segunda-feira, 30 de junho de 2014

ÁGUA EM SP SOMENTE ATÉ ÀS ELEIÇÕES !




["Choque de gestão" tucano: ÁGUA EM SP DURA SOMENTE ATÉ ÀS ELEIÇÕES (colapso estimado para fim de outubro)] 

Sistema Cantareira pode usar 100% do volume útil antes do fim da Copa

Da Rede Brasil Atual

Volume útil do Sistema Cantareira pode chegar a zero antes do fim da Copa

"Estudo apresentado na quinta-feira (26) pelo 'Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí' (PCJ) indica que o volume útil do Sistema Cantareira – que abastece grande parte da região metropolitana de São Paulo, inclusive a capital, além da região de Campinas e Piracicaba -, chegará a zero entre os dias 7 e 8 de julho, ainda antes do final da Copa do Mundo.

A partir dessa data, diz o relatório, a falta de chuva fará com que todo o sistema passe a operar exclusivamente com o chamado "volume morto", que por sua deve ser suficiente para, no máximo mais que 100 dias de abastecimento 
 [estimado para fim de outubro].

Pesquisador da Unicamp e consultor do consórcio, Antônio Carlos Zuffo explicou, ao apresentar o estudo, que dos quatro reservatórios que compõem o sistema, dois (o Jaguari e o Jacareí) já estão captando o volume morto, que é lançado nos outros dois reservatórios (Cachoeira e Atibainha) para mantê-los com volume positivo. “Porém, daqui a 10 dias, os reservatórios que ainda não recorreram diretamente à reserva só terão em sua capacidade água vinda deste recurso, ou seja, a água que em condições normais é utilizada para o abastecimento já terá se esgotado.

Isso indica o perigo de desabastecimento. Caminhamos a passos largos para o desabastecimento, estamos em plena crise, não dá para negar”, completou. Para o especialista, desde o fim do ano passado deveria ter sido implementado um sistema de rodízio ou racionamento para evitar o esgotamento do recurso.

Solidariedade

O PCJ apresentou também uma proposta de captação e distribuição de água baseada em um modelo utilizado em estados do Nordeste em tempos de escassez. Segundo o modelo, deve haver um revezamento entre os setores industrial, urbano e agrícola, de forma a evitar um pico de consumo em um mesmo período.

É um modelo baseado na solidariedade. O organismo gestor participa, mas a própria comunidade executa e compartilha as ações. É preciso sensibilizar os usuários para que a água não falte para ninguém.”, explicou o secretário Executivo do Consórcio PCJ, Francisco Lahoz.

Para que seja executado, o plano deve ter a adesão total dos usuários – municípios, indústrias e produtores agrícolas que têm autorização para fazer captação dos rios que compõem o sistema. Segundo o secretário, embora o Sistema Cantareira abasteça a Grande São Paulo, e as regiões de Campinas e Piracicaba, em caso de desabastecimento, as duas cidades do interior sentiriam mais os reflexos porque a capital possui mais de um sistema para o abastecimento. "Na Grande São Paulo, 30% do consumo depende do Cantareira. Aqui na região, só temos o Cantareira, e os nossos lençóis freáticos já estão baixos", explicou."

FONTE: da "Rede Brasil Atual". Transcrito no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/noticia/sistema-cantareira-pode-usar-100-do-volume-util-antes-do-fim-da-copa). [Título e trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

QUEM VAI INDENIZAR AS VÍTIMAS DA MÍDIA?




Quem vai indenizar as vítimas da mídia?

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

"Janio de Freitas, que pertence à esquálida cota de pensamento independente da 'Folha', nota em seu artigo de domingo um contraste.

Uma pesquisa mundial do Gallup coloca os brasileiros como um povo essencialmente feliz e otimista. Na imprensa, e em pesquisas dos grandes institutos nacionais, o retrato é o oposto. Somos derrotados, miseráveis, atormentados.

Janio brinca no final dizendo se sentir cansado demais para explicar, ou tentar explicar, tamanha disparidade.

Não é fácil para ele se alongar nas razões, sobretudo porque a "Folha" é uma das centrais mais ativas de disseminação da visão de um Brasil horroroso.

A motivação básica por trás do país de sofredores cultivada pela imprensa é a esperança de que o leitor atribua tanta desgraça – coisas reais ou simplesmente imaginárias - ao governo.

Ponto.

É a imprensa num de seus papeis mais notáveis nos últimos anos: o terrorismo.

A Copa do Mundo foi um prato soberbo para esse terrorismo. A imprensa decretou, antes da Copa, que o Brasil - ou melhor: o governo - daria um vexame internacional de proporções históricas.

Em vez do apocalipse anunciado, o que se viu imediatamente após o início da competição foi uma celebração multinacional, multicolorida, multirracial.

Turistas de todas as partes se encantaram com o Brasil e os brasileiros, e a imprensa internacional disse que esta era uma das melhores Copas da história, se não a melhor.

Note o seguinte: a responsabilidade por um eventual fracasso seria atribuída pela mídia ao governo. O sucesso real, pelo que se lê agora, tem vários pais, entre os quais não figura o governo.

O melhor artigo sobre o caso veio de uma colunista da "Folha" que se proclamou arrependida por ter ouvido o “mimimi” da imprensa.

Ela disse ter perdido a oportunidade de passar um mês desfrutando as delícias que só uma Copa é capaz de oferecer: viagens para ver jogos, confraternizações com gente de culturas diferentes e por aí vai.

É uma oportunidade única na vida - quando haverá outra Copa no Brasil? - que ela perdeu por acreditar na imprensa.

Quem vai indenizá-la? O "Jornal Nacional"? A "Veja"? O "Estadão"? E a tantos outros brasileiros como ela vítimas do mesmo terrorismo?

Para coroar o espetáculo, o "Jornal Nacional" atribuiu a histeria pré-Copa à imprensa internacional...

Pausa para rir.

Mais honesto, infinitamente mais honesto, foi o colunista JR Guzzo, da "Veja" - o maior mestre que tive no jornalismo, a quem tenho uma gratidão eterna e por quem guardo uma admiração inamovível a despeito de nossas visões de mundo diferentes.

É bobagem tentar esconder ou inventar desculpas: muito melhor dizer logo de cara que a imprensa de alcance nacional pecou, e pecou feio, ao prever durante meses seguidos que a Copa de 2014 ia ser um desastre sem limites”, escreveu Guzzo em seu artigo na "Veja" desta semana.

Deu justamente o contrário”, continua Guzzo. “Os 600.000 visitantes estrangeiros acharam o Brasil o máximo e 24 horas depois de encerrado o primeiro jogo ninguém mais se lembrava dos horrores anunciados durante os últimos meses.”

Bem, não exatamente ninguém: o Jornal Nacional se lembrou. Não para fazer uma reflexão como a de Guzzo - mas para colocar a culpa nos gringos.

Recorro, ainda uma vez, e admitindo minha obsessão, a Wellington: quem acredita nisso, acredita em tudo.

O JN parece achar que seus espectadores são completos idiotas."

FONTE: escrito por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo. Transcrito no '"Blog do Miro" (http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/06/quem-vai-indenizar-as-vitimas-da-midia.html#more).

OS QUE FIZERAM TERRORISMO ANTICOPA DEVERIAM COBRIR OS PREJUÍZOS




O terrorismo anti-Copa deveria ressarcir o comércio e o turismo, por Hildegard Angel

‘Arautos do Pânico’ anti Copa deveriam ressarcir os prejuízos causados à nossa economia


"Os botequins cariocas estão cheios. As filas dos supermercados são imensas e lembram corredores da ONU, onde todos os idiomas são falados e ouvidos. Gringos em todas as direções, empurrando carrinhos diante dos caixas. Porém, do comércio dos shoppings eles passam longe. As lojas dos ditos “quadriláteros da moda” estão vazias. Os salões de cabeleireiros, às moscas.

Verdade é que a massiva, sistemática e histérica campanha interna contra o Brasil [simplesmente para assim enfraquecer o governo e facilitar a eleição de Aécio, representante da elite de direita], nos meses que antecederam a Copa do Mundo, em nossa mídia, nas redes sociais, no boca à boca, num evidente e muito bem articulado projeto, coisa de profissional, surtiu o efeito esperado: repercutiu, contaminou os sites, o noticiário internacional de credibilidade, afugentando o turismo estrangeiro com maior poder aquisitivo, receoso da violência, e causando estragos em vários setores da economia.

Para o Rio de Janeiro, não vieram os anunciados transatlânticos de luxo, que abrigariam os “turistas excedentes”, dos quais a hotelaria cinco estrelas carioca, carente em número de leitos, “não daria conta”. Alguém viu?

Quem investiu em reformas, pretendendo lucrar com gordos alugueis de aparts luxuosos, penthouses, apês com vistão, ficou a ver navios. Não houve procura.

Vieram os trailers, utilitários, vans, tendas, mochilas. Veio o turista simpático, jovial e alegre dos kitinetes alugados, do dinheirinho contado para o dia à dia, que o carioca criativo logo apelidou de "Durista".

Nada contra. Faz parte. Eventos esportivos como a Copa do Mundo atraem o turismo de massa. E esta Copa das Copas tem o charme especial de fazer brilhar os países da América do Sul, com torcedores entrando motorizados por todas as nossas fronteiras.

Porém, as agências se queixam de que os pacotes turísticos formatados não tiveram a saída pretendida, e agora eles são oferecidos, junto com as passagens aéreas, com tarifas reduzidas em até 40%, para a atual e a próxima temporadas. É o que dizem os jornais!

O ambicionado retorno com os gastos dos estrangeiros, atraídos pela Copa, ficará bem aquém do que outros países lucraram em suas Copas, quando viram lojas entupidas, fervilhando com turistas gastadores.

Quem vai ressarcir o nosso comércio, o nosso setor turístico, o nosso país? A turma do #nãovaitercopa? Os partidos de oposição? Os celerados, que passavam dia e noite em campanha no Facebook e no Twitter contra a nossa Copa do Mundo? Os Emissários do Pânico, que faziam “terrorismo” antiCopa via email? Os Arautos da Catástrofe, prenunciando que a violência iria eclodir, os aeroportos explodir e os estádios ruir? Aqueles que atribuíam todas as mazelas crônicas do país à Copa do Mundo, porém só se aperceberam disso às vésperas de ela acontecer?

Por que não iniciaram a campanha #nãovaitercopa ao primeiro movimento para trazer a Copa? Ou logo após o anúncio do Brasil como país sede ? Por que começaram a campanha justo no ano da Copa, isto é, ano da Eleição?

Seria o caso de perguntar: os responsáveis e diretamente interessados nessa campanha, que causou tamanho prejuízo à economia do país, a seu comércio, à sua indústria turística, enfim, a nós, vão nos ressarcir?"

FONTE: escrito por Hidelgard Angel e transcrito no Jornal GGN  (http://jornalggn.com.br/noticia/o-terrorismo-anti-copa-deveria-ressarcir-o-comercio-e-o-turismo-por-hildegard-angel). [Título e imagem do google adicionada por este blog 'democracia&política'].

20 ANOS DO PLANO REAL: COMPARAÇÕES DEFLACIONADAS



Por Paulo Moreira Leite


COMPARAÇÕES DEFLACIONADAS


"Em 20 anos de Real, a inflação subiu mais no governo FHC/PSDB do que nos governos Lula e no primeiro mandato de Dilma


Estamos assistindo aos primeiros sinais de que o 20º aniversário do Plano Real [implantado pelo governo Itamar /PMDB e com FHC/PSDB sempre fingindo ser o criador] deverá ser comemorado em grande estilo.

Não é para menos. No caminho da sexta eleição presidencial desde que o Real foi anunciado, o plano é uma bandeira prioritária da oposição para reivindicar a chance de retornar ao Planalto, após três derrotas consecutivas.

Mas é um debate que os criadores do Real devem encarar com cautela. Se em duas décadas a inflação jamais retornou aos planos absurdos de 1993 (2477% ao ano) ou de 1994 (916%) a atuação do PSDB para proteger o bolso dos brasileiros, especialmente os mais humildes, aqueles que mais sofrem com a alta dos preços, foi a pior em 20 anos. Quando os dados são expurgados do prestígio e da preferência que a maioria dos analistas devota aos economistas ligados ao PSDB, verifica-se que a realidade é muito diferente. Coube a governo de FHC/PSDB cravar as piores médias do período.

Aos números: no primeiro mandato do governo Fernando Henrique, eleito a bordo da nova moeda, o IPCA foi de 22,4 em 1995, 9,5 em 1996, 5,22 em 1997 e 1,6 em 1998. Média anual: 9,3%.

No segundo mandato, a inflação subiu 8,9 em 1999, 5,9 em 2000, 7,6 em 2001 e 12,5 em 2002. Média anual: 8,6%.

No primeiro mandato do governo Lula, as altas foram de 9,3 em 2003, 7,6 em 2004, 5,6 em 2005 e 3,1 em 2006. Média anual: 6.4%

No segundo mandato do governo Lula, as altas foram de 4,4; 5,9; 4,3 e 5,9. Média anual: 5,1%

No governo Dilma, as altas foram de 6,5 em 2011, 5,8 em 2012, 5,9 em 2013 e 6,4 na projeção em 2014. Média anual prevista: 6,1%.

Colocando a avaliação no plano puramente inflacionário, está claro que os melhores números foram obtidos nos dois mandatos de Lula. O governo Dilma fica em 3º lugar, enquanto o governo FHC/PSDB ocupa as piores posições.

Alguma dúvida? "

FONTE: escrito por 
Paulo Moreira Leite no seu blog na revista "IstoÉ"  (http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/48_PAULO+MOREIRA+LEITE). [Título, imagem e trecho entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

PROBLEMAS DO PLANO REAL (de ITAMAR FRANCO/PMDB)


Presidente Itamar (ao centro) e seu Ministro da Fazenda Ciro Gomes (à direita), na época da criação do Plano Real 

[Itamar Franco esclareceu que o Plano Real não é obra de FHC. Expressou sua mágoa por Fernando Henrique Cardoso fingir que foi o criador do plano].

[OBS deste blog 'democracia&política': Cuidado leitor! A entrevista abaixo, do jornal tucano "Valor" (propriedade dos grupos tucanos "Folha" e "Globo"), com outras palavras, ou até nas entrelinhas, dissemina algumas pregações da direita, como diminuir os aumentos de salário, reduzir o crédito, aumentar a SELIC, reduzir a velocidade do crescimento, aumentar o superávit fiscal para garantir o pagamento dos juros aos bancos etc etc. São mensagens abrangidas pelas promessas de Aécio Neves para "o mercado". Ele já prometeu para os banqueiros "medidas impopulares" tão logo assuma a pretendida presidência]:


Delfim Netto: Plano Real acentuou redução da capacidade exportadora brasileira

Por Ribamar Oliveira, d
o [jornal da direita, tucano], "Valor Econômico" [jornal de propriedade dos grupos tucanos "Globo" e "Folha"]

A questão ainda é fiscal

"O Plano Real foi uma "obra-prima" [do governo Itamar/PMDB], "uma pequena joia", mas "nunca terminou", avalia o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. "Nunca, na verdade, o governo decidiu fechar o déficit fiscal", criticou, em entrevista ao "Valor". 


Para Delfim, uma consequência perniciosa da falta de maior apoio fiscal foi "a valorização do real muito superior ao que seria necessário". Ele sempre foi um crítico ácido da excessiva valorização da moeda brasileira frente ao dólar, por entender que isso prejudicava a indústria brasileira. "A empresa brasileira foi submetida à maior carga tributária do mundo, à maior taxa de juros do mundo e ao câmbio mais valorizado do mundo", afirmou. O ex-ministro disse que a redução da capacidade exportadora do Brasil é um processo iniciado antes do Plano Real, mas, na opinião dele, "o real acentuou isso".

Pela falta de vontade política de enfrentar a questão fiscal, Delfim disse que "até hoje, o país não consegue caminhar com um equilíbrio razoável". Embora considere que o Brasil "não está à beira do cataclismo", o ex-ministro acha indispensável abrir um espaço fiscal para que se possa adotar, em caso de necessidade, uma política anticíclica. Para ele, o problema central do país, hoje, é o aumento persistente do salário real acima do aumento da produtividade. "Não tem política monetária nem política fiscal que sejam capazes de enfrentar esse problema." Delfim disse que a distribuição de renda realizada nos últimos anos decorreu de uma melhoria nas relações de troca do país e de um aumento considerável no déficit do balanço de pagamentos. "Agora, isso vai ter que mudar. A distribuição está comendo o crescimento. Teremos que reduzir a velocidade da distribuição." A seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor: Como o senhor viu o Plano Real na época? Foi um mecanismo engenhoso?

Delfim Netto:
Foi uma pequena joia. Foi uma contribuição importante, prática, dos economistas brasileiros que dele participaram. Alguns deles tinham as experiências de outros programas de estabilização, mas era um conceito novo. Desde o início, achei que o negócio iria funcionar. Alguns economistas que participaram ativamente do plano, da concepção, tinham sido alunos do Dornbusch [economista Rudiger Dornbusch] e do Fischer [economista Stanley Fischer]. O Fischer e o Michael Bruno tinham produzido o plano de Israel, que foi a primeira tentativa efetiva de fazer estabilização com sucesso. O Plano Real fez coisas absolutamente fantásticas. Ele liberou todos os preços, criou uma moeda, a URV, em que se media tudo em torno dela, estabilizou a distribuição da renda, pois fixou os salários em URV como média, e fez tudo aquilo que era necessário para que, quando os preços fossem liberados, não houvesse mais tensões escondidas. A distribuição de renda era aquela que a sociedade queria, os preços estavam livremente flutuando, bastava, portanto, fixar a âncora, que foi o câmbio. Foi uma obra-prima. Muito bem imaginada, que honra a inteligência de seus formuladores. Mas o plano nunca terminou. Nunca, na verdade, o governo decidiu fechar o déficit fiscal. Nunca o governo decidiu enfrentar de verdade os problemas da indexação. Foi-se arrastando com um pé. Primeiro, com uma valorização do real muito superior ao que seria necessário se tivéssemos tido um apoio fiscal maior.

Valor: Na época, o senhor foi um crítico muito ácido da valorização do real, pois achava que iria prejudicar a indústria brasileira.

Delfim:
E prejudicou. A empresa brasileira estava sendo submetida, em primeiro lugar, à maior carga tributária do mundo, que não podia ser isentada na exportação, porque se tinha tanta confusão que o governo era incapaz de fazer isso. Em segundo lugar, o país tinha a maior taxa de juros do mundo, para sustentar a valorização do câmbio. E, terceiro, o Brasil tinha o câmbio mais valorizado do mundo. Então, foram retiradas do empresário brasileiro as condições de competição. Ou seja, eliminou-se a mais poderosa alavanca de modernização e de expansão da economia que é o comércio exterior. No fundo, esse é um processo que vem desde 1984. Essa ideia de que se tinha uma "política de substituição de importações antiquada", não sei o quê, é pura conversa para boi dormir. O país tinha um câmbio que era o "crawling peg" [sistema de câmbio administrado, em que a taxa vai sendo ajustada ao longo do tempo], que era um câmbio relativamente desvalorizado; tinha-se construído uma tarifa efetiva adequada e, mais do que isso, tinha-se o "draw-back" verde amarelo. Ou seja, a importação era considerada como fator de produção. Se você importasse o produto para exportar, era livre (de tributação). Naquele tempo, existia um plano de desenvolvimento da indústria automobilística em que se estava construindo no Brasil uma plataforma exportadora. O Brasil estava ligado com o mundo. Isso tudo foi destruído. Hoje, o país está completamente afastado da estrutura industrial mundial, não tem ligação nenhuma com o mundo. Esses anos todos de valorização cambial levaram os exportadores a se transformar em importadores. O defeito básico é anterior ao real, mas o real acentuou isso. O governo Fernando Henrique Cardoso deu duas ou três contribuições importantes para o Brasil e deu uma tragédia. A primeira contribuição foi a estabilização, que foi uma maravilha. Depois, a lei de responsabilidade fiscal, que é outra pequena joia. E com a estabilização ele conseguiu a [sua] reeleição, que foi a maior tragédia que ele vai deixar para a história do Brasil.

Valor: Por quê?

Delfim:
Na verdade, está provado que em um país em que não há o menor controle social, a reeleição é um instrumento perigoso, é um instrumento que termina, inclusive, com a democracia. Isso porque o poder incumbente adquire um controle tal da sociedade que não tem como competir.

Valor: No início do real, não houve preocupação muito grande com a questão fiscal.

Delfim:
No primeiro governo Fernando Henrique/PSDB, não houve o menor controle fiscal. Só quando o país quebrou, em 1998, que o governo foi correndo para o Fundo Monetário Internacional (FMI), em que o Bill Clinton [então presidente dos Estados Unidos] salvou o Brasil, pois, se naquele momento, o Lula ganhasse a eleição, despreparado como estava o PT, teria sido uma tragédia. Por pressão do Clinton, o FMI tergiversou, nos deu um dinheirinho, depois o Fernando Henrique/PSDB voltou ao Fundo em 2002 de novo. No primeiro governo FHC [Delfim mostra uma tabela], a média do déficit público nominal foi 5,3% do PIB. No segundo mandato, foi 4,4% do PIB. No primeiro mandato do Lula, foi 4% do PIB e no segundo mandato, de 2,9% do PIB. Agora, nós estamos com 3,2% do PIB. O que eu digo é que nunca houve um esforço fiscal de verdade. O Plano Real foi um sucesso tão grande, o plano foi tão brilhante, que tinha em si uma pílula de suicídio.

Valor: Em que sentido?

Delfim:
No sentido de que até hoje o país não consegue caminhar com um equilíbrio razoável. Nós estamos em uma situação desconfortável. O Brasil não está à beira do cataclismo. Mas 3,5% de déficit fiscal nominal não é uma coisa saudável. Ter uma dívida bruta de 60% do PIB não é uma coisa saudável. Tudo bem, faz dez anos que o país está com dívida bruta constante. A dívida líquida, não se pode mais usar [como parâmetro], pois está toda destruída. Mas é evidente que se amanhã o país tiver necessidade de um plano anticíclico de verdade, não terá espaço para isso. A dívida vai para 80% do PIB e o Banco Central puxa o juro para a lua de novo, sobrevaloriza o câmbio.

Valor: Ao contrário de 2008/2009, quando havia espaço.

Delfim:
Havia espaço. Hoje, não. É a única coisa inconveniente e que o governo tem, em um momento qualquer, de entender isso. Não tem nenhuma tragédia. A questão da inflação, por exemplo, a gente discute, discute, mas são coisas óbvias. Em primeiro lugar, não é possível, persistentemente, estimular o salário real acima do aumento da produtividade. Isso é como um sanduiche: você coloca no pão um pedaço de carne e joga mostarda. Quando você apertar o sanduíche, a mostarda vai sair para o lado. Ou vai sair como inflação ou vai sair como déficit em conta-corrente, que é o que nós estamos vivendo. Não é o salário-mínimo [o problema], mas é aquilo que nunca foi tirado. É ligar o mínimo a todo o resto. Hoje, é o salário-mínimo que determina a despesa pública. Este é único país do mundo em que isso sobrevive. O salário-mínimo é um instrumento muito útil. Agora, você não pode, além de garantir o poder de compra para o aposentado, garantir o aumento de produtividade per capita. Não se pode usar o salário-mínimo para fixar o salário-educação, fixar o seguro-desemprego, o abono salarial etc.

Valor: Ou seja, em algum momento o salário-mínimo terá que ser desvinculado dos demais benefícios sociais.

Delfim:
Não tenho dúvida disso. Mas, no Brasil, isso só vai ser feito quando estiver caindo no abismo. Aí aparece um campeão e corrige tudo isso. O drama é que nós estamos jogando fora uma oportunidade de ouro. O crescimento medíocre e uma distribuição de renda medíocre do Fernando Henrique/PSDB elegeram o Lula. Um crescimento um pouco mais elevado e uma distribuição melhor elegeu a Dilma. Agora, a distribuição está comendo o crescimento. Agora tem que ter uma mudança. É isso.

Valor: Durante a implantação do Plano Real, o Brasil enfrentou várias crises internacionais. A Ásia quebrou, depois a Rússia quebrou. Em que isso pesou na execução do plano?

Delfim:
A crise asiática explicitou o erro do câmbio no processo de estabilização da economia brasileira. Nós teríamos sofrido muito menos se não fosse esse erro. O que eu digo é que a concepção do plano foi extraordinária, a armação foi perfeita, só que a execução foi toda pontuada por dificuldades, por problemas. Eu acho que faltou convicção do centro do governo do que precisava ser feito, ou seja, o ajuste fiscal.

Valor: Vinte anos depois do Plano Real, a inflação mostra resistência, girando em torno de 6% ao ano. Em sua opinião, quais são os fatores que mantêm a inflação do Brasil elevada?

Delfim:
No momento em que se aumenta, sistematicamente, o salário real acima da produtividade não tem como você caminhar... Não tem política monetária nem política fiscal que sejam capazes de enfrentar esse problema. Tem, sim. Você entrega o "Banco Central independente" para um sujeito que seja um profundo portador de uma ciência monetária, ele põe os juros a 40% ao ano, faz uma recessão para valer, desemprega todo mundo e tem uma inflação de 4,5%. Tudo bem. Isso no quadro-negro funciona. No livro-texto também. Só que no Brasil real não funciona. Não tem política fiscal que compense isso. A não ser que o governo produza um excedente gigantesco e baixe o nível de atividade. É preciso compreender o seguinte: se não tiver o apoio da política salarial, não há política de combate à inflação que funcione. Nós estamos vivendo neste momento exatamente isso. A inflação está em 6,5%, mas você tem guardado aí pelo menos 1,5% ou um pouco mais. E isso é péssimo para o combate à inflação. Porque no combate a inflação é importante a expectativa. O Banco Central está funcionando. Estou achando que a queda da atividade vai ser maior do que a gente suspeita. Eu não sei se já não tem a mão pesada demais. O trem está chegando. Chegou o primeiro vagão, chegou o segundo, chegou o terceiro. O nível de atividade está caindo. Começou na indústria. Passou para o comércio. Está chegando no serviço. Há os primeiros sinais de que vai ter desemprego. O câmbio se valorizou. Ou seja, está funcionando [o aperto monetário]. O ritmo de crescimento do crédito desacelerou. Está tudo na direção certa. No momento em que se instalar a ideia de que a expectativa de inflação vai cair, a correção será rápida. Por que isso não acontece? Por causa do erro do governo de esconder a inflação. Ou seja, todo sujeito que pensa diz o seguinte: não, a expectativa de inflação não vai cair. A expectativa de inflação vai primeiro subir e aí eu não sei o que eles vão fazer, pode ser uma tragédia, e aí vai cair.

Valor: Não há uma compreensão muito clara de alguns setores do governo sobre a função das expectativas no sistema de metas de inflação.

Delfim:
Hoje, eu estou convencido de que não é um problema econômico. É um problema ecológico. O ambiente é pouco propício para a reprodução da espécie. O que está acontecendo? O ambiente deteriorou. As pessoas se sentem mal. É a diferença entre o andar de baixo e o andar de cima. O andar de baixo continua se sentindo muito bem, porque ele não enxerga que, na frente, o país está indo para bater em um muro. O andar de cima já viu tudo isso e é muito preconceituoso. Acho uma coisa ridícula ser contra as cotas, ser contra a Bolsa Família. É ridículo. Quem tem que se sentir bem? É o povo, é a sociedade. E, segundo, é quem produz, é quem investe. É quem toma o risco de investir. Foi aqui que houve uma destruição da relação entre o governo e o setor privado. Mas o governo está aprendendo. Essa é que é a verdade.

Valor: Essa resistência da inflação não está relacionada com os resquícios da indexação, que não foram retirados?

Delfim:
Com essa política monetária que está aí, que está funcionando, se invertesse a expectativa, a inflação iria cair. Agora, não cai porque a própria ação do governo elimina a possibilidade de reduzir a expectativa. A política de controle de preços nega a expectativa. Para ela cair, ela precisa antes absorver os erros que foram cometidos tentando corrigi-la equivocadamente.

Valor: A correção de todos esses erros às vésperas da eleição é uma coisa meio complicada.

Delfim:
Eu não acredito que vá ter nada. Eu continuo achando que a Dilma vai se reeleger. E estou apostando no fato de que ela é uma mulher inteligente, que ela está aprendendo. O governo demorou um pouco para entender como se faziam as concessões de infraestrutura e está se aperfeiçoando. A minha convicção é a seguinte: uma sociedade civilizada só se constrói com o jogo dessas duas instituições: a urna e o mercado. Um corrigindo o outro. A urna ainda está muito satisfeita, a urna não está vendo parede nenhuma. O mercado está antecipando o que a urna ainda não vê. Ou seja, as dificuldades do mercado não migraram para contaminar a urna. O que eu acho é que a Dilma tem ainda uma boa probabilidade de se reeleger. E é preciso, portanto, a gente ajudar na direção de corrigir esses defeitos.

Valor: Há uma discussão neste momento sobre a meta de inflação. Inclusive, propostas de candidatos de reduzir a meta. O que o senhor acha disso?

Delfim:
Eles estão absolutamente defasados da teoria econômica mais moderna. Todo mundo está vendo que 2% de inflação já não é tão satisfatório. Aprenderam que é preciso ter uma taxa de inflação que torne flexível o salário. Se puder ter 3%, muito bem. Se puder ter 2%, muito bem. Até ter uma crise. Em minha opinião, 4,5% de inflação seria confortável se a flutuação estiver em torno da meta e não ficar namorando o limite superior da banda. O problema é o laxismo com relação à meta. Alguns dizem que a meta é de 2,5% a 6,5%. Não, a meta é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para acomodar choques de oferta ou, eventualmente, de demanda. Essa ideia de desmontar o que está feito não funciona, pois as pessoas receberam os benefícios que só foram possíveis porque o país teve uma melhoria dramática das relações de troca, porque o país fez déficits em conta-corrente gigantescos. O governo distribuiu o que tomou emprestado e o que ganhou de presente. Isso terminou. Quando a Dilma entrou, começou a cair a relação de troca. Foi possível distribuir porque pegou um vento de cauda. Agora, não, a Dilma está pegando um vento de frente.

Valor: Há um entendimento de que o Brasil não vai mais contar com esse vento de cauda.

Delfim:
É, isso acabou. Daqui para a frente, você precisa afinar os seus instrumentos. Primeiro, você não terá o presente. O nosso naviozinho estava no mar. Subiu o nível do mar, o navio subiu junto. O PT pensa que foi ele que elevou o nível do mar. Agora, o nível do mar está baixando, ele não quer saber disso. Ele diz: isso não é comigo. É com a Dilma. E terminou também a possibilidade de continuar com o déficit em conta corrente de 3,6% do PIB. Nós temos que pensar que temos que ganhar a vida honestamente. Não vamos receber nem presente mais do mundo e nem financiamento mais do mundo. Nós temos que viver com as restrições físicas do nosso sistema. Nós temos que entender que a identidade da contabilidade nacional é inviolável. Quando eu tento violar, eu só faço besteira. O sistema de preços tem dificuldades, mas o ser humano não inventou um melhor. Então, eu preciso respeitar o sistema de preços. Eu preciso, na verdade, abrir um espaço para a política fiscal. Não é por que eu vou quebrar. Não. É porque eu vou precisar disso em algum momento em que afrouxar a demanda. Eu preciso também fazer convergir a minha inflação para 4,5% e esquecer a ideia de que 6,5% é meta.

Valor: Os economistas estão dizendo que não será mais possível fazer, daqui para a frente, uma distribuição de renda na mesma velocidade com que foi feita nos últimos anos.

Delfim:
Eu acho que foi feita uma distribuição correta. Você recebeu de presente e tomou emprestado. A consciência nacional é a seguinte: eu só posso distribuir o que já foi produzido. Não posso distribuir o que não foi produzido. A posição de cada um é o degrau em que ele se encontra. O sujeito que subiu quatro degraus tem que ficar no quarto degrau. Ele vai chegar no quinto com um tempo maior do que ele passou do terceiro para o quarto. Mas ele vai chegar no quinto. Agora, você tem que dar para ele a esperança de que ele vai chegar no quinto. Você não pode dar o quinto para ele hoje. Você vai ter que compatibilizar o investimento com a distribuição. Nenhum dos dois vai parar. Você tem que acelerar o investimento, mas não prejudicar a distribuição. Você tem que reduzir a velocidade da distribuição. E é isso que vai ter que ser feito, mantendo os programas sociais."


FONTE: escrito por Ribamar Oliveirado [jornal da direita, tucano], "Valor Econômico" [propriedade dos grupos tucanos "Globo" e "Folha"]  (http://jornalggn.com.br/noticia/delfim-netto-plano-real-acentuou-reducao-da-capacidade-exportadora-brasileira). [Título, imagem do google, sua legenda e trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].

BRASIL É O CAMPEÃO MUNDIAL DA FELICIDADE FUTURA





Pesquisa Gallup (dos EUA) contradiz terror midiático

"O Brasil real não é retratado pela mídia. "A imprensa, a TV, as rádios que tocam notícia não deixam que nos enganemos: "o nosso desânimo é total, o pessimismo nos imobiliza, o desemprego nos alarma, estamos todos reduzidos a desastres humanos e o país chafurdado na vergonha do seu fracasso", ironiza o colunista Janio de Freitas. 


"Aí vem uma pesquisa internacional, a "Gallup World Cup" --diz a informação que feita "em mais de 130 países"-- e traz esta conclusão: pela oitava vez consecutiva, o Brasil "está no topo" em satisfação com a vida nos futuros cinco anos"...

Do "Brasil 247"

A coluna do jornalista Janio de Freitas de domingo (leia aqui) traz uma contradição entre o cenário de terror desenhado pela mídia nacional e a pesquisa Gallup que coloca o Brasil no topo da perspectiva de felicidade futura. Leia abaixo:

DOIS PAÍSES

"A imprensa, a TV, as rádios que tocam notícia não deixam que nos enganemos. O nosso desânimo é total, o pessimismo nos imobiliza, o desemprego nos alarma, estamos todos reduzidos a desastres humanos e o país chafurdado na vergonha do seu fracasso. A Confederação Nacional da Indústria, a sádica CNI, ainda tem a perversidade de pagar mais uma sondagem para nos dizer que, nos últimos dias, afundamos mais ainda em nossa humilhação.

Aí vem uma pesquisa internacional, a Gallup World Cup --diz a informação que feita "em mais de 130 países"-- e traz esta conclusão: pela oitava vez consecutiva, o Brasil "está no topo" em satisfação com a vida nos futuros cinco anos. Com a nota 8,8 na média da opinião dos brasileiros, em escala que vai de 0 a 10 para a "felicidade futura".

Estou tão desanimado, como o país todo, que não tenho disposição para qualquer comentário sobre o conflito das duas visões e, muito menos, sobre sua causa..."

FONTE: escrito por Janio de Freitas, na "Folha de São Paulo'  (http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/145071/Janio-pesquisa-Gallup-contradiz-terror-midiático.htm).

domingo, 29 de junho de 2014

QUEM JÁ PERDEU A COPA



Por Paulo Moreira Leite, diretor da Sucursal da revista "ISTOÉ" em Brasília

QUEM JÁ PERDEU A COPA


"Fantasmas do antiCopa eram tão grotescos que a maioria dos brasileiros encara encontro com a realidade com alegria

O Brasil não ficou melhor nem pior com o Mundial.

Mas, acima de tudo, a Copa de 2014 está sendo, para os brasileiros, uma experiência cultural confortadora. Não vamos ser completamente ingênuos. A partir da versão de que era preciso aguardar desastres inevitáveis e inúmeras provas de incompetência durante o Mundial, o "Imagine na Copa" e o AntiCopa só tentavam nos convencer de que um grande fracasso se aproximava. Deu errado.

A crítica foi tão exagerada, tão desmedida, que a realidade mostrou-se muito melhor do que se queria imaginar. O choque foi muito grande. Equivale a acordar de um pesadelo.

Num tempo de realidades globalizadas, o Mundial permitiu aos brasileiros conhecer o novo lugar do país entre as nações do mundo. E eles estão gostando daquilo que podem enxergar.

Por muito tempo, fomos ensinados a só gostar daquilo que se via lá fora. Nem futebol tinha importância porque “só” era popular no Brasil e outros países parecidos, pobres, pretos, periféricos...

Hoje, o país sedia um campeonato que mobiliza uma plateia que formará uma audiência somada de 20 bilhões de pessoas no mundo inteiro, ao longo de todas as partidas. Até os norte-americanos querem feriado para assistir a Copa.

É isso: o Mundial mostra aos brasileiros que eles têm motivos para gostar de seu país. Talvez ajude a diminuir, um pouquinho, quem sabe, nosso complexo de vira-lata.

Era isso, claro, que se temia e se queria impedir.

Quando a Copa chega às oitavas-de-final, e 75% das partidas foram disputadas, com recorde de gols marcados em mais de meio século, a única dúvida sobre o Mundial envolve aquela angústia maravilhosa que vai nos acompanhar até o apito final, em 13 de julho, no Maracanã: qual seleção será campeã?

É bom que seja assim.

Estamos falando de futebol, não de política. Quem não soube distinguir as proximidades e distâncias desses universos, perdeu a Copa na partida inaugural, aquela do VTNC, e foi eliminado sem nenhum ponto ganho.

Os brasileiros aproveitam cada instante para festejar e celebrar o Mundial e as alegrias que proporciona. Cantam, bebem, se esborracham. Dispensando intermediários de imensa desfaçatez e inacreditável ganância, namoram à vontade e beijam com gosto. Adoram feriados. Aplaudem a beleza dos estádios, mais confortáveis e seguros do que jamais visto no país. Aproveitam aeroportos, onde atrasos e cancelamentos de voos estão num padrão aceitável para a ocasião.

Pode-se encontrar até taxistas que falam bem da Copa, o que vai contra o código de ética de uma categoria habituada a reclamar de tudo.

Concordo com quem reclama do preço dos ingressos, que são altíssimos para um país de renda como o nosso. A queixa é certíssima. Sempre será possível pedir preços mais em conta, mas é razoável lembrar que não se pode querer um espetáculo milionário, com fortunas para suas estrelas, de tamanho global, com preço de quermesse junina. Um ingresso para um jogo da Copa nunca vai custar barato.

O futebol tornou-se uma parcela dos investimentos de marketing de grandes empresas globais, que moldam o capitalismo no mundo inteiro.

Mesmo assim, e isso tem um divertido aspecto surrealista, não custa lembrar quem foram os campeões do “antiCopa”, os influentes, aqueles que contam, que colocaram a coisa no debate: grandes campeões da iniciativa privada, porta-vozes das causas mais reacionárias. Não custa lembrar que, em 14 de janeiro, você podia ler o seguinte apelo nas páginas de dois dos mais tradicionais jornais do país:

A maior Copa de todos os tempos na frase de Dilma, é a Copa mais cara da história. A festa macabra da Fifa, bancada com dinheiro público, simboliza a inigualável soberba do lulismo. Que as pessoas voltem às ruas desde a hora do apito inicial e, no entorno das arenas bilionárias, até a cerimônia de encerramento, exponham ao mundo a desfaçatez dessa aliança profana entre os donos do negócio do futebol e os gerentes dos "negócios do Brasil". Que a polícia trate com urbanidade os manifestantes - e com a dureza da lei os vândalos mascarados.

Não há nada de errado em criticar investimentos da Copa. Ninguém é obrigado a achar que um país deve sediar um campeonato mundial de futebol. Na época devida, 2007, eu também me perguntei: por quê? Para quê?

Depois da crise de 2008, a Copa revelou-se uma ideia mais útil do que parecia. Ajudou a economia a crescer – 0,5% do PIB anual – e a criar empregos. O debate mudou: se é verdade que hoje o país cresce menos do que se gostaria, a média de crescimento seria ainda pior sem a Copa.

No debate político de fundo, que se prolongará até as urnas de 2014, investir na Copa foi uma forma de evitar a recessão e rejeitar a austeridade que derrubou a maioria dos países da Europa. Simplificando: Neymar, Messi & os outros ajudaram as ideias de John Maynard Keynes -- economista que ensinou o capitalismo a criar empregos e crescimento com apoio do Estado -- a entrar em campo.

Será por isso que o AntiCopa ganhou tanta força? Difícil negar, ainda que se tratava, vamos combinar, de uma ideia que já nasceu condenada a morte.

Baseava-se no desprezo por um sentimento profundo do povo, que é o gosto pelo futebol, que ajudou os brasileiros a construir sua nacionalidade, em particular depois da Copa de 1958, onde se cantava que “com o brasileiro não há quem possa.” (E nós sabemos como a turma antiCopa, que desembarcou aqui de caravelas, considera o nacionalismo verde-amarelo um atraso, um “populismo”). A única forma de assegurar alguma vitalidade ao ambiente antiCopa era produzir informações parciais e manipuladas, o que implicava em esconder dados reais sobre os estádios, sobre investimentos em educação, aeroportos e até sobre a isenção fiscal combinada com a FIFA.

Não vamos falar do tratamento generoso que todas as manifestações –anarquistas, stalinistas, tucanas, liberais e fascistas – receberam nos últimos meses. Até vídeos em inglês, com legendas em português!, foram recebidos com simpatia e calor.

E me diga quantas vezes você pode ler manifestações a favor da Copa. Estou falando, e este é um exemplo, do jornal do "Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá" onde se diz o seguinte: “Não seremos contaminados pelo pessimismo dessa elite que apodrece a olhos vistos, porque nossa alegria de ser brasileiro é imbatível.” O texto lembra que "não desanimávamos quando éramos submetidos a uma inflação de mais de mil por cento por ano, quando o Brasil era governado pelos militares para concluir que nossa vida é só alegria. E trabalho, muito trabalho.”  Na semana passada, o mesmo boletim do sindicato dizia na manchete: “Mostramos nossa alegria e capacidade de trabalho para o resto do mundo.” Detalhe: o sindicato é ligado a Força Sindical, aquela central que promete apoio à oposição.

Na "Folha" de sábado, 28 de junho, Ruy Castro fala do tempo em que “Não ia ter Copa”. Chama manifestantes que tentavam impedir a Copa de “desajustados mentais” e reconhece:

Nós, da mídia, fomos essenciais para esse pessimismo, denunciando a Fifa como Estado invasor, o fracasso na preparação da infraestrutura exigida para receber os visitantes e a diferença entre o custo estimado dos estádios e o custo real -- embora não me lembre de nenhuma reportagem dizendo para onde foi o dinheiro. O ‘ Imagina na Copa!', que começou como uma brincadeira, tornou-se a sentença para a nossa inabalável vocação para o subdesenvolvimento.”

Pois é, meus amigos."

FONTE: escrito por Paulo Moreira Leite, diretor da Sucursal da revista "ISTOÉ" em Brasília. É autor de "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA e na Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa"  (http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/48_PAULO+MOREIRA+LEITE).

AS 13 PREVISÕES MAIS CATASTRÓFICAS, E FURADAS, SOBRE A COPA NO BRASIL




As 13 previsões mais catastróficas, e furadas, sobre a Copa no Brasil 

"É hora de relembrar, com algumas boas gargalhadas, as previsões mais pessimistas e catastróficas feitas por cartomantes de plantão que previram o caos. 

Por Najla Passos 

A Copa do Mundo não resolveu e não irá resolver todos os problemas do país. Aliás, nem é essa a função de um evento esportivo privado. Mas que o mundial atrai turismo e investimentos externos, não há mais dúvidas. Como também não há nenhuma dúvida de que ele mexe com autoestima de um país incentivado durante séculos a cultivar um inapropriado “complexo de vira-latas”!

Por isso, agora que o sucesso do evento já é reconhecido em todo o mundo, que o país já provou que pode organizar uma bela copa e que os turistas e os investimentos estrangeiros continuam chegando, é hora de dar boas gargalhadas com previsões mais pessimistas feitas pelas cartomantes de plantão que tanto torceram contra a realização do mundial.

Das adivinhações às avessas do mago Paulo Coelho, à mudança de planos da cineasta que fez sucesso afirmando que não viria ao Brasil, dos prejuízos contabilizados pelo tucanato ao delírio do protesto do chuveiro no “modo quentão”, do mau-humor da imprensa estrangeira à campanha permanente da "Veja", confira as 13 previsões mais catastróficas – e furadas – sobre a Copa do Mundo no Brasil!

1 – O mago Paulo Coelho: “A barra vai pesar na Copa do Mundo

Em entrevista à revista "Época', publicada em 5/4/2014, o mago, guru e escritor Paulo Coelho, que mora na Suíça, disse que não viria ao Brasil assistir aos jogos da Copa do Mundo nos estádios, apesar de ter sido presenteado com os ingressos pela FIFA. “A barra vai pesar na Copa. A Copa será um foco de manifestações justas por um Brasil melhor. Os protestos vão explodir durante os jogos porque vai haver mais gente fora do que dentro dos estádios”, afirmou.

O Mago, que “previra” que o Brasil iria ganhar a Copa das Confederações, evita arriscar o resultado para o mundial. E apresenta certezas já desconstruídas pela realidade, como a de que o Brasil deveria disputar a final com a Espanha, eliminada na 1ª fase: “Agora não sei. Certamente o Brasil irá à final com a Alemanha ou a Espanha, duas seleções fortíssimas nesta Copa. A Argentina não. A Suíça vai surpreender. Eu ousaria dizer que a Suíça vai para as quartas. No futebol, você tem que ser otimista, não tem outra escolha. O Brasil tem chances de não ganhar”.

2 – Arnaldo Jabor: “A Copa vai revelar ao mundo a nossa incompetência” 


No dia 6/6/2014, às vésperas da abertura da Copa, o cineasta Arnaldo Jabour, em comentário para a Rádio CBN, ainda insistia no pessimismo em relação à Copa, com o objetivo claro de influir no processo eleitoral de outubro. “Nós estamos jogando fora a imensa sorte que temos, por causa de dogmas vergonhosos que não existem mais. Estamos antes do Muro de Berlim e a Copa do Mundo vai revelar ao mundo a nossa incompetência”, afirmou.

3 – Veja: “Por critérios matemáticos, os estádios da Copa não ficarão prontos a tempo”

Em 25/5/2011, a "Veja" previu o fracasso da Copa do Mundo no Brasil. E com a ajuda da matemática, uma ciência que se diz exata desde tempos imemoriais. Na capa, a data da logo do mundial era substituída por 2038. O intertítulo explicava: “Por critérios matemáticos, os estádios da Copa não ficarão prontos a tempo”.

De lá para cá, foram muitas outras matérias, reportagens e artigos anunciando o fracasso do mundial. E mesmo com o início dos jogos, com estádios prontos e infraestrutura à altura do desafio, a revista estampou, na edição desta semana, uma nova catástrofe iminente: “Só alegria até agora - Um festival de gols no gramado, menos pessimismo nas pesquisas, mais consumo, visitantes em festa e o melhor é aproveitar, pois legado duradouro, esqueça”.

Melhor mesmo é torcer para que, quem sabe até 2038, a Veja aprenda a fazer jornalismo!



4 – Cineasta brasileira radicada nos EUA: “Não, eu não vou para a Copa do Mundo”

Em junho de 2013, a cineasta brasileira Carla Dauden, radicada em Los Angeles, nos Estados Unidos, fez sucesso na internet com o vídeo “No, I’m Not Going to the World Cup” (“Não, eu não vou para a Copa do Mundo”), que alcançou quatro milhões de curtidas. Mas antes mesmo de a bola começar a rolar nos gramados brasileiros, a ativista já era vista circulando pelo país.

No Twitter, ela justificou a abrupta mudança de planos: “Não vim para ver a Copa, vim para falar dela. A Copa nunca vai ser a mesma para os brasileiros. As pessoas não vão se esquecer do que acontecerá por aqui”, diagnosticou, antes da abertura. A frase, de fato, parece fazer sentido. Mas por motivos opostos do que aqueles que a ativista advoga!

5 - Protesto do chuveiro no “modo quentão” vai causar apagão!

Até bem pouco tempo antes do início da Copa, eram muitos os setores que insistiam no risco iminente de 'blackout' no país, da oposição à imprensa monopolista. Um grupo de internautas, porém, levou as ameaças infundadas a sério e decidiu criar uma página no Facebook destinada a acelerar o caos: usar os jogos da Copa para provocar um apagão generalizado no Brasil e, assim, boicotar a realização do evento.

A estratégia definida foi a utilização sincronizada dos chuveiros no “modo quentão”. “Chuveiros devem ser ligados na hora dos hinos nos jogos. A carga elétrica anormal derrubará a energia em bairros, cidades, regiões, estados e o país inteiro, em efeito dominó. Acompanhem os hinos por rádio, para maior garantia de sincronização”, diz a descrição do evento que conquistou pouco mais de 4,5 mil curtidas.

Dado o fracasso do evento, a página agora é utilizada para a troca de memes contra o PT, a esquerda e as pautas sociais e progressistas!

6 – Marília Ruiz: “Vai ser um vexame. Um vexame!

No dia 26/1/2014, a "TerraTV" publicou um comentário da jornalista esportiva Marília Ruiz em que ela previa que, se o Brasil conseguisse realizar a Copa, já seria uma grande vitória. A antenada comentarista até admitia que os estádios ficariam prontos. Mas sem qualidade: "Se eu sentaria o meu corpinho numa cadeira recém-colocada, com um parafuso a menos? Eu não sei”.

Do alto de sua experiência em cobertura de outras copas e de um etnocentrismo latente, ela também alertava que, mesmo fazendo sua Copa após a da África, o país passaria vergonha. “Eu achei que a gente iria passar vergonha, que nós, brasileiros, que o país iria passar vergonha. Aí eu pensei, é até um alento porque a Copa do Brasil vai ser depois da Copa da África: ninguém vai lembrar muito como foi na Alemanha. Muito menos as pessoas vão lembrar como foi no Japão e na Coreia. E eu posso dizer porque estive lá. É uma vergonha ao cubo!”

Confira o comentário completo e saiba quem é que está passando vergonha!

7 - Álvaro Dias: “O país ficará com mais prejuízo do que lucro”

De todas as aves de mau agouro que bravatearam contra a realização da Copa no Brasil, o tucano Álvaro Dias, senador pelo PSDB, foi uma das mais barulhentas. Previu que o governo amargaria um prejuízo de mais de R$ 10 bilhões com a realização do evento, que os turistas não apareceriam, que os aeroportos não ficariam prontos e não dariam conta do fluxo de passageiros.



O legado da copa do mundo me parece ser um grande fracasso. O país ficará com mais prejuízo do que lucro”, disse ele em entrevista à TV Senado, publicada no Youtube em 7/8/2013. Agora que os turistas chegaram, os investimentos estrangeiros entraram e o país tá fazendo bonito em mobilidade e infraestrutura, o senador desapareceu por completo do noticiário. Não se sabe se está esperando o evento acabar para profetizar outro apocalipse ou aproveitando as férias para curtir os jogos, como fez durante a Copa das Confederações!

8 - Ex-presidente FHC: “A Copa do Mundo como símbolo de desperdício

Em artigo publicado no norte-americano "The Wold Post", em 21/1/2014, o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso se referiu à Copa como símbolo do desperdício de dinheiro público. Tal como seu companheiro Álvaro Dias, perdeu a chance de ficar calado. Segundo a FIPE, só a Copa das Confederações rendeu R$ 9,7 bilhões ao PIB brasileiro. A projeção de retorno da Copa é de R$ 30 bilhões. A Apex-Brasil, aproveitando a Copa do Mundo, trouxe ao Brasil mais de 2,3 mil empresários estrangeiros, de 104 países. A agência estima trazer US$ 6 bilhões em negócios para o Brasil.

9 - Redação Sport TV: do fracasso ao espírito de porco!

No Programa "Redação Sport TV" de 22/1/2014, o apresentador deu sonoras gargalhadas ao exibir a foto de um estádio da copa ainda sem gramado e fazer previsões catastróficas sobre o evento. Na edição de 26/6/2014, o tom mudou completamente: um outro apresentador mostrou como a imprensa internacional elogiava o evento e ouviu do entrevistado Ruy Castro: “A nossa imprensa foi rigorosamente espírito de porco antes do evento começar”.

Confira o vídeo com os dois momentos e os dois humores do Sport TV

10 – Governo alemão: “O Brasil é um país de alto risco”

Há seis semanas do início da Copa, o Ministério de Assuntos Exteriores da Alemanha divulgou um relatório pintando uma imagem desoladora do Brasil, descrito como um país onde as leis não são respeitadas e o turista corre o risco de ser roubado, sequestrado e se envolver em conflitos entre policiais e criminosos. O documento listava uma série de cuidados que os gringos deveriam tomar, incluindo atenção redobrada com as prostitutas, apontadas como membros de organizações criminosas, e vigilância contínua com os copos, para não serem vítimas de um “Boa noite, Cinderela”.

Pelo documento, até mesmo a seleção alemã estaria em perigo em terras tupiniquins. E não apenas dentro de campo. “Arrastões e delitos violentos não estão descartados, lamentavelmente, em nenhuma parte do Brasil. Grandes cidades como Belém, Recife, Salvador, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo oferecem altas taxas de criminalidade”, ressaltava.

O Ministério ainda não divulgou relatórios sobre o número de alemães que vieram ao Brasil e o que estão achando da experiência. Mas quem circula pelas ruas brasileiras, repletas de gringos felizes e sorridentes, já sabe!

11 - Der Spiegel: “Justamente no país do futebol, a copa poderá ser um fracasso”

 

Um dos principais semanários da Europa, a revista alemã estampou, um mês antes do início da Copa, a manchete “Morte e Jogos”, destacando que, justamente no país do futebol, a Copa poderia ser um fiasco, por causa dos protestos, da violência nas ruas, dos problemas do transporte coletivo, dos aeroportos e dos estádios. Praticamente um alerta vermelho recomendando que os europeus não viessem ao Brasil.

Mas os turistas vieram e estão adorando. A imprensa estrangeira também: o jornal norte-americano "The New York Times", fala em “imenso sucesso”. O francês "Le Monde", em “milagre brasileiro”. O espanhol "El País" diz “não era pra tanto” para as previsões catastróficas. A revista inglesa "The Economist", remenda que “as expectativas, que eram baixas, foram superadas”. A própria "Der Espiegel", na edição desta semana, dá destaque para a animação da torcida e admite que os protestos em massa ainda não aconteceram.


12 – Ronaldo, o fenômeno: “Da vergonha à constatação de que a Copa é um sonho”


 

Na véspera do início do mundial, o ex-atacante Ronaldo se disse envergonhado com os atrasos das obras da Copa. Mas, membro do Comitê Organizador Local da FIFA que é, defendeu a entidade e culpou o governo Dilma por todos os problemas. “É uma pena. Eu me sinto envergonhado porque é o meu país, o país que eu amo. A gente não podia estar passando essa imagem”, disse à Agência [norte-americana] Reuters o cabo eleitoral e amigo do senador Aécio Neves, candidato do PSDB à presidência.

Agora, consolidado o sucesso do evento, tenta mudar o discurso. Em coletiva na quinta-feira (26), procurou se justificar. "Não critiquei a organização da Copa, até porque eu faço parte dela. Disse que poderia ser muito melhor se todas as obras de mobilidade urbana tivessem sido entregues”, remendou. ”Vivíamos um clima muito tenso, com a população muito descontente. Começou a Copa, e agora estamos vivendo um sonho", concluiu.

13 – O "vira vira lobisomem" de Ney Matogrosso


De passagem por Lisboa, em 11/5, Ney Matogrosso resolveu usar a Copa para criticar duramente a política brasileira na TV ATP. Só esqueceu de estudar, primeiro, os argumentos. “Se existia tanto dinheiro disponível para gastar com a Copa, por que não resolver os problemas do nosso país?”, disse ele, desconhecendo que, desde 2010, quando começaram os preparativos para a Copa, o governo já investiu R$ 850 bilhões em saúde e educação, enquanto os investimentos totais no mundial – incluindo federais, locais e privados – atingem R$ 25,6 bilhões.

Foi ácido quanto à construção dos estádios que, segundo ele, irão virar “elefantes brancos” e não serão usados para mais nada. Embolou dados, números e fatos em vários argumentos. Acabou sustentando uma visão preconceituosa sobre as classes populares. Questionado se há maior consciência dos pobres em exigir seus direitos, concordou: “O escândalo é tamanho que até essas pessoas param para refletir”.

FONTE: escrito por 
Najla Passos e publicado no site "Carta Maior"  (http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/As-13-previsoes-mais-catastroficas-e-furadas-sobre-a-Copa-no-Brasil/4/31267).

"FOLHA" JÁ COMEÇOU O "NÃO VAI TER OLIMPÍADAS"




"Começou!!!

A "Folha", pioneira como sempre, deu a largada ao #NãovaiterOlimpiadas, ainda antes de a Copa do Mundo acabar.

Assim como no caso da Copa, a "Folha" se utiliza de um daqueles "relatórios" do TCU, baseado em documentos antigos, cheio de dúvidas do tipo: Pq o preço era tanto em 2009 e agora é outro em 2014?? (pausa para risos).

Mas a gente já sabe como vai funcionar. Em Julho de 2016, a "Folha" vai dizer que foi a imprensa estrangeira que tocou o terror por aqui.

da "Folha":

Olimpíada tem atraso e aumento de preço em obras, diz TCU

Por Dimmi Amora

"Preços mais altos que o previsto, atrasos, baixa transparência e ameaça de falta de legado.

O TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou na quinta (26) um relatório apontando esses problemas, mas não para a Copa do Mundo, e sim para os Jogos Olímpicos que serão realizados no Rio de Janeiro em 2016, daqui a dois anos.

O relatório analisou a primeiro documento oficial que relatava os preços e responsabilidades de cada ente público em relação aos jogos, divulgado apenas em janeiro deste ano pelos responsáveis pelo projeto.

A análise do TCU apontou que esse documento, chamado de "Matriz de Responsabilidades", era pouco preciso e trazia informações vagas sobre os projetos.

Um dos dados apontados no documento é que os preços reais já começam a ficar muito mais elevados que o previsto inicialmente em 2009, quando a cidade foi escolhida para sediar os jogos.

Foram analisadas cinco instalações esportivas que já tinham preços definidos. Os valores em relação à previsão inicial cresceram entre 7% e 122%, para uma inflação de pouco mais de 30% no período. O custo total dessas obras passou de R$ 466 milhões para R$ 728 milhões.

Outra preocupação do órgão é que o governo separou em duas listas as obras para os Jogos Olímpicos. Uma refere-se apenas a equipamentos esportivos. E outra a obras públicas de transporte e melhorias urbanas na cidade, o que é considerado o legado da Olimpíada do Rio.

Segundo o órgão, um dos principais argumentos para convencer a sociedade a realizar os jogos era o legado deixado pelas obras de infraestrutura.

"Agora, não é razoável aceitar que apenas equipamentos esportivos sejam considerados como efetivamente relacionados à Olimpíada, deixando de fora as outras ações como se fossem secundárias", diz o relatório.

Outra preocupação do órgão, já apontada em relatório anterior, é com o atraso no cronograma de obras, principalmente das arenas esportivas na região de Deodoro, uma das quatro onde haverá competições. O TCU determinou que a APO (Autoridade Pública Olímpica), órgão responsável pela organização do evento, faça um cronograma para adiantar as obras em alguns locais.

O órgão também deu prazo para que o governo melhore a divulgação dos dados sobre os Jogos Olímpicos.

OUTRO LADO

O presidente da APO, general Fernando Azevedo e Silva, afirmou que o relatório do TCU se refere aos documentos que foram lançados em janeiro deste ano.

Segundo ele, uma parte já foi atualizada e, até agosto, haverá uma atualização de todo o material, o que contemplará os pedidos do órgão de controle. Silva afirmou que o aumento de custo no projeto olímpico é causado, em parte, por novas exigências para a realização da competição.

O general afirmou ainda que os atrasos já estão sendo contornados e o principal problema, a lentidão nas obras na região de Deodoro, já preocupa menos que no início do ano, porque as construções mais importantes já estão contratadas.

"O tempo ainda continua um pouco implacável. Mas está dentro do possível, mesmo para os eventos testes", disse Silva."

FONTE: reportagem de 
Dimmi Amora na "Folha de São Paulo", transcrita e comentada no "Jornal GGN"  (http://jornalggn.com.br/noticia/antes-do-fim-da-copa-folha-lanca-o-naovaiterolimpiadas).

OS SUPER TUCANOS DA FORÇA AÉREA AFEGÃ




Os Super Tucanos da Força Aérea Afegã

Do Blog de Rafael Cruz, transcrito no "Jornal GGN"

"Um contingente de 20 aeronaves A-29B Super Tucano chegará na Base Aérea de Moody, na Geórgia (EUA), no início de setembro para o treinamento de pilotos da Força Aérea Afegã. 


Pilotos da Força Aérea afegã irão para a Base Aérea de Moody, na Geórgia, para treinar em novas aeronaves de apoio aéreo próximo A-29 Super Tucano, comunicou a USAF. A base na Geórgia do Sul foi escolhida como a alternativa preferida para a formação e o contingente de 20 aeronaves após uma avaliação dos requisitos operacionais e da infraestrutura da base. Agora, a USAF deve fazer uma análise ambiental antes de ser tomada uma decisão final.

Moody AFB foi selecionado como a alternativa preferida, porque o campo de pouso e o espaço aéreo estão disponíveis, sem interrupção durante o período de tempo necessário, e as instalações adequadas estão imediatamente disponíveis para os novos ocupantes,” disse Timothy Bridges, vice-secretário assistente da Força Aérea em um comunicado. “Moody AFB é a opção de menor custo.

As aeronaves devem chegar a Moody no início de setembro, com os primeiros pilotos-estagiários chegando em fevereiro. O treinamento está previsto para durar até 2018.

O A-29 foi escolhido pela Força Aérea dos Estados Unidos como a plataforma de apoio aéreo aproximado para a Força Aérea do Afeganistão, no ano passado, com o anúncio de um primeiro contrato no valor de US$ 427 milhões para os contratantes Sierra Nevada Corp e Embraer do Brasil."

FONTE: d
o Blog de Rafael Cruz, transcrito no "Jornal GGN"   (http://jornalggn.com.br/blog/rafael-cruz/os-super-tucanos-da-forca-aerea-afega).

ONU PREMIA BRASIL POR COMBATE À POBREZA





ONU premia três projetos brasileiros inovadores de combate à pobreza

Da "ONU Brasil"

Três iniciativas brasileiras vencem prêmio global da ONU de serviço público

"Um projeto na esfera federal e dois na esfera estadual – Rio Grande do Sul e Pernambuco – estão entre os contemplados com um prêmio global da ONU que reconhece projetos inovadores no combate à pobreza e na promoção do desenvolvimento sustentável. A cerimônia de premiação ocorreu esta semana, de 23 a 26 de junho, durante um encontro em Seul, na Coreia do Sul.

O Fórum, o Dia e a Cerimônia de Premiação das Nações Unidas para o Serviço Público  homenageou 19 iniciativas de 14 países que se destacaram por projetos de implementação de soluções inovadoras visando à melhoria da prestação de serviços públicos e à promoção do desenvolvimento sustentável.

Um dos prêmios foi destinado ao Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão e à Secretaria-Geral da Presidência da República, para a iniciativa “Fórum Interconselhos”, que estimula a participação social no monitoramento dos Planos Plurianuais (PPA). No último PPA, foram apresentadas 629 contribuições da sociedade civil, das quais 77% foram incorporadas integralmente. Como inovação, foi constituída uma instância de monitoramento do PPA pela sociedade civil – o Fórum Interconselhos –, que reúne periodicamente representantes dos diversos conselhos para avaliar o cumprimento dos objetivos e metas estabelecidas.

Já o Governo do Estado do Rio Grande do Sul foi premiado com o projeto “Central do Cidadão, Transparência e Acesso à Informação: uma política de Estado no Governo do Rio Grande do Sul”. A iniciativa diz respeito ao portal “Central do Cidadão” e às ferramentas implementadas pelo governo gaúcho para atender as determinações da Lei de Acesso à Informação.

A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco também recebeu premiação, por meio do projeto “Programa Mãe Coruja Pernambucana”, cujo objetivo é garantir uma boa gestação e um bom período posterior ao parto, além de promover o direito das crianças a um nascimento e desenvolvimento saudável.

A celebração anual do Dia das Nações Unidas para o Serviço Público destaca as valiosas contribuições dos funcionários públicos e administradores em nossos esforços para construir um mundo melhor para todos”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. “Em um momento de desafios globais complexos e interdependentes, uma governança eficaz e uma administração pública eficiente são fundamentais para cumprir os nossos objetivos de desenvolvimento. Eles também serão vitais para a implementação da agenda de desenvolvimento pós-2015.

Os "Prêmios das Nações Unidas para o Serviço Público" homenageiam projetos que combatem a pobreza e promovem o desenvolvimento sustentável. Os vencedores foram apresentados às delegações de todo o mundo durante uma cerimônia de premiação de alto nível na quinta-feira, dia 26 de junho.

Essas instituições vencedoras demonstram os princípios que apoiam uma governança transparente, responsável e colaborativa. Elas têm explorado novos caminhos para melhorar o papel da governança participativa e responsável para o desenvolvimento sustentável”, disse Wu Hongbo, subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais, que abriu a cerimônia.

Os projetos vencedores deste ano envolvem a melhoria da educação; o aumento do acesso à água potável nas zonas rurais; a melhoria do acesso e da qualidade da saúde; a integração de dados governamentais, incluindo os sistemas de segurança social; o aumento da transparência através de maior acesso à informação para os cidadãos; e a redução da taxa de mortalidade infantil, entre outros esforços.

Os vencedores são dos seguintes países: África do Sul, Áustria, Barein, Brasil, Camarões, Cingapura, Coreia do Sul, Espanha, Índia, Marrocos, Omã, Tailândia, Turquia e Uruguai.

Fórum de Serviço Público sobre Governança e Inovação

O Fórum de Serviço Público da ONU deste ano vem em um momento em que os governos estão fazendo um balanço dos progressos, obstáculos e desafios enfrentados e consolidando os seus esforços para alcançar a prestação de serviços eficiente e equitativa como forma de melhorar o padrão de vida dos seus cidadãos. O tema deste ano é “Governança e inovação para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar das pessoas”.

Cerca de mil participantes participaram, incluindo personalidades de alto nível, ministros, funcionários do alto escalão dos governos e representantes da sociedade civil, da academia, do setor privado e de organizações internacionais e regionais.

O Fórum e o Prêmio são apoiados pelo Governo da Coreia do Sul e organizados pelo "Departamento da ONU de Assuntos Econômicos e Sociais" (DESA), em parceria com a "ONU Mulheres" e o "Centro Global para a Excelência do Serviço Público do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento" (PNUD), entre outros.

Em 2003, a Assembleia Geral da ONU designou o dia 23 de junho como o "Dia das Nações Unidas para o Serviço Público". O Fórum, o Dia e a Cerimônia de Premiação sobre o tema visam a apoiar a realização dos objetivos de desenvolvimento acordados internacionalmente, incluindo os "Objetivos de Desenvolvimento do Milênio" (ODM).

Mais informações

Todas as informações sobre os projetos vencedores estão disponíveis, em inglês, clicando aqui.

Para saber mais sobre o Prêmio da ONU para o Serviço Público, incluindo as edições anteriores, acesse www.unpan.org/unpsa

FONTE: "ONU Brasil" (http://www.onu.org.br/tres-iniciativas-brasileiras-vencem-premio-global-...) e "Jornal GGN" (http://jornalggn.com.br/noticia/onu-premia-tres-projetos-brasileiros-inovadores-de-combate-a-pobreza).

AS DUAS GRANDES GUERRAS MUNDIAIS FORAM INTERIMPERIALISTAS




E Lenin tinha razão: a grande guerra interimperialista

"A previsão de Lenin se cumpriu de forma dramática. As duas grandes guerras que marcaram a história da humanidade no século XX foram guerras interimperialistas.

Por Emir Sader 

"Em 1884, as grandes potências coloniais se reuniram em Berlim para decidir sobre a dominação da África entre elas. Consagraram o critério da “ocupação efetiva”, segundo o qual a potência que ocupasse realmente um país teria direitos sobre ele. Há fronteiras no norte da África que, visivelmente, foram definidas com régua, riscando sobre uma mesa, para facilitar a troca de territórios entre as 14 potências reunidas, sem importar que povos viviam ali.
Terminavam a divisão do mundo entre os colonizadores. A partir dali, segundo Lenin, cada um só poderia expandir-se às custas de outros. E como a tendência expansiva do capitalismo é permanente, Lenin previa que a humanidade entraria numa época de guerras interimperialistas.

A previsão de Lenin se cumpriu de forma rigorosa e dramática. As duas grandes guerras que marcaram a história da humanidade na primeira metade do século XX foram exatamente isso – guerras interimperialistas. Dois grandes blocos: por um lado, as potências que se tinham apropriado inicialmente de grande parte do mundo, lideradas pela Inglaterra e pela França, enfrentadas pelos que chegavam à repartição do mundo tardiamente – Alemanha, Itália, Japão – que buscavam uma redivisão dos territórios colonizados.


Por terem resolvido a questão nacional, com a instalação de Estados nacionais antes que os outros países europeus, sobretudo a Inglaterra e a França puderam construir sua força militar – em particular marítima – e colocar-se em melhor situação para a conquista e consolidação de um império colonial.

A Alemanha, a Itália e o Japão demoraram mais para sua unificação nacional, pela forca relativa das burguesias regionais, com o que chegaram à arena mundial em inferioridade de condições. Tiveram que se valer de regimes autoritários para acelerar seu desenvolvimento econômico, recuperando o atraso em relação às outras potências mundiais.

A primeira guerra mundial, mais além das contingências do seu começo, foi isso: uma grande batalha entre os dois blocos pela repartição do mundo, especialmente dos continentes periféricos. (A Alemanha chegou a propor ao México que lhe devolveria os territórios que os EUA lhe haviam arrebatado caso se somasse ao bloco liderado por ela.)

Por trás das duas grandes guerras, havia a disputa pela hegemonia mundial. A decadência inglesa via assomarem-se duas potências emergentes – os EUA e a Alemanha. No começo da primeira guerra, predominava nos EUA a corrente isolacionista, como se a guerra fosse uma questão europeia. Mas, conforme a Alemanha avançava para ganhar a guerra, o governo dos EUA colocou em prática rapidamente uma campanha ideológica para mobilizar os norte-americanos para a participação na guerra.

1917 foi um ano decisivo na guerra, com a revolução bolchevique fazendo com que a Rússia se retirasse da guerra – seguindo as orientações do Lenin, de que se tratava de uma guerra interimperialista -, enquanto os EUA entravam na guerra, fazendo com que a balança se inclinasse a favor do bloco anglo-francês.

Com a segunda guerrana realidade o segundo round de uma mesma guerra, com as mesmas características e um intervalo de poucos anos – e a segunda derrota do bloco formado pela Alemanha, a Itália e o Japão – se abria o caminho para a hegemonia imperial norte-americana. Guerras interimperialistas, as mais cruéis de todas as guerras, no continente que se considerava o mais civilizado do mundo, para dirimir a disputa hegemônica entre as potências capitalistas sobre a dominação global. O início da primeira, de que se cumpre agora um século, foi o começo dessa grande 'débâcle' europeia."


FONTE: escrito pelo cientista político Emir Sader no site "Carta Maior"  (http://www.cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/E-Lenin-tinha-razao-a-grande-guerra-interimperialista/2/31268).