domingo, 4 de dezembro de 2011

FX-2: “LE MONDE” ANALISA PORQUE VENDAS DO RAFALE NÃO DECOLAM

Rafale

“A Suíça anunciou na última quarta-feira (30) a compra dos aviões de caça Gripen da sueca Saab em detrimento dos Rafale franceses. Para o jornal francês “Le Monde”, esse novo fracasso é a prova de que a estratégia comercial da aeronáutica militar francesa vive de “miragens”.

Em editorial na capa da edição do “Le Monde” de quinta-feira (1), o jornal francês faz uma constatação dramática: o caça francês Rafale, assim como o Concorde na aviação civil, “é um avião que nunca foi exportado”. O texto culpa o governo francês e a fabricante Dassault por não conseguirem concorrer no mercado internacional com os modelos similares F-18 (da americana Boeing), Gripen (da sueca Saab) e o Eurofighter (produzido por um consórcio da Itália, Alemanha e Espanha).

Desde o lançamento do programa Rafale, nos anos 80, a Dassault só enfrentou dissabores nas exportações. A lista de clientes que desistiram da compra do modelo francês é extensa: Holanda, Coreia do Sul, Cingapura, Marrocos, Emirados Árabes Unidos e até Líbia sob o regime de Muammar Kadafi. E, para o jornal, a maior decepção foi o Brasil.

Em entrevista ao “Le Monde” há dois anos, o presidente da Dassault, Charles Edelstenne, afirmou que o Rafale poderia, enfim, se livrar do rótulo de avião que “nunca havia sido exportado”, já que dava como quase certa a venda de 36 exemplares para o Brasil. A promessa de compra brasileira, porém, dissipou-secomo uma miragem”, diz o editorial

OBS deste blog ‘democracia&política’:

[O jornal “Le Monde” não mencionou as possíveis razões da referida dissipação.

Uma delas pode ter sido a falta de palavra de Sarkozy, que pediu a Lula para interceder no Irã pela libertação da francesa Clotilde Reiss, presa durante dez meses acusada de espionagem. Lula conseguiu libertá-la e combinou com Sarkozy que ele ligaria para Ahmadinejad agradecendo. Sarkozy não ligou e, dias depois, ignorando os acordos surpreendentemente obtidos entre o Brasil, Turquia e Irã (e na forma antes solicitada por Obama e Sarkozy), aprovou fortes sanções ao Irã.

Além disso, houve a molecagem de Sarkozy e Cameron de deturpar grosseiramente a resolução da ONU sobre “exclusão aérea” para proteger civis na Líbia e de, ilegalmente, promover uma carnificina do povo líbio, com muitos milhares de mortos em decorrência das muitas centenas de violentos ataques aéreos da OTAN, principalmente da França e Inglaterra, com o objetivo não autorizado pela ONU de tirar Kadahfi do poder, de preferência morto. Sarkozy, nesses eventos, mostrou-se com “caráter não coerente” (excesso de eufemismo) com os princípios do então Presidente Lula. Assim, por coincidência (?), contemporaneamente a esses fatos vergonhosos para a França, esfriou a compra dos Rafale para a FAB].

Agora, a fabricante aposta todas as fichas em uma “vaga” esperança na Índia que pretende comprar 126 caças para suas forças armadas. Essa pode ser uma das últimas chances para salvar a reputação da aeronave.

Em um texto nas páginas econômicas, o jornal continua a analisar o caso e avalia que o Rafale é “caro demais”. Para justificar a escolha do governo suíço, por exemplo, indica que “os argumentos financeiros foram determinantes".

Por enquanto, a Dassault terá que se consolar com o mercado interno. As Forças Armadas da França vão comprar 180 Rafale até 2021, podendo chegar a adquirir 286 aeronaves. A encomenda terá custo de 40 bilhões de euros. Para o jornal, em tempos de austeridade, é questionável que o governo francês financie, assim, sem discutir o preço, uma empresa privada.”

FONTE: Radio France Internationale (RFI). Transcrito no site “DefesaNet”  (http://www.defesanet.com.br/fx2/noticia/3809/Le-Monde-analisa-porque-vendas-do-Rafale-nao-decolam) [Observação, entre colchetes, adicionada por este blog ‘democracia&política’].

2 comentários:

Probus disse...

07/12/2011: Reunião do Ministro com Comandantes Define Prioridades – PAED

Por Nelson Düring

O ministro da Defesa Celso Amorim reuniu o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Gen Ex De Nardi, e os comandantes das Forças (General Enzo Peri, Almirante Moura Neto e Brigadeiro Juniti Saito), com os respectivos Chefes de Estado-Maior neste Sábado para definir prioridades da Defesa.

A reunião ocorreu no Rio de Janeiro e durou todo o Sábado (03 Dezembro). O objetivo é de consolidar o PAED - Plano de Articulação e Equipamento da Defesa (PAED). Instituído pela Portaria Normativa Nº 1.065-MD, de 28 de Junho de 2010, que “Dispõe sobre a Diretriz para a coordenação de programas e projetos comuns às Forças Armadas”. (Link para a Portaria)

O chamado de Plano de Articulação e Equipamento da Defesa (PAED), foi apresentado como a consolidação dos Programas de Aquisição e Articulação de cada Força.

Os programas de aquisição e articulação das Forças foram desenvolvidos para um prazo de implantação de 20 anos (2011 – 2031), tiveram vários nomes sendo os mais recentes:

Marinha - PAEMB - PLANO DE ARTICULAÇÃO E EQUIPAMENTO DA MARINHA;
FAB - PEMAER - Plano Estratégico Militar da Aeronáutica 2010-2031
Exército - ESTRATÉGIA BRAÇO FORTE / PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO

O ministro Celso Amorim procura criar uma lista de programas estratégicos da Defesa, já conhecidos, por exemplo: KC-390, Blindado Guarani, PROSUB, EC-725, SISFRON, SISGAAz, etc. E ordenar os mais de

1000 programas das três Forças,

que vão de aquisição de equipamentos novos e modernizações

à construção de moradias para oficiais e praças em lugares remotos do território nacional.

Coube a cada Comandante e o respectivo Chefe do Estado-Maior definir as prioridades de sua Força. A intenção do ministro Celso Amorim é de criar um compromisso de longo prazo das Forças. E também levar o documento à chancela presidencial.

Um dos objetivos não escritos, mas que está nas mesas importantes da Defesa Nacional, é a preocupação com as chamadas

“compras de oportunidade”.

Vários países e indústrias têm oferecido ofertas de equipamentos usados

em condições vantajosas.

As “compras de oportunidade” são interessantes para preencher necessidades nas Forças.

Porém, o Ministério da Defesa quer uma aderência a um compromisso formal de que se uma compra for realizada, ela terá reflexo na lista do PAED. Assim como modificações de prioridades e inconstâncias de programas e projetos, fato comum aos comandos militares.

Nesta terça-feira (06 Dezembro), a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE),

em reunião com

a imprensa (sic), através do seu presidente Orlando Ferreira Neto, fez um veemente libelo

contra

as “compras de oportunidade”.

O ministro Celso Amorim além defende que o PAED seja apresentado como um plano de investimentos e aquisição da área de Defesa. Assim mais defensável frente à burocracia dos Ministérios Planejamento e Fazenda. E também frente à própria Presidência da República.

Assim o PAED será um documento que assuma a função de planejamento de investimentos e um ordenador de despesas e recursos para as três Forças e o Ministério da Defesa como um todo.

Unknown disse...

Probus,
Obrigada. Não havia lido.
O problema é que as nossas Forças Armadas vêm sendo irresponsavelmente enfraquecidas há décadas e chegaram ao estágio de não terem o mínimo poder de dissuasão para inibir a ganância das grandes potências, que mais cedo ou mais tarde se manifestará sobre a Amazônia, pré-sal, áreas produtoras de minerais estratégicos. Não nos iludamos. O mundo sempre foi assim.
Hoje, para renascer e equipar razoavelmente nossas Forças Armadas, são necessárias centenas de bilhões de dólares/reais e muitos anos. Nossas autoridades de ontem e de hoje ainda não perceberam a gravidade do problema e a urgência em solucioná-lo.
Não dá mais para vivermos com nossa família em casa grande, com preciosos bens, e não gastarmos colocando portas, janelas, fechaduras, muros, na ilusão de que "não há inimigos à vista".
Maria Tereza