AS METRÓPOLES DE SÃO PAULO, BELO HORIZONTE E RIO DE JANEIRO VÃO PARA O SEGUNDO TURNO
O jornal espanhol El País, com o texto de Francho Barón, publicou 3ª feira o artigo seguinte, que li no portal UOL traduzido por Luiz Roberto Mendes Gonçalves:
“O Brasil realizou no último domingo eleições municipais que consolidaram a presença no território nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), fundado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que representam o prelúdio do que acontecerá em 2010, quando se realizarão as próximas eleições presidenciais. A crescente popularidade de Lula surtiu efeito em nível municipal e triplicaram as prefeituras controladas por seu partido.
Mas na mais importante das capitais estaduais brasileiras, São Paulo, a candidata do PT, Marta Suplicy, sofreu um inesperado revés ao ficar em segundo lugar quando as pesquisas de intenção de voto davam como garantida sua vitória. Junto de São Paulo, dez capitais (entre elas Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre) decidirão suas prefeituras em um segundo turno convocado para 26 de outubro.
Sob uma imponente vigilância policial e militar, 128 milhões de brasileiros se pronunciaram sobre as mais de 5.500 prefeituras em disputa em todo o território. Algumas foram decididas no primeiro turno, embora as prefeituras de maior peso, as que reúnem todas as chaves para esclarecer qual será o cenário político nas próximas eleições brasileiras, terão de esperar o final deste mês. A lei eleitoral brasileira estabelece que, para ganhar em primeiro turno, os candidatos devem ter mais de 50% dos votos.
Na realidade, o miolo destas eleições está no denominado G-79, quer dizer, o grupo formado pelas capitais dos 26 estados brasileiros mais as 53 cidades com mais de 200 mil habitantes: um universo de quase 47 milhões de eleitores que representa 36,4% da massa eleitoral e que marca o passo político do país. O PT foi o partido que colheu mais êxitos, conquistando as prefeituras de 13 cidades no primeiro turno - o triplo que nas municipais de 2004 - e entrando na corrida pelo segundo turno em outros 15 municípios.
Em segundo lugar colocaram-se, com igual número de vitórias, a força de centro aliada de Lula no governo, o PMDB, e os social-democratas do PSDB, a mais férrea oposição ao PT nas últimas eleições e que com segurança voltará à carga nas de 2010. Tanto o PMDB quanto o PSDB conseguiram nove prefeituras no primeiro turno e disputarão dez no segundo.
No Brasil se diz tradicionalmente que São Paulo é a capital onde se cozinham os futuros governos federais. Razões para isso não faltam: o estado concentra 30% do PIB brasileiro e a capital é a terceira megalópole do mundo em número de milionários. Os dois candidatos que se enfrentarão no segundo turno paulista são a ex-ministra do Turismo, ex-prefeita da cidade e militante do PT Marta Suplicy (32% dos votos no primeiro turno) e o atual prefeito, Gilberto Kassab (33%), do conservador Democratas (DEM). A derrota de Suplicy por uma margem estreita no primeiro turno representa um golpe para Lula em São Paulo, onde até a última sexta-feira se dava por consumado que o PT seria a força mais votada.
O resultado demonstra que a atual aprovação de Lula entre os brasileiros não é suficiente para que seu partido arrase onde quer que se apresente. Também é um sério chamado de atenção ao PT diante das presidenciais, já que os sucessos do governo se personalizaram demasiadamente na figura de Lula e este, por prerrogativas constitucionais, não poderá se reapresentar como candidato.
Kassab e Suplicy encarnam o confronto que ocorrerá em São Paulo em 26 de outubro entre o presidente Lula e o cada vez mais firme opositor do PT nas próximas eleições e atual governador do estado paulista, José Serra. Com muito mais intensidade do que até agora, Lula vai apoiar ativamente Suplicy nas próximas semanas. Todos os analistas concordam que a vitória da candidata do PT a catapultaria à corrida pela presidência do país em substituição a Lula. Embora não seja correligionário, Kassab é o candidato de Serra. Caso se confirme sua vitória, Serra sairia reforçado como opção indiscutível do PSDB para competir com a esquerda do PT em 2010, tirando da corrida o outro "presidenciável" do partido, o atual governador de Minas Gerais, Aécio Neves”.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário