CLAUDIO LEAL
“Secretário de comunicação do PT, o deputado federal André Vargas, vincula a proximidade entre o ex-prefeito petista de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e o ex-governador Aécio Neves (PSDB) a queda de denúncias de dossiês "no colo" do partido. Os dois eram aliados na política estadual. Em seu perfil no Twitter (@andrevargas13), o secretário petista sintetizou: "Amaury fora de controle. Aécio via Pimentel plantou no colo do PT aquilo que não temos nada a ver. Antídoto contra informações comprometedoras".
Vargas se refere ao jornalista Amaury Ribeiro Júnior (ex-repórter do jornal "Estado de Minas"), que elabora um livro sobre as privatizações no governo de Fernando Henrique Cardoso, com o título provisório de "Os porões da privataria". Em 20 de abril, Amaury participou de uma reunião entre Luiz Lanzetta, então membro da equipe de comunicação da campanha de Dilma Rousseff, e o delegado aposentado da Polícia Federal Onésimo de Souza.
Em conversa por telefone, terça-feira (7), Vargas reafirma as críticas ao correligionário e candidato do PT mineiro ao Senado, Fernando Pimentel. "Essa relação muito íntima com adversários figadais não dá certo. Aécio se preparou para uma guerra contra o Serra, que não aconteceu. Aí acabou uma mina ativa para a gente. A mina ficou ativa", afirma o deputado.
Terra - Por que o senhor tem vinculado a violação do sigilo de tucanos à briga política do PSDB de Minas com Serra e ao trabalho do jornalista Amaury Ribeiro Jr.?
Vargas - A informação publicada, e que não é explorada, é que o cara (Amaury) trabalhou no "Estado de Minas" e está escrevendo um livro que fala sobre a vida do Serra, do genro, da filha dele (Verônica), do Ricardo Sérgio...
A única relação desse cidadão com a gente foi o dia que ele veio e conversou com o (Luiz) Lanzetta. É um ângulo que tentam estabelecer. Forçam com a mão.
Terra - O PT pediu à Polícia Federal para investigar esse elo com Minas. Há alguma informação nova do partido?
Vargas - Não, pedimos investigação para mostrar que há informações que precisam ser apuradas. Falam em contas fantasmas, contas no exterior... Já circulou pela internet. Amaury trabalhou no "Estado de Minas", que fez um editorial virulento contra o Serra, quando ele não permitiu o debate interno sobre a disputa com Aécio. E, depois, plantaram esse cidadão no nosso colo. Agora, segundo o próprio Amaury, não tem nada de quebra sigilo. Nada.
Terra - Em seu Twitter, o senhor criticou o ex-prefeito Fernando Pimentel por ter aproximado o PT desse grupo. Pode explicar?
Vargas - O que quis dizer é que Pimentel manteve uma relação cordial com o Aécio. E o Lanzetta foi contratado pelo trabalho que ele fazia pela campanha com os candidatos Aécio e Pimentel. Amaury e Lanzetta surgiram aí.
Terra - Inicialmente, Amaury não integrou a campanha de Dilma?
Vargas - Nunca foi do nosso quadro relacionado à campanha. Ele trabalhava com Lanzetta. Se trabalhava, foi com uma empresa contratada pelo PT. E nós afastamos. Não contratamos ninguém para fazer quebra de sigilo. O que tem aí são informações que já vinham vazando por um tal de Amaury, que tem um livro bombástico e trabalhou no "Estado de Minas". O que nós temos a ver com isso? Forçam a mão! Por isso que tem que pedir informação. Vi até o Gilberto Carvalho (chefe de gabinete do presidente Lula) falar sobre isso.
Terra - O senhor considera um erro a aproximação de Pimentel com Aécio, em Minas?
Vargas - Eu acho que foi um erro desde a época do apoio a Aécio e (Márcio) Lacerda (PSB, prefeito de Belo Horizonte). Essa relação muito íntima com adversários figadais não dá certo. Aécio se preparou pra uma guerra contra o Serra, que não aconteceu. Aí acabou uma mina ativa pra gente. A mina ficou ativa.
Terra - Como o senhor avalia o fato de filiados ao PT estarem envolvidos?
Vargas - Veja, não tem quebra de sigilo orientada. Segundo li, são 2.500 pessoas que tiveram o sigilo violado em todo o Brasil. E tem as quatro pessoas do PSDB. O PT tem cerca de 1,2 milhão de filiados, a executiva nacional tem mais ou menos 100 dirigentes. Um cidadão pode fazer uma coisa e depois se filiar. Ou se filiar ao PT e depois se converte. Quando se fala em pedofilia, se generaliza com o comportamento da Igreja. É o mesmo com as bases do partido. E só tem nisso diretório municipal, nenhum estadual.
Terra - E sobre a violação do sigilo, em si, qual a sua opinião?
Vargas - Eu acho abominável a quebra de sigilo de qualquer um, de membros do PSDB... Que seja apurado. Mas a Receita Federal é um órgão muito sério. Ela tem quantos milhões de declarações que não foram violadas? A população não entende nada isso. O povo acha que não devia ter sigilo nenhum, as informações deveriam ser mais abertas, transparentes. Mas eu acho que a lei do sigilo é correta, porque tem cadastros, telefones...
Terra - No horário eleitoral, o presidente Lula foi escalado pra rebater os ataques do PSDB. Por que Dilma tem sido preservada nesse caso?
Vargas - O que pode ter a Dilma, pessoalmente, com isso? É com a Receita. No máximo, o ministro da Fazenda. O que a Dilma tem a ver com a quebra de sigilo de membros do PSDB? E mais: o que tem nesse sigilo? Tem conta no exterior? E, mais, é o partido que está sendo acusado, não é a Dilma.”
FONTE: http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4665365-EI15315,00-Secretario%20do%20PT%20Pimentel%20errou%20ao%20se%20aproximar%20de%20Aecio.html
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