Ontem à noite o portal UOL publicou:
“A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) disparou 7,47%, a 37.448,77 pontos, completando o terceiro dia consecutivo de alta. Neste período, o mercado de ações brasileiro acumulou valorização de 27,22%, mas, no ano, a queda ainda é de 41,38%.
O dólar comercial recuou 1,68%, cotado a R$ 2,106 na venda, após nova atuação do Banco Central no mercado de câmbio. Com a sessão desta quinta-feira, a moeda completou quatro dias consecutivos de baixa, período em que acumulou queda de 9,54% .”
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
FALIU DUAS VEZES
O veterano jornalista Lustosa da Costa escreveu a seguinte nota publicada ontem em sua coluna no “Diário do Nordeste”
“FHC, aquele que levou o Brasil duas vezes à falência, continua dando lições a Lula e torcendo pelo desastre de seu governo. Seu sonho e de muitos tucanos é que a crise econômica, nascida nos Estados Unidos, país que ele tanto ama, talvez na mesma intensidade de seu comparsa Carlos Menem, engula o País, arruinando o governo do PT.
O Brasil que se dane, desde que eles possam voltar ao governo e torrar as últimas estatais, a preço de banana, em doações a amigos do peito”.
“FHC, aquele que levou o Brasil duas vezes à falência, continua dando lições a Lula e torcendo pelo desastre de seu governo. Seu sonho e de muitos tucanos é que a crise econômica, nascida nos Estados Unidos, país que ele tanto ama, talvez na mesma intensidade de seu comparsa Carlos Menem, engula o País, arruinando o governo do PT.
O Brasil que se dane, desde que eles possam voltar ao governo e torrar as últimas estatais, a preço de banana, em doações a amigos do peito”.
BALANÇO DO PAC
Li ontem no blog do Noblat a seguinte reportagem do jornal “O Globo”:
BALANÇO DO PAC CALCULA QUE 9% DAS OBRAS DO PROGRAMA FORAM CONCLUÍDAS
“BRASÍLIA - Excluídas as ações de saneamento e habitação, que têm monitoramento separado, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), está com 9% de seus 2.198 empreendimentos concluídos, informou nesta quinta-feira o 5º balanço do programa, realizado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e outros ministros. No levantamento anterior, em abril, 5% das obras estavam finalizadas.
Ainda segundo o levantamento, 59% dos projetos já estão em fase de obras e 32% em fase de projeto, licenciamento ou licitação. De acordo com os dados, já foram empenhados (comprometido para pagamento de obras) R$ 10,4 bilhões dos 17,9 bilhões previstos, enquanto R$ 8,2 bilhões foram efetivamente pagos.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, considerou muito satisfatório o ritmo de execução, lembrando que os R$ 10,4 bilhões empenhados este ano até 23 de outubro representam 34,3% a mais do que havia sido empenhado no mesmo período do ano passado.
Levando-se em consideração a quantidade de projetos do PAC, 83% das obras foram classificados como em ritmo adequado, 7% estão classificados como "em atenção", porque enfrentam algum tipo de problema que pode vir a atrasar o cronograma, e 1% se encontra em situação preocupante, por estar totalmente fora do cronograma e correr o risco de não ser executada”.
BALANÇO DO PAC CALCULA QUE 9% DAS OBRAS DO PROGRAMA FORAM CONCLUÍDAS
“BRASÍLIA - Excluídas as ações de saneamento e habitação, que têm monitoramento separado, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), está com 9% de seus 2.198 empreendimentos concluídos, informou nesta quinta-feira o 5º balanço do programa, realizado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e outros ministros. No levantamento anterior, em abril, 5% das obras estavam finalizadas.
Ainda segundo o levantamento, 59% dos projetos já estão em fase de obras e 32% em fase de projeto, licenciamento ou licitação. De acordo com os dados, já foram empenhados (comprometido para pagamento de obras) R$ 10,4 bilhões dos 17,9 bilhões previstos, enquanto R$ 8,2 bilhões foram efetivamente pagos.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, considerou muito satisfatório o ritmo de execução, lembrando que os R$ 10,4 bilhões empenhados este ano até 23 de outubro representam 34,3% a mais do que havia sido empenhado no mesmo período do ano passado.
Levando-se em consideração a quantidade de projetos do PAC, 83% das obras foram classificados como em ritmo adequado, 7% estão classificados como "em atenção", porque enfrentam algum tipo de problema que pode vir a atrasar o cronograma, e 1% se encontra em situação preocupante, por estar totalmente fora do cronograma e correr o risco de não ser executada”.
PARA LULA, ESTADO É 'QUEM VAI SALVAR' MERCADOS DE CRISE
O site “vermelho” ontem publicou:
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a chamar os mercados de "cassino" nesta quinta-feira e disse que é o Estado quem vai salvá-los da crise financeira global. Durante discurso na 18ª Cúpula Ibero-Americana, realizada em San Salvador, Lula chamou de "conservadores" aqueles que durante a década de 80 "achavam que o Estado gastava demais". "Agora quem vai salvá-los é o Estado, que eles diziam que não servia para nada", afirmou.
O presidente disse ainda que não permitirá que a crise nos mercados reduza os investimentos do governo.
O tema da cúpula deste ano são os jovens, mas praticamente todos os chefes de Estado presentes incluíram a crise financeira em seus discursos.
O presidente Lula foi um dos mais duros, com críticas ao sistema financeiro atual, que muitas vezes "tentou nos dizer por que e como fazer".
"É preciso redefinir o papel do Estado, pois eles (o mercado) não tomaram conta deles próprios", disse o presidente.
Lula sugeriu ao secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, que os líderes saiam do encontro com algum tipo de proposta conjunta sobre como reformular o sistema financeiro mundial.
"O tema da cúpula é a juventude, mas seria estranho sairmos daqui sem uma proposta conjunta sobre a crise", disse o presidente”.
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a chamar os mercados de "cassino" nesta quinta-feira e disse que é o Estado quem vai salvá-los da crise financeira global. Durante discurso na 18ª Cúpula Ibero-Americana, realizada em San Salvador, Lula chamou de "conservadores" aqueles que durante a década de 80 "achavam que o Estado gastava demais". "Agora quem vai salvá-los é o Estado, que eles diziam que não servia para nada", afirmou.
O presidente disse ainda que não permitirá que a crise nos mercados reduza os investimentos do governo.
O tema da cúpula deste ano são os jovens, mas praticamente todos os chefes de Estado presentes incluíram a crise financeira em seus discursos.
O presidente Lula foi um dos mais duros, com críticas ao sistema financeiro atual, que muitas vezes "tentou nos dizer por que e como fazer".
"É preciso redefinir o papel do Estado, pois eles (o mercado) não tomaram conta deles próprios", disse o presidente.
Lula sugeriu ao secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, que os líderes saiam do encontro com algum tipo de proposta conjunta sobre como reformular o sistema financeiro mundial.
"O tema da cúpula é a juventude, mas seria estranho sairmos daqui sem uma proposta conjunta sobre a crise", disse o presidente”.
FREI BETTO: CUBA, O FURACÃO CHAMADO BLOQUEIO
O site “vermelho” ontem publicou o artigo a seguir transcrito, de autoria de Frei Betto. O autor, Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, 64, frade dominicano e escritor, é autor de "Calendário do Poder", ''A mosca azul – reflexão sobre o poder'' (Rocco) entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004). O texto foi originalmente publicado no Boletim da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj):
“A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, nesta quarta-feira (29), pela 17ª vez consecutiva, uma resolução que condena os Estados Unidos pelo bloqueio imposto contra Cuba há 47 anos. Dias antes, o escritor Frei Betto escreveu um artigo no qual descreve essa ação imposta pelo governo norte-americano e mostra seus efeitos sobre a população cubana”.
CUBA, O FURACÃO CHAMADO BLOQUEIO
No próximo 29 de outubro, a Assembléia Geral da ONU, após ouvir o informe apresentado pelo secretário-geral, Ban Ki Moon, votará o projeto de Cuba visando à suspensão do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto à ilha do Caribe pelo governo dos EUA desde 1959.
Será a 17ª vez que a ONU tratará deste tema. Em 2007, dos 192 países-membros das Nações Unidas, 184 votaram a favor do projeto que pedia a suspensão. Infelizmente, suas resoluções não têm caráter obrigatório, exceto as do Conselho de Segurança.
O fato de a maioria dos países condenarem, por 16 vezes, o bloqueio representa um gesto de solidariedade à Ilha e uma derrota moral para a Casa Branca, cuja prepotência se evidencia por não ter a menor consideração para o que pensa a comunidade internacional, que repudia a hostilidade usamericana.
O bloqueio é o principal obstáculo ao desenvolvimento de Cuba. Ano passado, representou, para o país, prejuízo de US$3,775 bilhões. Ao longo dos 50 anos de Revolução, calcula-se que o total do prejuízo chegue a US$224,6 bilhões, levando em conta a desvalorização do dólar e suas flutuações no decorrer do tempo.
O bloqueio é um polvo com tentáculos extraterritoriais, violando o direito internacional, em especial a Convenção de Genebra, que o qualifica de genocídio. Empresas, bancos e cidadãos que mantêm relações econômicas, comerciais ou financeiras com Cuba sofrem perseguições. A exemplo do que fez a China durante as Olimpíadas, também o governo usamericano bloqueia sites da Internet relacionados com Cuba.
A muito custo o governo cubano tem conseguido abrir pequenas brechas no bloqueio, como ao comprar alimentos dos EUA. As empresas vendedoras enfrentam gigantesca burocracia, sobretudo porque a comercialização tem de passar pela intermediação de um terceiro país, já que o bloqueio proíbe relações diretas entre EUA e Cuba. O comprador é obrigado a pagar adiantado e não pode vender seus produtos aos usamericanos; os navios retornam vazios aos portos de origem.
Os recentes furacões Gustav e Ike provocaram muitos danos à Ilha. Áreas agrícolas foram devastadas, 444 mil moradias afetadas, das quais 67 mil totalmente destruídas.
Com a alta dos preços dos alimentos no mercado internacional, Cuba só não está com a corda no pescoço graças à solidariedade internacional, inclusive da União Européia e do Brasil.
O governo cubano solicitou à Casa Branca uma trégua no bloqueio nos próximos seis meses, por razões humanitárias. Até agora, Bush mantém completo silêncio. Contudo, a máquina publicitária da Casa Branca trata de camuflar a omissão presidencial com uma série de mentiras, como a oferta de US$ 5 milhões aos cubanos vítimas dos furacões.
Ora, o que representa essa ninharia diante dos US$ 46 milhões que a Usaid recebeu este ano para financiar grupos mercenários dedicados ao terrorismo anticubano? E outros US$40 milhões foram liberados para manter as transmissões de rádio e TV contra o regime de Cuba.
Apesar de o bloqueio causar mais danos que todos os furacões que já afetaram Cuba, a nação resiste e, agora, se mobiliza em amplos mutirões para consertar os estragos causados pela natureza e aprimorar a produção agrícola, graças às recentes medidas que facilitam aos camponeses acesso às terras onde, outrora, se cultivava cana-de-açúcar. Além de ter no Estado um comprador seguro, os agricultores cubanos poderão vender diretamente ao consumidor.
Sem olhar para o próprio umbigo, Cuba reitera sua solidariedade internacional e envia médicos às vítimas dos furacões no Haiti, e mantêm médicos e professores em mais de 70 países, a maioria pobres.
A história é uma velha senhora que nos surpreende a cada dia: quem imaginaria, há um ano, que o socialismo cubano veria a crise financeira de Wall Street, e o Estado mais capitalista do mundo contradizer todos os seus discursos e intervir no mercado para tentar salvar bancos e empresas? Como fica o dogma da imaculada concepção de que fora do mercado não há salvação?"
“A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou, nesta quarta-feira (29), pela 17ª vez consecutiva, uma resolução que condena os Estados Unidos pelo bloqueio imposto contra Cuba há 47 anos. Dias antes, o escritor Frei Betto escreveu um artigo no qual descreve essa ação imposta pelo governo norte-americano e mostra seus efeitos sobre a população cubana”.
CUBA, O FURACÃO CHAMADO BLOQUEIO
No próximo 29 de outubro, a Assembléia Geral da ONU, após ouvir o informe apresentado pelo secretário-geral, Ban Ki Moon, votará o projeto de Cuba visando à suspensão do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto à ilha do Caribe pelo governo dos EUA desde 1959.
Será a 17ª vez que a ONU tratará deste tema. Em 2007, dos 192 países-membros das Nações Unidas, 184 votaram a favor do projeto que pedia a suspensão. Infelizmente, suas resoluções não têm caráter obrigatório, exceto as do Conselho de Segurança.
O fato de a maioria dos países condenarem, por 16 vezes, o bloqueio representa um gesto de solidariedade à Ilha e uma derrota moral para a Casa Branca, cuja prepotência se evidencia por não ter a menor consideração para o que pensa a comunidade internacional, que repudia a hostilidade usamericana.
O bloqueio é o principal obstáculo ao desenvolvimento de Cuba. Ano passado, representou, para o país, prejuízo de US$3,775 bilhões. Ao longo dos 50 anos de Revolução, calcula-se que o total do prejuízo chegue a US$224,6 bilhões, levando em conta a desvalorização do dólar e suas flutuações no decorrer do tempo.
O bloqueio é um polvo com tentáculos extraterritoriais, violando o direito internacional, em especial a Convenção de Genebra, que o qualifica de genocídio. Empresas, bancos e cidadãos que mantêm relações econômicas, comerciais ou financeiras com Cuba sofrem perseguições. A exemplo do que fez a China durante as Olimpíadas, também o governo usamericano bloqueia sites da Internet relacionados com Cuba.
A muito custo o governo cubano tem conseguido abrir pequenas brechas no bloqueio, como ao comprar alimentos dos EUA. As empresas vendedoras enfrentam gigantesca burocracia, sobretudo porque a comercialização tem de passar pela intermediação de um terceiro país, já que o bloqueio proíbe relações diretas entre EUA e Cuba. O comprador é obrigado a pagar adiantado e não pode vender seus produtos aos usamericanos; os navios retornam vazios aos portos de origem.
Os recentes furacões Gustav e Ike provocaram muitos danos à Ilha. Áreas agrícolas foram devastadas, 444 mil moradias afetadas, das quais 67 mil totalmente destruídas.
Com a alta dos preços dos alimentos no mercado internacional, Cuba só não está com a corda no pescoço graças à solidariedade internacional, inclusive da União Européia e do Brasil.
O governo cubano solicitou à Casa Branca uma trégua no bloqueio nos próximos seis meses, por razões humanitárias. Até agora, Bush mantém completo silêncio. Contudo, a máquina publicitária da Casa Branca trata de camuflar a omissão presidencial com uma série de mentiras, como a oferta de US$ 5 milhões aos cubanos vítimas dos furacões.
Ora, o que representa essa ninharia diante dos US$ 46 milhões que a Usaid recebeu este ano para financiar grupos mercenários dedicados ao terrorismo anticubano? E outros US$40 milhões foram liberados para manter as transmissões de rádio e TV contra o regime de Cuba.
Apesar de o bloqueio causar mais danos que todos os furacões que já afetaram Cuba, a nação resiste e, agora, se mobiliza em amplos mutirões para consertar os estragos causados pela natureza e aprimorar a produção agrícola, graças às recentes medidas que facilitam aos camponeses acesso às terras onde, outrora, se cultivava cana-de-açúcar. Além de ter no Estado um comprador seguro, os agricultores cubanos poderão vender diretamente ao consumidor.
Sem olhar para o próprio umbigo, Cuba reitera sua solidariedade internacional e envia médicos às vítimas dos furacões no Haiti, e mantêm médicos e professores em mais de 70 países, a maioria pobres.
A história é uma velha senhora que nos surpreende a cada dia: quem imaginaria, há um ano, que o socialismo cubano veria a crise financeira de Wall Street, e o Estado mais capitalista do mundo contradizer todos os seus discursos e intervir no mercado para tentar salvar bancos e empresas? Como fica o dogma da imaculada concepção de que fora do mercado não há salvação?"
QUEM GANHOU AS ELEIÇÕES DE 2008?
Li ontem no site “Vermelho” o seguinte artigo de Altamiro Borges. O autor é jornalista, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “Venezuela: originalidade e ousadia” (Editora Anita Garibaldi, 3ª edição).
“Com os olhos voltados para a sucessão presidencial, todas as forças políticas se proclamam como vitoriosas das eleições municipais. Mas quem, de fato, saiu mais fortalecido deste pleito?
Muitos colunistas da mídia burguesa, verdadeiros “jornalistas da boquinha” – tal sua intimidade com as elites –, alardeiam que Lula foi derrotado e que José Serra já é quase o novo presidente do Brasil. Pura mistificação ideologizada. Já alguns aliados do presidente Lula, mais realistas do que o rei, insistem em afirmar que está “tudo bem” e não enxergam qualquer perigo no horizonte”.
Nem uma coisa nem outra. Uma visão mais nuançada do pleito municipal, que é uma prévia da sucessão presidencial, mas não determina o resultado do jogo, indica que o seu resultado foi de certo equilíbrio. No geral, três blocos ganharam musculatura nesta eleição: as forças aliadas do governo Lula, incluindo seu núcleo mais a esquerda, cresceram bem; os setores mais centristas e pragmáticos, em especial o PMDB, aumentaram o seu poder de barganha; e, apesar da regressão eleitoral do PSDB, DEM e PPS, a oposição de direita consolidou a candidatura do tucano Serra.
MANIPULAÇÃO DA MÍDIA SERRISTA
Parte da mídia hegemônica tenta vender a imagem de que o governo Lula foi derrotado no pleito e sai fragilizado para a sucessão presidencial. Colunistas que fazem a cabeça de camadas médias entorpecidas, como Lucia Hippolito e Boris Casoy, nem sequer disfarçam a empolgação tucana. Reinaldo Azevedo, um serrista pedante paparicado pela revista Veja, ridiculariza quem fala em “equilíbrio do resultado” e garante que “Lula, o PT, Dilma Rousseff” e outros críticos do deus-Serra foram os derrotados. “Ah, sim. O Chico Buarque também perdeu. Ele promete agora dar apoio a Raúl Castro se um dia houver eleições diretas em Cuba”, esbraveja o anticomunista.
Embalado por esta cantilena midiática, o senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, recobrou a sua arrogância de coronel. “A sucessão presidencial já começou” e Lula “não vai eleger qualquer poste”. O alvo do tucano, que não consegue unir sequer seu partido e foi escorraçado pelas urnas no seu estado, já é a ministra Dilma Rousseff. “Ela é uma candidata produto da assombração de Lula.
Não tem característica de líder popular, é autoritária e arrogante”. Até o moribundo FHC saiu da catacumba para posar ao lado do demo Gilberto Kassab – para a frustração do candidato oficial do seu partido, Geraldo Alckmin, que foi fritado e rifado na eleição da capital paulista.
A TRAJETÓRIA ASCENDENTE DAS ESQUERDAS
Mas há mais vontade do que realidade nestas avaliações. Basta analisar os números dos prefeitos eleitos e a própria simbologia política desta batalha. A base aliada do governo Lula, que reúne 16 partidos numa gelatinosa composição, irá governar 93,5 milhões de eleitores no país – 72,5% do eleitorado brasileiro. Já a oposição de direita, formada pelo PSDB, DEM e PPS, governará 35,4 milhões de eleitores. A difusa base aliada comandará 20 das 26 capitais no país. PT, PSB, PDT e PCdoB, que compõem o núcleo de esquerda do governo, foram os partidos que mais cresceram, mantendo a trajetória ascendente dos últimos pleitos. Já a oposição de direita encolheu.
Afora os números inquestionáveis, o cinismo da direita e da mídia fica patente quando se recorda como transcorreu a campanha eleitoral. Nenhum oposicionista agora arrogante atacou o governo. Preferiu se travestir de “amigo” do presidente, temendo a sua alta popularidade. O tucano eleito em São Luiz usou o bordão “sou Lula, voto Castelo”. Irônico, Lula desdenhou: “Parece que não existe oposição neste país”. Para Emir Sader, “se os tucanos consideram que Lula foi derrotado, deveriam tê-lo atacado na campanha. Se fosse fazer a lista dos que elogiaram o Lula – incluindo até o Kassab –, ele seria o vencedor praticamente unânime no Brasil inteiro”.
PARA ONDE CAMINHA O PMDB?
Além da trajetória ascendente das esquerdas, a novidade deste pleito foi o crescimento de forças centristas, em especial do PMDB. Este “partido-ônibus”, que reúne inúmeros caciques regionais, faz parte da base de sustentação do governo Lula, controlando importantes ministérios. Mas ele é movido pelo pragmatismo exacerbado. A maioria dos seus dirigentes defende a manutenção da base de apoio de Lula, inclusive com a indicação do vice na sucessão de 2010. Mas algumas de suas lideranças não escondem a vontade de desembarcar na oposição de direita, dependendo das suas condições de competitividade em 2010 e dos efeitos da crise econômica no país.
Orestes Quércia, agora absolvido pela mídia que antes o taxava de “fisiológico”, virou aliado de Serra, emplacando a vice do demo Kassab. O cacique paulista do PMDB prega uma guinada na política de alianças do seu partido. “Prefiro a composição com Serra para presidente para mudar essa administração do PT”. Dada a capilaridade da legenda, que elegeu mais de mil prefeitos, ela será alvo de intensa cobiça. Para o ex-ministro José Dirceu, que nunca pecou pela falta de visão estratégica, a experiência da capital paulista, manietada por Serra e que uniu o DEM e o PMDB, aponta para a possibilidade de um “perigoso bloco eleitoral” contra as esquerdas.
Para ele, o PT deve superar seus graves erros na política de alianças e priorizar a “conquista o centro político”.
FORÇA E FRAGILIDADE DE SERRA
Por último, as eleições de 2008 alavancaram José Serra. Sem escrúpulos, o grão-tucano fritou o candidato do seu próprio partido, num dos mais cruéis processos de “cristianização” da história política brasileira, bancou seu demo-laranja na capital e ainda atraiu parcelas do PMDB. Hoje, ele governa o maior estado da federação, manieta a prefeitura de uma das maiores metrópoles do mundo e mantém forte hegemonia no estado.
Além disso, conta com o apoio ativo da mídia, que não noticia nada sem pedir-lhe permissão, e do grosso da elite empresarial. Seria cegueira não enxergar os riscos no horizonte para a continuidade da experiência progressista do governo Lula.
Mas também não dá para exagerar na força do tucano, como induz sua mídia. Em primeiro lugar, porque a oposição de direita encolheu nas urnas. O demo só se safou do inferno devido à traição de Serra; o PPS definhou e já discute sua extinção; e o PSDB também recuou. Em segundo lugar, porque Serra sofrerá para recompor a unidade do seu partido.
Alckmin até pode deixar a legenda e Aécio Neves parece não se acovardar diante do sangrento “moto-Serra”. Em terceiro, porque a aliança com o PMDB é sempre uma aposta de risco. É bom lembrar a derrota do tucano-verde no Rio de Janeiro. Ou seja: Serra consolidou o seu bloco e venceu uma batalha, mas não a guerra”.
“Com os olhos voltados para a sucessão presidencial, todas as forças políticas se proclamam como vitoriosas das eleições municipais. Mas quem, de fato, saiu mais fortalecido deste pleito?
Muitos colunistas da mídia burguesa, verdadeiros “jornalistas da boquinha” – tal sua intimidade com as elites –, alardeiam que Lula foi derrotado e que José Serra já é quase o novo presidente do Brasil. Pura mistificação ideologizada. Já alguns aliados do presidente Lula, mais realistas do que o rei, insistem em afirmar que está “tudo bem” e não enxergam qualquer perigo no horizonte”.
Nem uma coisa nem outra. Uma visão mais nuançada do pleito municipal, que é uma prévia da sucessão presidencial, mas não determina o resultado do jogo, indica que o seu resultado foi de certo equilíbrio. No geral, três blocos ganharam musculatura nesta eleição: as forças aliadas do governo Lula, incluindo seu núcleo mais a esquerda, cresceram bem; os setores mais centristas e pragmáticos, em especial o PMDB, aumentaram o seu poder de barganha; e, apesar da regressão eleitoral do PSDB, DEM e PPS, a oposição de direita consolidou a candidatura do tucano Serra.
MANIPULAÇÃO DA MÍDIA SERRISTA
Parte da mídia hegemônica tenta vender a imagem de que o governo Lula foi derrotado no pleito e sai fragilizado para a sucessão presidencial. Colunistas que fazem a cabeça de camadas médias entorpecidas, como Lucia Hippolito e Boris Casoy, nem sequer disfarçam a empolgação tucana. Reinaldo Azevedo, um serrista pedante paparicado pela revista Veja, ridiculariza quem fala em “equilíbrio do resultado” e garante que “Lula, o PT, Dilma Rousseff” e outros críticos do deus-Serra foram os derrotados. “Ah, sim. O Chico Buarque também perdeu. Ele promete agora dar apoio a Raúl Castro se um dia houver eleições diretas em Cuba”, esbraveja o anticomunista.
Embalado por esta cantilena midiática, o senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, recobrou a sua arrogância de coronel. “A sucessão presidencial já começou” e Lula “não vai eleger qualquer poste”. O alvo do tucano, que não consegue unir sequer seu partido e foi escorraçado pelas urnas no seu estado, já é a ministra Dilma Rousseff. “Ela é uma candidata produto da assombração de Lula.
Não tem característica de líder popular, é autoritária e arrogante”. Até o moribundo FHC saiu da catacumba para posar ao lado do demo Gilberto Kassab – para a frustração do candidato oficial do seu partido, Geraldo Alckmin, que foi fritado e rifado na eleição da capital paulista.
A TRAJETÓRIA ASCENDENTE DAS ESQUERDAS
Mas há mais vontade do que realidade nestas avaliações. Basta analisar os números dos prefeitos eleitos e a própria simbologia política desta batalha. A base aliada do governo Lula, que reúne 16 partidos numa gelatinosa composição, irá governar 93,5 milhões de eleitores no país – 72,5% do eleitorado brasileiro. Já a oposição de direita, formada pelo PSDB, DEM e PPS, governará 35,4 milhões de eleitores. A difusa base aliada comandará 20 das 26 capitais no país. PT, PSB, PDT e PCdoB, que compõem o núcleo de esquerda do governo, foram os partidos que mais cresceram, mantendo a trajetória ascendente dos últimos pleitos. Já a oposição de direita encolheu.
Afora os números inquestionáveis, o cinismo da direita e da mídia fica patente quando se recorda como transcorreu a campanha eleitoral. Nenhum oposicionista agora arrogante atacou o governo. Preferiu se travestir de “amigo” do presidente, temendo a sua alta popularidade. O tucano eleito em São Luiz usou o bordão “sou Lula, voto Castelo”. Irônico, Lula desdenhou: “Parece que não existe oposição neste país”. Para Emir Sader, “se os tucanos consideram que Lula foi derrotado, deveriam tê-lo atacado na campanha. Se fosse fazer a lista dos que elogiaram o Lula – incluindo até o Kassab –, ele seria o vencedor praticamente unânime no Brasil inteiro”.
PARA ONDE CAMINHA O PMDB?
Além da trajetória ascendente das esquerdas, a novidade deste pleito foi o crescimento de forças centristas, em especial do PMDB. Este “partido-ônibus”, que reúne inúmeros caciques regionais, faz parte da base de sustentação do governo Lula, controlando importantes ministérios. Mas ele é movido pelo pragmatismo exacerbado. A maioria dos seus dirigentes defende a manutenção da base de apoio de Lula, inclusive com a indicação do vice na sucessão de 2010. Mas algumas de suas lideranças não escondem a vontade de desembarcar na oposição de direita, dependendo das suas condições de competitividade em 2010 e dos efeitos da crise econômica no país.
Orestes Quércia, agora absolvido pela mídia que antes o taxava de “fisiológico”, virou aliado de Serra, emplacando a vice do demo Kassab. O cacique paulista do PMDB prega uma guinada na política de alianças do seu partido. “Prefiro a composição com Serra para presidente para mudar essa administração do PT”. Dada a capilaridade da legenda, que elegeu mais de mil prefeitos, ela será alvo de intensa cobiça. Para o ex-ministro José Dirceu, que nunca pecou pela falta de visão estratégica, a experiência da capital paulista, manietada por Serra e que uniu o DEM e o PMDB, aponta para a possibilidade de um “perigoso bloco eleitoral” contra as esquerdas.
Para ele, o PT deve superar seus graves erros na política de alianças e priorizar a “conquista o centro político”.
FORÇA E FRAGILIDADE DE SERRA
Por último, as eleições de 2008 alavancaram José Serra. Sem escrúpulos, o grão-tucano fritou o candidato do seu próprio partido, num dos mais cruéis processos de “cristianização” da história política brasileira, bancou seu demo-laranja na capital e ainda atraiu parcelas do PMDB. Hoje, ele governa o maior estado da federação, manieta a prefeitura de uma das maiores metrópoles do mundo e mantém forte hegemonia no estado.
Além disso, conta com o apoio ativo da mídia, que não noticia nada sem pedir-lhe permissão, e do grosso da elite empresarial. Seria cegueira não enxergar os riscos no horizonte para a continuidade da experiência progressista do governo Lula.
Mas também não dá para exagerar na força do tucano, como induz sua mídia. Em primeiro lugar, porque a oposição de direita encolheu nas urnas. O demo só se safou do inferno devido à traição de Serra; o PPS definhou e já discute sua extinção; e o PSDB também recuou. Em segundo lugar, porque Serra sofrerá para recompor a unidade do seu partido.
Alckmin até pode deixar a legenda e Aécio Neves parece não se acovardar diante do sangrento “moto-Serra”. Em terceiro, porque a aliança com o PMDB é sempre uma aposta de risco. É bom lembrar a derrota do tucano-verde no Rio de Janeiro. Ou seja: Serra consolidou o seu bloco e venceu uma batalha, mas não a guerra”.
AMÉRICA LATINA LIDERARÁ O CRESCIMENTO DO TRÁFEGO DE INTERNET ATÉ 2012
Li ontem no site “defesanet” a seguinte notícia:
O ÍNDICE INDICA QUE, ENTRE 2007 E 2012, O TRÁFEGO MUNDIAL EM PROTOCOLO DE INTERNET (IP) DOBRARÁ A CADA DOIS ANOS
A previsão é do estudo Visual Networking Index da Cisco, cuja meta é definir qual
será o impacto dos aplicativos de rede visuais no tráfego da Internet
“São Paulo, 28 de outubro de 2008 – A América Latina terá a maior taxa de crescimento de tráfego de Internet até o ano de 2012, com um aumento projetado de 61% em 5 anos. As previsões são do estudo Visual Networking Index (VNI) da Cisco, que faz parte dos esforços da multinacional em prever qual será o nível de desenvolvimento e utilização da conexão IP no mundo inteiro.
O tráfego em Protocolo de Internet (IP) está crescendo mais rápido na América Latina, seguida da Europa Oriental e Ásia-Pacífico, devido principalmente ao rápido aumento da penetração da Internet nos lares e a chegada das conexões de alta velocidade no âmbito educativo e empresarial.
De acordo com o relatório, baseado nas análises da Cisco e em cálculos de analistas independentes, espera-se que o tráfego IP no segmento de consumidores finais, na América Latina, ultrapasse os 32 exabytes mensais* até 2012. Embora a maior parte do consumo atual de tráfego em IP seja em dados, o tráfego vinculado à IPTV (televisão sobre Internet) e ao VoD (Vídeo sob Demanda) aumentará rapidamente, com uma taxa de crescimento na região de mais de 68%.
Já o tráfego de dados móveis será duplicado a cada ano, entre 2008 e 2012. Neste ponto, a América Latina voltará a ser a região com o maior crescimento, chegando a 199%, partindo de 0 (zero) petabytes a cada 30 dias em 2006 e chegando progressivamente a 271 petabytes mensais em 2012.
Outra área em que a América Latina liderará o crescimento é o de Web, E-mail e Dados, uma categoria geral que inclui navegação na Web, e-mail, mensagens instantâneas, transferência de arquivos de dados e outros aplicativos de Internet.
As projeções do Cisco VNI indicam que o tráfego global IP aumentará a uma taxa combinada anual (CAGR) de 46% entre os anos de 2007 e 2012, quase dobrando a cada dois anos. Isso terá como resultado uma demanda anual de banda larga sobre as redes mundiais de IP de aproximadamente 522 exabytes, ou mais da metade de um zettabyte.**
O desenvolvimento das comunicações de vídeo online e de entretenimento, assim como das redes sociais, aumentou significativamente o impacto sobre a rede em nível global. No ano de 2012, o tráfego de vídeo de Internet, sozinho, será 400 vezes o tráfego total dos Estados Unidos no ano 2000. Um exemplo dessa tendência é que o vídeo por Internet saltou de 12% do tráfego no ano de 2006 para 22% no ano de 2007. A previsão é que o Video on Demand, a IPTV, o Vídeo Peer-to-peer (P2P) e o vídeo por Internet contabilizem cerca de 90% de todo o tráfego IP de consumo até o ano 2012.
O tráfego global de IP corporativo aumentará fortemente a uma taxa CAGR de 35% de 2007 a 2012. O aumento na penetração da banda larga no segmento das pequenas empresas e a crescente adoção das comunicações avançadas de vídeo (tais como a TelePresença da Cisco) nas corporações são os impulsionadores mais fortes do crescimento de tráfego IP do tipo corporativo. Ele se desenvolverá mais rapidamente nos mercados em desenvolvimento e na Ásia Pacífico. Quanto ao volume, a América do Norte seguirá respondendo pela maior parte do tráfego IP das empresas até 2012, seguida da Ásia Pacífico e Europa Ocidental.
OUTROS DESTAQUES DO RELATÓRIO CISCO VNI:
• O tráfego global IP alcançará os 44 exabytes mensais no ano 2012, comparado a menos de 4 exabytes por mês utilizados em 2007;
• O tráfego global IP em 2002 foi de 5 exabytes, o que significa que o volume de tráfego IP em 2012 será 100 vezes mais intenso;
• O tráfego global IP em dezembro de 2012 será 11 exabytes maior que em dezembro de 2011. Esse aumento em um só ano ultrapassará o crescimento dos últimos oito anos, desde 2000.
SOBRE O VNI
O estudo Visual Networking Index da Cisco (VNI) para o período de 2007 a 2012 mostra resultados sobre diversas tendências de conectividade IP tanto para o mercado consumidor quanto para o corporativo, impulsionados fortemente pelo aumento do uso de vídeo, aplicativos de colaboração e redes sociais baseadas na Web 2.0. A combinação dessas tecnologias representa o que se conhece como rede visual.
“A ampla e crescente adoção das redes visuais está tendo um impacto significativo no desenvolvimento do tráfego IP, tanto para serviços aos consumidores quanto para serviços corporativos no mundo inteiro”, afirma Suraj Shetty, Vice-presidente de Marketing para Fornecedores de Serviços da Cisco. “Até poucos anos atrás, o termo 'exabyte’ era praticamente desconhecido. Apesar disso, e devido ao aumento maciço que estamos presenciando, no ano 2012 teremos que aumentar nosso vocabulário mais uma vez, a medida que a métrica necessária passe a ser o zettabyte”, conclui.
OBS: *Um exabyte é igual a 1 bilhão de gigabytes, 1.000 petabytes ou 250 milhões de DVDs.
** Um zettabyte é igual a 1 trilhão de gigabytes; 1.000 exabytes ou 250 bilhões de DVDs."
O ÍNDICE INDICA QUE, ENTRE 2007 E 2012, O TRÁFEGO MUNDIAL EM PROTOCOLO DE INTERNET (IP) DOBRARÁ A CADA DOIS ANOS
A previsão é do estudo Visual Networking Index da Cisco, cuja meta é definir qual
será o impacto dos aplicativos de rede visuais no tráfego da Internet
“São Paulo, 28 de outubro de 2008 – A América Latina terá a maior taxa de crescimento de tráfego de Internet até o ano de 2012, com um aumento projetado de 61% em 5 anos. As previsões são do estudo Visual Networking Index (VNI) da Cisco, que faz parte dos esforços da multinacional em prever qual será o nível de desenvolvimento e utilização da conexão IP no mundo inteiro.
O tráfego em Protocolo de Internet (IP) está crescendo mais rápido na América Latina, seguida da Europa Oriental e Ásia-Pacífico, devido principalmente ao rápido aumento da penetração da Internet nos lares e a chegada das conexões de alta velocidade no âmbito educativo e empresarial.
De acordo com o relatório, baseado nas análises da Cisco e em cálculos de analistas independentes, espera-se que o tráfego IP no segmento de consumidores finais, na América Latina, ultrapasse os 32 exabytes mensais* até 2012. Embora a maior parte do consumo atual de tráfego em IP seja em dados, o tráfego vinculado à IPTV (televisão sobre Internet) e ao VoD (Vídeo sob Demanda) aumentará rapidamente, com uma taxa de crescimento na região de mais de 68%.
Já o tráfego de dados móveis será duplicado a cada ano, entre 2008 e 2012. Neste ponto, a América Latina voltará a ser a região com o maior crescimento, chegando a 199%, partindo de 0 (zero) petabytes a cada 30 dias em 2006 e chegando progressivamente a 271 petabytes mensais em 2012.
Outra área em que a América Latina liderará o crescimento é o de Web, E-mail e Dados, uma categoria geral que inclui navegação na Web, e-mail, mensagens instantâneas, transferência de arquivos de dados e outros aplicativos de Internet.
As projeções do Cisco VNI indicam que o tráfego global IP aumentará a uma taxa combinada anual (CAGR) de 46% entre os anos de 2007 e 2012, quase dobrando a cada dois anos. Isso terá como resultado uma demanda anual de banda larga sobre as redes mundiais de IP de aproximadamente 522 exabytes, ou mais da metade de um zettabyte.**
O desenvolvimento das comunicações de vídeo online e de entretenimento, assim como das redes sociais, aumentou significativamente o impacto sobre a rede em nível global. No ano de 2012, o tráfego de vídeo de Internet, sozinho, será 400 vezes o tráfego total dos Estados Unidos no ano 2000. Um exemplo dessa tendência é que o vídeo por Internet saltou de 12% do tráfego no ano de 2006 para 22% no ano de 2007. A previsão é que o Video on Demand, a IPTV, o Vídeo Peer-to-peer (P2P) e o vídeo por Internet contabilizem cerca de 90% de todo o tráfego IP de consumo até o ano 2012.
O tráfego global de IP corporativo aumentará fortemente a uma taxa CAGR de 35% de 2007 a 2012. O aumento na penetração da banda larga no segmento das pequenas empresas e a crescente adoção das comunicações avançadas de vídeo (tais como a TelePresença da Cisco) nas corporações são os impulsionadores mais fortes do crescimento de tráfego IP do tipo corporativo. Ele se desenvolverá mais rapidamente nos mercados em desenvolvimento e na Ásia Pacífico. Quanto ao volume, a América do Norte seguirá respondendo pela maior parte do tráfego IP das empresas até 2012, seguida da Ásia Pacífico e Europa Ocidental.
OUTROS DESTAQUES DO RELATÓRIO CISCO VNI:
• O tráfego global IP alcançará os 44 exabytes mensais no ano 2012, comparado a menos de 4 exabytes por mês utilizados em 2007;
• O tráfego global IP em 2002 foi de 5 exabytes, o que significa que o volume de tráfego IP em 2012 será 100 vezes mais intenso;
• O tráfego global IP em dezembro de 2012 será 11 exabytes maior que em dezembro de 2011. Esse aumento em um só ano ultrapassará o crescimento dos últimos oito anos, desde 2000.
SOBRE O VNI
O estudo Visual Networking Index da Cisco (VNI) para o período de 2007 a 2012 mostra resultados sobre diversas tendências de conectividade IP tanto para o mercado consumidor quanto para o corporativo, impulsionados fortemente pelo aumento do uso de vídeo, aplicativos de colaboração e redes sociais baseadas na Web 2.0. A combinação dessas tecnologias representa o que se conhece como rede visual.
“A ampla e crescente adoção das redes visuais está tendo um impacto significativo no desenvolvimento do tráfego IP, tanto para serviços aos consumidores quanto para serviços corporativos no mundo inteiro”, afirma Suraj Shetty, Vice-presidente de Marketing para Fornecedores de Serviços da Cisco. “Até poucos anos atrás, o termo 'exabyte’ era praticamente desconhecido. Apesar disso, e devido ao aumento maciço que estamos presenciando, no ano 2012 teremos que aumentar nosso vocabulário mais uma vez, a medida que a métrica necessária passe a ser o zettabyte”, conclui.
OBS: *Um exabyte é igual a 1 bilhão de gigabytes, 1.000 petabytes ou 250 milhões de DVDs.
** Um zettabyte é igual a 1 trilhão de gigabytes; 1.000 exabytes ou 250 bilhões de DVDs."
ENTREVISTA COM O GENERAL HELENO, COMANDANTE MILITAR DA AMAZÔNIA
Li ontem no site “Defesanet” o seguinte texto de Kaiser Konrad:
“Manaus: É o maior comando militar em área de selva do mundo e o de maior extensão territorial da América Latina. Está situado numa região de constante tensão. No panorama externo é onde o Brasil faz fronteira com sete países, onde há forte presença de guerrilheiros, tráfico internacional de drogas, crimes ambientais, biopirataria e a cobiça internacional. No seu interior, a preocupação maior é com a agitação provocada pelos movimentos sociais e questão indigenista, que por vezes promovem ações e discussões que colocam em risco a segurança nacional e a soberania territorial.
O Comando Militar da Amazônia, sediado em Manaus, é hoje o comando de área com maior expressão no cenário nacional. Ele inclui seis estados e parte de outros dois numa área de responsabilidade operacional de 3 milhões e 600 mil km², reunindo um efetivo de 25 mil militares, podendo chegar a 28 mil com a instalação de três novos batalhões.
Seu comandante é General-de-Exército Augusto Heleno Ribeiro Pereira. Com um extenso e singular currículo militar, ele foi em 2004 o primeiro comandante da força militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti. Polêmico ao criticar abertamente a política indigenista do Brasil, ele é hoje um dos militares mais admirados e reconhecidos na caserna e, principalmente fora dela, já que colocou na agenda nacional a discussão de um tema que está relacionado ao futuro de todos os brasileiros.
Defesanet esteve no Comando Militar da Amazônia. Acompanhe uma entrevista exclusiva com o General Heleno:
TRANSFERÊNCIA DE UNIDADES DE OUTRAS REGIÕES DO PAÍS À AMAZÔNIA
GENERAL HELENO: Já tivemos três brigadas transferidas para o CMA. A mais antiga saiu de Petrópolis-RJ para Boa Vista, atualmente a 1ª Brigada de Infantaria de Selva. A 2º Brigada de Infantaria de Selva que saiu de Niterói-RJ está sediada em São Gabriel da Cachoeira, e a Brigada das Missões, que tinha sede em Santo Ângelo-RS foi para Teffé.
Essas brigadas foram resultado de um esforço enorme do Exército para transferi-las à área amazônica, devido à crescente importância da região e a diminuição da importância estratégica em outras regiões do país.
EM TERMOS DE EQUIPAMENTOS, QUAIS AS NECESSIDADES DO CMA?
GENERAL HELENO: Se nós verificarmos os nossos sistemas de armas, podemos começar pelo equipamento de uso individual, que precisa ser reformulado e aonde temos sérias deficiências. Usamos um fuzil que tem 43 anos. Existe a intenção de começar a raciocinar com o conceito de soldado do futuro, que usa uma equipagem leve e permite ao combatente acessar tecnologias sofisticadas. Se pensarmos em termos de artilharia antiaérea, nós temos muita coisa a acrescentar neste teatro de operações, assim como na artilharia de campanha.
Devemos buscar também uma melhora considerável no sistema de armamento anticarro.
EXISTE A NECESSIDADE DA AQUISIÇÃO DE HELICÓPTEROS DE ATAQUE?
GENERAL HELENO: É óbvio. No caso na Amazônia, raciocinando que na guerra moderna, além da Dissuasão, a estratégia mais importante é a da Projeção de Poder: a capacidade de colocar a força desejada no local escolhido dentro do menor tempo possível.
E quando se fala nisso, ainda que vulnerável, a plataforma de combate necessária é o helicóptero. E obviamente os helicópteros de ataque são prioritários e eu os quero aqui com urgência.
AERONAVES DE ASA FIXA?
GENERAL HELENO: Existe um estudo ao nível do Comando do Exército e Ministério da Defesa sobre a aquisição de aviões de Comando e Controle capazes de atender a determinados níveis de comando e que nos dariam uma mobilidade maior dentro de nossa área de atuação. Sobre outras aeronaves, entendo que o poder aeroespacial é responsabilidade da Força Aérea Brasileira e não queremos nada que possa interferir nas missões dela.
A POSSIBILIDADE DE ACONTECER UMA GUERRA NA REGIÃO
GENERAL HELENO: A possibilidade é remota embora eu acredite que temos que nos preparar para isso. Se fizermos uma análise do nosso relacionamento com as nações vizinhas veremos que não temos nenhum problema, somente aqueles que são comuns.
Eventualmente há alguma tensão, natural de países livres, independentes e soberanos, que podem ter interesses antagônicos mas que também podem ser resolvidos pelas vias diplomáticas. Com relação a outras potências que possam vir a se interessar num conflito com o Brasil, não vejo a curto-prazo esta possibilidade. Tenho dito que seria no mínimo imprudente achar que o Brasil não tenha que respaldar algumas decisões políticas num poder militar compatível com sua estatura estratégica.
COBIÇA INTERNACIONAL DA AMAZÔNIA
GENERAL HELENO: A cobiça internacional não é uma paranóia dos militares. Ela tem sido expressa nos discursos de autoridades de diferentes países, o que reflete uma cobiça que não é explícita e não tem endereço, ainda, mas é genérica. No momento que verificamos o potencial da Amazônia, tudo que ela já mostrou que tem e o que ainda não foi prospectado, mas sabemos existir, tudo isso faz com que devemos nos prevenir contra esta cobiça internacional. A conquista desses objetivos extraterritoriais poderá ser atingida sem guerra, sub-repticiamente, por ações políticas e de infiltração e, de repente, poderemos nos deparar com um cenário aonde já temos muita coisa usurpada sem que haja um conflito bélico. Esta é uma questão que nos traz muita preocupação. A presença do Estado brasileiro na região é fundamental para neutralizar quaisquer interesses escusos.
POLÍTICA INDIGENISTA
GENERAL HELENO: Tudo que tinha que falar eu já falei. Algumas providências foram tomadas e vamos caminhar para encontrar uma solução ideal. É um tema polêmico e que tem que ser discutido não por poucos indivíduos, mas por toda a sociedade brasileira.
O FUTURO DA PRESENÇA DAS FORÇAS ARMADAS NA REGIÃO AMAZÔNICA
GENERAL HELENO: A presença militar na Amazônia tem um papel preponderante e sua importância pode ser sentida toda vez que nos afastamos das metrópoles regionais e vamos para as proximidades das fronteiras, onde a presença do Estado diminui, e a do Exército, com seu Braço Forte e Mão Amiga aumenta. A FAB realiza há décadas um papel fantástico em proveito das populações desassistidas da região, e a Marinha, que faz um trabalho essencial ao longo da calha dos rios navegáveis. Tenho certeza que esse papel não vai diminuir. O que queremos são parceiros e que eles se façam mais presentes, que é o caso da Polícia Federal, INCRA, IBAMA, Receita Federal e FUNAI, para que nos unamos no trabalho em prol da Amazônia.
CONSIDERAÇÕES
GENERAL HELENO: Quero registrar o orgulho e a honra que tenho por ser o Comandante Militar da Amazônia. Hoje, servir na Amazônia é questão de escolha e não castigo como outrora. Nossos melhores profissionais passam por aqui dando o máximo de si, pois sabem que esta área é importante para o futuro do Brasil”.
“Manaus: É o maior comando militar em área de selva do mundo e o de maior extensão territorial da América Latina. Está situado numa região de constante tensão. No panorama externo é onde o Brasil faz fronteira com sete países, onde há forte presença de guerrilheiros, tráfico internacional de drogas, crimes ambientais, biopirataria e a cobiça internacional. No seu interior, a preocupação maior é com a agitação provocada pelos movimentos sociais e questão indigenista, que por vezes promovem ações e discussões que colocam em risco a segurança nacional e a soberania territorial.
O Comando Militar da Amazônia, sediado em Manaus, é hoje o comando de área com maior expressão no cenário nacional. Ele inclui seis estados e parte de outros dois numa área de responsabilidade operacional de 3 milhões e 600 mil km², reunindo um efetivo de 25 mil militares, podendo chegar a 28 mil com a instalação de três novos batalhões.
Seu comandante é General-de-Exército Augusto Heleno Ribeiro Pereira. Com um extenso e singular currículo militar, ele foi em 2004 o primeiro comandante da força militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti. Polêmico ao criticar abertamente a política indigenista do Brasil, ele é hoje um dos militares mais admirados e reconhecidos na caserna e, principalmente fora dela, já que colocou na agenda nacional a discussão de um tema que está relacionado ao futuro de todos os brasileiros.
Defesanet esteve no Comando Militar da Amazônia. Acompanhe uma entrevista exclusiva com o General Heleno:
TRANSFERÊNCIA DE UNIDADES DE OUTRAS REGIÕES DO PAÍS À AMAZÔNIA
GENERAL HELENO: Já tivemos três brigadas transferidas para o CMA. A mais antiga saiu de Petrópolis-RJ para Boa Vista, atualmente a 1ª Brigada de Infantaria de Selva. A 2º Brigada de Infantaria de Selva que saiu de Niterói-RJ está sediada em São Gabriel da Cachoeira, e a Brigada das Missões, que tinha sede em Santo Ângelo-RS foi para Teffé.
Essas brigadas foram resultado de um esforço enorme do Exército para transferi-las à área amazônica, devido à crescente importância da região e a diminuição da importância estratégica em outras regiões do país.
EM TERMOS DE EQUIPAMENTOS, QUAIS AS NECESSIDADES DO CMA?
GENERAL HELENO: Se nós verificarmos os nossos sistemas de armas, podemos começar pelo equipamento de uso individual, que precisa ser reformulado e aonde temos sérias deficiências. Usamos um fuzil que tem 43 anos. Existe a intenção de começar a raciocinar com o conceito de soldado do futuro, que usa uma equipagem leve e permite ao combatente acessar tecnologias sofisticadas. Se pensarmos em termos de artilharia antiaérea, nós temos muita coisa a acrescentar neste teatro de operações, assim como na artilharia de campanha.
Devemos buscar também uma melhora considerável no sistema de armamento anticarro.
EXISTE A NECESSIDADE DA AQUISIÇÃO DE HELICÓPTEROS DE ATAQUE?
GENERAL HELENO: É óbvio. No caso na Amazônia, raciocinando que na guerra moderna, além da Dissuasão, a estratégia mais importante é a da Projeção de Poder: a capacidade de colocar a força desejada no local escolhido dentro do menor tempo possível.
E quando se fala nisso, ainda que vulnerável, a plataforma de combate necessária é o helicóptero. E obviamente os helicópteros de ataque são prioritários e eu os quero aqui com urgência.
AERONAVES DE ASA FIXA?
GENERAL HELENO: Existe um estudo ao nível do Comando do Exército e Ministério da Defesa sobre a aquisição de aviões de Comando e Controle capazes de atender a determinados níveis de comando e que nos dariam uma mobilidade maior dentro de nossa área de atuação. Sobre outras aeronaves, entendo que o poder aeroespacial é responsabilidade da Força Aérea Brasileira e não queremos nada que possa interferir nas missões dela.
A POSSIBILIDADE DE ACONTECER UMA GUERRA NA REGIÃO
GENERAL HELENO: A possibilidade é remota embora eu acredite que temos que nos preparar para isso. Se fizermos uma análise do nosso relacionamento com as nações vizinhas veremos que não temos nenhum problema, somente aqueles que são comuns.
Eventualmente há alguma tensão, natural de países livres, independentes e soberanos, que podem ter interesses antagônicos mas que também podem ser resolvidos pelas vias diplomáticas. Com relação a outras potências que possam vir a se interessar num conflito com o Brasil, não vejo a curto-prazo esta possibilidade. Tenho dito que seria no mínimo imprudente achar que o Brasil não tenha que respaldar algumas decisões políticas num poder militar compatível com sua estatura estratégica.
COBIÇA INTERNACIONAL DA AMAZÔNIA
GENERAL HELENO: A cobiça internacional não é uma paranóia dos militares. Ela tem sido expressa nos discursos de autoridades de diferentes países, o que reflete uma cobiça que não é explícita e não tem endereço, ainda, mas é genérica. No momento que verificamos o potencial da Amazônia, tudo que ela já mostrou que tem e o que ainda não foi prospectado, mas sabemos existir, tudo isso faz com que devemos nos prevenir contra esta cobiça internacional. A conquista desses objetivos extraterritoriais poderá ser atingida sem guerra, sub-repticiamente, por ações políticas e de infiltração e, de repente, poderemos nos deparar com um cenário aonde já temos muita coisa usurpada sem que haja um conflito bélico. Esta é uma questão que nos traz muita preocupação. A presença do Estado brasileiro na região é fundamental para neutralizar quaisquer interesses escusos.
POLÍTICA INDIGENISTA
GENERAL HELENO: Tudo que tinha que falar eu já falei. Algumas providências foram tomadas e vamos caminhar para encontrar uma solução ideal. É um tema polêmico e que tem que ser discutido não por poucos indivíduos, mas por toda a sociedade brasileira.
O FUTURO DA PRESENÇA DAS FORÇAS ARMADAS NA REGIÃO AMAZÔNICA
GENERAL HELENO: A presença militar na Amazônia tem um papel preponderante e sua importância pode ser sentida toda vez que nos afastamos das metrópoles regionais e vamos para as proximidades das fronteiras, onde a presença do Estado diminui, e a do Exército, com seu Braço Forte e Mão Amiga aumenta. A FAB realiza há décadas um papel fantástico em proveito das populações desassistidas da região, e a Marinha, que faz um trabalho essencial ao longo da calha dos rios navegáveis. Tenho certeza que esse papel não vai diminuir. O que queremos são parceiros e que eles se façam mais presentes, que é o caso da Polícia Federal, INCRA, IBAMA, Receita Federal e FUNAI, para que nos unamos no trabalho em prol da Amazônia.
CONSIDERAÇÕES
GENERAL HELENO: Quero registrar o orgulho e a honra que tenho por ser o Comandante Militar da Amazônia. Hoje, servir na Amazônia é questão de escolha e não castigo como outrora. Nossos melhores profissionais passam por aqui dando o máximo de si, pois sabem que esta área é importante para o futuro do Brasil”.
AMÉRICA LATINA É A EXCEÇÃO AO DESAQUECIMENTO NO TRÁFEGO AÉREO
O jornal” Valor Econômico” ontem publicou o seguinte artigo de Paulo Prada no jornal norte-americano “The Wall Street Journal”, com a colaboração de Susan Carey:
“Com o impacto da crise econômica se espalhando por todo o mundo, o tráfego aéreo internacional diminuiu em todos os lugares, menos numa região: a América Latina”.
“Mesmo com a queda dos mercados acionários e das moedas da região este mês, e com as exportações latino-americanas começando a sofrer, as companhias aéreas continuaram a ter bom desempenho na área. O crescimento das receitas na América Latina da American Airlines e da Continental Airlines Inc., duas das empresas com maior alcance na região, ultrapassou os de quaisquer outras rotas internacionais no terceiro trimestre.
No mês que vem, a American, que pertence à AMR Corp., vai lançar novos vôos para o Brasil, a maior e mais promissora economia da região, com um para Recife e Salvador outro para Belo Horizonte. A Delta Airlines Inc. planeja acrescentar em dezembro rotas para o Brasil, a Argentina, a Colômbia, o Equador e Honduras.
"A interação entre a América latina e outros mercados ainda está no começo", diz Peter J. Dolara, vice-presidente da American para Miami, Caribe e América Latina.
Há muito tempo a aérea americana com maiores laços com a região, o que conseguiu ao adquirir, em 1988, rotas da antiga Eastern Airlines, a American acredita "que as oportunidades lá estão começando a se desenvolver. O potencial para viagem nesses países é enorme", diz Dolara.
Na verdade, não há garantia de que a região vai se manter em alta, e fazer negócios na América Latina ainda é em geral difícil para as companhias aéreas americanas.
Executivos da American dizem que demora muito para se obter receita da venda de passagens na Venezuela, onde regras bancárias exigem muitos papéis antes que a empresa possa repatriar o dinheiro. E, apesar de toda a nova estabilidade latino-americana que se seguiu a uma década de reformas em várias de suas grandes economias, a região ainda depende de uma economia forte nos Estados Unidos para impulsionar o comércio internacional e o muito necessário investimento estrangeiro.
"Ela ainda tem uma história de expansões e retrações", alerta Brian Pierce, economista-chefe, em Genebra, da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), entidade do setor.
Algumas rotas para a região continuam direcionadas predominantemente para o lazer e as visitas a amigos e parentes - os primeiros vôos a sofrer quando as condições econômicas pioram.
No México, para onde acrescentou vôos com pequenos jatos regionais, a Delta cortou recentemente o serviço para Querétaro e Léon por causa do aumento do combustível. "Os jatos regionais são muito caros e o próximo tamanho de avião depois deles é muito grande", diz Glen Hauenstein, vice-presidente de planejamento de rede da Delta.
Mesmo assim, o contínuo crescimento na América Latina sublinha o quanto o tráfego internacional continua crítico para a recuperação das empresas aéreas americanas.
Reagindo à crise no setor depois do 11 de setembro de 2001, empresas como a American, a Delta e a Continental transferiram aviões para rotas para o exterior, onde têm menos concorrência de empresas aéreas barateiras e quase sempre podem cobrar tarifas mais altas. Mas a desaceleração das economias européias está agora pesando no lucrativo tráfego de passageiros de negócios. A Ásia, outro mercado que estava bastante aquecido, esfriou tão depressa que muitas empresas aéreas cortaram ou adiaram rotas na China.
Até agora, a América Latina vem desafiando esse padrão. Mesmo com a queda nos níveis de tráfego internacional em setembro em todas as outras regiões do mundo - baixando 7% na Ásia, por exemplo, em comparação a setembro do ano passado -, o tráfego na América Latina cresceu cerca de 2%, segundo a Iata. No ano, o tráfego internacional na América Latina aumentou 12,2% em relação a 2007, enquanto a média global foi de apenas 3,3%.
Até setembro, o rendimento do passageiro, ou o preço pago pelos passageiros para voar 1 quilômetro, subiu 23,2% em rotas entre os Estados Unidos e a América Latina em relação a um ano atrás - bem mais que através do Atlântico, do Pacífico ou dentro dos EUA, segundo a Associação de Transporte Aéreo dos EUA. Para o ano todo, analistas da FTN Midwest Securities Corp. prevêem crescimento em receita por assento disponível por quilômetro, um padrão do setor, de 10% nas rotas latino-americanas, em comparação a 6% nas rotas internacionais das empresas aéreas americanas”.
“Com o impacto da crise econômica se espalhando por todo o mundo, o tráfego aéreo internacional diminuiu em todos os lugares, menos numa região: a América Latina”.
“Mesmo com a queda dos mercados acionários e das moedas da região este mês, e com as exportações latino-americanas começando a sofrer, as companhias aéreas continuaram a ter bom desempenho na área. O crescimento das receitas na América Latina da American Airlines e da Continental Airlines Inc., duas das empresas com maior alcance na região, ultrapassou os de quaisquer outras rotas internacionais no terceiro trimestre.
No mês que vem, a American, que pertence à AMR Corp., vai lançar novos vôos para o Brasil, a maior e mais promissora economia da região, com um para Recife e Salvador outro para Belo Horizonte. A Delta Airlines Inc. planeja acrescentar em dezembro rotas para o Brasil, a Argentina, a Colômbia, o Equador e Honduras.
"A interação entre a América latina e outros mercados ainda está no começo", diz Peter J. Dolara, vice-presidente da American para Miami, Caribe e América Latina.
Há muito tempo a aérea americana com maiores laços com a região, o que conseguiu ao adquirir, em 1988, rotas da antiga Eastern Airlines, a American acredita "que as oportunidades lá estão começando a se desenvolver. O potencial para viagem nesses países é enorme", diz Dolara.
Na verdade, não há garantia de que a região vai se manter em alta, e fazer negócios na América Latina ainda é em geral difícil para as companhias aéreas americanas.
Executivos da American dizem que demora muito para se obter receita da venda de passagens na Venezuela, onde regras bancárias exigem muitos papéis antes que a empresa possa repatriar o dinheiro. E, apesar de toda a nova estabilidade latino-americana que se seguiu a uma década de reformas em várias de suas grandes economias, a região ainda depende de uma economia forte nos Estados Unidos para impulsionar o comércio internacional e o muito necessário investimento estrangeiro.
"Ela ainda tem uma história de expansões e retrações", alerta Brian Pierce, economista-chefe, em Genebra, da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), entidade do setor.
Algumas rotas para a região continuam direcionadas predominantemente para o lazer e as visitas a amigos e parentes - os primeiros vôos a sofrer quando as condições econômicas pioram.
No México, para onde acrescentou vôos com pequenos jatos regionais, a Delta cortou recentemente o serviço para Querétaro e Léon por causa do aumento do combustível. "Os jatos regionais são muito caros e o próximo tamanho de avião depois deles é muito grande", diz Glen Hauenstein, vice-presidente de planejamento de rede da Delta.
Mesmo assim, o contínuo crescimento na América Latina sublinha o quanto o tráfego internacional continua crítico para a recuperação das empresas aéreas americanas.
Reagindo à crise no setor depois do 11 de setembro de 2001, empresas como a American, a Delta e a Continental transferiram aviões para rotas para o exterior, onde têm menos concorrência de empresas aéreas barateiras e quase sempre podem cobrar tarifas mais altas. Mas a desaceleração das economias européias está agora pesando no lucrativo tráfego de passageiros de negócios. A Ásia, outro mercado que estava bastante aquecido, esfriou tão depressa que muitas empresas aéreas cortaram ou adiaram rotas na China.
Até agora, a América Latina vem desafiando esse padrão. Mesmo com a queda nos níveis de tráfego internacional em setembro em todas as outras regiões do mundo - baixando 7% na Ásia, por exemplo, em comparação a setembro do ano passado -, o tráfego na América Latina cresceu cerca de 2%, segundo a Iata. No ano, o tráfego internacional na América Latina aumentou 12,2% em relação a 2007, enquanto a média global foi de apenas 3,3%.
Até setembro, o rendimento do passageiro, ou o preço pago pelos passageiros para voar 1 quilômetro, subiu 23,2% em rotas entre os Estados Unidos e a América Latina em relação a um ano atrás - bem mais que através do Atlântico, do Pacífico ou dentro dos EUA, segundo a Associação de Transporte Aéreo dos EUA. Para o ano todo, analistas da FTN Midwest Securities Corp. prevêem crescimento em receita por assento disponível por quilômetro, um padrão do setor, de 10% nas rotas latino-americanas, em comparação a 6% nas rotas internacionais das empresas aéreas americanas”.
COISAS DA POLÍTICA: O TERROR DO ESTADO E O DESGASTE DO MEDO
Li no Jornal do Brasil de ontem o seguinte artigo do veterano jornalista Mauro Santayana:
“O governo norte-americano, sob Bush, esmerou-se no uso do terrorismo. Valeu-se do medo trazido pelos ataques de 11 de Setembro para levar o desassossego e justificar medidas antidemocráticas internas, entre elas a espionagem de cunho macartista, a interferência no Poder Judiciário e na escolha de promotores, a chantagem sobre o Congresso. E intensificou a antiga prática de utilizar os serviços de espionagem e contra-espionagem, nas provocações, sabotagem e assassinato.
As operações de domingo contra a Síria foram, conforme as definiu o governo de Damasco, atos de terrorismo de Estado. O terrorismo não se exerce apenas nas sombras e com agentes embuçados: exerce-se também em operações militares abertas. Nesse sentido, todas as guerras de agressão, desde que o mundo é mundo, são a utilização do terror, para assegurar o saque e o domínio. A agressão ao Iraque, a partir do primeiro Bush, e mantida, mediante os bombardeios, pelo democrata Clinton, para ser transformada em invasão aberta pelo segundo Bush, tem sido, assim, ato permanente de terrorismo.
O ato contra a soberania da Síria, sem prévia declaração de guerra, levou o governo do Iraque a protestar. Bagdá exige mais autonomia em troca de acordo que permita a continuação das tropas ianques em seu território, a partir do dia 1º de janeiro – quando se encerra o mandato outorgado pelo Conselho de Segurança da ONU. A China, que faz fronteira com o Afeganistão e o norte do Paquistão, e a Rússia – golpeada na Ossétia por Washington – têm poder de veto no cimo da organização internacional e não permitiriam nova extensão do mandato. Daí a pressão direta sobre Bagdá, a fim de continuar com suas tropas na área.
O governo do Paquistão protestou novamente ontem, e de forma mais grave, contra os ataques norte-americanos a faixas de seu território na fronteira com o Afeganistão.
As repetidas operações na região – a pretexto de caçar talibãs – têm trazido a morte de numerosos civis paquistaneses. Sexta-feira passada uma escola religiosa foi alvejada por helicópteros, e morreram seis pessoas. Há três dias, 20 pessoas morreram na fronteira.
Houve, assim, clara violação da soberania do país.
O mundo está perdendo a paciência com os norte-americanos. Há apenas alguns meses, o Paquistão não protestaria com tanta ênfase. Ao mesmo tempo em que isso ocorre na Ásia, Moscou reata seus vínculos militares com Cuba, depois de os haver rompido, a partir da queda do Muro de Berlim. O general Maslov, da Força Aérea, visita Havana, a fim de discutir a troca de experiências militares e o fornecimento de peças de substituição dos aviões de caça russos. E o governo de Bagdá, depois do ataque à Síria, advertiu Washington de que não permitirá o uso do território iraquiano como base para ataque aos países vizinhos – e árabes.
Comentaristas internacionais encontram outra razão para o ato terrorista dos Estados Unidos em território sírio: ato de provocação, a fim de desviar a atenção do eleitorado de Obama e favorecer McCain. Por mais cauteloso seja o candidato democrata e mais sólida seja a opção conservadora da sociedade americana, os texanos de Bush temem que, a partir da posse do novo presidente – se ele for o democrata – o povo exija uma devassa que venha a apontar as verdadeiras razões da perseguição e morte de Saddam, e do conflito entre Bin Laden e os Bush, outrora amigos e sócios.
Outro sinal de que os "neocons" norte-americanos perdem seu poder: sob pressão internacional, Uribe foi obrigado a destituir altos comandantes militares, entre eles três generais, depois da descoberta dos corpos de dezenas de jovens, seqüestrados nas cidades e assassinados friamente na zona rural, a fim de que seus matadores recebessem a recompensa "por guerrilheiros mortos em combate". A opinião pública norte-americana tem exigido que Washington corte sua ajuda a Uribe, e retire do país seus instrutores militares. O presidente da Colômbia, conforme investigações internas, se associa a paramilitares e narcotraficantes que, entre outros crimes, assassinam impunemente jovens pobres, a fim de contabilizar os corpos como baixas guerrilheiras. A descoberta dos corpos de rapazes inocentes, executados a tiros de fuzil e sepultados em valas comuns, é mais um libelo contra o governo colombiano e seus protetores do Norte”.
“O governo norte-americano, sob Bush, esmerou-se no uso do terrorismo. Valeu-se do medo trazido pelos ataques de 11 de Setembro para levar o desassossego e justificar medidas antidemocráticas internas, entre elas a espionagem de cunho macartista, a interferência no Poder Judiciário e na escolha de promotores, a chantagem sobre o Congresso. E intensificou a antiga prática de utilizar os serviços de espionagem e contra-espionagem, nas provocações, sabotagem e assassinato.
As operações de domingo contra a Síria foram, conforme as definiu o governo de Damasco, atos de terrorismo de Estado. O terrorismo não se exerce apenas nas sombras e com agentes embuçados: exerce-se também em operações militares abertas. Nesse sentido, todas as guerras de agressão, desde que o mundo é mundo, são a utilização do terror, para assegurar o saque e o domínio. A agressão ao Iraque, a partir do primeiro Bush, e mantida, mediante os bombardeios, pelo democrata Clinton, para ser transformada em invasão aberta pelo segundo Bush, tem sido, assim, ato permanente de terrorismo.
O ato contra a soberania da Síria, sem prévia declaração de guerra, levou o governo do Iraque a protestar. Bagdá exige mais autonomia em troca de acordo que permita a continuação das tropas ianques em seu território, a partir do dia 1º de janeiro – quando se encerra o mandato outorgado pelo Conselho de Segurança da ONU. A China, que faz fronteira com o Afeganistão e o norte do Paquistão, e a Rússia – golpeada na Ossétia por Washington – têm poder de veto no cimo da organização internacional e não permitiriam nova extensão do mandato. Daí a pressão direta sobre Bagdá, a fim de continuar com suas tropas na área.
O governo do Paquistão protestou novamente ontem, e de forma mais grave, contra os ataques norte-americanos a faixas de seu território na fronteira com o Afeganistão.
As repetidas operações na região – a pretexto de caçar talibãs – têm trazido a morte de numerosos civis paquistaneses. Sexta-feira passada uma escola religiosa foi alvejada por helicópteros, e morreram seis pessoas. Há três dias, 20 pessoas morreram na fronteira.
Houve, assim, clara violação da soberania do país.
O mundo está perdendo a paciência com os norte-americanos. Há apenas alguns meses, o Paquistão não protestaria com tanta ênfase. Ao mesmo tempo em que isso ocorre na Ásia, Moscou reata seus vínculos militares com Cuba, depois de os haver rompido, a partir da queda do Muro de Berlim. O general Maslov, da Força Aérea, visita Havana, a fim de discutir a troca de experiências militares e o fornecimento de peças de substituição dos aviões de caça russos. E o governo de Bagdá, depois do ataque à Síria, advertiu Washington de que não permitirá o uso do território iraquiano como base para ataque aos países vizinhos – e árabes.
Comentaristas internacionais encontram outra razão para o ato terrorista dos Estados Unidos em território sírio: ato de provocação, a fim de desviar a atenção do eleitorado de Obama e favorecer McCain. Por mais cauteloso seja o candidato democrata e mais sólida seja a opção conservadora da sociedade americana, os texanos de Bush temem que, a partir da posse do novo presidente – se ele for o democrata – o povo exija uma devassa que venha a apontar as verdadeiras razões da perseguição e morte de Saddam, e do conflito entre Bin Laden e os Bush, outrora amigos e sócios.
Outro sinal de que os "neocons" norte-americanos perdem seu poder: sob pressão internacional, Uribe foi obrigado a destituir altos comandantes militares, entre eles três generais, depois da descoberta dos corpos de dezenas de jovens, seqüestrados nas cidades e assassinados friamente na zona rural, a fim de que seus matadores recebessem a recompensa "por guerrilheiros mortos em combate". A opinião pública norte-americana tem exigido que Washington corte sua ajuda a Uribe, e retire do país seus instrutores militares. O presidente da Colômbia, conforme investigações internas, se associa a paramilitares e narcotraficantes que, entre outros crimes, assassinam impunemente jovens pobres, a fim de contabilizar os corpos como baixas guerrilheiras. A descoberta dos corpos de rapazes inocentes, executados a tiros de fuzil e sepultados em valas comuns, é mais um libelo contra o governo colombiano e seus protetores do Norte”.
PORÉM, NÃO EXISTE O “VICE-VERSA”
Não há condenação à morte de soldados das tropas invasoras dos EUA quando eles matam iraquianos. O máximo que acontece é ganharem condecoração “por bravura”.
Imagino a situação sob o princípio internacional da reciprocidade. Se o Iraque invadisse militarmente os EUA para controlar as reservas de petróleo daquele país, sob o pretexto de que os norte-americanos têm armas atômicas? Se integrantes da resistência norte-americana matassem três soldados iraquianos ao sul de Washington? Será que um tribunal dos EUA condenaria os três resistentes à forca? Este mundo é tragicômico.
Vejamos a notícia publicada ontem pela agência norte-americana Reuters, que li no site do “Jornal do Brasil”:
IRAQUIANO É CONDENADO À MORTE POR ASSASSINAR SOLDADO DOS EUA
“BAGDÁ - Um tribunal iraquiano sentenciou à forca um dos responsáveis por um ataque de 2006 que matou três soldados norte-americanos, dois deles depois de torturas, disseram militares dos EUA na quarta-feira.
Dois outros iraquianos foram inocentados pelo tribunal de Bagdá na terça-feira, segundo nota dos militares.
Os soldados David Babineau, Kristian Menchaca e Thomas Tucker foram atacados a tiros em junho de 2006, depois de se separarem da sua patrulha para proteger uma ponte perto de Yusufiya, no "triângulo da morte", uma violenta área da zona sul de Bagdá.
Babineau foi morto no ataque inicial, enquanto Mechaca e Tucker foram seqüestrados.
Seus corpos foram achados dias depois, mutilados e envoltos com explosivos. Os sequestradores divulgaram pela Internet um vídeo em que apareciam profanando os corpos.
Os militares dos EUA disseram que Ibrahim Karim Mohammed Saleh Al Qaraghuli foi condenado pelos três homicídios e terá 30 dias para recorrer da pena de morte. Kazim Fadil Jassim Harbi Al Zowbai e Waleed Khaled Daydan Al Kartani foram inocentados.
Hugh Geoghegan, porta-voz da Força Tarefa da Lei e da Ordem dos EUA no Iraque, disse haver relatos de que várias outras pessoas além de Qaraghuli participaram das mortes, mas que isso não pôde ser provado.
- O testemunho juramentado parece indicar que houve outras pessoas que participaram nos fatos que levaram às mortes desses soldados, disse ele.
Testemunhas que haviam prestado informações sobre o caso não compareceram ao tribunal, segundo Geoghegan. Os depoimentos foram lidos à corte, e o militar não soube avaliar se isso afetou a decisão.
- Todos sentem que (a sentença) é um passo na direção certa. Foi muito satisfatório ver a corte iraquiana funcionando. Ela transcorreu muito tranqüilamente”.
Imagino a situação sob o princípio internacional da reciprocidade. Se o Iraque invadisse militarmente os EUA para controlar as reservas de petróleo daquele país, sob o pretexto de que os norte-americanos têm armas atômicas? Se integrantes da resistência norte-americana matassem três soldados iraquianos ao sul de Washington? Será que um tribunal dos EUA condenaria os três resistentes à forca? Este mundo é tragicômico.
Vejamos a notícia publicada ontem pela agência norte-americana Reuters, que li no site do “Jornal do Brasil”:
IRAQUIANO É CONDENADO À MORTE POR ASSASSINAR SOLDADO DOS EUA
“BAGDÁ - Um tribunal iraquiano sentenciou à forca um dos responsáveis por um ataque de 2006 que matou três soldados norte-americanos, dois deles depois de torturas, disseram militares dos EUA na quarta-feira.
Dois outros iraquianos foram inocentados pelo tribunal de Bagdá na terça-feira, segundo nota dos militares.
Os soldados David Babineau, Kristian Menchaca e Thomas Tucker foram atacados a tiros em junho de 2006, depois de se separarem da sua patrulha para proteger uma ponte perto de Yusufiya, no "triângulo da morte", uma violenta área da zona sul de Bagdá.
Babineau foi morto no ataque inicial, enquanto Mechaca e Tucker foram seqüestrados.
Seus corpos foram achados dias depois, mutilados e envoltos com explosivos. Os sequestradores divulgaram pela Internet um vídeo em que apareciam profanando os corpos.
Os militares dos EUA disseram que Ibrahim Karim Mohammed Saleh Al Qaraghuli foi condenado pelos três homicídios e terá 30 dias para recorrer da pena de morte. Kazim Fadil Jassim Harbi Al Zowbai e Waleed Khaled Daydan Al Kartani foram inocentados.
Hugh Geoghegan, porta-voz da Força Tarefa da Lei e da Ordem dos EUA no Iraque, disse haver relatos de que várias outras pessoas além de Qaraghuli participaram das mortes, mas que isso não pôde ser provado.
- O testemunho juramentado parece indicar que houve outras pessoas que participaram nos fatos que levaram às mortes desses soldados, disse ele.
Testemunhas que haviam prestado informações sobre o caso não compareceram ao tribunal, segundo Geoghegan. Os depoimentos foram lidos à corte, e o militar não soube avaliar se isso afetou a decisão.
- Todos sentem que (a sentença) é um passo na direção certa. Foi muito satisfatório ver a corte iraquiana funcionando. Ela transcorreu muito tranqüilamente”.
O KOSOVO DA AMAZÔNIA
O jornal “O Estado de São Paulo” publicou ontem o artigo a seguir transcrito. O autor é Predrag Pancevski, mestre em Economia e Finanças, professor na Fundação Getúlio Vargas. Nasceu em Belgrado, na antiga Iugoslávia:
“Kosovo é uma região no sul da Sérvia, país que fazia parte da antiga Iugoslávia. É um lugar muito especial para os sérvios, que o consideram o berço da sua civilização, e é o local onde se desenrolaram os mais importantes eventos de seus 2 mil anos de história.
Para reforçar a sua política de integração o regime autoritário do presidente Tito deu muitos incentivos às diferentes minorias étnicas, entre outras, à albanesa, já que a Albânia faz fronteira com Kosovo.
Jornais de língua albanesa, noticiários, escolas... pouco a pouco, em razão dos incentivos governamentais, a população de Kosovo foi se tornando predominantemente albanesa. Quando do fim da União Soviética, seguido do desmembramento da Iugoslávia, os kosovares albaneses aproveitaram o momento oportuno para reivindicar a independência de Kosovo. Os sérvios, indignados, negaram qualquer possibilidade de acordo.
Criou-se uma polêmica entre os outros países. Juristas especializados em direito internacional consideravam a reivindicação improcedente. Por outro lado, muitos opinavam que a solicitação era justa dada a maioria esmagadora da atual população ser albanesa. Quem está com a razão?
É uma questão difícil de ser respondida e para cada argumento haverá um contra-argumento. Kosovo já proclamou unilateralmente a sua independência, apoiado pelas potências européias.
A Sérvia vive um impasse político: recusar e perder para sempre a fonte da sua identidade cultural ou concordar, comprando assim o seu ingresso na União Européia.
Recentemente, a Rússia invadiu a Geórgia para garantir a autoproclamada independência da Ossétia do Sul, baseada no fato de que a população dessa região é predominantemente russa.
Ante as críticas do Ocidente, a Rússia rebateu dizendo que a situação é idêntica à de Kosovo, em que os países ocidentais, liderados pelos EUA, reconheceram a proclamação unilateral da independência. No fundo, à margem de julgamentos éticos, cada país está apenas defendendo os seus interesses: os EUA minando a Sérvia, tradicional aliada dos russos e enclave estratégico nos Bálcãs, e a Rússia, em contrapartida, enfraquecendo a Geórgia, aliada dos norte-americanos.
O propósito deste artigo é alertar para a situação similar em que se encontra o Brasil em relação às reservas indígenas na Amazônia. Tomemos como exemplo a reserva ianomâmi, no extremo norte do Brasil. Não é de hoje que diversos países estrangeiros vêm questionando a soberania brasileira na Amazônia. Grande parcela da população no exterior considera a Amazônia patrimônio da humanidade e, portanto, defende a idéia de que o controle e a gestão desse "pulmão do mundo" não deveriam estar concentrados num único país. As notícias recorrentes de desmatamentos e queimadas monumentais, de descaso e corrupção das autoridades e da total falta de infra-estrutura do governo para fazer valer a lei não contribuem para melhorar a imagem do Brasil no exterior.
Junte-se a isso o fato de que os índios na reserva se autodenominam "nação ianomâmi", de etnia, cultura e língua totalmente distintas, detentora de um vasto território fronteiriço e bem demarcado, e teremos uma situação potencialmente explosiva.
Os "nossos" índios, em sua maioria, vivem num limbo socioeconômico-cultural, marginalizados como brasileiros e vivenciando o pior da civilização moderna. Eles percebem o governo como o grande obstáculo que os impede de explorar os imensos recursos minerais, biológicos e energéticos das terras herdadas de seus antepassados.
Vamos imaginar um agravamento drástico das relações internacionais e uma deterioração das relações Brasil-EUA, a exemplo do que já ocorre entre os EUA e a Venezuela. Somemos a isso um eventual aprofundamento da ainda longe de ser superada crise boliviana ou o reaquecimento do confronto Venezuela-Colômbia, polarizando a geopolítica sul-americana.
Vamos supor que a Rússia aumente ainda mais a sua presença militar no continente por meio de sua parceria com a Venezuela e com os outros aliados. Aproveitando a oportunidade, a "nação ianomâmi" declara a sua independência. Imediatamente, diversas entidades ambientais apóiam o ato, seguidas do reconhecimento diplomático dos EUA e dos países que estão na vizinhança do território. Outras reservas indígenas seguem o exemplo, desmembrando o Brasil.
A moeda de troca é fácil de encontrar: independência para os índios, dando-lhes o direito de usufruir os recursos minerais e ambientais de suas terras. Em contrapartida, ao mundo é feita a promessa de uma exploração racional dos recursos, implantação de lei e ordem na região, viabilizando a preservação do ecossistema. Aos EUA é dada exclusividade na produção e comercialização dos produtos e, principalmente, em acordos para a instalação de bases militares estrategicamente situadas no centro do continente, como contrapeso à expansão russa. A redução do poder brasileiro é vista com bons olhos pelos países vizinhos, ainda ressentidos das diversas disputas territoriais perdidas para o País no passado. Kosovo e Ossétia do Sul servem de jurisprudência e uma força internacional de "paz" é formada para garantir a independência dos novos países.
Imaginação fértil? Antes da crise balcânica, se dissessem a um sérvio que Kosovo seria anexado pela Albânia em poucos anos, ele certamente chamaria o interlocutor de insano. No entanto, é isso o que está acontecendo.
Num mundo cada vez mais dependente de espaços livres e recursos naturais, a pressão externa sobre a Amazônia será cada vez maior.
Agir preventivamente, com a adoção de políticas adequadas e investimentos condizentes com a amplitude do problema, é a única forma de garantir a soberania para as gerações futuras”
“Kosovo é uma região no sul da Sérvia, país que fazia parte da antiga Iugoslávia. É um lugar muito especial para os sérvios, que o consideram o berço da sua civilização, e é o local onde se desenrolaram os mais importantes eventos de seus 2 mil anos de história.
Para reforçar a sua política de integração o regime autoritário do presidente Tito deu muitos incentivos às diferentes minorias étnicas, entre outras, à albanesa, já que a Albânia faz fronteira com Kosovo.
Jornais de língua albanesa, noticiários, escolas... pouco a pouco, em razão dos incentivos governamentais, a população de Kosovo foi se tornando predominantemente albanesa. Quando do fim da União Soviética, seguido do desmembramento da Iugoslávia, os kosovares albaneses aproveitaram o momento oportuno para reivindicar a independência de Kosovo. Os sérvios, indignados, negaram qualquer possibilidade de acordo.
Criou-se uma polêmica entre os outros países. Juristas especializados em direito internacional consideravam a reivindicação improcedente. Por outro lado, muitos opinavam que a solicitação era justa dada a maioria esmagadora da atual população ser albanesa. Quem está com a razão?
É uma questão difícil de ser respondida e para cada argumento haverá um contra-argumento. Kosovo já proclamou unilateralmente a sua independência, apoiado pelas potências européias.
A Sérvia vive um impasse político: recusar e perder para sempre a fonte da sua identidade cultural ou concordar, comprando assim o seu ingresso na União Européia.
Recentemente, a Rússia invadiu a Geórgia para garantir a autoproclamada independência da Ossétia do Sul, baseada no fato de que a população dessa região é predominantemente russa.
Ante as críticas do Ocidente, a Rússia rebateu dizendo que a situação é idêntica à de Kosovo, em que os países ocidentais, liderados pelos EUA, reconheceram a proclamação unilateral da independência. No fundo, à margem de julgamentos éticos, cada país está apenas defendendo os seus interesses: os EUA minando a Sérvia, tradicional aliada dos russos e enclave estratégico nos Bálcãs, e a Rússia, em contrapartida, enfraquecendo a Geórgia, aliada dos norte-americanos.
O propósito deste artigo é alertar para a situação similar em que se encontra o Brasil em relação às reservas indígenas na Amazônia. Tomemos como exemplo a reserva ianomâmi, no extremo norte do Brasil. Não é de hoje que diversos países estrangeiros vêm questionando a soberania brasileira na Amazônia. Grande parcela da população no exterior considera a Amazônia patrimônio da humanidade e, portanto, defende a idéia de que o controle e a gestão desse "pulmão do mundo" não deveriam estar concentrados num único país. As notícias recorrentes de desmatamentos e queimadas monumentais, de descaso e corrupção das autoridades e da total falta de infra-estrutura do governo para fazer valer a lei não contribuem para melhorar a imagem do Brasil no exterior.
Junte-se a isso o fato de que os índios na reserva se autodenominam "nação ianomâmi", de etnia, cultura e língua totalmente distintas, detentora de um vasto território fronteiriço e bem demarcado, e teremos uma situação potencialmente explosiva.
Os "nossos" índios, em sua maioria, vivem num limbo socioeconômico-cultural, marginalizados como brasileiros e vivenciando o pior da civilização moderna. Eles percebem o governo como o grande obstáculo que os impede de explorar os imensos recursos minerais, biológicos e energéticos das terras herdadas de seus antepassados.
Vamos imaginar um agravamento drástico das relações internacionais e uma deterioração das relações Brasil-EUA, a exemplo do que já ocorre entre os EUA e a Venezuela. Somemos a isso um eventual aprofundamento da ainda longe de ser superada crise boliviana ou o reaquecimento do confronto Venezuela-Colômbia, polarizando a geopolítica sul-americana.
Vamos supor que a Rússia aumente ainda mais a sua presença militar no continente por meio de sua parceria com a Venezuela e com os outros aliados. Aproveitando a oportunidade, a "nação ianomâmi" declara a sua independência. Imediatamente, diversas entidades ambientais apóiam o ato, seguidas do reconhecimento diplomático dos EUA e dos países que estão na vizinhança do território. Outras reservas indígenas seguem o exemplo, desmembrando o Brasil.
A moeda de troca é fácil de encontrar: independência para os índios, dando-lhes o direito de usufruir os recursos minerais e ambientais de suas terras. Em contrapartida, ao mundo é feita a promessa de uma exploração racional dos recursos, implantação de lei e ordem na região, viabilizando a preservação do ecossistema. Aos EUA é dada exclusividade na produção e comercialização dos produtos e, principalmente, em acordos para a instalação de bases militares estrategicamente situadas no centro do continente, como contrapeso à expansão russa. A redução do poder brasileiro é vista com bons olhos pelos países vizinhos, ainda ressentidos das diversas disputas territoriais perdidas para o País no passado. Kosovo e Ossétia do Sul servem de jurisprudência e uma força internacional de "paz" é formada para garantir a independência dos novos países.
Imaginação fértil? Antes da crise balcânica, se dissessem a um sérvio que Kosovo seria anexado pela Albânia em poucos anos, ele certamente chamaria o interlocutor de insano. No entanto, é isso o que está acontecendo.
Num mundo cada vez mais dependente de espaços livres e recursos naturais, a pressão externa sobre a Amazônia será cada vez maior.
Agir preventivamente, com a adoção de políticas adequadas e investimentos condizentes com a amplitude do problema, é a única forma de garantir a soberania para as gerações futuras”
FMI AGORA EMPRESTA SEM EXIGIR “CONDICIONALIDADES”
Li ontem no jornal “Folha de São Paulo” o seguinte artigo de Paulo Nogueira Batista Jr. O autor é Diretor-Executivo no Fundo Monetário Internacional (FMI),onde representa um grupo de nove países: Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Haiti, Panamá, República Dominicana, Suriname e Trinidad e Tobago.
VOLTANDO ÀS ORIGENS
“A nova linha permite ao FMI fazer desembolsos rápidos, em volumes significativos, e sem as exigências habituais”
“A aceleração da crise financeira desde setembro criou oportunidades para introduzir mudanças aqui no FMI. Foi o que conseguimos ontem, depois de intenso processo de discussão. A Diretoria Executiva do Fundo aprovou, por larga maioria, a criação de um instrumento de financiamento, denominado "Short-Term Liquidity Facility-SLF" (Linha de Liquidez de Curto Prazo). A linha é bastante parecida com a proposta lançada originalmente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em abril último, na reunião de primavera do FMI.
O grande arquiteto catalão Antoni Gaudí observou, certa vez, que "ser original é voltar às origens". De certa maneira, é o que estamos fazendo aqui no Fundo. A nova linha permite que o FMI volte a operar dentro de um modelo mais próximo daquele imaginado por John Maynard Keynes, efetuando desembolsos rápidos, automáticos, ou quase automáticos, em volumes significativos. Como se sabe, o modelo de FMI defendido por Keynes acabou sendo suplantado por outra concepção que privilegia empréstimos desembolsados em parcelas, vinculadas ao cumprimento de metas quantitativas e critérios de desempenho -as chamada "condicionalidades".
A SLF foge desse padrão. A linha poderá ser acessada apenas por países integrados aos mercados internacionais e que tenham histórico de políticas econômicas sólidas, comprovado pelas consultas anuais do Artigo IV a que são obrigados todos os membros do FMI. Esses países seriam aqueles que apresentam políticas fiscais disciplinadas, inflação baixa e relativamente estável, políticas monetárias adequadas, boa supervisão financeira, posições sustentáveis no balanço de pagamentos em conta corrente e controle sobre o endividamento público e externo.
A experiência mostra que mesmo países com essas características podem sofrer choques financeiros externos, isto é, algum tipo de contágio na conta de capitais. Com a SLF, esses países poderão ter acesso muito rápido a um volume expressivo de recursos do FMI e -aqui vem um ponto essencial- sem as "condicionalidades" tradicionais do Fundo, isto é, sem carta de intenções, critérios de desempenho e monitoramento de metas quantitativas.
É uma inovação considerável e que se aproxima bastante do desenho que vinha sendo defendido pela cadeira brasileira nas discussões internas. Apenas em dois pontos importantes a SLF diverge da proposta do Brasil: no volume de recursos e no prazo.
Nossa proposta não previa limite para o montante a ser desembolsado. Isso seria fixado caso a caso, com base nas necessidades do país atingido pelo contágio financeiro externo. A proposta brasileira também previa que a nova linha teria prazo de um ano a um ano e meio, prazo que nos parecia suficiente para superar crises de liquidez externa.
A SLF, tal como aprovada ontem, tem limite de 500% da cota do país no Fundo. No nosso entender, esse valor pode se revelar insuficiente para certas situações, uma vez que as cotas são pequenas em comparação com os fluxos de capital.
A SLF tem também um prazo curto. O país considerado apto pode sacar até 500% da sua cota em parcela única, mas tem de repagar em três meses. Pode repetir a operação por mais dois períodos de três meses, totalizando nove meses de cobertura para cada período de 12 meses.
Não é exatamente o que queríamos, mas foi dado um passo importante para modificar os procedimentos do Fundo. A instituição fica mais próxima do modelo idealizado por seu fundador mais ilustre”.
VOLTANDO ÀS ORIGENS
“A nova linha permite ao FMI fazer desembolsos rápidos, em volumes significativos, e sem as exigências habituais”
“A aceleração da crise financeira desde setembro criou oportunidades para introduzir mudanças aqui no FMI. Foi o que conseguimos ontem, depois de intenso processo de discussão. A Diretoria Executiva do Fundo aprovou, por larga maioria, a criação de um instrumento de financiamento, denominado "Short-Term Liquidity Facility-SLF" (Linha de Liquidez de Curto Prazo). A linha é bastante parecida com a proposta lançada originalmente pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em abril último, na reunião de primavera do FMI.
O grande arquiteto catalão Antoni Gaudí observou, certa vez, que "ser original é voltar às origens". De certa maneira, é o que estamos fazendo aqui no Fundo. A nova linha permite que o FMI volte a operar dentro de um modelo mais próximo daquele imaginado por John Maynard Keynes, efetuando desembolsos rápidos, automáticos, ou quase automáticos, em volumes significativos. Como se sabe, o modelo de FMI defendido por Keynes acabou sendo suplantado por outra concepção que privilegia empréstimos desembolsados em parcelas, vinculadas ao cumprimento de metas quantitativas e critérios de desempenho -as chamada "condicionalidades".
A SLF foge desse padrão. A linha poderá ser acessada apenas por países integrados aos mercados internacionais e que tenham histórico de políticas econômicas sólidas, comprovado pelas consultas anuais do Artigo IV a que são obrigados todos os membros do FMI. Esses países seriam aqueles que apresentam políticas fiscais disciplinadas, inflação baixa e relativamente estável, políticas monetárias adequadas, boa supervisão financeira, posições sustentáveis no balanço de pagamentos em conta corrente e controle sobre o endividamento público e externo.
A experiência mostra que mesmo países com essas características podem sofrer choques financeiros externos, isto é, algum tipo de contágio na conta de capitais. Com a SLF, esses países poderão ter acesso muito rápido a um volume expressivo de recursos do FMI e -aqui vem um ponto essencial- sem as "condicionalidades" tradicionais do Fundo, isto é, sem carta de intenções, critérios de desempenho e monitoramento de metas quantitativas.
É uma inovação considerável e que se aproxima bastante do desenho que vinha sendo defendido pela cadeira brasileira nas discussões internas. Apenas em dois pontos importantes a SLF diverge da proposta do Brasil: no volume de recursos e no prazo.
Nossa proposta não previa limite para o montante a ser desembolsado. Isso seria fixado caso a caso, com base nas necessidades do país atingido pelo contágio financeiro externo. A proposta brasileira também previa que a nova linha teria prazo de um ano a um ano e meio, prazo que nos parecia suficiente para superar crises de liquidez externa.
A SLF, tal como aprovada ontem, tem limite de 500% da cota do país no Fundo. No nosso entender, esse valor pode se revelar insuficiente para certas situações, uma vez que as cotas são pequenas em comparação com os fluxos de capital.
A SLF tem também um prazo curto. O país considerado apto pode sacar até 500% da sua cota em parcela única, mas tem de repagar em três meses. Pode repetir a operação por mais dois períodos de três meses, totalizando nove meses de cobertura para cada período de 12 meses.
Não é exatamente o que queríamos, mas foi dado um passo importante para modificar os procedimentos do Fundo. A instituição fica mais próxima do modelo idealizado por seu fundador mais ilustre”.
PIB DO BRASIL DEVERÁ CRESCER 4% NO PRÓXIMO ANO
Li no portal UOL ontem à tarde o seguinte texto de Luciana Lima, da Agência Brasil em Brasília (DF):
PLANEJAMENTO REDUZ PARA 4% EXPECTATIVA DE CRESCIMENTO PARA 2009
“O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, recuou hoje (29) nas projeções de crescimento da economia para 2009. Há duas semanas, ele apostava em 4,5% de expansão, mas hoje estimou crescimento de 4%, "ou um pouco menos".
"Acho que vamos ficar perto de 4%, ou um pouco menos", disse o ministro, no Palácio do Planalto, após apresentar o cenário macroeconômico do país, como parte do quinto balanço do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento). "Os números são completamente diferenciados. Tem gente falando em 2,5%. Tem gente que fala em 3,8% e o próprio FMI já falou em 3,7%."
Paulo Bernardo defendeu, no entanto, que o crescimento em um ritmo menor não será motivo para que o governo freie os investimentos do PAC. "Isso não dá tanta diferença para que tenhamos que fazer grandes mudanças", afirmou.
O ministro reiterou que, mesmo o governo tendo que rever os parâmetros para 2009, as obras do PAC não sofrerão cortes. Os novos parâmetros para o orçamento para o próximo ano só serão definidos no final de novembro”.
PLANEJAMENTO REDUZ PARA 4% EXPECTATIVA DE CRESCIMENTO PARA 2009
“O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, recuou hoje (29) nas projeções de crescimento da economia para 2009. Há duas semanas, ele apostava em 4,5% de expansão, mas hoje estimou crescimento de 4%, "ou um pouco menos".
"Acho que vamos ficar perto de 4%, ou um pouco menos", disse o ministro, no Palácio do Planalto, após apresentar o cenário macroeconômico do país, como parte do quinto balanço do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento). "Os números são completamente diferenciados. Tem gente falando em 2,5%. Tem gente que fala em 3,8% e o próprio FMI já falou em 3,7%."
Paulo Bernardo defendeu, no entanto, que o crescimento em um ritmo menor não será motivo para que o governo freie os investimentos do PAC. "Isso não dá tanta diferença para que tenhamos que fazer grandes mudanças", afirmou.
O ministro reiterou que, mesmo o governo tendo que rever os parâmetros para 2009, as obras do PAC não sofrerão cortes. Os novos parâmetros para o orçamento para o próximo ano só serão definidos no final de novembro”.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
PARA MARIA DA CONCEIÇÃO, 2010 SERÁ O AUGE DA CRISE
Li ontem no site “Terra Magazine”, do jornalista Bob Fernandes, o seguinte texto de Claudio Leal, sobre entrevista com Maria da Conceição Tavares:
“Sem cair em previsões catastrofistas, a economista e professora-emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Maria da Conceição Tavares, estima que, em 2010, o mundo viverá o auge da crise financeira. Por má coincidência, ano eleitoral no Brasil.
"Quando trocarmos de governo, devemos estar vivendo o auge da crise. Não é agora, é em 2010", diz Conceição. Espera que a gestão do presidente Lula não seja politicamente afetada, pois reconhece "que há realmente um avanço" no País.
DÍVIDA EXTERNA.
É a primeira vez que nós pegamos uma crise internacional e não estamos endividados até as orelhas. Em todas as demais, fomos à moratória.
Filiada ao PT, a professora participou ontem à noite de um seminário sobre a crise mundial na visão da esquerda, organizado pelo ex-deputado federal Vivaldo Barbosa, no Salão Nobre da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Na mesa de debates, o ex-presidente do BNDES Carlos Lessa e o economista Reinaldo Gonçalves. A platéia de cerca de 40 ouvintes reunia representantes do PSB, PSOL, PDT e PCdoB.
O agravamento da crise internacional tem feito a economista intensificar sua participação nos debates econômicos. Com a mesma paixão e voz rascante, ironiza na largada: "Não tenho saída de esquerda para a crise".
- Não sei o que a esquerda espera ouvir hoje. Não ouvi palpites da esquerda pra recessão brasileira no ano que vem. Agora, 2010 não dá pra prever. Porque tudo depende de como a gente consiga se safar em 2009. E de como se resolva ou não parte dos galhos mundiais - analisa.
Em sua avaliação, a "China é um país-dólares. Está suportando o dólar". Ao longo da palestra, Maria da Conceição Tavares fez uma análise histórica da crise e pontuou paralelos com outras precedentes. Pode se desenhar um mundo multipolarizado.
- Eu acho que esta crise é mais parecida com a de 1890. Quem investiu muito mais rápido e passou a ter muito mais poder depois da perda do poder econômico do mundo pelos ingleses? Os americanos, os alemães... É claro, os que eram potências. E hoje está acontecendo a mesma coisa. O que vai acontecer no mundo? Os chineses, os hindus... Lógico, todo mundo quebrando, "vamos poder crescer um pouquinho..."
Estamos caminhando para uma multipolaridade.
"KEYNESIANOS DE BOCA"
Na visão da economista, quem leva a pior, no momento, é o Leste Europeu. "Eles é que estão levando porrada. O pau canta dos dois lados (no Ocidente e na Rússia)." E faz uma radiografia dos convertidos, repentinamente, ao keynesianismo (de John Maynard Keynes, economista britânico, defensor do papel regulatório do Estado).
- Entre os que estão corrigindo, os que têm poder pra corrigir a situação, não houve uma troca de cabeças... Agora, eles são keynesianos de boca, e não só de boca, de interesse.
Conceição vê barreiras para "uma reformulação, uma refundação do capitalismo". Nesse debate, sente-se obrigada a rever uma antiga resistência ao presidente da França, Nicolas Sarkozy.
- Paradoxalmente, o mais à direita, que é o (Nicolas) Sarkozy, prega isso. Quando Sarkozy ganhou as eleições, eu odiava o Sarkozy. Um fascistão! Mas a verdade é que ele está nessa (de defender uma refundação). O que não é tão espantoso porque os partidos de centro defendem a intervenção do Estado. Em relação à crise (de 30), quem entrou com o Estado? Os nazistas e os fascistas. Não há tanta contradição. Os fascistas autoritários não têm nada contra o Estado intervencionista.
Segundo a professora, a atual crise não é mais complexa porque desregularam o mercado financeiro. Há outros tipos de complexidades na jogatina.
- Desregular, eles desregularam no século 19. Não é só por isso. É porque eles inventaram uma porrada de inovações que contaminam tudo. Esses derivativos de crédito, de câmbio...Tudo que se possa imaginar. Como isso contagia o sistema inteiro, nós temos que ser mais cuidadosos. Todos estão metidos.
Confira outros momentos da palestra de Maria da Conceição Tavares:
PETROBRAS E PAC
"A Petrobras não vai parar de investir. Ela pode dizer que não vai investir no pré-sal, de imediato; esperar um pouco pra ver o que vai dar o preço internacional. Mas os programas que já estavam postos não vão parar. O mesmo é a Eletrobras. E, dessa vez, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) vai ser pra valer, não tem brincadeira.
Agora é pau no lombo e superávit primário caindo. Sendo assim, a expectativa é que a gente não passe uma recessão. No ano que vem, uma recessão é praticamente impossível. Basta crescer um ponto, um ponto e meio, pra chegar a três, três e meio, que é mais ou menos o que o Fundo Monetário espera de todo mundo. Dos malucos, não, mas eu também não vou levar a sério malucos."
PROJETO PARA O BRASIL
"No meio dessa crise, era bom começarmos a pensar a sério, a sério não mais apenas na conjuntura, mas num projeto pro Brasil que não está nem de longe construído. Nem pela esquerda, que dirá pela centro-esquerda. Porque se nós não tivermos alguma... acho que há apenas um consenso, que a direita também aderiu: não se deve matar por fome os pobres. Parece que isso a direita encampou. Não há consenso nenhum sequer sobre o salário mínimo. Porque vem com o papo do déficit da previdência. Não há nenhum consenso sobre as reformas."
REFORMAS NEOLIBERAIS
"Fracassou o neoliberalismo, sim. Mas as reformas que estão em pauta são todas neoliberais. Essa reforma fiscal que foi enviada ao Congresso é uma reforma neoliberal.
Já assinei manifesto, eu e todo mundo que é medianamente interessado no assunto.
Porque ela é neoliberal. Ninguém aqui é pelo neoliberalismo, o que significa que ninguém acredita mais que o mercado se auto-regule.
Todo mundo agora é a favor da intervenção do Estado, para que o Estado salve. Agora, reformas. Continuam neoliberais. Não ouvi ninguém... Eu não conheço nenhum keynesiano no mundo que tenha proposto reformas neoliberais. E, no entanto, é óbvio que o capitalismo vai ter que se reformar. Não adianta dizer: "Vou refundar." Não adianta refundar. Já fizemos refundações. Mas não é essa questão. Tem que reformar."
“Sem cair em previsões catastrofistas, a economista e professora-emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Maria da Conceição Tavares, estima que, em 2010, o mundo viverá o auge da crise financeira. Por má coincidência, ano eleitoral no Brasil.
"Quando trocarmos de governo, devemos estar vivendo o auge da crise. Não é agora, é em 2010", diz Conceição. Espera que a gestão do presidente Lula não seja politicamente afetada, pois reconhece "que há realmente um avanço" no País.
DÍVIDA EXTERNA.
É a primeira vez que nós pegamos uma crise internacional e não estamos endividados até as orelhas. Em todas as demais, fomos à moratória.
Filiada ao PT, a professora participou ontem à noite de um seminário sobre a crise mundial na visão da esquerda, organizado pelo ex-deputado federal Vivaldo Barbosa, no Salão Nobre da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Na mesa de debates, o ex-presidente do BNDES Carlos Lessa e o economista Reinaldo Gonçalves. A platéia de cerca de 40 ouvintes reunia representantes do PSB, PSOL, PDT e PCdoB.
O agravamento da crise internacional tem feito a economista intensificar sua participação nos debates econômicos. Com a mesma paixão e voz rascante, ironiza na largada: "Não tenho saída de esquerda para a crise".
- Não sei o que a esquerda espera ouvir hoje. Não ouvi palpites da esquerda pra recessão brasileira no ano que vem. Agora, 2010 não dá pra prever. Porque tudo depende de como a gente consiga se safar em 2009. E de como se resolva ou não parte dos galhos mundiais - analisa.
Em sua avaliação, a "China é um país-dólares. Está suportando o dólar". Ao longo da palestra, Maria da Conceição Tavares fez uma análise histórica da crise e pontuou paralelos com outras precedentes. Pode se desenhar um mundo multipolarizado.
- Eu acho que esta crise é mais parecida com a de 1890. Quem investiu muito mais rápido e passou a ter muito mais poder depois da perda do poder econômico do mundo pelos ingleses? Os americanos, os alemães... É claro, os que eram potências. E hoje está acontecendo a mesma coisa. O que vai acontecer no mundo? Os chineses, os hindus... Lógico, todo mundo quebrando, "vamos poder crescer um pouquinho..."
Estamos caminhando para uma multipolaridade.
"KEYNESIANOS DE BOCA"
Na visão da economista, quem leva a pior, no momento, é o Leste Europeu. "Eles é que estão levando porrada. O pau canta dos dois lados (no Ocidente e na Rússia)." E faz uma radiografia dos convertidos, repentinamente, ao keynesianismo (de John Maynard Keynes, economista britânico, defensor do papel regulatório do Estado).
- Entre os que estão corrigindo, os que têm poder pra corrigir a situação, não houve uma troca de cabeças... Agora, eles são keynesianos de boca, e não só de boca, de interesse.
Conceição vê barreiras para "uma reformulação, uma refundação do capitalismo". Nesse debate, sente-se obrigada a rever uma antiga resistência ao presidente da França, Nicolas Sarkozy.
- Paradoxalmente, o mais à direita, que é o (Nicolas) Sarkozy, prega isso. Quando Sarkozy ganhou as eleições, eu odiava o Sarkozy. Um fascistão! Mas a verdade é que ele está nessa (de defender uma refundação). O que não é tão espantoso porque os partidos de centro defendem a intervenção do Estado. Em relação à crise (de 30), quem entrou com o Estado? Os nazistas e os fascistas. Não há tanta contradição. Os fascistas autoritários não têm nada contra o Estado intervencionista.
Segundo a professora, a atual crise não é mais complexa porque desregularam o mercado financeiro. Há outros tipos de complexidades na jogatina.
- Desregular, eles desregularam no século 19. Não é só por isso. É porque eles inventaram uma porrada de inovações que contaminam tudo. Esses derivativos de crédito, de câmbio...Tudo que se possa imaginar. Como isso contagia o sistema inteiro, nós temos que ser mais cuidadosos. Todos estão metidos.
Confira outros momentos da palestra de Maria da Conceição Tavares:
PETROBRAS E PAC
"A Petrobras não vai parar de investir. Ela pode dizer que não vai investir no pré-sal, de imediato; esperar um pouco pra ver o que vai dar o preço internacional. Mas os programas que já estavam postos não vão parar. O mesmo é a Eletrobras. E, dessa vez, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) vai ser pra valer, não tem brincadeira.
Agora é pau no lombo e superávit primário caindo. Sendo assim, a expectativa é que a gente não passe uma recessão. No ano que vem, uma recessão é praticamente impossível. Basta crescer um ponto, um ponto e meio, pra chegar a três, três e meio, que é mais ou menos o que o Fundo Monetário espera de todo mundo. Dos malucos, não, mas eu também não vou levar a sério malucos."
PROJETO PARA O BRASIL
"No meio dessa crise, era bom começarmos a pensar a sério, a sério não mais apenas na conjuntura, mas num projeto pro Brasil que não está nem de longe construído. Nem pela esquerda, que dirá pela centro-esquerda. Porque se nós não tivermos alguma... acho que há apenas um consenso, que a direita também aderiu: não se deve matar por fome os pobres. Parece que isso a direita encampou. Não há consenso nenhum sequer sobre o salário mínimo. Porque vem com o papo do déficit da previdência. Não há nenhum consenso sobre as reformas."
REFORMAS NEOLIBERAIS
"Fracassou o neoliberalismo, sim. Mas as reformas que estão em pauta são todas neoliberais. Essa reforma fiscal que foi enviada ao Congresso é uma reforma neoliberal.
Já assinei manifesto, eu e todo mundo que é medianamente interessado no assunto.
Porque ela é neoliberal. Ninguém aqui é pelo neoliberalismo, o que significa que ninguém acredita mais que o mercado se auto-regule.
Todo mundo agora é a favor da intervenção do Estado, para que o Estado salve. Agora, reformas. Continuam neoliberais. Não ouvi ninguém... Eu não conheço nenhum keynesiano no mundo que tenha proposto reformas neoliberais. E, no entanto, é óbvio que o capitalismo vai ter que se reformar. Não adianta dizer: "Vou refundar." Não adianta refundar. Já fizemos refundações. Mas não é essa questão. Tem que reformar."
DESEMPREGO É O MENOR PARA SETEMBRO DESDE 98, APONTA SEADE
Li no blog “Por um novo Brasil” o seguinte artigo postado por Jussara Seixas. Originalmente, o texto foi produzido e publicado ontem no jornal “O Estado de São Paulo”:
Taxa atinge 14,1% nas seis regiões abrangidas pela pesquisa, queda de 0,4 ponto na comparação com agosto
SÃO PAULO - O desemprego nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pela Fundação Seade, em convênio com o Dieese, atingiu 14,1% em setembro, a menor taxa para o mês desde 1998. A pesquisa foi realizada nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal. Em agosto, a taxa havia sido de 14,5%.
O total de desempregados foi estimado em 2,839 milhões de pessoas. O nível de ocupação subiu 0,8% em setembro em relação a agosto e aumentou 5,6% em comparação a setembro de 2007. O movimento da taxa resultou de reduções na maioria das regiões pesquisadas: Recife e São Paulo e, em menor medida, Belo Horizonte e Salvador. Em Porto Alegre e no Distrito Federal essa taxa manteve-se relativamente estável.
O rendimento médio real dos ocupados nas seis regiões metropolitanas registrou um incremento de 1% em agosto ante julho e passou a R$ 1.171,00. Em comparação a agosto de 2007, ocorreu uma elevação de 4,8%. A massa do rendimento dos ocupados apresentou aumento de 1,6% em agosto ante julho e subiu 10% em comparação a agosto de 2007.
Considerando somente a região metropolitana de São Paulo, o desemprego atingiu 13,5% em setembro, a menor taxa para o mês desde 1996. O total de desempregados no mês passado atingiu o número de 1,425 milhão de pessoas nessa região, abaixo do nível de 1,476 milhão registrado em agosto.
De acordo com a PED, o rendimento médio real dos ocupados em São Paulo subiu 1,6% em agosto ante julho deste ano, de R$ 1.197,00 para R$ 1.216,00. Ao comparar o resultado com o resultado de R$ 1.183,00, em agosto do ano passado, o rendimento médio aumentou 2,7%.
A massa de rendimento dos ocupados, que é o resultado da multiplicação do valor dos rendimentos e nível de ocupação, aumentou 1,6% em agosto em relação a julho. Em comparação a agosto de 2007, a massa de rendimento dos ocupados subiu 6,7%.
O nível de ocupação registrou elevação de 0,7% em setembro em comparação a agosto.
Em relação a setembro do ano passado, o nível de ocupação aumentou 5,45%. “
Taxa atinge 14,1% nas seis regiões abrangidas pela pesquisa, queda de 0,4 ponto na comparação com agosto
SÃO PAULO - O desemprego nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pela Fundação Seade, em convênio com o Dieese, atingiu 14,1% em setembro, a menor taxa para o mês desde 1998. A pesquisa foi realizada nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal. Em agosto, a taxa havia sido de 14,5%.
O total de desempregados foi estimado em 2,839 milhões de pessoas. O nível de ocupação subiu 0,8% em setembro em relação a agosto e aumentou 5,6% em comparação a setembro de 2007. O movimento da taxa resultou de reduções na maioria das regiões pesquisadas: Recife e São Paulo e, em menor medida, Belo Horizonte e Salvador. Em Porto Alegre e no Distrito Federal essa taxa manteve-se relativamente estável.
O rendimento médio real dos ocupados nas seis regiões metropolitanas registrou um incremento de 1% em agosto ante julho e passou a R$ 1.171,00. Em comparação a agosto de 2007, ocorreu uma elevação de 4,8%. A massa do rendimento dos ocupados apresentou aumento de 1,6% em agosto ante julho e subiu 10% em comparação a agosto de 2007.
Considerando somente a região metropolitana de São Paulo, o desemprego atingiu 13,5% em setembro, a menor taxa para o mês desde 1996. O total de desempregados no mês passado atingiu o número de 1,425 milhão de pessoas nessa região, abaixo do nível de 1,476 milhão registrado em agosto.
De acordo com a PED, o rendimento médio real dos ocupados em São Paulo subiu 1,6% em agosto ante julho deste ano, de R$ 1.197,00 para R$ 1.216,00. Ao comparar o resultado com o resultado de R$ 1.183,00, em agosto do ano passado, o rendimento médio aumentou 2,7%.
A massa de rendimento dos ocupados, que é o resultado da multiplicação do valor dos rendimentos e nível de ocupação, aumentou 1,6% em agosto em relação a julho. Em comparação a agosto de 2007, a massa de rendimento dos ocupados subiu 6,7%.
O nível de ocupação registrou elevação de 0,7% em setembro em comparação a agosto.
Em relação a setembro do ano passado, o nível de ocupação aumentou 5,45%. “
A DIMENSÃO POLÍTICA DA CRISE
No blog “Grupo Beatrice”, li ontem o seguinte artigo de Rui Falcão, advogado e jornalista, deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores. Foi deputado federal, presidente do PT e secretário de governo na gestão no governo Marta Suplicy.
“Em artigo publicado pela Folha de S. Paulo (24/10/2008), Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex-secretário geral da Unctad, observa, a propósito da crise financeira, que “as análises falam de tudo, menos de moral e de política. Dão a impressão de que o problema se limita a aspectos técnicos, sem vinculação com os valores éticos e independentes das relações de poder”.
De fato, não há como compreender o colapso sem remontar à mudança na correlação de forças na sociedade, ao longo das décadas de 1970, 1980 e 1990, entre grupos e classes dentro de cada país e entre estes e atores externos, mudança que acabou por conferir uma nova expressão institucional ao Estado. É dizer que a transferência de ativos e de capacidades de decisão do Estado para a iniciativa privada, a eliminação dos controles, a desregulamentação do trabalho, o desmantelamento da rede de proteção social, a contração do gasto público em políticas sociais, a redução de impostos sobre os ricos, a preeminência conferida à economia fictícia (financeira) sobre a economia real (da produção) – tudo isso se constitui em expressão de uma determinada modalidade de organização da vida econômica - agora em frangalhos geotectônicos -, somente compreensível à luz de uma nova relação entre Estado e mercado, resultante de um novo sistema de poder associado a ela.
Aí está a dimensão política da crise, de que fala Ricupero. Sem ela, não é possível compreender como nos Estados Unidos, por exemplo, a participação do setor financeiro no total dos lucros corporativos tenha saltado de 10% em 1980 para 40% em 2006, apesar de gerar apenas 5% dos empregos, enquanto a participação dos salários na renda nacional declinava. “Não se avança sobre quase metade dos lucros da economia sem contar com a cumplicidade do sistema político. A mudança de poder que abriu o caminho à hegemonia financeira foi, nesse período, a ‘revolução’ neoconservadora de Reagan e de Thatcher...”, acrescenta.
A nova configuração na distribuição e apropriação do excedente social somente se tornou possível mediante as profundas mudanças promovidas nas relações de poder na sociedade, e disso ela é expressão. O redesenho e o controle da rede institucional do Estado, que daí resultaram, postos a serviço do capital financeiro, expressam o que vem a ser o poder político em termos singelos – a capacidade de convencer ou obrigar os outros a fazer algo que não estava em sua intenção fazer, ou abster-se de algo que gostariam de fazer.
Isso se torna possível quando se concentram e mobilizam recursos de natureza variada, incluídos os de caráter econômico. Como resultado da mudança na distribuição e no uso dos recursos, mudam as relações entre indivíduos e grupos sociais, assim como mudam a sua posição relativa na hierarquia, a sua capacidade de ação e de imposição de objetivos e metas.
Eis a grande reestruturação, agora à beira do colapso, que gerou ganhadores e perdedores. Estes são fáceis de identificar na configuração política que resultou da redistribuição dos recursos em termos de eqüidade social e de poder sobre a máquina do Estado.
Em primeiro lugar, o maior peso atribuído ao mercado pelos reformadores neoliberais implicou transferência de poder, das instituições do Estado para os atores que dele se apropriaram, com vistas a impedir que a sociedade, por mediação do Estado, lhes impusesse cobro no exercício da liberdade individual, concebida pelos neoconservadores como incompatível com toda e qualquer modalidade de controle e responsabilidade social – selvageria ideológica travestida de “empreendedorismo”, “capacidade de iniciativa”, “criatividade”, “inovação”.
Em segundo lugar, como resultado da preeminência dos interesses do mercado sobre a sociedade e o Estado, enfraqueceram-se os mecanismos de negociação, de organização e de mobilização dos movimentos sociais, já debilitados politicamente pela crise do desemprego e da estagnação econômica, que se agravava desde a segunda metade da década de 1970.
Além de propiciar o aumento da concentração da renda e a distribuição desigual dos custos e benefícios das políticas de recomposição das finanças públicas, o debilitamento do controle social sobre o Estado, em favor das elites neoconservadoras, provocou o esvaziamento das políticas sociais, que até então haviam caracterizado e legitimado a gestão pública, ainda que de eficácia incerta.
O discurso neoconservador, que passou a inculpar o Estado de Bem-Estar social pelos excessos distributivos do Estado - o mesmo Estado que durante 30 anos havia assegurado a estabilidade e o crescimento econômico revigorado por políticas sociais -, alcançou notável aceitação, graças à cooptação dos grandes meios de comunicação, em especial no caso do Brasil. Uma vez derrubado o muro de Berlim, os direitos sociais e a organização do trabalho, anteriormente brandidos como apanágio do mundo livre, passaram a ser estigmatizados em nome da democracia, da eficácia econômica e do livre mercado.
Na estratégia dos reformadores, o papel do Estado deveria restringir-se ao nível mínimo de provisão de bens públicos, estes interpretados em sentido restritivo. E, para desmantelar os instrumentos de intervenção, que haviam servido ao Estado de Bem-Estar, foi necessária uma prévia concentração de poderes decisórios em seu aparato institucional, imprescindível para impor a desregulamentação, a abertura e a entrega de funções essenciais do Estado à iniciativa privada; vencer as resistências democráticas em defesa do diálogo e da negociação e alterar o equilíbrio preexistente.
Para tanto, impunha-se a retração da gestão pública no terreno da economia e das políticas sociais, para confiar a execução da justiça distributiva à mão invisível do mercado. Somente assim, a mão neoconservadora pôde exercitar-se, depois de ter imposto a sua hegemonia no controle do Estado e de se ter apropriado de suas funções coercitivas, para a realização dos novos objetivos anti-sociais. De então em diante, caberia ao mercado, de modo excludente, na sua suposta condição soberana de matriz da riqueza, da eficiência e da justiça, promover a alocação dos recursos, distribuir bens, serviços e rendas e remunerar empenhos e engenhos.
A manifestação mais freqüente da ampliação da soberania estatal sob domínio neoliberal – ou seja, da ampliação da capacidade do Estado de impor decisões com autoridade suprema sobre a população e o território – foi a concentração do poder no âmbito do governo central, em especial o Poder Executivo, que passou a absorver prerrogativas do Parlamento, legislar por instrumentos de exceção ou de emergência, e dos tribunais. Truculência quando necessário – é o que exigia o teor anti-social das reformas.
Não se pode esquecer de que, entre outros botins, estava em jogo a disputa pela apropriação e controle de ingentes fundos sociais, como as contribuições dos sistemas de pensões e aposentadorias, sob gestão estatal. Por isso, os promotores das reformas, ao mesmo tempo em que festejavam a falência do totalitarismo soviético, lançavam mão de recursos extremos de concentração de poder.
Assim é que, enquanto na Argentina o presidente Carlos Menem recorria a medidas de exceção, como decretos de emergência, para entregar os fundos públicos da previdência à iniciativa privada, no Chile o general Augusto Pinochet, ao suspender os direitos democráticos e impor uma ditadura sangrenta, promovia a privatização radical do sistema previdenciário, cujo controle confiou às finanças internacionais.
A previdência social brasileira teria tido o mesmo destino, não fossem os movimentos sociais a barrar o intento do governo FHC de privatizá-la, motivo por que a reforma, entre nós, limitou-se a restaurar as finanças públicas sem que a mão do mercado pudesse apropriar-se da poupança dos trabalhadores, como prescreviam, a mando das finanças globais, o FMI e o Banco Mundial.
A diferença na qualidade dos resultados referentes às reformas da previdência colhem-se agora, no calor da crise financeira atual. A variação dos impactos da crise sobre o sistema previdenciário dos países da América Latina, entre outros, reflete a variação na capacidade de luta dos trabalhadores de cada um deles na defesa de seus interesses contra a voracidade neoliberal dos governantes associados à “mão invisível”. Assim, por exemplo, as perdas no valor dos fundos de aposentadoria chilenos, sob controle das finanças internacionais, que haviam atingido 25% em setembro, estão na iminência de ultrapassar 40% em outubro, enquanto na Argentina as perdas atingiram mais de 40%, o que levou o governo Kirchner a reestatizá-lo. Para não falar da Islândia, país modelo das reformas neolilberais, onde as perdas dos aposentados já ultrapassam 70%. Já no Brasil, graças à resistência dos trabalhadores contra as investidas privatizantes de FHC, as perdas são nulas.
A crise financeira, como lembra Ricupero, é de natureza política, gera ganhadores e perdedores e convida a uma nova distribuição de poder, que queremos menos desigual e mais eqüitativa, como condição para a estabilidade econômica, a expansão do emprego e o fortalecimento da democracia. Isso somente se assegura mediante a vigilância e a defesa da sociedade organizada contra as ameaças recorrentes de retorno dos neoliberais ao poder”.
“Em artigo publicado pela Folha de S. Paulo (24/10/2008), Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex-secretário geral da Unctad, observa, a propósito da crise financeira, que “as análises falam de tudo, menos de moral e de política. Dão a impressão de que o problema se limita a aspectos técnicos, sem vinculação com os valores éticos e independentes das relações de poder”.
De fato, não há como compreender o colapso sem remontar à mudança na correlação de forças na sociedade, ao longo das décadas de 1970, 1980 e 1990, entre grupos e classes dentro de cada país e entre estes e atores externos, mudança que acabou por conferir uma nova expressão institucional ao Estado. É dizer que a transferência de ativos e de capacidades de decisão do Estado para a iniciativa privada, a eliminação dos controles, a desregulamentação do trabalho, o desmantelamento da rede de proteção social, a contração do gasto público em políticas sociais, a redução de impostos sobre os ricos, a preeminência conferida à economia fictícia (financeira) sobre a economia real (da produção) – tudo isso se constitui em expressão de uma determinada modalidade de organização da vida econômica - agora em frangalhos geotectônicos -, somente compreensível à luz de uma nova relação entre Estado e mercado, resultante de um novo sistema de poder associado a ela.
Aí está a dimensão política da crise, de que fala Ricupero. Sem ela, não é possível compreender como nos Estados Unidos, por exemplo, a participação do setor financeiro no total dos lucros corporativos tenha saltado de 10% em 1980 para 40% em 2006, apesar de gerar apenas 5% dos empregos, enquanto a participação dos salários na renda nacional declinava. “Não se avança sobre quase metade dos lucros da economia sem contar com a cumplicidade do sistema político. A mudança de poder que abriu o caminho à hegemonia financeira foi, nesse período, a ‘revolução’ neoconservadora de Reagan e de Thatcher...”, acrescenta.
A nova configuração na distribuição e apropriação do excedente social somente se tornou possível mediante as profundas mudanças promovidas nas relações de poder na sociedade, e disso ela é expressão. O redesenho e o controle da rede institucional do Estado, que daí resultaram, postos a serviço do capital financeiro, expressam o que vem a ser o poder político em termos singelos – a capacidade de convencer ou obrigar os outros a fazer algo que não estava em sua intenção fazer, ou abster-se de algo que gostariam de fazer.
Isso se torna possível quando se concentram e mobilizam recursos de natureza variada, incluídos os de caráter econômico. Como resultado da mudança na distribuição e no uso dos recursos, mudam as relações entre indivíduos e grupos sociais, assim como mudam a sua posição relativa na hierarquia, a sua capacidade de ação e de imposição de objetivos e metas.
Eis a grande reestruturação, agora à beira do colapso, que gerou ganhadores e perdedores. Estes são fáceis de identificar na configuração política que resultou da redistribuição dos recursos em termos de eqüidade social e de poder sobre a máquina do Estado.
Em primeiro lugar, o maior peso atribuído ao mercado pelos reformadores neoliberais implicou transferência de poder, das instituições do Estado para os atores que dele se apropriaram, com vistas a impedir que a sociedade, por mediação do Estado, lhes impusesse cobro no exercício da liberdade individual, concebida pelos neoconservadores como incompatível com toda e qualquer modalidade de controle e responsabilidade social – selvageria ideológica travestida de “empreendedorismo”, “capacidade de iniciativa”, “criatividade”, “inovação”.
Em segundo lugar, como resultado da preeminência dos interesses do mercado sobre a sociedade e o Estado, enfraqueceram-se os mecanismos de negociação, de organização e de mobilização dos movimentos sociais, já debilitados politicamente pela crise do desemprego e da estagnação econômica, que se agravava desde a segunda metade da década de 1970.
Além de propiciar o aumento da concentração da renda e a distribuição desigual dos custos e benefícios das políticas de recomposição das finanças públicas, o debilitamento do controle social sobre o Estado, em favor das elites neoconservadoras, provocou o esvaziamento das políticas sociais, que até então haviam caracterizado e legitimado a gestão pública, ainda que de eficácia incerta.
O discurso neoconservador, que passou a inculpar o Estado de Bem-Estar social pelos excessos distributivos do Estado - o mesmo Estado que durante 30 anos havia assegurado a estabilidade e o crescimento econômico revigorado por políticas sociais -, alcançou notável aceitação, graças à cooptação dos grandes meios de comunicação, em especial no caso do Brasil. Uma vez derrubado o muro de Berlim, os direitos sociais e a organização do trabalho, anteriormente brandidos como apanágio do mundo livre, passaram a ser estigmatizados em nome da democracia, da eficácia econômica e do livre mercado.
Na estratégia dos reformadores, o papel do Estado deveria restringir-se ao nível mínimo de provisão de bens públicos, estes interpretados em sentido restritivo. E, para desmantelar os instrumentos de intervenção, que haviam servido ao Estado de Bem-Estar, foi necessária uma prévia concentração de poderes decisórios em seu aparato institucional, imprescindível para impor a desregulamentação, a abertura e a entrega de funções essenciais do Estado à iniciativa privada; vencer as resistências democráticas em defesa do diálogo e da negociação e alterar o equilíbrio preexistente.
Para tanto, impunha-se a retração da gestão pública no terreno da economia e das políticas sociais, para confiar a execução da justiça distributiva à mão invisível do mercado. Somente assim, a mão neoconservadora pôde exercitar-se, depois de ter imposto a sua hegemonia no controle do Estado e de se ter apropriado de suas funções coercitivas, para a realização dos novos objetivos anti-sociais. De então em diante, caberia ao mercado, de modo excludente, na sua suposta condição soberana de matriz da riqueza, da eficiência e da justiça, promover a alocação dos recursos, distribuir bens, serviços e rendas e remunerar empenhos e engenhos.
A manifestação mais freqüente da ampliação da soberania estatal sob domínio neoliberal – ou seja, da ampliação da capacidade do Estado de impor decisões com autoridade suprema sobre a população e o território – foi a concentração do poder no âmbito do governo central, em especial o Poder Executivo, que passou a absorver prerrogativas do Parlamento, legislar por instrumentos de exceção ou de emergência, e dos tribunais. Truculência quando necessário – é o que exigia o teor anti-social das reformas.
Não se pode esquecer de que, entre outros botins, estava em jogo a disputa pela apropriação e controle de ingentes fundos sociais, como as contribuições dos sistemas de pensões e aposentadorias, sob gestão estatal. Por isso, os promotores das reformas, ao mesmo tempo em que festejavam a falência do totalitarismo soviético, lançavam mão de recursos extremos de concentração de poder.
Assim é que, enquanto na Argentina o presidente Carlos Menem recorria a medidas de exceção, como decretos de emergência, para entregar os fundos públicos da previdência à iniciativa privada, no Chile o general Augusto Pinochet, ao suspender os direitos democráticos e impor uma ditadura sangrenta, promovia a privatização radical do sistema previdenciário, cujo controle confiou às finanças internacionais.
A previdência social brasileira teria tido o mesmo destino, não fossem os movimentos sociais a barrar o intento do governo FHC de privatizá-la, motivo por que a reforma, entre nós, limitou-se a restaurar as finanças públicas sem que a mão do mercado pudesse apropriar-se da poupança dos trabalhadores, como prescreviam, a mando das finanças globais, o FMI e o Banco Mundial.
A diferença na qualidade dos resultados referentes às reformas da previdência colhem-se agora, no calor da crise financeira atual. A variação dos impactos da crise sobre o sistema previdenciário dos países da América Latina, entre outros, reflete a variação na capacidade de luta dos trabalhadores de cada um deles na defesa de seus interesses contra a voracidade neoliberal dos governantes associados à “mão invisível”. Assim, por exemplo, as perdas no valor dos fundos de aposentadoria chilenos, sob controle das finanças internacionais, que haviam atingido 25% em setembro, estão na iminência de ultrapassar 40% em outubro, enquanto na Argentina as perdas atingiram mais de 40%, o que levou o governo Kirchner a reestatizá-lo. Para não falar da Islândia, país modelo das reformas neolilberais, onde as perdas dos aposentados já ultrapassam 70%. Já no Brasil, graças à resistência dos trabalhadores contra as investidas privatizantes de FHC, as perdas são nulas.
A crise financeira, como lembra Ricupero, é de natureza política, gera ganhadores e perdedores e convida a uma nova distribuição de poder, que queremos menos desigual e mais eqüitativa, como condição para a estabilidade econômica, a expansão do emprego e o fortalecimento da democracia. Isso somente se assegura mediante a vigilância e a defesa da sociedade organizada contra as ameaças recorrentes de retorno dos neoliberais ao poder”.
LULA DEFENDE PAPEL DO ESTADO COMO REGULADOR DO SISTEMA FINANCEIRO
O site “Carta Maior” ontem postou o seguinte artigo de Luciana Lima, da Agência Brasil:
"O sistema financeiro tem obrigação de ganhar o seu dinheiro em coisas que gerarão empregos, produtos, riqueza. Não podemos permitir que o sistema financeiro mundial brinque com a sociedade.
Não podemos admitir que alguém fique rico apenas trocando papéis e poucas vezes se gerou um paletó, uma bota e um alfinete", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da 9ª Cúpula Brasil-Portugal, em Salvador.
SALVADOR - “Chegou a hora da política”, disse ontem (28) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao defender o papel do Estado como regulador do sistema financeiro.
Falando na 9ª Cúpula Brasil-Portugal, em Salvador, Lula se colocou contrário aos que defendiam o liberalismo econômico sem a interferência do poder público.
“Teve uma época, por muito tempo, em que os políticos andaram de cabeça baixa diante do neoliberalismo. O que estou defendendo não é o Estado se intrometer na economia, mas é o Estado que tenha força política para regular o sistema financeiro”, disse o presidente no pronunciamento que fez, ao lado do primeiro-ministro de Portugal, José Socrates.
“Fomos eleitos, assumimos compromissos com o povo, e o Estado, diante da crise mundial, volta a ter papel extraordinário, porque todas essas instituições que negaram o papel do Estado na hora da crise procuram o Estado para socorrê-las da crise que elas mesmo criaram”, afirmou Lula.
O presidente também voltou a criticar as empresas que especularam e tiveram prejuízos com a crise mundial.
“As empresas brasileiras têm grandes investimentos, rodovias, ferrovias, siderurgia, portos, agricultura. Trabalhamos honestamente por seis anos para por a economia num padrão respeitável no Brasil inteiro. É por isso que juntamos US$ 207 bilhões em reservas. É por isso que fizemos ajustes fiscais.
Entretanto, por que estamos vivendo sinais da crise? É porque alguns setores resolveram investir em derivativos, fazer um cassino.
Portanto quem foi para a jogatina perdeu. Portanto, ninguém tinha o direito de tentar, diria de forma ilícita, mais que aquilo que o próprio sistema produtivo oferecia ao país”, disse o presidente
Lula enfatizou que os setores da economia devem concentrar seus esforços em ganhar dinheiro com a produtividade. “O sistema financeiro tem obrigação de ganhar o seu dinheiro em coisas que gerarão empregos, produtos, riqueza. Não podemos permitir que o sistema financeiro mundial brinque com a sociedade.
Não podemos admitir que alguém fique rico apenas trocando papéis e poucas vezes se gerou um paletó, uma bota e um alfinete”.
O primeiro-ministro de Portugal, José Socrates, apoiou a colocação do presidente Lula e disse que em Portugal a ação do governo foi a mesma tomada no Brasil, com o objetivo de minimizar os efeitos da crise na economia interna: a de dar mais liquidez aos bancos.
“Concordo com o presidente Lula quando ele diz que chegou a vez da política.
Esse é um momento decisivo e Portugal e Brasil querem ação, não inação, fingir que nada aconteceu”, afirmou o chefe de Estado de Portugal, ao se referir às ações para o combate à crise econômica.
Para Socrates, a crise mundial funcionou como um divisor de águas. Ele ressaltou que não se trata de uma crise cíclica e sim de uma crise grave, “que acontece apenas uma vez na vida de cada pessoa”.
“Existe um antes e um depois da crise mundial. Antes, existia um pensamento único de que qualquer intervenção do Estado seria de forma burocrática, com finalidade de aumentar imposto. Hoje há o entendimento de que é necessária a ação da política para construir essa nova ordem mundial econômica de uma globalização mais justa”, ressaltou.
Lula e Socrates também se uniram na defesa do fortalecimento da União Européia e do Mercosul. “Se não estivéssemos na zona do euro eu não sei que seria de Portugal”, disse Socrates.”
"O sistema financeiro tem obrigação de ganhar o seu dinheiro em coisas que gerarão empregos, produtos, riqueza. Não podemos permitir que o sistema financeiro mundial brinque com a sociedade.
Não podemos admitir que alguém fique rico apenas trocando papéis e poucas vezes se gerou um paletó, uma bota e um alfinete", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da 9ª Cúpula Brasil-Portugal, em Salvador.
SALVADOR - “Chegou a hora da política”, disse ontem (28) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao defender o papel do Estado como regulador do sistema financeiro.
Falando na 9ª Cúpula Brasil-Portugal, em Salvador, Lula se colocou contrário aos que defendiam o liberalismo econômico sem a interferência do poder público.
“Teve uma época, por muito tempo, em que os políticos andaram de cabeça baixa diante do neoliberalismo. O que estou defendendo não é o Estado se intrometer na economia, mas é o Estado que tenha força política para regular o sistema financeiro”, disse o presidente no pronunciamento que fez, ao lado do primeiro-ministro de Portugal, José Socrates.
“Fomos eleitos, assumimos compromissos com o povo, e o Estado, diante da crise mundial, volta a ter papel extraordinário, porque todas essas instituições que negaram o papel do Estado na hora da crise procuram o Estado para socorrê-las da crise que elas mesmo criaram”, afirmou Lula.
O presidente também voltou a criticar as empresas que especularam e tiveram prejuízos com a crise mundial.
“As empresas brasileiras têm grandes investimentos, rodovias, ferrovias, siderurgia, portos, agricultura. Trabalhamos honestamente por seis anos para por a economia num padrão respeitável no Brasil inteiro. É por isso que juntamos US$ 207 bilhões em reservas. É por isso que fizemos ajustes fiscais.
Entretanto, por que estamos vivendo sinais da crise? É porque alguns setores resolveram investir em derivativos, fazer um cassino.
Portanto quem foi para a jogatina perdeu. Portanto, ninguém tinha o direito de tentar, diria de forma ilícita, mais que aquilo que o próprio sistema produtivo oferecia ao país”, disse o presidente
Lula enfatizou que os setores da economia devem concentrar seus esforços em ganhar dinheiro com a produtividade. “O sistema financeiro tem obrigação de ganhar o seu dinheiro em coisas que gerarão empregos, produtos, riqueza. Não podemos permitir que o sistema financeiro mundial brinque com a sociedade.
Não podemos admitir que alguém fique rico apenas trocando papéis e poucas vezes se gerou um paletó, uma bota e um alfinete”.
O primeiro-ministro de Portugal, José Socrates, apoiou a colocação do presidente Lula e disse que em Portugal a ação do governo foi a mesma tomada no Brasil, com o objetivo de minimizar os efeitos da crise na economia interna: a de dar mais liquidez aos bancos.
“Concordo com o presidente Lula quando ele diz que chegou a vez da política.
Esse é um momento decisivo e Portugal e Brasil querem ação, não inação, fingir que nada aconteceu”, afirmou o chefe de Estado de Portugal, ao se referir às ações para o combate à crise econômica.
Para Socrates, a crise mundial funcionou como um divisor de águas. Ele ressaltou que não se trata de uma crise cíclica e sim de uma crise grave, “que acontece apenas uma vez na vida de cada pessoa”.
“Existe um antes e um depois da crise mundial. Antes, existia um pensamento único de que qualquer intervenção do Estado seria de forma burocrática, com finalidade de aumentar imposto. Hoje há o entendimento de que é necessária a ação da política para construir essa nova ordem mundial econômica de uma globalização mais justa”, ressaltou.
Lula e Socrates também se uniram na defesa do fortalecimento da União Européia e do Mercosul. “Se não estivéssemos na zona do euro eu não sei que seria de Portugal”, disse Socrates.”
AINDA O CASO VEJA-MENDES
Li ontem os seguintes artigos no blog de Luis Nassif:
“Um pouco tarde, mas vou opinar sobre o tema, considerando o acirramento da controvérsia.
A questão toda está no "timing" dos acontecimentos. Gilmar é estrela de Veja há várias edições, desde que se começou a impostura do "Estado Policial". O Ministro serve à veja capas e declarações bombásticas. Ganha dela a repercussão positiva de seus atos e o silêncio sobre as graves denúncias de a) exercício de administração empresária por magistrado; b) favorecimento em contratos sem licitação com órgãos públicos.
Mendes reuniu-se comprovadamente com a direção da editora Abril no auge dos acontecimentos da Satiagraha, na condição de presidente do STF e sabendo que há pelo menos colunistas da revista suspeitos de envolvimento com Dantas. E agora esse anúncio de alto valor do instituto do Supremo Presidente na Veja.
Sinceramente, é demais”.
SUPREMO ANULA LIMINAR DE MENDES QUE LIBERTOU EX-SENADOR ACUSADO DE FRAUDE
Texto elaborado por Tomás Rosa Bueno (li no blog de Luis Nassif):
O ex-senador Mario Calixto Filho (PMDB-RO) deverá retornar à prisão. A 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) revogou, nesta terça-feira (28/10), liminar que havia libertado o ex-parlamentar, acusado pela Operação Titanic, da Polícia Federal, de participar de um esquema de importação fraudulenta de produtos de luxo, em que teria cometido tráfico de influência para conseguir benefícios.
Após ficar 95 dias preso preventivamente, Calixto conseguiu um habeas corpus com o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo, durante o recesso forense. No entanto, a relatora do caso, a ministra Ellen Gracie, entendeu que houve equívoco na concessão da liminar, pois a jurisprudência do STF impede que se analise habeas corpus sobre decisão de ministro de tribunal superior (Súmula 691).”
“Um pouco tarde, mas vou opinar sobre o tema, considerando o acirramento da controvérsia.
A questão toda está no "timing" dos acontecimentos. Gilmar é estrela de Veja há várias edições, desde que se começou a impostura do "Estado Policial". O Ministro serve à veja capas e declarações bombásticas. Ganha dela a repercussão positiva de seus atos e o silêncio sobre as graves denúncias de a) exercício de administração empresária por magistrado; b) favorecimento em contratos sem licitação com órgãos públicos.
Mendes reuniu-se comprovadamente com a direção da editora Abril no auge dos acontecimentos da Satiagraha, na condição de presidente do STF e sabendo que há pelo menos colunistas da revista suspeitos de envolvimento com Dantas. E agora esse anúncio de alto valor do instituto do Supremo Presidente na Veja.
Sinceramente, é demais”.
SUPREMO ANULA LIMINAR DE MENDES QUE LIBERTOU EX-SENADOR ACUSADO DE FRAUDE
Texto elaborado por Tomás Rosa Bueno (li no blog de Luis Nassif):
O ex-senador Mario Calixto Filho (PMDB-RO) deverá retornar à prisão. A 2ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) revogou, nesta terça-feira (28/10), liminar que havia libertado o ex-parlamentar, acusado pela Operação Titanic, da Polícia Federal, de participar de um esquema de importação fraudulenta de produtos de luxo, em que teria cometido tráfico de influência para conseguir benefícios.
Após ficar 95 dias preso preventivamente, Calixto conseguiu um habeas corpus com o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo, durante o recesso forense. No entanto, a relatora do caso, a ministra Ellen Gracie, entendeu que houve equívoco na concessão da liminar, pois a jurisprudência do STF impede que se analise habeas corpus sobre decisão de ministro de tribunal superior (Súmula 691).”
UNIÃO CONTRA MARTA VISA 2010
Li ontem no blog de Luis Favre o seguinte texto de Conrado Corsalette e Ranier Bragon, do jornal “O Estado de São Paulo”, sobre entrevista com o deputado estadual Rui Falcão (PT):
“RUI FALCÃO MINIMIZA REJEIÇÃO A EX-PREFEITA E AFIRMA QUE FORÇAS POLÍTICAS SE UNIRAM “TENTANDO PROVOCAR REFLEXOS NACIONAIS’
Coordenador critica mídia e o uso da máquina municipal e diz que campanha petista valorizou suas propostas a ponto de Kassab copiá-las.
O deputado estadual Rui Falcão (PT), 64, diz que Marta Suplicy foi derrotada no domingo não pela rejeição que enfrenta, mas pela “união de forças políticas” com vistas às eleições de 2010. Vice na chapa reeleitoral de Marta e secretário de Governo de sua gestão (2001-2004), Falcão foi um dos coordenadores desta campanha, mas diz fazer uma avaliação pessoal. Para ele, o uso da máquina, a mídia e a Justiça Eleitoral também contribuíram para a derrota.
FOLHA - POR QUE MARTA PERDEU?
RUI FALCÃO - Duas grandes lideranças foram derrubadas nesta eleição: Marta e Geraldo Alckmin. O governador José Serra também, pois apoiou Alckmin.
FOLHA - SÓ FORMALMENTE.
FALCÃO - Ele gravou na TV, disse que apoiava o candidato do seu partido, o PSDB, então nós temos de acreditar na palavra dele. O aspecto principal é que houve, nacionalmente, a tendência de continuidade administrativa. A política econômica do governo Lula fez parte dos municípios reconduzirem seus prefeitos ao poder.
FOLHA - O MARKETING DA CAMPANHA DE MARTA ERROU?
FALCÃO - Não. Foi uma campanha competente, que valorizou propostas do PT. Elas foram explicitadas com clareza a tal ponto de Kassab copiá-las.
FOLHA - ENTÃO POR QUE MARTA PERDEU VOTOS EM RELAÇÃO A 2004?
FALCÃO - Se pegarmos a votação do primeiro turno, ganhamos em quase todos os lugares que tínhamos ganho na eleição passada. O que ocorreu agora é que se somaram as duas principais forças do outro lado, com votos de Maluf, contra Marta.
FOLHA - O PT TEM UMA REFLEXÃO SOBRE A REJEIÇÃO AO PARTIDO E A MARTA?
FALCÃO - O problema não é a rejeição. O que houve foi uma união de forças políticas para nos derrotar na cidade mais importante do país tentando provocar reflexos nacionais.
Acho que precisamos analisar o resultado, ver a própria inserção do PT na cidade. Falta uma compreensão maior da complexidade do eleitor paulistano.
FOLHA - PELA LÓGICA QUE O SR. APRESENTA, A DERROTA ERA INEVITÁVEL?
FALCÃO - Não. O que disse aqui foi que as forças poderosas se uniram contra nós, foram duas máquinas poderosas.
FOLHA - E A MÁQUINA FEDERAL?
FALCÃO - Não teve uso da máquina do governo federal em São Paulo. Teve uso da máquina municipal, que foi apontado várias vezes, nos episódios dos e-mails, na ação das subprefeituras, teve o peso do Estado com ações administrativas.
FOLHA - HÁ PREOCUPAÇÃO COM A PERDA DO ELEITORADO DA PERIFERIA?
FALCÃO - É preciso analisar todo o movimento eleitoral. Houve uma grande aliança para derrotar o PT. E houve um movimento de mídia, que foi favorável a Kassab. Isso, no caso da Folha, foi reconhecido pelo ombudsman do jornal. Houve diferença de tratamento da Justiça Eleitoral. São fatos reais e não interpretativos.
FOLHA - ATÉ AGORA O SR. NÃO CITOU UM ERRO DA CAMPANHA DE MARTA.
FALCÃO - [Longa pausa] Talvez ter subestimado a ação dos subprefeitos na eleição. Eles usaram bastante a máquina.
FOLHA - KASSAB FOI SUBESTIMADO?
FALCÃO - Nossas pesquisas indicavam que ele tinha potencial. O que não houve foi um esgarçamento tão grande da briga do Kassab com o Alckmin. Os projetos futuros fizeram as feridas se cicatrizarem rápido".
“RUI FALCÃO MINIMIZA REJEIÇÃO A EX-PREFEITA E AFIRMA QUE FORÇAS POLÍTICAS SE UNIRAM “TENTANDO PROVOCAR REFLEXOS NACIONAIS’
Coordenador critica mídia e o uso da máquina municipal e diz que campanha petista valorizou suas propostas a ponto de Kassab copiá-las.
O deputado estadual Rui Falcão (PT), 64, diz que Marta Suplicy foi derrotada no domingo não pela rejeição que enfrenta, mas pela “união de forças políticas” com vistas às eleições de 2010. Vice na chapa reeleitoral de Marta e secretário de Governo de sua gestão (2001-2004), Falcão foi um dos coordenadores desta campanha, mas diz fazer uma avaliação pessoal. Para ele, o uso da máquina, a mídia e a Justiça Eleitoral também contribuíram para a derrota.
FOLHA - POR QUE MARTA PERDEU?
RUI FALCÃO - Duas grandes lideranças foram derrubadas nesta eleição: Marta e Geraldo Alckmin. O governador José Serra também, pois apoiou Alckmin.
FOLHA - SÓ FORMALMENTE.
FALCÃO - Ele gravou na TV, disse que apoiava o candidato do seu partido, o PSDB, então nós temos de acreditar na palavra dele. O aspecto principal é que houve, nacionalmente, a tendência de continuidade administrativa. A política econômica do governo Lula fez parte dos municípios reconduzirem seus prefeitos ao poder.
FOLHA - O MARKETING DA CAMPANHA DE MARTA ERROU?
FALCÃO - Não. Foi uma campanha competente, que valorizou propostas do PT. Elas foram explicitadas com clareza a tal ponto de Kassab copiá-las.
FOLHA - ENTÃO POR QUE MARTA PERDEU VOTOS EM RELAÇÃO A 2004?
FALCÃO - Se pegarmos a votação do primeiro turno, ganhamos em quase todos os lugares que tínhamos ganho na eleição passada. O que ocorreu agora é que se somaram as duas principais forças do outro lado, com votos de Maluf, contra Marta.
FOLHA - O PT TEM UMA REFLEXÃO SOBRE A REJEIÇÃO AO PARTIDO E A MARTA?
FALCÃO - O problema não é a rejeição. O que houve foi uma união de forças políticas para nos derrotar na cidade mais importante do país tentando provocar reflexos nacionais.
Acho que precisamos analisar o resultado, ver a própria inserção do PT na cidade. Falta uma compreensão maior da complexidade do eleitor paulistano.
FOLHA - PELA LÓGICA QUE O SR. APRESENTA, A DERROTA ERA INEVITÁVEL?
FALCÃO - Não. O que disse aqui foi que as forças poderosas se uniram contra nós, foram duas máquinas poderosas.
FOLHA - E A MÁQUINA FEDERAL?
FALCÃO - Não teve uso da máquina do governo federal em São Paulo. Teve uso da máquina municipal, que foi apontado várias vezes, nos episódios dos e-mails, na ação das subprefeituras, teve o peso do Estado com ações administrativas.
FOLHA - HÁ PREOCUPAÇÃO COM A PERDA DO ELEITORADO DA PERIFERIA?
FALCÃO - É preciso analisar todo o movimento eleitoral. Houve uma grande aliança para derrotar o PT. E houve um movimento de mídia, que foi favorável a Kassab. Isso, no caso da Folha, foi reconhecido pelo ombudsman do jornal. Houve diferença de tratamento da Justiça Eleitoral. São fatos reais e não interpretativos.
FOLHA - ATÉ AGORA O SR. NÃO CITOU UM ERRO DA CAMPANHA DE MARTA.
FALCÃO - [Longa pausa] Talvez ter subestimado a ação dos subprefeitos na eleição. Eles usaram bastante a máquina.
FOLHA - KASSAB FOI SUBESTIMADO?
FALCÃO - Nossas pesquisas indicavam que ele tinha potencial. O que não houve foi um esgarçamento tão grande da briga do Kassab com o Alckmin. Os projetos futuros fizeram as feridas se cicatrizarem rápido".
COM LULA NO PODER, OPOSIÇÃO PERDE 910 PREFEITURAS
O blog de Luis Favre ontem postou o seguinte texto de Marcelo de Moraes, do jornal O Estado SP:
“DEM é partido mais ‘desidratado’ da era petista e deixou de controlar 532 municípios em relação a 2000, quando ainda se chamava PFL”
“O período de poder do presidente Luiz Inácio Lula da Silva representou uma desidratação municipal dos partidos de oposição. Em relação ao mapa eleitoral municipal de 2000, quando o tucano Fernando Henrique Cardoso ainda era o presidente, PSDB, DEM e PPS, atualmente as principais legendas da oposição, já encolheram em 910 prefeituras. A maior redução aconteceu com o DEM, que deve comandar a partir do próximo ano 532 cidades a menos do que fazia em 2000, quando ainda se chamava PFL.
Esses números apontam claramente a volatilidade da política nacional, onde grande parte dos políticos se alia automaticamente aos principais núcleos de poder do País, independentemente de ideologia.
Assim, o PMDB, que se manteve na base de sustentação do governo federal durante as gestões de Fernando Henrique e de Lula, conseguiu preservar nos últimos anos sua condição de partido com o maior número de prefeituras. Enquanto era aliado de Fernando Henrique em 2000, os peemedebistas conquistaram a gestão de 1.257 cidades.
Na eleição seguinte, em 2004, houve uma queda por conta da demora do partido em aderir completamente ao novo governo petista. O PMDB perdeu 200 prefeituras, mas mesmo assim ainda venceu em 1.057 cidades. Agora, completamente afinado com o governo Lula, o partido voltou a se fortalecer, com vitórias em 1.203 municípios.
DECLÍNIO
Para a oposição, ao contrário, o afastamento do Palácio do Planalto significou a redução de sua capilaridade municipal. Em 2000, quando ocupava a Vice-Presidência da República e era o segundo partido mais forte do governo Fernando Henrique, o então PFL ganhou em 1.028 cidades. Quatro anos depois, caiu para 790. Desde então, já com o nome novo e um discurso muito forte de oposição ao governo federal, a queda foi mais drástica ainda, com a vitória em apenas 496 cidades, embora tenha vencido em São Paulo - a maior de todas. Um desempenho pior, por exemplo, que o modesto e governista PP, que ganhou em 549 municípios.
O comando nacional do DEM atribui também essa queda à suposta cooptação feita pelo governo federal sobre os quadros do partido. Segundo o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), somente a adoção do princípio da fidelidade partidária - que puniu os infiéis com a perda de mandato - foi capaz de frear a sangria nos quadros do partido.
Entre os tucanos, a queda foi menos sensível até por conta dos importantes governos regionais controlados pelo partido, como São Paulo e Minas Gerais, e pela expectativa de poder para a sucessão presidencial de 2010. Afinal, o partido tem hoje nos governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves, dois nomes com grande potencial político para disputar a sucessão de Lula. Mesmo assim, os tucanos perderam 204 cidades desde 2000.
PPS
Menor dos três partidos de oposição, o PPS também sentiu na pele os efeitos de ser ou não aliado do governo. Em 2000, tinha 166 prefeituras. Embora tivesse candidato à Presidência em 2002, com Ciro Gomes, sua direção mantinha boa relação com o governo Fernando Henrique.
Com a vitória de Lula, o PPS se juntou à base aliada, ganhando o Ministério da Integração Nacional, entregue justamente a Ciro, e outros cargos importantes. Assim, saltou em 2004 para 306 prefeituras.
Mas o PPS rompeu com o governo nesse mesmo ano e Ciro acabou se mudando para o governista PSB. Na oposição, o PPS voltou a encolher, caindo agora para 132 prefeituras.”
“DEM é partido mais ‘desidratado’ da era petista e deixou de controlar 532 municípios em relação a 2000, quando ainda se chamava PFL”
“O período de poder do presidente Luiz Inácio Lula da Silva representou uma desidratação municipal dos partidos de oposição. Em relação ao mapa eleitoral municipal de 2000, quando o tucano Fernando Henrique Cardoso ainda era o presidente, PSDB, DEM e PPS, atualmente as principais legendas da oposição, já encolheram em 910 prefeituras. A maior redução aconteceu com o DEM, que deve comandar a partir do próximo ano 532 cidades a menos do que fazia em 2000, quando ainda se chamava PFL.
Esses números apontam claramente a volatilidade da política nacional, onde grande parte dos políticos se alia automaticamente aos principais núcleos de poder do País, independentemente de ideologia.
Assim, o PMDB, que se manteve na base de sustentação do governo federal durante as gestões de Fernando Henrique e de Lula, conseguiu preservar nos últimos anos sua condição de partido com o maior número de prefeituras. Enquanto era aliado de Fernando Henrique em 2000, os peemedebistas conquistaram a gestão de 1.257 cidades.
Na eleição seguinte, em 2004, houve uma queda por conta da demora do partido em aderir completamente ao novo governo petista. O PMDB perdeu 200 prefeituras, mas mesmo assim ainda venceu em 1.057 cidades. Agora, completamente afinado com o governo Lula, o partido voltou a se fortalecer, com vitórias em 1.203 municípios.
DECLÍNIO
Para a oposição, ao contrário, o afastamento do Palácio do Planalto significou a redução de sua capilaridade municipal. Em 2000, quando ocupava a Vice-Presidência da República e era o segundo partido mais forte do governo Fernando Henrique, o então PFL ganhou em 1.028 cidades. Quatro anos depois, caiu para 790. Desde então, já com o nome novo e um discurso muito forte de oposição ao governo federal, a queda foi mais drástica ainda, com a vitória em apenas 496 cidades, embora tenha vencido em São Paulo - a maior de todas. Um desempenho pior, por exemplo, que o modesto e governista PP, que ganhou em 549 municípios.
O comando nacional do DEM atribui também essa queda à suposta cooptação feita pelo governo federal sobre os quadros do partido. Segundo o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), somente a adoção do princípio da fidelidade partidária - que puniu os infiéis com a perda de mandato - foi capaz de frear a sangria nos quadros do partido.
Entre os tucanos, a queda foi menos sensível até por conta dos importantes governos regionais controlados pelo partido, como São Paulo e Minas Gerais, e pela expectativa de poder para a sucessão presidencial de 2010. Afinal, o partido tem hoje nos governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves, dois nomes com grande potencial político para disputar a sucessão de Lula. Mesmo assim, os tucanos perderam 204 cidades desde 2000.
PPS
Menor dos três partidos de oposição, o PPS também sentiu na pele os efeitos de ser ou não aliado do governo. Em 2000, tinha 166 prefeituras. Embora tivesse candidato à Presidência em 2002, com Ciro Gomes, sua direção mantinha boa relação com o governo Fernando Henrique.
Com a vitória de Lula, o PPS se juntou à base aliada, ganhando o Ministério da Integração Nacional, entregue justamente a Ciro, e outros cargos importantes. Assim, saltou em 2004 para 306 prefeituras.
Mas o PPS rompeu com o governo nesse mesmo ano e Ciro acabou se mudando para o governista PSB. Na oposição, o PPS voltou a encolher, caindo agora para 132 prefeituras.”
JOSÉ SERRA É O “NOSSO GUIA”
O jornalista Paulo Henrique Amorim escreveu com fina ironia ontem em seu blog “Conversa Afiada”:
“Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista”
A tenacidade e o sangue frio de José Serra fizeram dele o maior vencedor da eleição de domingo. Aliou-se ao PMDB, elegeu seu poste, derrotou os adversários internos e, num lance de SORTE CRONOLÓGICA (sic), habilitou-se para UMA LIDERANÇA POLITICA QUALIFICADA PARA TRATAR COM OS EFEITOS DA CRISE INTERNACIONAL SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA (sic).”
É assim que começa a colona (*) de Elio Gaspari, hoje, na Folha (da Tarde**) e no Globo, dois baluartes do PiG.
Gaspari, como se sabe, preside, na sombra da madrugada, a bancada de jornalistas que trabalha à luz do Sol para José Serra.
Ninguém tem mais ascendência sobre Serra do que Gaspari.
Nem a filha, Veronica Allende Serra, que mereceu da Istoé Dinheiro (onde pontifica Leonardo Attuch), na Web, um perfil encomiástico.
Veronica Serra, como se sabe, fez negócios com a irmã de Daniel Dantas na empresa Decidir.Com Inc.
É “a mulher mais importante da internet brasileira”, diz a IstoÉ de Leonardo Attuch ...
Nem ela, tão importante, tem sobre José Serra a ascendência que Gaspari tem.
Serra não dá um passo sem consultar Gaspari.
A recíproca não é verdadeira, porque Gaspari não leva Serra tão a sério quanto Serra leva Gaspari ...
Nesta colona de hoje, como sempre, é muito difícil entender o que diz Gaspari.
Mas, supõe-se que seja o seguinte:
Serra deu uma sorte danada: ganhou a eleição na hora em que a economia mundial (e brasileira) foi para o saco.
(Serra e Fernando Henrique co-presidem o movimento “Quanto Pior Melhor”.)
É o que Gaspari chama de “sorte cronológica” ...
E por que a “sorte cronológica” ?
Porque Serra “habilitou-se para uma liderança política”.
Se o amigo leitor prestar muita atenção e tiver acompanhado a carreira de Gaspari como ghost adviser de Serra, terá percebido que Gaspari quis dizer:
Só Serra está preparado para resolver a crise.
Serra, como se sabe, é muito “preparado”.
“Preparado” para quê, não se sabe.
Mas é o que seus bajuladores dizem.
Serra está “preparado” para tudo.
Essa conversa é velha.
Serra se vende como o ÚNICO capaz de resolver qualquer crise, há muito tempo.
Ele sempre teve “sorte cronológica”.
Quando o Governo do Farol de Alexandria ia à breca – e foi três vezes - , Serra tinha “sorte cronológica” e se apresentava – em off, no PiG - como o que poderia salvar o Brasil, desde que Fernando Henrique o colocasse no lugar do Pedro Malan.
Na sucessão de Fernando Henrique, quando Serra disse que o Brasil ia virar uma Argentina e a Regina Duarte morria de medo, Serra teve “sorte cronológica”, já que seria o ÚNICO capaz de resolver aquela crise, porque ele é “preparado”.
Quando estourou a crise financeira corrente, Serra voltou aos colonistas do PiG para “explicar” como administrar o câmbio.
E já se sabe como é que se resolve o câmbio, para Serra: o câmbio tem que ficar no ponto exato para ajudar as exportações paulistas e impedir a importação de produtos que venham a competir com os produtos paulistas.
Essa é a “política cambial” de Serra, a “política cambial paulista” do Serra.
Serra entende tanto de câmbio quanto de Polícia Civil ...
Mas, ele é “preparado”.
Na verdade, o Gaspari acaba de transformar o Serra no verdadeiro “Nosso Guia” !
(*) Se refere à “colônia”, dá a idéia de pessoa “colonizada”, submetida ao pensamento hegemônico que se originou na Metrópole e se fortaleceu nos epígonos coloniais. Epígonos esses que, na maioria dos casos, não têm a menor idéia de como a Metrópole funciona, mas a “copiam” como se a ela pertencessem”.
“Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista”
A tenacidade e o sangue frio de José Serra fizeram dele o maior vencedor da eleição de domingo. Aliou-se ao PMDB, elegeu seu poste, derrotou os adversários internos e, num lance de SORTE CRONOLÓGICA (sic), habilitou-se para UMA LIDERANÇA POLITICA QUALIFICADA PARA TRATAR COM OS EFEITOS DA CRISE INTERNACIONAL SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA (sic).”
É assim que começa a colona (*) de Elio Gaspari, hoje, na Folha (da Tarde**) e no Globo, dois baluartes do PiG.
Gaspari, como se sabe, preside, na sombra da madrugada, a bancada de jornalistas que trabalha à luz do Sol para José Serra.
Ninguém tem mais ascendência sobre Serra do que Gaspari.
Nem a filha, Veronica Allende Serra, que mereceu da Istoé Dinheiro (onde pontifica Leonardo Attuch), na Web, um perfil encomiástico.
Veronica Serra, como se sabe, fez negócios com a irmã de Daniel Dantas na empresa Decidir.Com Inc.
É “a mulher mais importante da internet brasileira”, diz a IstoÉ de Leonardo Attuch ...
Nem ela, tão importante, tem sobre José Serra a ascendência que Gaspari tem.
Serra não dá um passo sem consultar Gaspari.
A recíproca não é verdadeira, porque Gaspari não leva Serra tão a sério quanto Serra leva Gaspari ...
Nesta colona de hoje, como sempre, é muito difícil entender o que diz Gaspari.
Mas, supõe-se que seja o seguinte:
Serra deu uma sorte danada: ganhou a eleição na hora em que a economia mundial (e brasileira) foi para o saco.
(Serra e Fernando Henrique co-presidem o movimento “Quanto Pior Melhor”.)
É o que Gaspari chama de “sorte cronológica” ...
E por que a “sorte cronológica” ?
Porque Serra “habilitou-se para uma liderança política”.
Se o amigo leitor prestar muita atenção e tiver acompanhado a carreira de Gaspari como ghost adviser de Serra, terá percebido que Gaspari quis dizer:
Só Serra está preparado para resolver a crise.
Serra, como se sabe, é muito “preparado”.
“Preparado” para quê, não se sabe.
Mas é o que seus bajuladores dizem.
Serra está “preparado” para tudo.
Essa conversa é velha.
Serra se vende como o ÚNICO capaz de resolver qualquer crise, há muito tempo.
Ele sempre teve “sorte cronológica”.
Quando o Governo do Farol de Alexandria ia à breca – e foi três vezes - , Serra tinha “sorte cronológica” e se apresentava – em off, no PiG - como o que poderia salvar o Brasil, desde que Fernando Henrique o colocasse no lugar do Pedro Malan.
Na sucessão de Fernando Henrique, quando Serra disse que o Brasil ia virar uma Argentina e a Regina Duarte morria de medo, Serra teve “sorte cronológica”, já que seria o ÚNICO capaz de resolver aquela crise, porque ele é “preparado”.
Quando estourou a crise financeira corrente, Serra voltou aos colonistas do PiG para “explicar” como administrar o câmbio.
E já se sabe como é que se resolve o câmbio, para Serra: o câmbio tem que ficar no ponto exato para ajudar as exportações paulistas e impedir a importação de produtos que venham a competir com os produtos paulistas.
Essa é a “política cambial” de Serra, a “política cambial paulista” do Serra.
Serra entende tanto de câmbio quanto de Polícia Civil ...
Mas, ele é “preparado”.
Na verdade, o Gaspari acaba de transformar o Serra no verdadeiro “Nosso Guia” !
(*) Se refere à “colônia”, dá a idéia de pessoa “colonizada”, submetida ao pensamento hegemônico que se originou na Metrópole e se fortaleceu nos epígonos coloniais. Epígonos esses que, na maioria dos casos, não têm a menor idéia de como a Metrópole funciona, mas a “copiam” como se a ela pertencessem”.
O INIMIGO (DO PAQUISTÃO) NÃO É A ÍNDIA
O site do jornal inglês International Herald Tribune publicou ontem o seguinte texto postado em Nova Déli (Índia), que li no UOL em tradução de Deborah Weinberg.
Os autores são Maharaja Krishna Rasgotra, presidente do Observer Research Foundation, grupo de estudos em Nova Déli, secretário de relações exteriores da Índia, e Stanley A. Weiss, diretor da organização Washington Business Executives for National Security.
“Agora ficou claro que o caminho para a estabilidade no Afeganistão passa pelo Paquistão - especificamente pelas áreas tribais que o Taleban e os combatentes da Al Qaeda usam como santuário. Menos compreendido é o caminho para a estabilidade das áreas tribais e pela região que também atravessa a Índia.
Temores antigos com relação à Índia, com a qual o Paquistão travou três guerras desde a partição de 1947, estão na base de grande parte do comportamento perigoso paquistanês de hoje. O objetivo antigo de Islamabad de alcançar "profundidade estratégica" com um Afeganistão complacente ainda resiste em partes de seu exército e da poderosa agência de espionagem, a Inter-Services Intelligence, que dão apoio aos militantes islâmicos que agem contra o Afeganistão.
Mesmo hoje, quando esses militantes voltam suas armas contra o governo paquistanês e as forças paquistanesas estão engajadas em uma ofensiva há muito devida nas áreas tribais, a maior parte do exército paquistanês continua empregada no Leste - na direção da Índia e da região disputada da Cachemira.
Resultado? Quando as autoridades americanas recentemente pressionaram o chefe das forças armadas paquistanesas, Ashfaq Kayani, para ser mais agressivo nas áreas tribais, ele alegou que não tinha capacidade militar para confrontar vários redutos de insurgentes ao mesmo tempo, de acordo com a "Newsweek".
Os temores de Islamabad em relação à Índia são superados apenas por seu medo diante da possibilidade de uma desintegração étnica. Muitas de suas etnias, reunidas em uma colcha de retalhos como em muitos outros Estados pós-coloniais, nunca aceitaram a dominação punjabi do governo e dos militares que, diferentemente da Índia, impediu a emergência de uma estrutura federal de unidades autônomas mais ou menos simétricas.
De fato, uma das maiores preocupações de Islamabad é que as dezenas de milhões de pashtuns dos dois lados da fronteira com o Afeganistão possam realizar seus sonhos antigos de um Pashtunistão independente.
Assim, Islamabad entende mal os esforços indianos para promover a segurança e o desenvolvimento econômico no Afeganistão, inclusive o programa de reconstrução de US$ 1 bilhão (em torno de R$ 2 bilhões) oferecido por Nova Déli como tentativa de isolar o Paquistão.
A resposta dos militantes paquistaneses? O atentado suicida mortal deste verão contra a embaixada indiana de Cabul.
Se os antigos temores paquistaneses em relação à Índia são a chave para compreender o comportamento paquistanês no Afeganistão, então remover esses temores é a chave para mudar esse comportamento.
Enquanto poder econômico e político dominante da região, a Índia deve tomar a dianteira. Nova Déli deve continuar a assegurar Islamabad de que o único objetivo da Índia é um Afeganistão verdadeiramente independente, unido, estável e livre de drogas.
Especificamente, a Índia pode oferecer garantias de segurança e explorar reduções mútuas de forças na fronteira Leste do Paquistão. A Índia pode abrir suas fronteiras unilateralmente, inclusive a Linha de Controle que divide a Caxemira, ao livre comércio.
De sua parte, Islamabad precisa reconhecer que um Afeganistão estável a Oeste e uma Índia amigável a Leste ajudarão a impedir uma implosão catastrófica no Paquistão.
Finalmente seguro em sua fronteira oriental com a Índia, o Paquistão deve reforçar sua recente ofensiva e empregar tropas suficientes no Oeste para garantir a fronteira com o Afeganistão, e depois investir extensivamente na educação e desenvolvimento das regiões tribais.
Islamabad deve colocar um fim ao financiamento, armamento, treinamento e infiltração de terroristas na Cachemira e em outras partes da Índia. Isso pavimentaria o caminho para outros passos de reforço da confiança - visitas de altos líderes militares, comércio livre e joint ventures.
Os EUA poderiam ajudar a aplacar os temores de Islamabad endossando as garantias indianas da integridade da fronteira Leste do Paquistão. Mais amplamente, Washington deveria apoiar a frágil democracia do Paquistão concentrando seu auxílio no desenvolvimento social e econômico em vez de militar.
Com o Paquistão finalmente seguro de que a Índia não é mais uma ameaça, a Índia poderia então considerar um passo verdadeiramente histórico, digno de um poder grande e em ascensão - contribuir com forças militares para estabilizar Afeganistão.
Tal emprego de tropas exigiria um pedido conjunto de Cabul, Washington e da ONU. As equipes de treinamento indianas poderiam ter um papel crítico no fortalecimento do exército e da polícia afegãos.
A reconciliação entre o Paquistão e a Índia e a presença de forças indianas no Afeganistão podem parecer fantasias. Mas a volta de um governo civil em Islamabad dá novas esperanças.
Se for possível concentrar a atenção na ameaça terrorista real e crescente na região - não nas imaginadas por Islamabad - então o temor e o ódio no Paquistão finalmente darão espaço para a confiança e a cooperação no Afeganistão.”
Os autores são Maharaja Krishna Rasgotra, presidente do Observer Research Foundation, grupo de estudos em Nova Déli, secretário de relações exteriores da Índia, e Stanley A. Weiss, diretor da organização Washington Business Executives for National Security.
“Agora ficou claro que o caminho para a estabilidade no Afeganistão passa pelo Paquistão - especificamente pelas áreas tribais que o Taleban e os combatentes da Al Qaeda usam como santuário. Menos compreendido é o caminho para a estabilidade das áreas tribais e pela região que também atravessa a Índia.
Temores antigos com relação à Índia, com a qual o Paquistão travou três guerras desde a partição de 1947, estão na base de grande parte do comportamento perigoso paquistanês de hoje. O objetivo antigo de Islamabad de alcançar "profundidade estratégica" com um Afeganistão complacente ainda resiste em partes de seu exército e da poderosa agência de espionagem, a Inter-Services Intelligence, que dão apoio aos militantes islâmicos que agem contra o Afeganistão.
Mesmo hoje, quando esses militantes voltam suas armas contra o governo paquistanês e as forças paquistanesas estão engajadas em uma ofensiva há muito devida nas áreas tribais, a maior parte do exército paquistanês continua empregada no Leste - na direção da Índia e da região disputada da Cachemira.
Resultado? Quando as autoridades americanas recentemente pressionaram o chefe das forças armadas paquistanesas, Ashfaq Kayani, para ser mais agressivo nas áreas tribais, ele alegou que não tinha capacidade militar para confrontar vários redutos de insurgentes ao mesmo tempo, de acordo com a "Newsweek".
Os temores de Islamabad em relação à Índia são superados apenas por seu medo diante da possibilidade de uma desintegração étnica. Muitas de suas etnias, reunidas em uma colcha de retalhos como em muitos outros Estados pós-coloniais, nunca aceitaram a dominação punjabi do governo e dos militares que, diferentemente da Índia, impediu a emergência de uma estrutura federal de unidades autônomas mais ou menos simétricas.
De fato, uma das maiores preocupações de Islamabad é que as dezenas de milhões de pashtuns dos dois lados da fronteira com o Afeganistão possam realizar seus sonhos antigos de um Pashtunistão independente.
Assim, Islamabad entende mal os esforços indianos para promover a segurança e o desenvolvimento econômico no Afeganistão, inclusive o programa de reconstrução de US$ 1 bilhão (em torno de R$ 2 bilhões) oferecido por Nova Déli como tentativa de isolar o Paquistão.
A resposta dos militantes paquistaneses? O atentado suicida mortal deste verão contra a embaixada indiana de Cabul.
Se os antigos temores paquistaneses em relação à Índia são a chave para compreender o comportamento paquistanês no Afeganistão, então remover esses temores é a chave para mudar esse comportamento.
Enquanto poder econômico e político dominante da região, a Índia deve tomar a dianteira. Nova Déli deve continuar a assegurar Islamabad de que o único objetivo da Índia é um Afeganistão verdadeiramente independente, unido, estável e livre de drogas.
Especificamente, a Índia pode oferecer garantias de segurança e explorar reduções mútuas de forças na fronteira Leste do Paquistão. A Índia pode abrir suas fronteiras unilateralmente, inclusive a Linha de Controle que divide a Caxemira, ao livre comércio.
De sua parte, Islamabad precisa reconhecer que um Afeganistão estável a Oeste e uma Índia amigável a Leste ajudarão a impedir uma implosão catastrófica no Paquistão.
Finalmente seguro em sua fronteira oriental com a Índia, o Paquistão deve reforçar sua recente ofensiva e empregar tropas suficientes no Oeste para garantir a fronteira com o Afeganistão, e depois investir extensivamente na educação e desenvolvimento das regiões tribais.
Islamabad deve colocar um fim ao financiamento, armamento, treinamento e infiltração de terroristas na Cachemira e em outras partes da Índia. Isso pavimentaria o caminho para outros passos de reforço da confiança - visitas de altos líderes militares, comércio livre e joint ventures.
Os EUA poderiam ajudar a aplacar os temores de Islamabad endossando as garantias indianas da integridade da fronteira Leste do Paquistão. Mais amplamente, Washington deveria apoiar a frágil democracia do Paquistão concentrando seu auxílio no desenvolvimento social e econômico em vez de militar.
Com o Paquistão finalmente seguro de que a Índia não é mais uma ameaça, a Índia poderia então considerar um passo verdadeiramente histórico, digno de um poder grande e em ascensão - contribuir com forças militares para estabilizar Afeganistão.
Tal emprego de tropas exigiria um pedido conjunto de Cabul, Washington e da ONU. As equipes de treinamento indianas poderiam ter um papel crítico no fortalecimento do exército e da polícia afegãos.
A reconciliação entre o Paquistão e a Índia e a presença de forças indianas no Afeganistão podem parecer fantasias. Mas a volta de um governo civil em Islamabad dá novas esperanças.
Se for possível concentrar a atenção na ameaça terrorista real e crescente na região - não nas imaginadas por Islamabad - então o temor e o ódio no Paquistão finalmente darão espaço para a confiança e a cooperação no Afeganistão.”
RÚSSIA PROMOVE REFORMA RADICAL DAS FORÇAS ARMADAS
O PLANO PRETENDE AGILIZAR E MODERNIZAR UMA APARELHO MACIÇO MAS OBSOLETO
Rodrigo Fernández, em Moscou, escreveu para o jornal espanhol El Pais o seguinte texto que li no UOL em tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves:
“Os militares russos estão consternados. O governo decidiu realizar em passo acelerado uma reforma que tem como objetivo reduzir as forças armadas a um milhão de efetivos até 2012 e transformar seu exército em estruturas móveis e ágeis, dotadas de armas modernas. Motivo da pressa?
A guerra com a Geórgia deixou claro que o exército atual é um aparelho atrofiado, lento, e suas armas estão velhas não só no plano moral, mas também físico. A reforma anunciada pelo ministro da Defesa, Anatoli Serdiukov, é, segundo especialistas, a mais radical que houve na história russa desde a empreendida por Nikita Kruschev e prevê uma drástica diminuição da quantidade de oficiais, dos atuais 350 mil para 150 mil nos próximos quatro anos.
A guerra dos Cinco Dias, como chamam na Rússia o conflito armado com a Geórgia, mostrou que o sistema de direção do exército está completamente obsoleto e levou o Kremlin a abandonar o sistema de quatro escalões tradicional da época soviética - distrito militar, exército, divisão, regimento - e substituí-lo por um de três, mais moderno: distrito militar, comando operacional, brigada.
Tanto o armamento como a preparação estão no nível dos anos 1960, segundo o primeiro vice-ministro da Defesa, Alexandr Komakov. O mais novo que se pode encontrar no exército data dos anos 1980. E há uma quantidade excessiva de generais e coronéis, mas poucos tenentes.
Durante o recente conflito, os militares não tinham meios de comunicação modernos e os que possuíam eram inúteis contra os georgianos, que demonstraram uma excelente guerra radioeletrônica.
O jornal "Komsomolsakaya Pravda" conta que um correspondente teve de emprestar ao comandante do 58º Exército, quando este avançava para Tskhinvali, seu telefone via satélite porque o general não podia se comunicar com a artilharia e precisava que esta disparasse contra as colinas dominadas pelos georgianos. Os russos também careciam de meios de comunicação individuais, de dispositivos para enxergar à noite e muitos outros equipamentos.
O sistema russo Glonass - equivalente ao GPS americano - não funciona porque não há quantidade suficiente de satélites no espaço.
As unidades do distrito militar do Cáucaso do Norte "combateram como fazia o exército soviético há 20, 30 e até 50 anos", resume a situação o presidente do Instituto de Avaliações Estratégicas, Alexandr Konovalov.
Os planos de modernização das forças armadas russas prevêem até 2020 não só solucionar essas deficiências como também investir grandes somas na construção de novos porta-aviões, submarinos, aviões de quinta geração e no desenvolvimento da defesa aeroespacial. Para cumprir esses planos serão necessários no mínimo US$ 15 bilhões, segundo cálculos de Konovalov, o que exigirá aumentar substancialmente o orçamento destinado aos encargos estatais de armamento. Por enquanto, o orçamento militar aumentará no próximo ano 26%, chegando a cerca de US$ 47 bilhões (37 bilhões de euros): será o mais alto desde a queda da União Soviética, mas ainda menos de 3% do PIB e muito inferior ao dos EUA.
Especialistas independentes, como Pavel Felgengauer, afirmam que dar essas quantias ao complexo da indústria militar (CIM) russo é simplesmente gastar mal o dinheiro, e o que se deve fazer é comprar armamento moderno no estrangeiro, o que se fazia na época czarista e inclusive na soviética e hoje é proibido. O principal problema é que o CIM não tem mais capacidades que as atuais, e por isso simplesmente não pode produzir mais, por mais dinheiro que se injete.
Como injetar, em tempos de crise econômica, as enormes somas de que o exército precisa é algo que cada vez mais especialistas se perguntam. Mas, deixando de lado o problema do financiamento, os planos anunciados pelo presidente Dimitri Medvedev continuam difíceis de cumprir. Por exemplo, a Rússia não tem onde construir os porta-aviões. Na época soviética faziam isso em Nikolayevsk, hoje Ucrânia. Para cumprir os planos declarados seria preciso construir estaleiros especiais em outro lugar, e sem experiência nesse campo. Além disso, os construídos em Nikolayevsk não eram muito bons, segundo Felgengauer.
Não menos grave é o problema humano: a resistência que, segundo especialistas, haverá contra a reforma, sobretudo de parte dos oficiais que ficarão na rua. A verdade é que estes serão menos que a simples diferença entre 350 mil e 150 mil, já que há dezenas de milhares de postos que estão vagos, mas em todo caso serão mais de 100 mil homens”.
Rodrigo Fernández, em Moscou, escreveu para o jornal espanhol El Pais o seguinte texto que li no UOL em tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves:
“Os militares russos estão consternados. O governo decidiu realizar em passo acelerado uma reforma que tem como objetivo reduzir as forças armadas a um milhão de efetivos até 2012 e transformar seu exército em estruturas móveis e ágeis, dotadas de armas modernas. Motivo da pressa?
A guerra com a Geórgia deixou claro que o exército atual é um aparelho atrofiado, lento, e suas armas estão velhas não só no plano moral, mas também físico. A reforma anunciada pelo ministro da Defesa, Anatoli Serdiukov, é, segundo especialistas, a mais radical que houve na história russa desde a empreendida por Nikita Kruschev e prevê uma drástica diminuição da quantidade de oficiais, dos atuais 350 mil para 150 mil nos próximos quatro anos.
A guerra dos Cinco Dias, como chamam na Rússia o conflito armado com a Geórgia, mostrou que o sistema de direção do exército está completamente obsoleto e levou o Kremlin a abandonar o sistema de quatro escalões tradicional da época soviética - distrito militar, exército, divisão, regimento - e substituí-lo por um de três, mais moderno: distrito militar, comando operacional, brigada.
Tanto o armamento como a preparação estão no nível dos anos 1960, segundo o primeiro vice-ministro da Defesa, Alexandr Komakov. O mais novo que se pode encontrar no exército data dos anos 1980. E há uma quantidade excessiva de generais e coronéis, mas poucos tenentes.
Durante o recente conflito, os militares não tinham meios de comunicação modernos e os que possuíam eram inúteis contra os georgianos, que demonstraram uma excelente guerra radioeletrônica.
O jornal "Komsomolsakaya Pravda" conta que um correspondente teve de emprestar ao comandante do 58º Exército, quando este avançava para Tskhinvali, seu telefone via satélite porque o general não podia se comunicar com a artilharia e precisava que esta disparasse contra as colinas dominadas pelos georgianos. Os russos também careciam de meios de comunicação individuais, de dispositivos para enxergar à noite e muitos outros equipamentos.
O sistema russo Glonass - equivalente ao GPS americano - não funciona porque não há quantidade suficiente de satélites no espaço.
As unidades do distrito militar do Cáucaso do Norte "combateram como fazia o exército soviético há 20, 30 e até 50 anos", resume a situação o presidente do Instituto de Avaliações Estratégicas, Alexandr Konovalov.
Os planos de modernização das forças armadas russas prevêem até 2020 não só solucionar essas deficiências como também investir grandes somas na construção de novos porta-aviões, submarinos, aviões de quinta geração e no desenvolvimento da defesa aeroespacial. Para cumprir esses planos serão necessários no mínimo US$ 15 bilhões, segundo cálculos de Konovalov, o que exigirá aumentar substancialmente o orçamento destinado aos encargos estatais de armamento. Por enquanto, o orçamento militar aumentará no próximo ano 26%, chegando a cerca de US$ 47 bilhões (37 bilhões de euros): será o mais alto desde a queda da União Soviética, mas ainda menos de 3% do PIB e muito inferior ao dos EUA.
Especialistas independentes, como Pavel Felgengauer, afirmam que dar essas quantias ao complexo da indústria militar (CIM) russo é simplesmente gastar mal o dinheiro, e o que se deve fazer é comprar armamento moderno no estrangeiro, o que se fazia na época czarista e inclusive na soviética e hoje é proibido. O principal problema é que o CIM não tem mais capacidades que as atuais, e por isso simplesmente não pode produzir mais, por mais dinheiro que se injete.
Como injetar, em tempos de crise econômica, as enormes somas de que o exército precisa é algo que cada vez mais especialistas se perguntam. Mas, deixando de lado o problema do financiamento, os planos anunciados pelo presidente Dimitri Medvedev continuam difíceis de cumprir. Por exemplo, a Rússia não tem onde construir os porta-aviões. Na época soviética faziam isso em Nikolayevsk, hoje Ucrânia. Para cumprir os planos declarados seria preciso construir estaleiros especiais em outro lugar, e sem experiência nesse campo. Além disso, os construídos em Nikolayevsk não eram muito bons, segundo Felgengauer.
Não menos grave é o problema humano: a resistência que, segundo especialistas, haverá contra a reforma, sobretudo de parte dos oficiais que ficarão na rua. A verdade é que estes serão menos que a simples diferença entre 350 mil e 150 mil, já que há dezenas de milhares de postos que estão vagos, mas em todo caso serão mais de 100 mil homens”.
OS HISPÂNICOS NOS EUA SÃO UM ASSUNTO DA ESPANHA?
No portal UOL li o seguinte texto de Javier Valenzuela do jornal espanhol El País, traduzido por Luiz Roberto Mendes Gonçalves:
“A Espanha carece de uma política de Estado para os mais de 45 milhões de hispânicos dos EUA, uma comunidade chave nas próximas eleições e no futuro desse país. Uma relação mais estreita seria mutuamente vantajosa”
“Poucos compatriotas de Obama e McCain sabem que o primeiro europeu que pisou o solo do que hoje conhecemos como EUA foi um espanhol: Juan Ponce de León, em 1513, nas costas da Flórida. Ou que a cidade americana mais antiga é San Agustin, na Flórida, fundada em 1565. Ou que o nascimento de Santa Fe (Novo México) foi anterior à chegada a Massachusetts, em 1620, do navio inglês Mayflower com seus peregrinos.
Escritos a partir do anglocentrismo, os manuais americanos ignoram a história de um terço desse país. Mas quantos conhecem esses fatos na própria Espanha? Poucos, muito poucos.
O espanhol não é nenhuma novidade nos EUA, embora a maioria de seus habitantes, educados em uma mitologia estritamente branca, anglo-saxã e protestante (wasp), o desconheça. Os ancestrais de muitos hispânicos do Novo México, Texas ou Califórnia viviam ali muito antes da independência americana (1776). Como dizem achando graça, não é que eles atravessaram a fronteira, foi a fronteira que os atravessou quando em 1847 os jovens Estados Unidos anglos arrebataram ao México a metade setentrional de seu território.
Há pouco tempo soubemos que a valenciana Noelia Zanón tinha sido contratada para cantar os temas em castelhano da campanha de Obama.
Aqui houve alguns risos a respeito (quem é Noelia Zanón?) e nenhuma reflexão sobre o fundo do assunto: por que o Partido Democrata escolhe uma espanhola para se dirigir aos eleitores latinos? E, sobretudo, a Espanha pode desempenhar um papel no universo das comunidades hispânicas ao norte do rio Bravo?
Calcula-se que em 4 de novembro cerca de 10 milhões de latinos irão às urnas. A maioria deles, 3 em cada 5, parece inclinada por Obama; é o presidente poeta, como o chamou Ariel Dorfman. Mas essa é só a ponta de um grande iceberg. Os hispânicos, 45 milhões de pessoas no mínimo, já são a primeira minoria dos EUA, 15,1% da população, segundo o centro de pesquisas Pew. E o castelhano, usado por Obama e McCain para divulgar mensagens eleitorais, não é só a segunda língua dos EUA como esse país é o segundo de fala hispânica no mundo, depois do México e à frente da Espanha e da Colômbia.
É verdade que os hispânicos constituem um mosaico. Suas divisões são inúmeras: em função das cerca de 20 origens nacionais diferentes; da data de sua chegada aos EUA e de suas motivações (políticas para os exilados cubanos, econômicas para os mexicanos e quase todos os demais). Mas embora a grande maioria ganhe a vida em inglês já não existe como em tempos distantes a vontade de esquecer a língua de Cervantes e as raízes hispânicas.
Perderam o complexo, acaba de indicar Eduardo Lago, diretor do Instituto Cervantes em Nova York, na apresentação da Enciclopédia do Espanhol nos EUA. E acima da diversidade de suas procedências surge a consciência de uma identidade comum. Além disso, já não são só trabalhadores braçais - sua transformação em classe média é galopante.
O interesse do fenômeno para a Espanha deveria ser evidente. Para começar, os hispânicos (cerca de US$ 60 mil de renda média anual) são um mercado natural para produtos editoriais e culturais espanhóis, assim como uma via de entrada para outro tipo de bens e serviços no mercado americano em geral. Podem, é claro, desempenhar o papel de ponte política, econômica e cultural entre a Espanha e os EUA, sem esquecer as possibilidades de "triangulação" com a América Latina.
A maioria dos latinos dos EUA desconhece a Espanha; mal a localiza no mapa, e quando o faz não lhe dá mais importância que à Itália ou o Reino Unido. No entanto, uma estratégia espanhola de penetração e influência nesse mundo, da qual participassem os poderes públicos, empresas privadas e meios de comunicação, poderia lhes oferecer um pacote interessante:
1. Um elemento simbólico unificador das diferentes comunidades hispânicas. O que todas têm em comum - idioma, tradições, forma de vida, elementos culturais... - não se explica sem a Espanha. É o que disseram o rei Juan Carlos em Nova York (1997) e Washington (2001) e o príncipe de Astúrias em Washington (2003).
2. Uma raiz na própria história americana. O reino da Espanha teve uma ampla presença ao norte do rio Bravo tanto no tempo (1513-1822) como no espaço (do Caribe ao Pacífico). Os hispânicos não são recém-chegados aos EUA, estão em casa. Não tanto quanto os indígenas, mas tanto ou mais que os anglos.
PRESTÍGIO
3. A Espanha é um país europeu tão antigo ou mais que a Inglaterra e hoje constitui uma sociedade democrática, aberta, tolerante, com um nível razoável de proteção social e uma cultura atraente (Pedro Almodóvar, Antonio Banderas, Javier Bardem...), onde vivem amplas comunidades procedentes do outro lado do Atlântico e que renovou seus vínculos com a América Latina. Diante da superioridade política, econômica e cultural dos wasp, os hispânicos têm uma grande necessidade do que eles mesmos chamam de "respeito", e a Espanha pode lhes oferecer uma imagem de qualidade, suscetível de ser um patrimônio próprio.
4. Porta da Europa, o maior mercado do mundo. Como escreveu neste jornal Vicente Palacio, a Espanha deve se apresentar aos hispânicos dos EUA como "um parceiro europeu confiável, dinâmico e que vai ao encontro em seu mesmo idioma".
EDUCAÇÃO E FINANCIAMENTO
5.Em um congresso de empresários hispânicos e espanhóis realizado em 2004, na Casa América, os primeiros contaram que as duas grandes demandas de sua comunidade são educação e capital. Em relação à educação, salientaram que a contribuição espanhola poderia consistir na concessão de bolsas para universitários e uma maior presença editorial e cultural.
Em relação ao segundo, convidaram as entidades bancárias espanholas a se implantar em localidades com alta presença latina, coisa que o BBVA e o Santander Central Hispano já começaram a fazer.
INDÚSTRIAS DE PONTA
6. Jaime Malet e Paul Isbell lembraram aqui mesmo que a Espanha é vanguardista no setor de energias renováveis e que isso é muito atraente para os EUA, que já não podem continuar funcionando com o consumo ilimitado de petróleo barato. O setor espanhol das grandes infra-estruturas tem muitas possibilidades nesse país.
Na segunda metade dos anos 1990, coincidindo com o crescente peso latino nos EUA de Clinton - a moda Macarena - e com a maré de investimentos espanhóis na América Latina, começou-se a falar na Espanha sobre os hispânicos como um possível assunto de Estado. "Os espanhóis temos a obrigação de definir que papel podemos ter em uma nova dinâmica social que pode mudar os próprios EUA", disse Antonio Garrigues Walker na qualidade de presidente da Fundação Conselho Espanha-Estados Unidos. De fato, as primeiras análises sobre o fenômeno procederam dessa entidade, que definiu os hispânicos como um potencial aliado estratégico da Espanha.
Deve-se reconhecer que Aznar incorporou os hispânicos às prioridades de sua política externa, a ponto de ele mesmo ter feito várias viagens aos EUA destinadas exclusivamente a esse universo; em 2003 dirigiu-se em Austin (Texas) à assembléia anual do Conselho Nacional La Raza.
Lamentavelmente, tudo ficou na retórica, o apoio a Bush na guerra do Iraque e a um Aznar falando com um grotesco sotaque "tex-mex". Cabe igualmente lamentar que nem Zapatero nem Moratinos tenham evidenciado a menor preocupação por esse tema.
E se algum destinatário evidente tem o projeto de uma marca Espanha que vários organismos públicos e privados tentam promover, é essa comunidade de comunidades que são os hispânicos dos EUA. Segundo especialistas, seria preciso forjar uma política de Estado da qual participassem não só os governos, mas também as empresas e a sociedade civil. Seus primeiros destinatários teriam de ser os líderes e as organizações do mundo latino-americano, em particular os que transcendem suas origens nacionais e defendem o pan-hispanismo. E não se trata de que a Espanha pretenda substituir países como México, Cuba ou Brasil. A estratégia espanhola deve se inserir no âmbito ibero-americano.
Esperando Obama, há aqui o que María Jesús Criado, do Real Instituto Elcano, definiu uma vez como uma "relação por construir".
“A Espanha carece de uma política de Estado para os mais de 45 milhões de hispânicos dos EUA, uma comunidade chave nas próximas eleições e no futuro desse país. Uma relação mais estreita seria mutuamente vantajosa”
“Poucos compatriotas de Obama e McCain sabem que o primeiro europeu que pisou o solo do que hoje conhecemos como EUA foi um espanhol: Juan Ponce de León, em 1513, nas costas da Flórida. Ou que a cidade americana mais antiga é San Agustin, na Flórida, fundada em 1565. Ou que o nascimento de Santa Fe (Novo México) foi anterior à chegada a Massachusetts, em 1620, do navio inglês Mayflower com seus peregrinos.
Escritos a partir do anglocentrismo, os manuais americanos ignoram a história de um terço desse país. Mas quantos conhecem esses fatos na própria Espanha? Poucos, muito poucos.
O espanhol não é nenhuma novidade nos EUA, embora a maioria de seus habitantes, educados em uma mitologia estritamente branca, anglo-saxã e protestante (wasp), o desconheça. Os ancestrais de muitos hispânicos do Novo México, Texas ou Califórnia viviam ali muito antes da independência americana (1776). Como dizem achando graça, não é que eles atravessaram a fronteira, foi a fronteira que os atravessou quando em 1847 os jovens Estados Unidos anglos arrebataram ao México a metade setentrional de seu território.
Há pouco tempo soubemos que a valenciana Noelia Zanón tinha sido contratada para cantar os temas em castelhano da campanha de Obama.
Aqui houve alguns risos a respeito (quem é Noelia Zanón?) e nenhuma reflexão sobre o fundo do assunto: por que o Partido Democrata escolhe uma espanhola para se dirigir aos eleitores latinos? E, sobretudo, a Espanha pode desempenhar um papel no universo das comunidades hispânicas ao norte do rio Bravo?
Calcula-se que em 4 de novembro cerca de 10 milhões de latinos irão às urnas. A maioria deles, 3 em cada 5, parece inclinada por Obama; é o presidente poeta, como o chamou Ariel Dorfman. Mas essa é só a ponta de um grande iceberg. Os hispânicos, 45 milhões de pessoas no mínimo, já são a primeira minoria dos EUA, 15,1% da população, segundo o centro de pesquisas Pew. E o castelhano, usado por Obama e McCain para divulgar mensagens eleitorais, não é só a segunda língua dos EUA como esse país é o segundo de fala hispânica no mundo, depois do México e à frente da Espanha e da Colômbia.
É verdade que os hispânicos constituem um mosaico. Suas divisões são inúmeras: em função das cerca de 20 origens nacionais diferentes; da data de sua chegada aos EUA e de suas motivações (políticas para os exilados cubanos, econômicas para os mexicanos e quase todos os demais). Mas embora a grande maioria ganhe a vida em inglês já não existe como em tempos distantes a vontade de esquecer a língua de Cervantes e as raízes hispânicas.
Perderam o complexo, acaba de indicar Eduardo Lago, diretor do Instituto Cervantes em Nova York, na apresentação da Enciclopédia do Espanhol nos EUA. E acima da diversidade de suas procedências surge a consciência de uma identidade comum. Além disso, já não são só trabalhadores braçais - sua transformação em classe média é galopante.
O interesse do fenômeno para a Espanha deveria ser evidente. Para começar, os hispânicos (cerca de US$ 60 mil de renda média anual) são um mercado natural para produtos editoriais e culturais espanhóis, assim como uma via de entrada para outro tipo de bens e serviços no mercado americano em geral. Podem, é claro, desempenhar o papel de ponte política, econômica e cultural entre a Espanha e os EUA, sem esquecer as possibilidades de "triangulação" com a América Latina.
A maioria dos latinos dos EUA desconhece a Espanha; mal a localiza no mapa, e quando o faz não lhe dá mais importância que à Itália ou o Reino Unido. No entanto, uma estratégia espanhola de penetração e influência nesse mundo, da qual participassem os poderes públicos, empresas privadas e meios de comunicação, poderia lhes oferecer um pacote interessante:
1. Um elemento simbólico unificador das diferentes comunidades hispânicas. O que todas têm em comum - idioma, tradições, forma de vida, elementos culturais... - não se explica sem a Espanha. É o que disseram o rei Juan Carlos em Nova York (1997) e Washington (2001) e o príncipe de Astúrias em Washington (2003).
2. Uma raiz na própria história americana. O reino da Espanha teve uma ampla presença ao norte do rio Bravo tanto no tempo (1513-1822) como no espaço (do Caribe ao Pacífico). Os hispânicos não são recém-chegados aos EUA, estão em casa. Não tanto quanto os indígenas, mas tanto ou mais que os anglos.
PRESTÍGIO
3. A Espanha é um país europeu tão antigo ou mais que a Inglaterra e hoje constitui uma sociedade democrática, aberta, tolerante, com um nível razoável de proteção social e uma cultura atraente (Pedro Almodóvar, Antonio Banderas, Javier Bardem...), onde vivem amplas comunidades procedentes do outro lado do Atlântico e que renovou seus vínculos com a América Latina. Diante da superioridade política, econômica e cultural dos wasp, os hispânicos têm uma grande necessidade do que eles mesmos chamam de "respeito", e a Espanha pode lhes oferecer uma imagem de qualidade, suscetível de ser um patrimônio próprio.
4. Porta da Europa, o maior mercado do mundo. Como escreveu neste jornal Vicente Palacio, a Espanha deve se apresentar aos hispânicos dos EUA como "um parceiro europeu confiável, dinâmico e que vai ao encontro em seu mesmo idioma".
EDUCAÇÃO E FINANCIAMENTO
5.Em um congresso de empresários hispânicos e espanhóis realizado em 2004, na Casa América, os primeiros contaram que as duas grandes demandas de sua comunidade são educação e capital. Em relação à educação, salientaram que a contribuição espanhola poderia consistir na concessão de bolsas para universitários e uma maior presença editorial e cultural.
Em relação ao segundo, convidaram as entidades bancárias espanholas a se implantar em localidades com alta presença latina, coisa que o BBVA e o Santander Central Hispano já começaram a fazer.
INDÚSTRIAS DE PONTA
6. Jaime Malet e Paul Isbell lembraram aqui mesmo que a Espanha é vanguardista no setor de energias renováveis e que isso é muito atraente para os EUA, que já não podem continuar funcionando com o consumo ilimitado de petróleo barato. O setor espanhol das grandes infra-estruturas tem muitas possibilidades nesse país.
Na segunda metade dos anos 1990, coincidindo com o crescente peso latino nos EUA de Clinton - a moda Macarena - e com a maré de investimentos espanhóis na América Latina, começou-se a falar na Espanha sobre os hispânicos como um possível assunto de Estado. "Os espanhóis temos a obrigação de definir que papel podemos ter em uma nova dinâmica social que pode mudar os próprios EUA", disse Antonio Garrigues Walker na qualidade de presidente da Fundação Conselho Espanha-Estados Unidos. De fato, as primeiras análises sobre o fenômeno procederam dessa entidade, que definiu os hispânicos como um potencial aliado estratégico da Espanha.
Deve-se reconhecer que Aznar incorporou os hispânicos às prioridades de sua política externa, a ponto de ele mesmo ter feito várias viagens aos EUA destinadas exclusivamente a esse universo; em 2003 dirigiu-se em Austin (Texas) à assembléia anual do Conselho Nacional La Raza.
Lamentavelmente, tudo ficou na retórica, o apoio a Bush na guerra do Iraque e a um Aznar falando com um grotesco sotaque "tex-mex". Cabe igualmente lamentar que nem Zapatero nem Moratinos tenham evidenciado a menor preocupação por esse tema.
E se algum destinatário evidente tem o projeto de uma marca Espanha que vários organismos públicos e privados tentam promover, é essa comunidade de comunidades que são os hispânicos dos EUA. Segundo especialistas, seria preciso forjar uma política de Estado da qual participassem não só os governos, mas também as empresas e a sociedade civil. Seus primeiros destinatários teriam de ser os líderes e as organizações do mundo latino-americano, em particular os que transcendem suas origens nacionais e defendem o pan-hispanismo. E não se trata de que a Espanha pretenda substituir países como México, Cuba ou Brasil. A estratégia espanhola deve se inserir no âmbito ibero-americano.
Esperando Obama, há aqui o que María Jesús Criado, do Real Instituto Elcano, definiu uma vez como uma "relação por construir".
Assinar:
Postagens (Atom)