terça-feira, 28 de setembro de 2010

O "AEROTREM" DA BOMBARDIER

“Conhecida por seus aviões, a empresa canadense fecha contrato de R$ 2,1 bilhões com governo de SP e vai fabricar trens no Brasil

A canadense Bombardier reforçou sua artilharia terrestre, selando a paz pelo menos em terra com o Brasil. No ar, a maior rival da Embraer no mercado de jatos regionais, continua a irritar o governo brasileiro em brigas relativas a subsídios a última delas iniciada no início do ano envolvendo a construção de uma nova família de jatos.

Em terra, a companhia vai anunciar na próxima semana que fabricará trens em Hortolândia, no interior de São Paulo, informa uma fonte da companhia à DINHEIRO. A fabricação vai ser viabilizada por um contrato de R$ 2,1 bilhões que a empresa assina com a Companhia Metropolitana de São Paulo (Metrô) para fazer o prolongamento do antigo fura-fila, obra inacabada do governo do prefeito Celso Pitta, que se transformou em uma via elevada para circulação de ônibus.

O governo paulista optou por estender o corredor, rebatizado de “Expresso Tiradentes”. O anúncio, previsto para ser feito na semana passada, foi adiado em razão dos problemas com o metrô na cidade de São Paulo.

A fábrica de Hortolândia que a Bombardier tem desde 2001, quando comprou a Companhia Brasileira de Materiais Ferroviários (Cobrasma) ainda não produziu um trem sequer.

Por aqui, a empresa canadense se especializou na reforma de vagões. No último contrato, fechado com o Metrô de São Paulo, a empresa faturou R$ 238 milhões para reformar 156 vagões. Agora, a companhia corre contra o tempo para iniciar o novo projeto. Cerca de 200 novos funcionários serão contratados a toque de caixa em até três meses, mais do que o dobro do quadro atual, que é de 150.

O valor do investimento não foi revelado, mas uma fábrica semelhante da Bombardier, na Índia, recebeu aporte de E$ 33 milhões. O Brasil vai se transformar no polo de exportação desse tipo de trem os monotrilhos para o mundo, disse à fonte da Bombardier à DINHEIRO.

Os monotrilhos parecidos com um metrô de superfície mais leve são um meio de transporte ferroviário que desliza por vigas de concreto de cerca de 15 metros de altura, sem precisar de condutores. Ele tem um ar futurista e é parecido com um aerotrem. Esse tipo de veículo já faz parte da paisagem de cidades como Las Vegas, nos Estados Unidos, e Riad, na Arábia Saudita.

Atualmente, tem atraído o interesse de governos pelo seu custo. Fazer uma obra deste porte é 50% mais barata do que um metrô e o tempo para concluí-la também leva a metade do tempo, de acordo com estimativas da Bombardier. A velocidade média dos trens fica entre 40 e 50 quilômetros por hora, muito próxima à do metrô.

O projeto que a Bombardier vai construir em São Paulo vai ligar a Vila Prudente à Cidade Tiradentes, no extremo leste de São Paulo, em 23,8 quilômetros de linha. Por ele, devem circular 54 trens com capacidade para transportar 48 mil passageiros por hora, nos dois sentidos.

A jornada, que geralmente dura cerca de duas horas, deve ser reduzida para aproximadamente 50 minutos. O número de passageiros transportados por dia deve chegar a 500 mil. A estimativa é que o aerotrem, que tem três trechos, fique pronto em até cinco anos, caso não ocorra atrasos. Não é o caso desse projeto, prometido para a população desde 1997, quando Celso Pitta assumiu a prefeitura de São Paulo. Será que agora ele sai do papel?”

FONTE: reportagem de Flávia Lima publicada na revista “Isto É Dinheiro” e transcrita no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=27/09/2010&page=mostra_notimpol)

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