domingo, 4 de dezembro de 2011

QUEM FAZ AS DENÚNCIAS?


Por Ricardo Kotscho, no site “Observatório da Imprensa”

QUEM FAZ AS DENÚNCIAS?

“Com os malfeitos municipais (ex: licitação do ‘Controlar’) e estaduais (ex: contratos do Metrô) [em São Paulo] tomando, nas últimas semanas, o lugar dos casos federais que dominaram o noticiário durante todo o ano, deu para notar importante diferença na origem das denúncias.

No plano federal, quem toma a iniciativa das investigações, das denúncias e, às vezes, até dos julgamentos de ministros, é a imprensa, quer dizer, os principais veículos de comunicação do país, com interesses econômicos contrariados ou com medo do fantasma do “controle social da mídia”.

A Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça vão a reboque do clamor da imprensa e dos partidos de oposição, tomando providências em função do noticiário e da opinião ‘publicada’ (não confundir com opinião ‘pública’).

Já em São Paulo, dá-se exatamente o contrário. Tanto no plano municipal como no estadual, quem investiga, denuncia e julga são os órgãos competentes e é a imprensa que vai a reboque dos fatos, limitando-se a registrar [com nenhum ou com pouco e efêmero destaque] o resultado das investigações policiais e dos inquéritos do Ministério Público.

DONOS E PREPOSTOS

O ‘denuncismo seletivo’ e o tratamento diferenciado, oferecido principalmente pelos jornalões paulistas, acaba se refletindo também nas revistas semanais e nos telejornais de maior audiência, que só costumam repercutir e amplificar as denúncias contra o governo federal [o de Lula e Dilma, pois no governo federal de FHC/PSDB as denúncias eram omitidas ou abafadas pela imprensa]   .

É verdade que a ‘Folha de S.Paulo’ foi quem levantou a lebre do contrato das obras de um trecho da Linha 5 do Metrô, ao provar que os vencedores da concorrência já eram conhecidos seis meses antes. Depois disso, porém, ninguém mais foi atrás do assunto, até que a Justiça determinasse a suspensão das obras e o afastamento do presidente do Metrô (que já voltou ao cargo).

No caso do estranhíssimo contrato da Prefeitura com o ‘Consórcio Controlar’ (das empreiteiras Camargo Correa e Serveng) para inspeção de veículos, assinado em 2007 por Gilberto Kassab, dez anos depois da licitação feita ainda nos tempos de Paulo Maluf, a imprensa só se interessou pelo assunto depois que o Ministério Público terminou suas investigações e a Justiça tomou providências, decretando o bloqueio dos bens do prefeito.

O destaque dado no noticiário às denúncias contra ministros, que já levaram à demissão de cinco deles, é desproporcional aos valores e à natureza dos ditos malfeitos [tucanos], se comparados aos prejuízos causados aos cofres públicos pelo Metrô (em torno de R$ 300 milhões nos cálculos do Ministério Público) e pela ‘Controlar’(os promotores calcularam o valor da ação em R$ 1 bilhão).

Não se trata de mensurar a corrupção, mas de questionar o tratamento desproporcional dado pela "grande" [sic] imprensa [PIG] a casos de igual gravidade no governo federal, no estadual e no municipal.

Só os donos da mídia e seus prepostos não estão se dando conta de que, com a internet, não dá mais para ter esse tipo de comportamento sem que todo mundo perceba. É isso que explica a crescente perda de freguesia e de credibilidade da velha mídia.”

FONTE: escrito por Ricardo Kotscho, no site “Observatório da Imprensa”, e transcrito no portal de Luis Nassif  (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/quem-faz-as-denuncias-por-ricardo-kotscho#more) [imagens do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

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