O portal UOL, com texto de Scirilo Junior da Folha Online, no Rio, ontem publicou:
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que a crise está chegando na Europa porque os bancos de lá também participaram do "cassino imobiliário dos Estados Unidos". Lula criticou o fato de os países mais ricos não terem debatido a crise na última reunião do G8. Ele alegou que tentou fazer isso, mas que os outros representantes preferiam discutir a Amazônia.
"Essa é a verdade. Quando era o Brasil que tinha problemas, todo dia tinha banco dando palpite. Toda semana vinha uma equipe do FMI e o coitado do Brasil quebrava. Cadê os palpites que eles estão dando agora na crise americana? Cadê o FMI?
Por quê o FMI não está lá dando palpite? É porque a crise é deles, e eles fingem que não tem crise", afirmou, durante cerimônia de batismo da plataforma P-51, em Angra dos Reis (RJ).
Em discurso a metalúrgicos do estaleiro BrasFels, Lula garantiu que não haverá pacote econômico, mas não descartou tomar novas medidas para conter os efeitos da crise no Brasil.
"Não terá pacote econômico. Quero dizer a vocês que toda vez que neste país que se falou de pacote econômico, quem ficou com o prejuízo foi o trabalhador brasileiro. Vamos tomando medida por medida, cada fato que se apresentar, vamos tomar medida, sempre na expectativa de que o pacote americano ajude a resolver os problemas deles e que os europeus tomem cuidado para resolver o problema deles."
Uma MP (medida provisória) editada ontem pelo governo autoriza o Banco Central do Brasil a comprar diretamente a carteira de crédito de bancos comerciais. Segundo o presidente do BC, Henrique Meirelles, a medida serve para evitar que a crise de liquidez afete o Brasil.
O governo anunciou ainda que vai utilizar parte do dinheiro das reservas internacionais para garantir crédito em dólares para os exportadores brasileiros e ajudar a diminuir a pressão sobre o câmbio, e vai aumentar a linha de financiamento pré-embarque do BNDES, que terá mais R$ 5 bilhões (cerca de US$ 2,5 bilhões).
Lula pediu que os americanos e europeus tenham juízo para que o Brasil não volte a "comer o pão que o diabo amassou". Segundo o presidente, diante do bom momento econômico, o Brasil está comendo pãozinho com mortadela e não quer voltar a tempos anteriores. O presidente reclamou ainda que os países ricos só querem parcerias em tempos ruins.
"Na época das vacas magras, ninguém vinha aqui ajudar. Agora quando tem prejuízo, eles querem socializar com a gente. Esse tipo de socialismo nós não queremos, socializar miséria, nós não queremos. Queremos socializar a bonança."
Falando diretamente aos trabalhadores, Lula pediu que eles continuem fazendo as mesmas coisas porque o governo vai cuidar da crise. Para o presidente, tem gente torcendo que a crise se agrave que a economia brasileira tenha problemas.
"Os mesmos que estão torcendo para a crise pegar o Brasil são os mesmos que diziam que isso aqui [aponta para a plataforma] tinha que ser feita no exterior, porque vocês não tinham competência para fazer uma obra dessas", afirmou, lembrando que o governo anterior havia determinado a construção de plataformas no exterior, fato que foi revogado assim que assumiu em 2003.
Para Lula, as pessoas que torcem contra têm mágoa porque "o Brasil ainda não quebrou com a crise". Ele lembrou que houve crises piores anteriormente, e o Brasil sofreu muito mais do com a atual. Lula voltou a admitir quer a crise é muito profunda, e que talvez, trate-se da pior turbulência desde a crise de 1929.
"Quando eu falo que a crise vai chegar mais leve, acham que é prepotência a arrogância minha. Até porque tem algumas pessoas que torcendo para que a crise venha rápido para o Brasil e cause estrago que já causou em outras crises", frisou.
"Tem gente nesse país que parece que fez pós-graduação para malefícios, ou seja, pessoas que parecem que estudaram apenas para ver as coisas negativas. As coisas positivas não interessam", completou”.
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