O direitista Sarkozy e o socialista François Hollande
Por Saul Leblon
A DIREITA COM SARKOZY
“Jornais europeus informam que Sarkozy resgatou sua identidade política profunda para disputar a reeleição de abril na França contra o socialista François Hollande. O favoritismo inicial de Hollande estaria sendo corroído rapidamente pela radicalização à direita do mandatário francês, cuja ofensiva tem como lema um slogan derivado da república colaboracionista de Vichy: 'França Forte'.
O conservadorismo francês recorre mais uma vez à novilíngua associada a um capítulo vergonhoso da história, no qual parte da elite enxotou os ideais da revolução francesa, entregando-se, sôfrega, a uma acomodação de cama e mesa com o III Reich. Na versão atual, a ‘pièce de resistance’ é o tripé 'Pátria, família, trabalho', desdobrado em comícios nos quais o situacionismo excreta frases literais das obras de Le Pen, o Plínio Salgado gaulês. Gargantas conservadoras expelem a lava de um nacionalismo xenófobo, atravessado de higienismo contra imigrantes pobres, que manipula as entranhas da insegurança social gerada pela crise.
Sarkozy arranchou sua campanha na certeza de que a crise global do neoliberalismo semeia medo, dissolução e nacionalismo no coração de sociedades desprovidas de alternativa convincente à esquerda. O medo pede ordem; evoca a defesa da pátria. E Sarkozy está disposto a oferecer-lhe valores cevados na alfafa da ignorância e do preconceito; material fartamente cultivado nos piquetes midiáticos de semi-informação e meia-verdade.
A DIREITA COM SERRA
Haddad e Serra, direitista neoliberal pró-EUA/Israel e Chevron
A receita de embrutecimento político que já deu certo em Portugal e na Espanha pode ser repetida na disputa de vida ou morte travada pela direita brasileira na eleição municipal de São Paulo? Reconheça-se: embora o quadro econômico seja positivo no Brasil, os protagonistas do conservadorismo nativo estão à altura do enredo. Serra, Kassab, Alckmin, Andrea Matarazzo (a quem se atribui a patente de um equipamento urbano chamado 'rampa antimendigo'...) nunca vacilaram em demonstrar qual é a sua concepção de "ordem e progresso".
Pouca dúvida pode haver sobre a natureza da gestão de obras e conflitos urbanos nas mãos desse plantel. Não há preconceito no diagnóstico. A farta materialidade histórica que o justifica pode ser condensada em dois eventos recentes --a operação 'Sofrimento e Dor', na Cracolância, e o despejo em ‘Pinheirinho'. Sua lógica comum ajuda a dissipar a neblina da aparente indiferença partidária diante do antagonismo social brasileiro. A dificuldade, portanto, não reside exatamente em localizar o vertedouro central da direita nativa, seus propósitos e tributários na disputa municipal de São Paulo.
A grande e compreensível dificuldade porque não há projeto pronto a defender ou a copiar --ao contrário do que ocorre com a direita-- consiste em se avançar na construção de programa progressista para uma grande metrópole do século XXI. A tarefa, de natureza não exclamativa, cobra valores, mas não se esgota na recitação de bons princípios históricos. As forças democráticas, as de centro-esquerda e as de esquerda estão, portanto, desafiadas, em conjunto, a construir uma resposta crível às urgências e desmandos que asfixiam a população da 6ª maior mancha urbana do planeta.”
FONTE: escrito por Saul Leblon no site “Carta Maior” (http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=902) [Imagens do google e título adicionados por este blog ‘democracia&política’].
2 comentários:
Certa vez eu propus uma alíquota de 80% de imposto sobre a FORTUNA de EIKE BATISTA... Já o candidato socialista francês a presidência é bem mais sensato que eu e, não precisa nem ser um Eike Batista da vida, bastar ter acima UM milhão de EUROs...
Hollande quer imposto de 75% para ricos
28 de Fevereiro, 2012
O candidato socialista à Presidência de França, François Hollande, disse que os franceses com os maiores lucros anuais deveriam pagar um imposto de 75% do valor do seu rendimento.
"Acima de 1 milhão de euros, a taxa de imposto deve ser de 75%, pois não é possível ter esse nível de rendimentos", disse Hollande.
Em conferência de imprensa, o candidato prometeu que, se eleito, vai revogar as isenções de impostos que foram determinadas pelo actual presidente, Nicolas Sarkozy.
Hollande é considerado o favorito nas eleições do dia 22 de Abril, mas as últimas sondagens sugerem que a diferença entre ele e Sarkozy está a diminuir.
Acredita-se que Hollande e Sarkozy devem enfrentar-se novamente numa segunda volta, marcada para o dia 6 de Maio.
O aumento de impostos para os mais ricos transformou-se num dos assuntos mais polémicos da campanha presidencial francesa. Segundo a agência de notícias Reuters, especialistas da Suíça afirmam que impostos mais altos para os franceses mais ricos podem causar um êxodo para o país. Muitas das celebridades mais ricas já moram fora de França
O jornal francês Le Figaro informou que o anúncio de Hollande, feito no canal de televisão TF1, parece ter surpreendido até os próprios companheiros do Partido Socialista.
Numa entrevista concedida minutos depois a outro canal francês, o France 2, Jérôme Cahuzac, responsável pelo sector tributário da campanha de Hollande, foi questionado a respeito da taxa de 75% proposta pelo candidato, ao que respondeu: «Está a perguntar-me acerca de uma declaração que eu não ouvi».
Hollande voltou a falar sobre a proposta de imposto nesta terça-feira, afirmando que o índice de 75% para as pessoas que ganham mais de 1 milhão de euros por ano é um «acto patriótico».
«É um sinal enviado, uma mensagem de coesão social, um esforço que precisa ser feito. É patriótico concordar em pagar um imposto suplementar para que o país volte a ficar de pé», acrescentou Hollande.
O actual Governo condena a proposta. «François Hollande «inventa um novo imposto todas as semanas», disse a ministra do Orçamento, Valerie Pecresse.
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé, o plano do candidato é um «confiscação fiscal».
Quando chegou à Presidência, em 2007, Sarkozy introduziu o chamado «escudo de imposto», que limitava o imposto a 50% dos rendimentos.
Probus,
Também acho que o limite das aliquotas adotado no Brasil (27%?) não é justo. Beneficia os ricos. Por que não ser 50%, 60% ou mais para todos que tenham elevadíssimos rendimentos? Não somente o Eike Batista. Na maior parte dos países desenvolvidos é assim. Contudo, será muito difícil mudança de leis para esse aumento de imposto IR. Aqui, na França e em qualquer outro país democrático. O lobby dos ricos é fortíssimo. Derrubam candidatos e governos que trabalharem nesse sentido.
Maria Tereza
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