quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
JORNAL MEXICANO: "AMÉRICA LATINA DEU UM PASSO HISTÓRICO"
"La Jornada: América Latina deu um passo histórico
Apesar do inegável fratura política que divide os governos da região, das diversas disputas bilaterais que persistir nela, e do confronto que ocorreu na Cúpula de Cancun entre os presidentes da Colômbia e da Venezuela, Álvaro Uribe e Hugo Chávez respectivamente, neste encontro foi possível anunciar o acordo de 33 países da América Latina e Caribe para formar uma organização hemisférica sem os Estados Unidos e o Canadá.
Por La Jornada, em seu Editorial
Se persistir a vontade política daqui até os próximos encontros de Caracas (2011) e Santiago do Chile (2012), este novo fórum dotará as nações ao sul do Rio Bravo de um mecanismo justo para a cooperação, integração, resolução de conflitos, discussão de problemas comuns e incidência sobre fenômenos globais - funções que a Organização dos Estados Americanos não foi capaz de cumprir por uma razão fundamental: sua sibordinação aos desígnios do Departamento de Estado dos Estados Unidos e a assimetria inerente a um fórum no qual os países pobres e dependentes tiveram que se equiparar com o peso econômico e diplomático não só de economias emergentes (Argentina, Brasil, Chile), mas com uma o de uma nação industrializada de primeiro mundo (Canadá) e com a esmagadora hegemonia da única superpotência planetárial.
Em contraste com esta história de subjugo, a América Latina tem forjado por sua conta própria, e à margem de ingerências extra-regionais ou estadunidenses, fóruns multilaterais de comprovada eficiência no âmbito da cooperação econômica: a Comunidade do Caribe, o Mercosul, a Comunidade Andina, o Sistema de Integração Centro-Americana.
No domínio da gestão política e diplomática, os esforços latino-americanos se traduziram não só na criação de parlamentos regionais (o Andina, o Centro-americano, o Latino-americano), mas também em mecanismos de resolução de conflitos, como o Grupo de Contadora e seus sucessor, o Grupo do Rio.
No entanto, é longo o caminho que falta percorrer deste acordo inicial até a fundação e funcionamento da nova entidade regional. A julgar pelos antecedentes históricos, a diplomacia norte-americana buscará torpedear ou desvirtuar a organização em gestação, e a fratura política latino-americana - aprofundada pelos recentes giros à direita no Chile, Panamá e Honduras - gravitará de forma negativa no processo de decisões necessário para alcançar a formação do novo organismo.
Espera-se que os governantes da região sejam capazes de superar os obstáculos e que o novo órgão possa começar a funcionar o mais rapidamente possível. Porque se há algo a lamentar na declaração de Cancun é que tenha chegado apenas agora e que fixe um prazo tão longo para a formação da nova instância Latino-americana e do Caribe."
FONTE: editorial de ontem do jornal mexicano "La Jornada", publicado no portal "Vermelho"
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