dourada. Crescem os estímulos à exportação e a demanda interna. O aumento das vendas das 11 brasileiras no ranking do setor é sintomático: passou de 30% para 65%", diz.
Entre outras empresas brasileiras citadas dentro das 50 primeiras do ranking geral estão a Vale do Rio Doce (5°), Petrobras Distribuidora (7°), Grupo Votorantim (13°), Gerdau (15°), Odebrecht (16°) e Eletrobras (19°).
"BRASILCENTRISMO"
Na avaliação da revista, as multinacionais já falam no termo "Brasilcentrismo" quando traçam sua estratégia de investimento na América Latina.
"Trata-se de um conceito que busca explicar o afã de executivos em reduzir seu plano latino-americano ao penetrar somente no maior país da região", afirma.
"O Brasil sempre foi o centro de gravidade da América Latina, pelo menos da América do Sul. No entanto, com as positivas taxas de crescimento dos últimos anos, as reformas realizadas e a seriedade econômica com a qual se está administrando o país incrementaram o poder de atração deste gigante que começa a crescer e cujo atrativo ameaça ofuscar outras economias da região", avalia a revista.
A expansão das empresas brasileiras e mexicanas, que somam 344 do total, castigam as argentinas, colombianas, chilenas, peruanas e venezuelanas, que perderam terreno, reduzindo seu número de participantes de 169 para 144.
Na avaliação da revista, o que explica o bom desempenho das 500 maiores empresas da região são os rendimentos das economias domésticas.
"A valorização das moedas locais frente ao dólar dificultou as exportações", diz a revista.
De fato, a fatia das vendas para o exterior caiu de 47,5% para 39,8% em 2007.
"O que está realmente por trás dos bons resultados é o rendimento das economias domésticas. Em 2007, a América Latina teve seu quarto ano de expansão consecutiva, acima dos 3%", afirma a ‘América Economía’."
GOVERNO DOS EUA DENUNCIADO PELO GOLPE CONTRA CHÁVEZ
ONG NORTE-AMERICANA APONTA ENVOLVIMENTO DA CIA E DO GOVERNO DOS EUA NO GOLPE DE ESTADO DE 2002 NA VENEZUELA.
Essa notícia apenas reforça o que todos nós já tínhamos quase certeza. Ela foi transmitida pela agência espanhola de notícias EFE e publicada hoje à tarde pelo portal UOL. Transcrevo:
ONG DIZ QUE EUA TIVERAM ENVOLVIMENTO EM GOLPE CONTRA CHÁVEZ
“Santiago do Chile, 28 jul (EFE) - Os Estados Unidos estiveram "envolvidos" no golpe de Estado de 2002 contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez, embora ainda não se saiba o papel exato que o país teve na ação, denunciou hoje a ONG americana National Security Archive.
"Não tenho dúvida de que os Estados Unidos estão envolvidos no atentado contra Chávez", disse à Agência Efe em Santiago do Chile Peter Kornbluh, diretor dessa organização dedicada a revelar documentos secretos.
O golpe de Estado de 11 de abril de 2002 afastou do poder por cerca de 48 horas o chefe de Estado venezuelano, que, em diversas ocasiões, acusou os Estados Unidos de estarem por trás da manobra.
Kornbluh, que hoje participou de um seminário na capital chilena, disse que a organização obteve "documentos que demonstram que EUA, o serviço de inteligência e o Governo americano conheciam com dias de adiantamento os planos dos golpistas".
No entanto, ressaltou que a entidade a qual dirige não tem "documentos (sobre) um plano ou uma participação americana" no golpe e, por isso, pediram relatórios sobre essa possível ingerência.
"Acho que, algum dia, obteremos esses documentos, mas sem estas provas não podemos dizer qual foi o papel exato dos EUA antes do golpe", indicou Kornbluh.
Não se sabe "a que nível foi, mas pelo menos (EUA) tinham contato com os golpistas", acrescentou.
O diretor da organização, que revelou documentos que demonstram a implicação dos EUA na implantação de ditaduras na América Latina nos anos 70, afirmou que o país perdeu a influência na região.
Em sua opinião, a América Latina conta com Governos mais estáveis e economias mais desenvolvidas que forjam vínculos com outros países como China, especialmente pela liderança da Venezuela, que distribui ajuda a Bolívia, Equador e Nicarágua, entre outros.
Essa notícia apenas reforça o que todos nós já tínhamos quase certeza. Ela foi transmitida pela agência espanhola de notícias EFE e publicada hoje à tarde pelo portal UOL. Transcrevo:
ONG DIZ QUE EUA TIVERAM ENVOLVIMENTO EM GOLPE CONTRA CHÁVEZ
“Santiago do Chile, 28 jul (EFE) - Os Estados Unidos estiveram "envolvidos" no golpe de Estado de 2002 contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez, embora ainda não se saiba o papel exato que o país teve na ação, denunciou hoje a ONG americana National Security Archive.
"Não tenho dúvida de que os Estados Unidos estão envolvidos no atentado contra Chávez", disse à Agência Efe em Santiago do Chile Peter Kornbluh, diretor dessa organização dedicada a revelar documentos secretos.
O golpe de Estado de 11 de abril de 2002 afastou do poder por cerca de 48 horas o chefe de Estado venezuelano, que, em diversas ocasiões, acusou os Estados Unidos de estarem por trás da manobra.
Kornbluh, que hoje participou de um seminário na capital chilena, disse que a organização obteve "documentos que demonstram que EUA, o serviço de inteligência e o Governo americano conheciam com dias de adiantamento os planos dos golpistas".
No entanto, ressaltou que a entidade a qual dirige não tem "documentos (sobre) um plano ou uma participação americana" no golpe e, por isso, pediram relatórios sobre essa possível ingerência.
"Acho que, algum dia, obteremos esses documentos, mas sem estas provas não podemos dizer qual foi o papel exato dos EUA antes do golpe", indicou Kornbluh.
Não se sabe "a que nível foi, mas pelo menos (EUA) tinham contato com os golpistas", acrescentou.
O diretor da organização, que revelou documentos que demonstram a implicação dos EUA na implantação de ditaduras na América Latina nos anos 70, afirmou que o país perdeu a influência na região.
Em sua opinião, a América Latina conta com Governos mais estáveis e economias mais desenvolvidas que forjam vínculos com outros países como China, especialmente pela liderança da Venezuela, que distribui ajuda a Bolívia, Equador e Nicarágua, entre outros.
domingo, 27 de julho de 2008
ROTA PARA O PACÍFICO
Reportagem de João Domingos no Estado de São Paulo de hoje:
“Brasil investe US$ 1,8 bilhão na integração física da América do Sul”
Com investimentos feitos ou contratados calculados em US$ 1,860 bilhão na infra-estrutura dos países do norte e oeste da América do Sul, o Brasil está abrindo o até então intocável santuário da Amazônia para os vizinhos hispânicos, no maior projeto de integração econômica e fronteiriça da região desde que nela aportaram portugueses e espanhóis. É uma quantia US$ 380 milhões maior do que o R$ 1,5 bilhão investido no Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), a maior licitação realizada no final dos anos 90.
Ao mesmo tempo, a construção de pontes, estradas e hidrovias dá ao País condições concretas de avançar rumo aos portos do Pacífico a partir do Peru, do Chile e do Equador, com a possibilidade de diminuir em aproximadamente 6 mil quilômetros a distância comercial com os mercados da Ásia.
O cálculo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é de que a redução na distância barateará em até US$ 30 o custo da tonelada do produto brasileiro exportado. Também estão sendo feitos investimentos na infra-estrutura da Venezuela, Guiana e Suriname para que os produtos possam chegar aos portos dos países do Caribe.
O Programa de Financiamento às Exportações (Proex) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) têm sido os principais instrumentos para tornar viáveis os projetos de integração da América do Sul a partir do Brasil. Além da infra-estrutura em transportes, eles contemplam ainda comunicações e saneamento básico.
Para a execução dos serviços podem ser contratadas somente empresas brasileiras, uma exigência da lei. Desse modo, o governo do Brasil financia as exportações de bens e serviços brasileiros, como obras de engenharia, pagas em reais às empresas.
Como esses projetos envolvem fornecedores, que vão de máquinas e geradores de energia até uniformes de operários e alimentos para o acampamento, cada empresa brasileira que ganha uma licitação internacional leva junto centenas de outras, muitas delas pequenas e médias. Em conseqüência, a contratação de uma grande empreiteira lá fora acaba por abrir postos de trabalho no Brasil.
MENOS PRESSÃO
A integração da América do Sul pela Amazônia tem ainda um outro objetivo estratégico dentro do xadrez geopolítico mundial. O governo brasileiro acredita que a ligação de todos os países amazônicos ajudará a aliviar a pressão feita hoje sobre a Amazônia brasileira.
Interligada, a região será vista não mais como um enclave verde dentro do Brasil, mas como de responsabilidade igual também por parte da Bolívia, do Peru, do Equador, da Colômbia, da Venezuela, da Guiana, do Suriname e até da França, por causa da Guiana Francesa. O conjunto de países teria não só muito mais cacife para as negociações a respeito do clima e emissão de poluentes, mas também um considerável poder de fogo em caso de invasão.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou com o presidente da Bolívia, Evo Morales, um convênio que prevê empréstimos de US$ 270 milhões ao vizinho, destinados à construção e asfaltamento de 508 quilômetros da Ruta 08, que ligará a capital, La Paz, a Porto Velho, em Rondônia.
Essa estrada foi prometida há 105 anos pelas autoridades bolivianas e há 40 anos aguarda pelo asfalto. Caberá agora ao Brasil construir a ponte de cerca de 1,8 quilômetro sobre o Rio Mamoré, na divisa entre os dois países.
Outros trechos de rodovias que estão sendo feitos no leste e centro da Bolívia possibilitarão ao Brasil acesso ao vizinho, a partir de Mato Grosso e São Paulo, para Cochabamba, Santa Cruz de La Sierra e La Paz, e passagem para os portos de Antofagasta e Arica, no Chile, no chamado Corredor Bioceânico.
Daqui a menos de dois anos deverão ficar prontos os 2,5 mil quilômetros da rodovia que ligará Rio Branco, no Acre, aos portos de Ilo, Matarani e San Juan, no Peru. O Brasil investiu US$ 420 milhões nessa rodovia, além de outros US$ 19 milhões na ponte entre Assis Brasil (Acre) e Inãpari. A estrada avança pela Amazônia peruana, passa por Puerto Maldonado, capital do Estado de Madre de Dios, e Cuzco, nos Andes, e segue para o Pacífico. De acordo com informação do governo peruano, as obras estão dentro do prazo previsto e a nova rota deverá ser inaugurada em 2010.
Coube a dois consórcios brasileiros a construção de 1.009 quilômetros dessas estradas. Eles foram formados pelas construtoras Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Correa. Do lado brasileiro, a estrada já está pronta. São 220 quilômetros pavimentados entre Assis Brasil e Rio Branco.
Essa estrada deverá servir de alternativa para o escoamento da produção de soja, carnes e produtos industrializados das Regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil para países da Ásia. Hoje, sem a rota do Pacífico, os produtos são embarcados principalmente pelos Portos de Santos e de Paranaguá, depois de percorrer pelo menos 3 mil quilômetros dentro do território brasileiro.
A idéia, de acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, é aumentar o comércio entre Brasil e Peru num primeiro momento. Num segundo momento, será ativado o projeto de exportações de produtos brasileiros para a Ásia, com a utilização de acordos de preferências tarifárias feitos pelo Peru com Estados Unidos, Canadá, Cingapura, China, Tailândia, Coréia do Sul, Índia, Japão e União Européia.
PRIORIDADE
“Na diplomacia brasileira, a prioridade é a integração sul-americana, num processo que envolva o Brasil e os demais países da região”, diz André Bevilacqua, da Coordenação-Geral Econômica da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores. “Nesse contexto, a infra-estrutura tem papel fundamental; é impossível fazer a integração fronteiriça, social e econômica sem ela”, acrescenta ele.
Além dos projetos para Região Amazônica, o Brasil ofereceu financiamentos também para outras regiões em todos os outros países da América do Sul, América Central e do Caribe. Juntos, os projetos de todas as áreas somam US$ 7,3 bilhões. Entre eles está o projeto da segunda ponte sobre o Rio Orinoco, na fronteira com a Venezuela; a Hidrelétrica de San Francisco, no Equador; a segunda ponte sobre o Rio Paraná, na fronteira com o Paraguai; a segunda ponte do Rio Jaguarão, na fronteira com o Uruguai; a duplicação da Auto-Estrada do Mercosul; a ponte sobre o Rio Tucutu, no Suriname; e o Eixo Multimodal de Manaus a Manta, no Equador.
Fazem parte ainda das obras de integração da América do Sul com financiamentos brasileiros novas linhas do metrô de Caracas; a Ferrovia de Carare, na Colômbia; a Ferrovia Santa Cruz e as Rodovias Concepción-San Matias e Tarija-Bernejo, na Bolívia; a ampliação do metrô de Santiago; a ampliação de rede de gasodutos Albanesi e CAM Mesa e o Aqueduto Santa Fé, na Argentina, além de uma adutora e distribuidora de água em Montevidéu, no Uruguai.”
“Brasil investe US$ 1,8 bilhão na integração física da América do Sul”
Com investimentos feitos ou contratados calculados em US$ 1,860 bilhão na infra-estrutura dos países do norte e oeste da América do Sul, o Brasil está abrindo o até então intocável santuário da Amazônia para os vizinhos hispânicos, no maior projeto de integração econômica e fronteiriça da região desde que nela aportaram portugueses e espanhóis. É uma quantia US$ 380 milhões maior do que o R$ 1,5 bilhão investido no Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), a maior licitação realizada no final dos anos 90.
Ao mesmo tempo, a construção de pontes, estradas e hidrovias dá ao País condições concretas de avançar rumo aos portos do Pacífico a partir do Peru, do Chile e do Equador, com a possibilidade de diminuir em aproximadamente 6 mil quilômetros a distância comercial com os mercados da Ásia.
O cálculo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é de que a redução na distância barateará em até US$ 30 o custo da tonelada do produto brasileiro exportado. Também estão sendo feitos investimentos na infra-estrutura da Venezuela, Guiana e Suriname para que os produtos possam chegar aos portos dos países do Caribe.
O Programa de Financiamento às Exportações (Proex) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) têm sido os principais instrumentos para tornar viáveis os projetos de integração da América do Sul a partir do Brasil. Além da infra-estrutura em transportes, eles contemplam ainda comunicações e saneamento básico.
Para a execução dos serviços podem ser contratadas somente empresas brasileiras, uma exigência da lei. Desse modo, o governo do Brasil financia as exportações de bens e serviços brasileiros, como obras de engenharia, pagas em reais às empresas.
Como esses projetos envolvem fornecedores, que vão de máquinas e geradores de energia até uniformes de operários e alimentos para o acampamento, cada empresa brasileira que ganha uma licitação internacional leva junto centenas de outras, muitas delas pequenas e médias. Em conseqüência, a contratação de uma grande empreiteira lá fora acaba por abrir postos de trabalho no Brasil.
MENOS PRESSÃO
A integração da América do Sul pela Amazônia tem ainda um outro objetivo estratégico dentro do xadrez geopolítico mundial. O governo brasileiro acredita que a ligação de todos os países amazônicos ajudará a aliviar a pressão feita hoje sobre a Amazônia brasileira.
Interligada, a região será vista não mais como um enclave verde dentro do Brasil, mas como de responsabilidade igual também por parte da Bolívia, do Peru, do Equador, da Colômbia, da Venezuela, da Guiana, do Suriname e até da França, por causa da Guiana Francesa. O conjunto de países teria não só muito mais cacife para as negociações a respeito do clima e emissão de poluentes, mas também um considerável poder de fogo em caso de invasão.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou com o presidente da Bolívia, Evo Morales, um convênio que prevê empréstimos de US$ 270 milhões ao vizinho, destinados à construção e asfaltamento de 508 quilômetros da Ruta 08, que ligará a capital, La Paz, a Porto Velho, em Rondônia.
Essa estrada foi prometida há 105 anos pelas autoridades bolivianas e há 40 anos aguarda pelo asfalto. Caberá agora ao Brasil construir a ponte de cerca de 1,8 quilômetro sobre o Rio Mamoré, na divisa entre os dois países.
Outros trechos de rodovias que estão sendo feitos no leste e centro da Bolívia possibilitarão ao Brasil acesso ao vizinho, a partir de Mato Grosso e São Paulo, para Cochabamba, Santa Cruz de La Sierra e La Paz, e passagem para os portos de Antofagasta e Arica, no Chile, no chamado Corredor Bioceânico.
Daqui a menos de dois anos deverão ficar prontos os 2,5 mil quilômetros da rodovia que ligará Rio Branco, no Acre, aos portos de Ilo, Matarani e San Juan, no Peru. O Brasil investiu US$ 420 milhões nessa rodovia, além de outros US$ 19 milhões na ponte entre Assis Brasil (Acre) e Inãpari. A estrada avança pela Amazônia peruana, passa por Puerto Maldonado, capital do Estado de Madre de Dios, e Cuzco, nos Andes, e segue para o Pacífico. De acordo com informação do governo peruano, as obras estão dentro do prazo previsto e a nova rota deverá ser inaugurada em 2010.
Coube a dois consórcios brasileiros a construção de 1.009 quilômetros dessas estradas. Eles foram formados pelas construtoras Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Correa. Do lado brasileiro, a estrada já está pronta. São 220 quilômetros pavimentados entre Assis Brasil e Rio Branco.
Essa estrada deverá servir de alternativa para o escoamento da produção de soja, carnes e produtos industrializados das Regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil para países da Ásia. Hoje, sem a rota do Pacífico, os produtos são embarcados principalmente pelos Portos de Santos e de Paranaguá, depois de percorrer pelo menos 3 mil quilômetros dentro do território brasileiro.
A idéia, de acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, é aumentar o comércio entre Brasil e Peru num primeiro momento. Num segundo momento, será ativado o projeto de exportações de produtos brasileiros para a Ásia, com a utilização de acordos de preferências tarifárias feitos pelo Peru com Estados Unidos, Canadá, Cingapura, China, Tailândia, Coréia do Sul, Índia, Japão e União Européia.
PRIORIDADE
“Na diplomacia brasileira, a prioridade é a integração sul-americana, num processo que envolva o Brasil e os demais países da região”, diz André Bevilacqua, da Coordenação-Geral Econômica da América do Sul do Ministério das Relações Exteriores. “Nesse contexto, a infra-estrutura tem papel fundamental; é impossível fazer a integração fronteiriça, social e econômica sem ela”, acrescenta ele.
Além dos projetos para Região Amazônica, o Brasil ofereceu financiamentos também para outras regiões em todos os outros países da América do Sul, América Central e do Caribe. Juntos, os projetos de todas as áreas somam US$ 7,3 bilhões. Entre eles está o projeto da segunda ponte sobre o Rio Orinoco, na fronteira com a Venezuela; a Hidrelétrica de San Francisco, no Equador; a segunda ponte sobre o Rio Paraná, na fronteira com o Paraguai; a segunda ponte do Rio Jaguarão, na fronteira com o Uruguai; a duplicação da Auto-Estrada do Mercosul; a ponte sobre o Rio Tucutu, no Suriname; e o Eixo Multimodal de Manaus a Manta, no Equador.
Fazem parte ainda das obras de integração da América do Sul com financiamentos brasileiros novas linhas do metrô de Caracas; a Ferrovia de Carare, na Colômbia; a Ferrovia Santa Cruz e as Rodovias Concepción-San Matias e Tarija-Bernejo, na Bolívia; a ampliação do metrô de Santiago; a ampliação de rede de gasodutos Albanesi e CAM Mesa e o Aqueduto Santa Fé, na Argentina, além de uma adutora e distribuidora de água em Montevidéu, no Uruguai.”
EMBRAER ANUNCIA FÁBRICA EM PORTUGAL
O jornal “O Estado de São Paulo” publicou hoje essa notícia, em reportagem de Jair Rattner e Leonencio Nossa:
“Unidade custará 148 milhões e produzirá peças para aviões”
“A Embraer anunciou ontem em Lisboa que vai investir 148 milhões na construção de duas fábricas em Portugal. O anúncio foi uma cerimônia política, com a presença do primeiro-ministro português, José Sócrates, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que procurou dar indicações de que Portugal está saindo da crise por meio do investimento em tecnologia.
Localizadas em Évora, a 220 quilômetros a oeste de Lisboa, uma das fábricas vai produzir estruturas metálicas e a outra materiais compósitos, utilizados na construção de aviões. Com produção prevista para começar em 2009, serão gerados 570 empregos diretos numa das regiões mais deprimidas de Portugal.
Na fábrica de estruturas metálicas o investimento será de 100 milhões e na de materais compósitos de 48 milhões. O prazo previsto para realizar o investimento é de seis anos.
Segundo o primeiro-ministro português, demorou quase dois anos para conseguir levar a fábrica para Portugal. O objetivo do governo português é a criação de um setor industrial de produção aeronáutica com tecnologia avançada no país.
Os materiais das novas fábricas serão vendidos para as unidades de produção de aviões da empresa. “Os investimentos representam mais um avanço estratégico no processo de crescimento e internacionalização da empresa”, afirmou Frederico Fleury Curado, presidente da Embraer. No entanto, ele não deu uma resposta à pergunta sobre se a Embraer vai ou não ter uma linha de montagem de aviões em Portugal.
É a segunda vez que a Embraer investe no país. Em 2004, a Embraer criou com a EADS - acionista da Airbus - uma empresa que adquiriu 65% das ações das Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, empresa estatal ligada à força aérea que se dedica à reparação de aviões que estava sendo privatizada.”
“Unidade custará 148 milhões e produzirá peças para aviões”
“A Embraer anunciou ontem em Lisboa que vai investir 148 milhões na construção de duas fábricas em Portugal. O anúncio foi uma cerimônia política, com a presença do primeiro-ministro português, José Sócrates, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que procurou dar indicações de que Portugal está saindo da crise por meio do investimento em tecnologia.
Localizadas em Évora, a 220 quilômetros a oeste de Lisboa, uma das fábricas vai produzir estruturas metálicas e a outra materiais compósitos, utilizados na construção de aviões. Com produção prevista para começar em 2009, serão gerados 570 empregos diretos numa das regiões mais deprimidas de Portugal.
Na fábrica de estruturas metálicas o investimento será de 100 milhões e na de materais compósitos de 48 milhões. O prazo previsto para realizar o investimento é de seis anos.
Segundo o primeiro-ministro português, demorou quase dois anos para conseguir levar a fábrica para Portugal. O objetivo do governo português é a criação de um setor industrial de produção aeronáutica com tecnologia avançada no país.
Os materiais das novas fábricas serão vendidos para as unidades de produção de aviões da empresa. “Os investimentos representam mais um avanço estratégico no processo de crescimento e internacionalização da empresa”, afirmou Frederico Fleury Curado, presidente da Embraer. No entanto, ele não deu uma resposta à pergunta sobre se a Embraer vai ou não ter uma linha de montagem de aviões em Portugal.
É a segunda vez que a Embraer investe no país. Em 2004, a Embraer criou com a EADS - acionista da Airbus - uma empresa que adquiriu 65% das ações das Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, empresa estatal ligada à força aérea que se dedica à reparação de aviões que estava sendo privatizada.”
BRASIL DESENVOLVE SUPERMÁQUINA DE ENRIQUECER URÂNIO
Li no jornal “O Estado de São Paulo” de hoje a reportagem de Roberto Godoy sobre o avanço brasileiro no enriquecimento do urânio, passo indispensável para assegurar energia elétrica para o Brasil nas próximas décadas.
“Criado por pesquisadores da Marinha, modelo avançado de ultracentrífuga já está em funcionamento em Resende”
“O discreto e bem-sucedido programa de pesquisa nuclear brasileiro tem um novo segredo para guardar: entre março e maio entrou em funcionamento o novo modelo de ultracentrífuga, a avançada máquina de enriquecer urânio criada pelos pesquisadores da Marinha, no Centro Aramar, em Iperó, a 130 quilômetros de São Paulo.
É uma façanha: as unidades, designadas Geração 1/M2, são pelo menos 15% mais eficientes que as anteriores - que, aperfeiçoadas, já apresentam rendimento 50% superior ao do começo da produção, há 20 anos.
As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) receberam e montaram o segundo conjunto desses equipamentos na sua fábrica de combustível, em Resende, na divisa entre os Estados do Rio e São Paulo. As entregas foram sigilosas, feitas em comboios sem identificação, protegidos por fuzileiros.
Uma terceira cascata com as mesmas especificações deve entrar em atividade na INB no final de 2009. Enquanto isso, no Centro Tecnológico da Marinha (CTMSP), um tipo inteiramente novo de ultracentrífuga, ainda em testes de validação, deve estar disponível em 2011 - e será 40% mais eficaz.
Projeto e construção são nacionais. O urânio é enriquecido a 4%, nível adotado pelo País, e alimenta reatores de energia. Armas atômicas exigem graus superiores a 90% de beneficiamento. A agência de pesquisa fica no campus da USP e cuida dos planos de criação dos sistemas de propulsão nuclear para submarino de ataque.
É um objetivo de longo prazo que ganhou fôlego com a liberação de recursos determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois de uma visita a Aramar, em julho de 2007. Com dinheiro em caixa, “o plano foi retomado como um todo”, explica o capitão de fragata e engenheiro naval André Luis Ferreira Marques, do grupo de especialistas do CTMSP. Prova prática: estão abertos concursos para provimento de vagas - de engenheiros especializados a pessoal administrativo, cerca de 400 funcionários.
O submarino, de 6 mil toneladas, com 96,6 metros de comprimento e 100 tripulantes, exige cerca de 11 anos de trabalho. Antes disso, porém, será necessário testar e completar um reator PWR (de água pressurizada) de 48 MW. O dispositivo está pronto em Iperó, as grandes peças armazenadas em ambiente de gás inerte para evitar a deterioração. Aguarda a conclusão das obras do Laboratório de Geração Nucleoelétrica, o LabGene. O complexo teve as obras civis retomadas. Fica pronto no final de 2010.
O reator que permanece desmontado vale US$ 130 milhões. Expandido, ele servirá ao submarino e à produção de eletricidade de usinas regionais de 300 megawatts.
O Centro Tecnológico da Marinha vai receber R$ 1,040 bilhão em parcelas anuais de R$ 130 milhões. O dinheiro está sendo empregado no ciclo do combustível, geração de energia, propulsão e infra-estrutura. Marques estima que o processo exigirá sete anos, no mínimo, para ser completado.
O investimento no programa nuclear tem sido feito principalmente pelo Comando da Marinha, com recursos próprios. Desde 1979, as aplicações somam US$ 1,117 bilhão - só US$ 216 milhões vieram de outras fontes governamentais.
A ultracentrífuga é o produto mais sensível do processo. Os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não têm acesso às cascatas. As verificações previstas no acordo de salvaguardadas, firmado pelo governo brasileiro e renovado há pouco mais de dois anos, abrangem complexa contabilidade. “O que interessa à AIEA é saber o quanto de gás de urânio entrou no sistema, o quanto saiu de urânio enriquecido, o U235, e também de urânio empobrecido, o U238 - é uma equação que tem de fechar sem erro”, explica o almirante Carlos Bezerril, diretor-geral do CTMSP.
A regra de preservação do conhecimento sensível vale desde 2003, quando a Marinha e a INB passaram a cobrir com painéis todas as ultracentrífugas, permitindo aos peritos internacionais a observação apenas do circuito de entrada e saída. Em Iperó, a cascata de beneficiamento é monitorada ininterruptamente por câmeras blindadas guardadas em caixas que foram lacradas pela AIEA. As ultracentrífugas do Brasil utilizam a flutuação magnética para evitar o atrito entre partes móveis. Assim, duram mais e têm maior capacidade.
Os fundos liberados pelo presidente Lula permitirão o funcionamento, em dois anos, de uma central semi-industrial, para produzir até 40 toneladas por ano de gás de urânio, a última etapa do complexo ciclo do combustível nuclear que o País não executa, embora domine o conhecimento. A produção atenderá às necessidades do Comando da Marinha. A Força utiliza o hexafluoreto de urânio para ensaios científicos e para enriquecimento do mineral.
Estão sendo investidos cerca de R$ 40 milhões nas obras em Iperó. A Financiadora de Projetos e Pesquisas (Finep) destinou R$ 23,60 milhões para o projeto desde 2007. Atualmente, o urânio transformado em yellow-cake é enviado em tambores de 400 quilos para a empresa Cameco, do Canadá, que realiza, sob contrato, a conversão para o gás.”
“Criado por pesquisadores da Marinha, modelo avançado de ultracentrífuga já está em funcionamento em Resende”
“O discreto e bem-sucedido programa de pesquisa nuclear brasileiro tem um novo segredo para guardar: entre março e maio entrou em funcionamento o novo modelo de ultracentrífuga, a avançada máquina de enriquecer urânio criada pelos pesquisadores da Marinha, no Centro Aramar, em Iperó, a 130 quilômetros de São Paulo.
É uma façanha: as unidades, designadas Geração 1/M2, são pelo menos 15% mais eficientes que as anteriores - que, aperfeiçoadas, já apresentam rendimento 50% superior ao do começo da produção, há 20 anos.
As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) receberam e montaram o segundo conjunto desses equipamentos na sua fábrica de combustível, em Resende, na divisa entre os Estados do Rio e São Paulo. As entregas foram sigilosas, feitas em comboios sem identificação, protegidos por fuzileiros.
Uma terceira cascata com as mesmas especificações deve entrar em atividade na INB no final de 2009. Enquanto isso, no Centro Tecnológico da Marinha (CTMSP), um tipo inteiramente novo de ultracentrífuga, ainda em testes de validação, deve estar disponível em 2011 - e será 40% mais eficaz.
Projeto e construção são nacionais. O urânio é enriquecido a 4%, nível adotado pelo País, e alimenta reatores de energia. Armas atômicas exigem graus superiores a 90% de beneficiamento. A agência de pesquisa fica no campus da USP e cuida dos planos de criação dos sistemas de propulsão nuclear para submarino de ataque.
É um objetivo de longo prazo que ganhou fôlego com a liberação de recursos determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois de uma visita a Aramar, em julho de 2007. Com dinheiro em caixa, “o plano foi retomado como um todo”, explica o capitão de fragata e engenheiro naval André Luis Ferreira Marques, do grupo de especialistas do CTMSP. Prova prática: estão abertos concursos para provimento de vagas - de engenheiros especializados a pessoal administrativo, cerca de 400 funcionários.
O submarino, de 6 mil toneladas, com 96,6 metros de comprimento e 100 tripulantes, exige cerca de 11 anos de trabalho. Antes disso, porém, será necessário testar e completar um reator PWR (de água pressurizada) de 48 MW. O dispositivo está pronto em Iperó, as grandes peças armazenadas em ambiente de gás inerte para evitar a deterioração. Aguarda a conclusão das obras do Laboratório de Geração Nucleoelétrica, o LabGene. O complexo teve as obras civis retomadas. Fica pronto no final de 2010.
O reator que permanece desmontado vale US$ 130 milhões. Expandido, ele servirá ao submarino e à produção de eletricidade de usinas regionais de 300 megawatts.
O Centro Tecnológico da Marinha vai receber R$ 1,040 bilhão em parcelas anuais de R$ 130 milhões. O dinheiro está sendo empregado no ciclo do combustível, geração de energia, propulsão e infra-estrutura. Marques estima que o processo exigirá sete anos, no mínimo, para ser completado.
O investimento no programa nuclear tem sido feito principalmente pelo Comando da Marinha, com recursos próprios. Desde 1979, as aplicações somam US$ 1,117 bilhão - só US$ 216 milhões vieram de outras fontes governamentais.
A ultracentrífuga é o produto mais sensível do processo. Os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não têm acesso às cascatas. As verificações previstas no acordo de salvaguardadas, firmado pelo governo brasileiro e renovado há pouco mais de dois anos, abrangem complexa contabilidade. “O que interessa à AIEA é saber o quanto de gás de urânio entrou no sistema, o quanto saiu de urânio enriquecido, o U235, e também de urânio empobrecido, o U238 - é uma equação que tem de fechar sem erro”, explica o almirante Carlos Bezerril, diretor-geral do CTMSP.
A regra de preservação do conhecimento sensível vale desde 2003, quando a Marinha e a INB passaram a cobrir com painéis todas as ultracentrífugas, permitindo aos peritos internacionais a observação apenas do circuito de entrada e saída. Em Iperó, a cascata de beneficiamento é monitorada ininterruptamente por câmeras blindadas guardadas em caixas que foram lacradas pela AIEA. As ultracentrífugas do Brasil utilizam a flutuação magnética para evitar o atrito entre partes móveis. Assim, duram mais e têm maior capacidade.
Os fundos liberados pelo presidente Lula permitirão o funcionamento, em dois anos, de uma central semi-industrial, para produzir até 40 toneladas por ano de gás de urânio, a última etapa do complexo ciclo do combustível nuclear que o País não executa, embora domine o conhecimento. A produção atenderá às necessidades do Comando da Marinha. A Força utiliza o hexafluoreto de urânio para ensaios científicos e para enriquecimento do mineral.
Estão sendo investidos cerca de R$ 40 milhões nas obras em Iperó. A Financiadora de Projetos e Pesquisas (Finep) destinou R$ 23,60 milhões para o projeto desde 2007. Atualmente, o urânio transformado em yellow-cake é enviado em tambores de 400 quilos para a empresa Cameco, do Canadá, que realiza, sob contrato, a conversão para o gás.”
DEFESA DA AMAZÔNIA AZUL É ESTRATÉGICA
O Jornal do Brasil de hoje publica um oportuno texto de Camila Arêas sobre a grave vulnerabilidade brasileira por não ter forças de defesa suficientemente dissuasórias para a proteção do território marítimo brasileiro. Transcrevo:
“Descoberta de petróleo no limite do território marítimo brasileiro pressiona por expansão da soberania”
“Chamado de Amazônia Azul, o território marítimo brasileiro, duas vezes maior que o Estado do Amazonas, entrou no foco das preocupações políticas. No momento em que os mais recentes poços de petróleo encontrados pela Petrobras encostam no limite de 200 milhas náuticas da área considerada de exploração exclusiva do Brasil, a reativação em junho da Quarta Frota da Marinha americana para operações militares nas Américas do Sul, Central e Caribe, conjuga um quadro de inquietação.
Potências estrangeiras têm interesses econômicos e estratégicos na questão. Os Estados Unidos não são signatários da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), o acordo internacional que estabelece o limite dos mares territoriais de cada nação costeira, do qual o Brasil é signatário desde 1982. E, mês passado, reativaram a Quarta Frota, unidade naval que, segundo o Pentágono, vai patrulhar águas internacionais da costa sul-americana.
Por iniciativa do senador Pedro Simon, a Comissão de Relações Exteriores do Senado decidiu escrever uma carta dirigida aos candidatos à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama e John McCain. No documento, foi formalizada a preocupação do Senado brasileiro com a reativação da Frota.
O Brasil precisa defender seu mar territorial, pois é nessa área que está o petróleo cobiçado em todo o mundo. O ministério da Defesa prevê que os próximos poços descobertos ultrapassem a extensão de soberania brasileira. As riquezas em alto-mar se valorizaram muito nos últimos anos. De um lado estão as riquezas marítimas da plataforma continental e de outro a Amazônia, está claro que a não assinatura do acordo é uma estratégia dos EUA.
OURO NEGRO
Geógrafo da USP, Aziz Nacib Ab" Saber sustenta a preocupação do ministério da Defesa em relação a novas descobertas de petróleo com base na teoria da formação das bacias sedimentares:
– No período de separação entre a América do Sul e a África, ambas costas foram inundadas com bolos sedimentares de algas e restos de animais. Em seguida, levantaram-se os blocos continentais e as bacias sedimentares se aprofundaram, gerando um aquecimento geotérmico que acelerou a transformação deste bolo biogênico em óleo. O petróleo é fruto do movimento tectônico.
O geógrafo conclui que "entre América do Sul e África há muito petróleo que ultrapassa nossa extensão marítima", ressaltando ser preciso "defender o patrimônio, que parte inalienável da soberania brasileira".
A camada pré-sal, com reservatórios biogênicos que se estendem por 800 km do Espírito Santo a Santa Catarina, pode conter um volume de petróleo capaz de colocar o Brasil entre as maiores potências petrolíferas. Até agora, a Petrobras estimou apenas as reservas do campo de Tupi, em entre 5 a 8 bilhões de barris de óleo, mas fala-se em 33 bilhões de barris só na bacia de Santos.
O Brasil já negocia com a França um acordo para a construção de um submarino à propulsão nuclear que ajudaria na proteção dessas áreas.
Perito brasileiro da Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) junto à ONU, o oficial da Marinha Alexandre Tagore Albuquerque pondera que "em todas as declarações do governo americano consta a afirmação de que respeitarão a jurisdição dos Estados costeiros em relação aos seus espaços marítimos", mas ressalta a soberania brasileira:
– Limites de fronteira são uma questão de Estado que invariavelmente envolvem a economia, posto que em última análise o território terrestre ou marítimo será sempre importante fonte de recursos naturais. O interesse de qualquer potência estrangeira não pode ir além do que preconiza o direito internacional. É disso que tratamos.
A Quarta Frota atuou entre os anos de 1943 e 1950 e foi reativada mês passado, sem explicações ou aviso prévio aos países da região que vai patrulhar. O sobressalto levou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a dizer que "Os EUA poderão atuar em áreas não jurisdicionais brasileiras. Aqui não entra!".
Simon conta que o chanceler Celso Amorim "recebeu um telefonema da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, desculpando-se por não ter se dirigido antes aos governos da América Latina".
O senador questiona por que um presidente em final de mandato como George Bush tomou uma atitude como esta sem consultas.
– Por isso queremos saber qual é a posição dos presidenciáveis americanos sobre o tema – insiste. – É uma disputa nova, sem experiências antecedentes. É necessário abrir um diálogo com os presidentes latinos.
Jobim declarou que uma das prioridades da política nacional de defesa, que será anunciada dia 7 de setembro, reestruturar os conceitos da defesa da soberania nacional. Nesse sentido, chegou a defender que a Petrobras colabore com o reaparelhamento da Marinha, que receberia parte dos royalties resultantes da exploração de petróleo.”
“Descoberta de petróleo no limite do território marítimo brasileiro pressiona por expansão da soberania”
“Chamado de Amazônia Azul, o território marítimo brasileiro, duas vezes maior que o Estado do Amazonas, entrou no foco das preocupações políticas. No momento em que os mais recentes poços de petróleo encontrados pela Petrobras encostam no limite de 200 milhas náuticas da área considerada de exploração exclusiva do Brasil, a reativação em junho da Quarta Frota da Marinha americana para operações militares nas Américas do Sul, Central e Caribe, conjuga um quadro de inquietação.
Potências estrangeiras têm interesses econômicos e estratégicos na questão. Os Estados Unidos não são signatários da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), o acordo internacional que estabelece o limite dos mares territoriais de cada nação costeira, do qual o Brasil é signatário desde 1982. E, mês passado, reativaram a Quarta Frota, unidade naval que, segundo o Pentágono, vai patrulhar águas internacionais da costa sul-americana.
Por iniciativa do senador Pedro Simon, a Comissão de Relações Exteriores do Senado decidiu escrever uma carta dirigida aos candidatos à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama e John McCain. No documento, foi formalizada a preocupação do Senado brasileiro com a reativação da Frota.
O Brasil precisa defender seu mar territorial, pois é nessa área que está o petróleo cobiçado em todo o mundo. O ministério da Defesa prevê que os próximos poços descobertos ultrapassem a extensão de soberania brasileira. As riquezas em alto-mar se valorizaram muito nos últimos anos. De um lado estão as riquezas marítimas da plataforma continental e de outro a Amazônia, está claro que a não assinatura do acordo é uma estratégia dos EUA.
OURO NEGRO
Geógrafo da USP, Aziz Nacib Ab" Saber sustenta a preocupação do ministério da Defesa em relação a novas descobertas de petróleo com base na teoria da formação das bacias sedimentares:
– No período de separação entre a América do Sul e a África, ambas costas foram inundadas com bolos sedimentares de algas e restos de animais. Em seguida, levantaram-se os blocos continentais e as bacias sedimentares se aprofundaram, gerando um aquecimento geotérmico que acelerou a transformação deste bolo biogênico em óleo. O petróleo é fruto do movimento tectônico.
O geógrafo conclui que "entre América do Sul e África há muito petróleo que ultrapassa nossa extensão marítima", ressaltando ser preciso "defender o patrimônio, que parte inalienável da soberania brasileira".
A camada pré-sal, com reservatórios biogênicos que se estendem por 800 km do Espírito Santo a Santa Catarina, pode conter um volume de petróleo capaz de colocar o Brasil entre as maiores potências petrolíferas. Até agora, a Petrobras estimou apenas as reservas do campo de Tupi, em entre 5 a 8 bilhões de barris de óleo, mas fala-se em 33 bilhões de barris só na bacia de Santos.
O Brasil já negocia com a França um acordo para a construção de um submarino à propulsão nuclear que ajudaria na proteção dessas áreas.
Perito brasileiro da Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) junto à ONU, o oficial da Marinha Alexandre Tagore Albuquerque pondera que "em todas as declarações do governo americano consta a afirmação de que respeitarão a jurisdição dos Estados costeiros em relação aos seus espaços marítimos", mas ressalta a soberania brasileira:
– Limites de fronteira são uma questão de Estado que invariavelmente envolvem a economia, posto que em última análise o território terrestre ou marítimo será sempre importante fonte de recursos naturais. O interesse de qualquer potência estrangeira não pode ir além do que preconiza o direito internacional. É disso que tratamos.
A Quarta Frota atuou entre os anos de 1943 e 1950 e foi reativada mês passado, sem explicações ou aviso prévio aos países da região que vai patrulhar. O sobressalto levou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a dizer que "Os EUA poderão atuar em áreas não jurisdicionais brasileiras. Aqui não entra!".
Simon conta que o chanceler Celso Amorim "recebeu um telefonema da secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, desculpando-se por não ter se dirigido antes aos governos da América Latina".
O senador questiona por que um presidente em final de mandato como George Bush tomou uma atitude como esta sem consultas.
– Por isso queremos saber qual é a posição dos presidenciáveis americanos sobre o tema – insiste. – É uma disputa nova, sem experiências antecedentes. É necessário abrir um diálogo com os presidentes latinos.
Jobim declarou que uma das prioridades da política nacional de defesa, que será anunciada dia 7 de setembro, reestruturar os conceitos da defesa da soberania nacional. Nesse sentido, chegou a defender que a Petrobras colabore com o reaparelhamento da Marinha, que receberia parte dos royalties resultantes da exploração de petróleo.”
A CRISE DO PETRÓLEO E OS BIOCOMBUSTÍVEIS
A Folha de São Paulo publicou hoje um instrutivo artigo de Edison Lobão, senador da República pelo PMDB-MA (licenciado ) e ministro de Minas e Energia.
“É inaceitável que o Brasil tenha que defender sua política de biocombustíveis contra críticas acirradas e, por vezes, insanas
É preciso conter a escalada dos preços do petróleo. Essa foi a principal conclusão do fórum que, mês passado, reuniu em Jeddah, na Arábia Saudita, ministros de Energia, líderes e dirigentes das maiores companhias petrolíferas do mundo.
Por designação do presidente Lula, chefiei a delegação brasileira nesse encontro de emergência, no qual o Brasil foi reconhecido como player importante no mercado mundial.
Nos dois choques do petróleo, em 1973 e 1979, o Brasil sofreu o impacto da elevação dos preços, principalmente porque havia uma forte dependência, materializada na importação de 80% do óleo bruto então consumido no país.
A partir do novo patamar de preços e das necessidades de crescimento econômico e desenvolvimento industrial, o país adotou duas grandes estratégias para contornar a crise: investimentos para aumento da produção doméstica de petróleo e implementação do Proálcool, o maior e mais bem-sucedido programa de substituição de combustíveis derivados de petróleo do mundo.
Hoje, a matriz energética brasileira é a que conta com a maior participação de energias renováveis -um exemplo de sustentabilidade.
Segundo a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), os preços do petróleo podem alcançar, em breve, US$ 200 o barril, e muitos analistas acreditam que ele nunca mais será inferior a US$ 100.
Quais as conseqüências desse novo patamar? Para o Brasil, o grau de dependência é infinitamente inferior àquele verificado nas décadas de 1970 e 1980, o que nos permite afirmar que, com uma política energética adequada, poderemos enfrentar os desafios do futuro.
Mas, se os preços atuais se mantiverem, haverá recessão em muitos países por causa do impacto dos preços dos energéticos na economia, inclusive nos preços dos alimentos. Aumentará a necessidade de políticas de conservação de energia, de ampliação da fronteira de prospecção e aproveitamento das reservas existentes e, principalmente, da busca por fontes renováveis de energia. Esta é a mais poderosa arma no combate à escalada de preços das commodities agrícolas.
É impressionante e inaceitável que, nesse contexto, o Brasil tenha que defender sua política de produção e uso de biocombustíveis contra críticas acirradas e, por vezes, insanas, que se valem do conceito de sustentabilidade para esconder razões menos nobres. Sustentabilidade abrange aspectos sociais, econômicos e ambientais.
Quanto ao aspecto econômico, o Brasil é reconhecido como o produtor mais competitivo de biocombustíveis. O etanol da cana-de-açúcar compete com a gasolina em uma cadeia de preços livres de subsídios.
Na área social, o cultivo da cana-de-açúcar e de oleaginosas na produção de etanol e biodiesel contribui para a geração de empregos sustentados no campo. No caso do etanol, mais de 1 milhão de empregos diretos são gerados. No caso do biodiesel, mais de 100 mil famílias de pequenos agricultores participam do processo produtivo.
A questão ambiental é muito importante. Os biocombustíveis são instrumentos valiosos na redução da emissão de CO2 na atmosfera.
Se considerarmos o consumo dos combustíveis por veículos leves entre 1970 e 2007, constatamos que, com a utilização do álcool, tivemos uma economia efetiva acumulada de 854 milhões de barris equivalentes de petróleo, o que representa 15 meses da produção nacional de petróleo (1,9 milhão de barris/dia) ou, ainda, a cinco anos do consumo de combustíveis em veículos leves no Brasil.
Se incluirmos nesse cálculo o volume de etanol que substituiu a gasolina exportada pelo Brasil no período, considerando que a demanda energética foi suprida pelo etanol, teremos economizado quase 1,25 bilhão de barris equivalentes de petróleo.
Nesse período, a utilização do álcool como combustível, puro ou misturado à gasolina, evitou a emissão de 800 milhões de toneladas de CO2.
Na reunião de Jeddah, os líderes e os ministros de 36 nações concordaram que a transparência e a regulação dos mercados financeiros devem ser aprimoradas para frear a especulação financeira.
Resta agora reconhecer a importância dos biocombustíveis no processo de desenvolvimento de uma nova matriz energética sustentável para o mundo. Trata-se de fator estratégico que deve ser reconhecido não como antagônico à indústria do petróleo, mas como um elemento que agrega valor ambiental aos combustíveis fósseis, tornando-os menos danosos ao planeta. O Brasil está decidido a compartilhar sua expertise nesse campo e não fugirá ao desafio que as mudanças climáticas impõem.”
“É inaceitável que o Brasil tenha que defender sua política de biocombustíveis contra críticas acirradas e, por vezes, insanas
É preciso conter a escalada dos preços do petróleo. Essa foi a principal conclusão do fórum que, mês passado, reuniu em Jeddah, na Arábia Saudita, ministros de Energia, líderes e dirigentes das maiores companhias petrolíferas do mundo.
Por designação do presidente Lula, chefiei a delegação brasileira nesse encontro de emergência, no qual o Brasil foi reconhecido como player importante no mercado mundial.
Nos dois choques do petróleo, em 1973 e 1979, o Brasil sofreu o impacto da elevação dos preços, principalmente porque havia uma forte dependência, materializada na importação de 80% do óleo bruto então consumido no país.
A partir do novo patamar de preços e das necessidades de crescimento econômico e desenvolvimento industrial, o país adotou duas grandes estratégias para contornar a crise: investimentos para aumento da produção doméstica de petróleo e implementação do Proálcool, o maior e mais bem-sucedido programa de substituição de combustíveis derivados de petróleo do mundo.
Hoje, a matriz energética brasileira é a que conta com a maior participação de energias renováveis -um exemplo de sustentabilidade.
Segundo a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), os preços do petróleo podem alcançar, em breve, US$ 200 o barril, e muitos analistas acreditam que ele nunca mais será inferior a US$ 100.
Quais as conseqüências desse novo patamar? Para o Brasil, o grau de dependência é infinitamente inferior àquele verificado nas décadas de 1970 e 1980, o que nos permite afirmar que, com uma política energética adequada, poderemos enfrentar os desafios do futuro.
Mas, se os preços atuais se mantiverem, haverá recessão em muitos países por causa do impacto dos preços dos energéticos na economia, inclusive nos preços dos alimentos. Aumentará a necessidade de políticas de conservação de energia, de ampliação da fronteira de prospecção e aproveitamento das reservas existentes e, principalmente, da busca por fontes renováveis de energia. Esta é a mais poderosa arma no combate à escalada de preços das commodities agrícolas.
É impressionante e inaceitável que, nesse contexto, o Brasil tenha que defender sua política de produção e uso de biocombustíveis contra críticas acirradas e, por vezes, insanas, que se valem do conceito de sustentabilidade para esconder razões menos nobres. Sustentabilidade abrange aspectos sociais, econômicos e ambientais.
Quanto ao aspecto econômico, o Brasil é reconhecido como o produtor mais competitivo de biocombustíveis. O etanol da cana-de-açúcar compete com a gasolina em uma cadeia de preços livres de subsídios.
Na área social, o cultivo da cana-de-açúcar e de oleaginosas na produção de etanol e biodiesel contribui para a geração de empregos sustentados no campo. No caso do etanol, mais de 1 milhão de empregos diretos são gerados. No caso do biodiesel, mais de 100 mil famílias de pequenos agricultores participam do processo produtivo.
A questão ambiental é muito importante. Os biocombustíveis são instrumentos valiosos na redução da emissão de CO2 na atmosfera.
Se considerarmos o consumo dos combustíveis por veículos leves entre 1970 e 2007, constatamos que, com a utilização do álcool, tivemos uma economia efetiva acumulada de 854 milhões de barris equivalentes de petróleo, o que representa 15 meses da produção nacional de petróleo (1,9 milhão de barris/dia) ou, ainda, a cinco anos do consumo de combustíveis em veículos leves no Brasil.
Se incluirmos nesse cálculo o volume de etanol que substituiu a gasolina exportada pelo Brasil no período, considerando que a demanda energética foi suprida pelo etanol, teremos economizado quase 1,25 bilhão de barris equivalentes de petróleo.
Nesse período, a utilização do álcool como combustível, puro ou misturado à gasolina, evitou a emissão de 800 milhões de toneladas de CO2.
Na reunião de Jeddah, os líderes e os ministros de 36 nações concordaram que a transparência e a regulação dos mercados financeiros devem ser aprimoradas para frear a especulação financeira.
Resta agora reconhecer a importância dos biocombustíveis no processo de desenvolvimento de uma nova matriz energética sustentável para o mundo. Trata-se de fator estratégico que deve ser reconhecido não como antagônico à indústria do petróleo, mas como um elemento que agrega valor ambiental aos combustíveis fósseis, tornando-os menos danosos ao planeta. O Brasil está decidido a compartilhar sua expertise nesse campo e não fugirá ao desafio que as mudanças climáticas impõem.”
KASSAB (DEM-SP) DEU “GOLPE” NA PESQUISA, MAS FOI PEGO EM FLAGRANTE
A Folha Online publicou no início desta manhã a seguinte notícia:
KASSAB USA MÁQUINA DA PREFEITURA PARA TENTAR INFLUIR EM PESQUISA DATAFOLHA
“E-mail obtido pela Folha mostra que Gilberto Kassab (DEM) acionou pessoalmente a máquina da prefeitura para tentar influir na última pesquisa Datafolha da eleição em São Paulo, na qual recuou dois pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, informa o "Painel" da Folha, editado por Renata Lo Prete.
No e-mail, Kassab pede a 26 subprefeitos "ação" nos locais onde entrevistadores abordariam eleitores. O prefeito confirma ter mandado o e-mail, mas nega que o objetivo fosse melhorar seu desempenho; diz ter feito "ação preventiva" para "evitar maldades" de rivais.
Segundo o Datafolha, medidas de controle tornam impossível afetar os resultados; movimentos estranhos são notados e descartados.
À reportagem, Kassab afirmou que "de maneira nenhuma" agiu com o propósito de inflar seu desempenho na pesquisa Datafolha. "Se eu quisesse fazer isso", argumentou o prefeito, "não teria me portado de maneira tão franca e transparente".
PESQUISA
A candidatura do prefeito Gilberto Kassab é a que tem mais alianças partidárias (incluindo caciques como PMDB) e mais tempo na TV. No entanto, de acordo com o última Datafolha, divulgado dia 25, amarga a terceira colocação nas pesquisas (11%), atrás da líder Marta Suplicy (36%) e do segundo colocado Geraldo Alckmin (32%).
No levantamento, 35% dos entrevistados consideraram ótima ou boa a gestão do democrata à frente da capital paulista. Na pesquisa anterior, do dia 4 deste mês, esse índice era de 33%, seis pontos a menos do que o registro de 15 de maio, também feito pelo Datafolha.
A reprovação --soma dos que consideram o governo ruim ou péssimo--, que também havia crescido seis pontos, de 20% para 26%, oscilou um ponto para baixo e está em 25%.
O índice dos que consideram a administração municipal de São Paulo regular foi de 38% para 37% --3% não souberam ou não quiseram responder.”
Um enigma envolve essa notícia. Por que a Folha Online, do jornal Folha de São Paulo, publicou essa notícia contra Kassab? O jornal é radical escultor de notícias em prol da eleição de José Serra (PSDB) à presidência em 2010. Serra apóia (ou apoiava?) Kassab para garantir a aliança PSDB-DEM. Será que estão abandonando Kassab para apoiar Alckmin?
KASSAB USA MÁQUINA DA PREFEITURA PARA TENTAR INFLUIR EM PESQUISA DATAFOLHA
“E-mail obtido pela Folha mostra que Gilberto Kassab (DEM) acionou pessoalmente a máquina da prefeitura para tentar influir na última pesquisa Datafolha da eleição em São Paulo, na qual recuou dois pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, informa o "Painel" da Folha, editado por Renata Lo Prete.
No e-mail, Kassab pede a 26 subprefeitos "ação" nos locais onde entrevistadores abordariam eleitores. O prefeito confirma ter mandado o e-mail, mas nega que o objetivo fosse melhorar seu desempenho; diz ter feito "ação preventiva" para "evitar maldades" de rivais.
Segundo o Datafolha, medidas de controle tornam impossível afetar os resultados; movimentos estranhos são notados e descartados.
À reportagem, Kassab afirmou que "de maneira nenhuma" agiu com o propósito de inflar seu desempenho na pesquisa Datafolha. "Se eu quisesse fazer isso", argumentou o prefeito, "não teria me portado de maneira tão franca e transparente".
PESQUISA
A candidatura do prefeito Gilberto Kassab é a que tem mais alianças partidárias (incluindo caciques como PMDB) e mais tempo na TV. No entanto, de acordo com o última Datafolha, divulgado dia 25, amarga a terceira colocação nas pesquisas (11%), atrás da líder Marta Suplicy (36%) e do segundo colocado Geraldo Alckmin (32%).
No levantamento, 35% dos entrevistados consideraram ótima ou boa a gestão do democrata à frente da capital paulista. Na pesquisa anterior, do dia 4 deste mês, esse índice era de 33%, seis pontos a menos do que o registro de 15 de maio, também feito pelo Datafolha.
A reprovação --soma dos que consideram o governo ruim ou péssimo--, que também havia crescido seis pontos, de 20% para 26%, oscilou um ponto para baixo e está em 25%.
O índice dos que consideram a administração municipal de São Paulo regular foi de 38% para 37% --3% não souberam ou não quiseram responder.”
Um enigma envolve essa notícia. Por que a Folha Online, do jornal Folha de São Paulo, publicou essa notícia contra Kassab? O jornal é radical escultor de notícias em prol da eleição de José Serra (PSDB) à presidência em 2010. Serra apóia (ou apoiava?) Kassab para garantir a aliança PSDB-DEM. Será que estão abandonando Kassab para apoiar Alckmin?
MULHERES NORTE-AMERICANAS MORREM MAIS NO IRAQUE
Extraí o artigo seguinte do site “defesanet”:
"As operações no Iraque têm causado mais baixas em soldadas do que durante a Operação Tempestade no Deserto (1991) ou na Guerra do Vietnã.
Até esta data (Julho), 97 americanas morreram, incluindo sete mães solteiras, na Operação Liberdade para o Iraque. A média de idade era de 27 anos.
Baixas não relacionadas a combate (acidentes, suicídio, acidentes com a própria arma) são cerca de 40 % das baixas femininas no Iraque, enquanto cerca de 60 % das baixas é devido a ações hostis. Cerca de 20 soldadas morreram devido a ação de IEDs [improvised explosive device]. Outras baixas foram devido a engajamento com armas de fogo, RPGs [Rocket Propelled Grenade], morteiros ou ataques suicidas.
Na Guerra do Golfo, por exemplo, 16 soldadas faleceram entre 41.000 “membras” dos serviços militares operando ali. No Vietnã foram 8 baixas femininas, dentre as 7.465 mulheres que serviram naquele Teatro de Operações [TO]. O número total de mulheres que serviram no Iraque é desconhecido, porém em Janeiro de 2008, havia 10.262 mulheres servindo naquele TO.
Na Guerra da Coréia foram 17 baixas entre 1.000 mulheres. Porém 11 faleceram em um único acidente aéreo. O Departamento de Defesa registra que mais de 400.000 mulheres participaram nos mais variados TOs da Segunda Guerra Mundial, com 543 baixas entre as mulheres. As maiores causas para baixas foram: acidentes aéreos, acidentes com veículos e doenças. O Departamento de Defesa indica que 16 mulheres morreram como resultado de ações do inimigo na Segunda Guerra Mundial. Assim as 58 mulheres mortas no Iraque equivalem a quatro vezes as mortes por ação do inimigo na Segunda Guerra Mundial.
A legislação para o emprego de mulheres é de que não devem ser alocadas nas unidades de combate (Batalhões de infantaria e blindados).
Assim todas as unidades de combate devem ser compostas por homens. O combate fluido e a falta de linha de frente levam a que muitos serviços considerados seguros e de retaguarda tenham sido atacados por atentados suicidas ou IEDs. Assim muitas mulheres em unidades de suprimento foram envolvidas em combate ou ação de fogo inimigo.
Outro pontos que atinge as mulheres são as Desordens pós Traumáticas (Post Traumatic Stress Disorder - PTSD), em percentual maior que nos homens. A separação da família tem um efeito de maior impacto mais nas mulheres que nos homens."
"As operações no Iraque têm causado mais baixas em soldadas do que durante a Operação Tempestade no Deserto (1991) ou na Guerra do Vietnã.
Até esta data (Julho), 97 americanas morreram, incluindo sete mães solteiras, na Operação Liberdade para o Iraque. A média de idade era de 27 anos.
Baixas não relacionadas a combate (acidentes, suicídio, acidentes com a própria arma) são cerca de 40 % das baixas femininas no Iraque, enquanto cerca de 60 % das baixas é devido a ações hostis. Cerca de 20 soldadas morreram devido a ação de IEDs [improvised explosive device]. Outras baixas foram devido a engajamento com armas de fogo, RPGs [Rocket Propelled Grenade], morteiros ou ataques suicidas.
Na Guerra do Golfo, por exemplo, 16 soldadas faleceram entre 41.000 “membras” dos serviços militares operando ali. No Vietnã foram 8 baixas femininas, dentre as 7.465 mulheres que serviram naquele Teatro de Operações [TO]. O número total de mulheres que serviram no Iraque é desconhecido, porém em Janeiro de 2008, havia 10.262 mulheres servindo naquele TO.
Na Guerra da Coréia foram 17 baixas entre 1.000 mulheres. Porém 11 faleceram em um único acidente aéreo. O Departamento de Defesa registra que mais de 400.000 mulheres participaram nos mais variados TOs da Segunda Guerra Mundial, com 543 baixas entre as mulheres. As maiores causas para baixas foram: acidentes aéreos, acidentes com veículos e doenças. O Departamento de Defesa indica que 16 mulheres morreram como resultado de ações do inimigo na Segunda Guerra Mundial. Assim as 58 mulheres mortas no Iraque equivalem a quatro vezes as mortes por ação do inimigo na Segunda Guerra Mundial.
A legislação para o emprego de mulheres é de que não devem ser alocadas nas unidades de combate (Batalhões de infantaria e blindados).
Assim todas as unidades de combate devem ser compostas por homens. O combate fluido e a falta de linha de frente levam a que muitos serviços considerados seguros e de retaguarda tenham sido atacados por atentados suicidas ou IEDs. Assim muitas mulheres em unidades de suprimento foram envolvidas em combate ou ação de fogo inimigo.
Outro pontos que atinge as mulheres são as Desordens pós Traumáticas (Post Traumatic Stress Disorder - PTSD), em percentual maior que nos homens. A separação da família tem um efeito de maior impacto mais nas mulheres que nos homens."
sábado, 26 de julho de 2008
TODAS AS NOSSAS TELECOMUNICAÇÕES ESTÃO NAS MÃOS DOS GRINGOS
Em 27 de março, escrevemos neste blog: “Na década de 90, no Brasil a prioridade era vender, desestatizar e desnacionalizar. Prioritariamente, desnacionalizar as empresas estrategicamente mais importantes para o desenvolvimento nacional e as mais lucrativas, especialmente as que vendem em moeda forte (exemplo: Vale do Rio Doce, EMBRATEL, Petrobras, e até a Embraer, que muitos erradamente ainda pensam que os seus proprietários, os donos da quase totalidade das suas ações ordinárias, são brasileiros).
(...) O Brasil, naquela loucura “neoliberal”, fez algo surpreendente e inédito no mundo, que foi muito elogiado no exterior e aqui também... Desprezou totalmente a Segurança Nacional. Passou 100% do controle de todos os serviços de telecomunicações de longa distância do país (a EMBRATEL) para somente uma empresa norte-americana! Foi para a pré-concordatária MCI, ex-WorldCom, que veio a ser famosa no mundo pelas gigantescas fraudes contábeis em seus balanços.” (depois, a MCI vendeu a “nossa” EMBRATEL para a mexicana Telmex, sem dar satisfação ao governo brasileiro).
Esse grave problema para todos os brasileiros veio-me à memória ao ler a muito boa exposição (abaixo transcrita) do internauta Stanley Burburinho, que postou seu comentário hoje, 26/07/2008, às 12h55, no blog “Vi o Mundo”, justamente sobre o artigo “A raposa está no galinheiro” do blog do Azenha que originou a nossa postagem imediatamente anterior a esta. Transcrevo o texto de Stanley Burburinho:
(...) “Toda a comunicação no Brasil, via satélite, passa pelos satélites B1, B2, B3, B4 e outros mais que são da Embratel que é de propriedade de um investidor do México (o Carlos Slim, que já disse ser contra a fusão das teles), que é um país aliado dos norte-americanos, isto é: Bush.
Acho isso um perigo. A Telefônica, que é espanhola, e a Telmex (que pertence ao mesmo dono da Embratel) que é mexicana, têm o monopólio da transmissão via satélite dos sinais de telefonia, Internet, TVs abertas e fechadas em toda a América Latina.
A localização e o assassinato dos membros das FARCs, por militares colombianos e norte-americanos, no meio da selva, em pleno território equatoriano, às 3 horas da madrugada, só foi possível porque os membros das FARCs fizeram ligações telefônicas, via satélite, minutos antes do ataque, e o satélite é da Telefônica que repassou para os colombianos e norte-americanos os dados de latitude e longitude que facilitaram a localização do grupo.
Toda comunicação dos militares brasileiros que estão nas fronteiras é transmitida por um dos satélites da Embratel.
Isso não é um risco? Estamos nas mãos dos gringos. Através do GPS do satélite, os gringos sabem, exatamente, onde os nossos militares se encontram na Amazônia e como se movimentam, através de satélites espiões dos USA.
Toda a comunicação entre as plataformas de petróleo da Petrobrás, que ficam em alto mar, com a sede, é transmitida por um desses satélites. Com a crise mundial do Petróleo e energia, a quem interessaria interceptar essas comunicações e garimpar informação privilegiada?
Os dados sobre desmatamento que são enviados pelo INPE também são transmitidos por um desses satélites.
Os dados das nossas plantações de cana, milho, soja e demais commodities em geral também são transmitidos por um desses satélites.
Será que Lula pode falar, tranqüilamente com o Chávez, o Corrêa, o Evo, a Bachelet , o Fidel etc por telefonia, para tratar de estratégias para preservar as nossas riquezas, sem correr o risco de interceptação do que se fala?
O Amorim que neste momento está na OMC tratando dos nossos interesses, se precisar falar com o Brasil para se autorizar a tomar qualquer decisão estratégica para ao Brasil, terá que falar por um desses satélites.
O Brasil não tem gerência sobre o algorítmo de encriptação dos dados veiculados pelos satélites.
Os satélites da Embratel, B1, B2, B3, B4, foram fabricados no exterior e montados em São José dos Campos - SP. Nós avançamos e já dominamos essa tecnologia de satélites e também dominamos a tecnologia de colocação de satélites em órbita e a manutenção. Não precisamos dos gringos.
Será que seria estratégico para o Brasil, através de uma PPP com a BrOi, ter os seus próprios satélites? Se sim, de quem se teria que ficar livre o mais rápido possível? Do Dantas? Será estou falando besteiras? Por quê? E os USA já estão com a IV Frota rondando por aqui.”
(...) O Brasil, naquela loucura “neoliberal”, fez algo surpreendente e inédito no mundo, que foi muito elogiado no exterior e aqui também... Desprezou totalmente a Segurança Nacional. Passou 100% do controle de todos os serviços de telecomunicações de longa distância do país (a EMBRATEL) para somente uma empresa norte-americana! Foi para a pré-concordatária MCI, ex-WorldCom, que veio a ser famosa no mundo pelas gigantescas fraudes contábeis em seus balanços.” (depois, a MCI vendeu a “nossa” EMBRATEL para a mexicana Telmex, sem dar satisfação ao governo brasileiro).
Esse grave problema para todos os brasileiros veio-me à memória ao ler a muito boa exposição (abaixo transcrita) do internauta Stanley Burburinho, que postou seu comentário hoje, 26/07/2008, às 12h55, no blog “Vi o Mundo”, justamente sobre o artigo “A raposa está no galinheiro” do blog do Azenha que originou a nossa postagem imediatamente anterior a esta. Transcrevo o texto de Stanley Burburinho:
(...) “Toda a comunicação no Brasil, via satélite, passa pelos satélites B1, B2, B3, B4 e outros mais que são da Embratel que é de propriedade de um investidor do México (o Carlos Slim, que já disse ser contra a fusão das teles), que é um país aliado dos norte-americanos, isto é: Bush.
Acho isso um perigo. A Telefônica, que é espanhola, e a Telmex (que pertence ao mesmo dono da Embratel) que é mexicana, têm o monopólio da transmissão via satélite dos sinais de telefonia, Internet, TVs abertas e fechadas em toda a América Latina.
A localização e o assassinato dos membros das FARCs, por militares colombianos e norte-americanos, no meio da selva, em pleno território equatoriano, às 3 horas da madrugada, só foi possível porque os membros das FARCs fizeram ligações telefônicas, via satélite, minutos antes do ataque, e o satélite é da Telefônica que repassou para os colombianos e norte-americanos os dados de latitude e longitude que facilitaram a localização do grupo.
Toda comunicação dos militares brasileiros que estão nas fronteiras é transmitida por um dos satélites da Embratel.
Isso não é um risco? Estamos nas mãos dos gringos. Através do GPS do satélite, os gringos sabem, exatamente, onde os nossos militares se encontram na Amazônia e como se movimentam, através de satélites espiões dos USA.
Toda a comunicação entre as plataformas de petróleo da Petrobrás, que ficam em alto mar, com a sede, é transmitida por um desses satélites. Com a crise mundial do Petróleo e energia, a quem interessaria interceptar essas comunicações e garimpar informação privilegiada?
Os dados sobre desmatamento que são enviados pelo INPE também são transmitidos por um desses satélites.
Os dados das nossas plantações de cana, milho, soja e demais commodities em geral também são transmitidos por um desses satélites.
Será que Lula pode falar, tranqüilamente com o Chávez, o Corrêa, o Evo, a Bachelet , o Fidel etc por telefonia, para tratar de estratégias para preservar as nossas riquezas, sem correr o risco de interceptação do que se fala?
O Amorim que neste momento está na OMC tratando dos nossos interesses, se precisar falar com o Brasil para se autorizar a tomar qualquer decisão estratégica para ao Brasil, terá que falar por um desses satélites.
O Brasil não tem gerência sobre o algorítmo de encriptação dos dados veiculados pelos satélites.
Os satélites da Embratel, B1, B2, B3, B4, foram fabricados no exterior e montados em São José dos Campos - SP. Nós avançamos e já dominamos essa tecnologia de satélites e também dominamos a tecnologia de colocação de satélites em órbita e a manutenção. Não precisamos dos gringos.
Será que seria estratégico para o Brasil, através de uma PPP com a BrOi, ter os seus próprios satélites? Se sim, de quem se teria que ficar livre o mais rápido possível? Do Dantas? Será estou falando besteiras? Por quê? E os USA já estão com a IV Frota rondando por aqui.”
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