quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

PETROBRAS MUDA COMANDO; POLÍTICAS DE PREÇO E CONTEÚDO LOCAL, NÃO

[Maria das Graças Silva Foster, ex-favelada e catadora de papel até aos 12 anos, é graduada em Engenharia Química pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mestrado em Engenharia Química e pós-graduação em Engenharia Nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), possuindo MBA em Economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/RJ)].


“Maria das Graças Foster assume a presidência da estatal prometendo continuidade e com discurso ao gosto de Dilma Rousseff: 'Meu foco é a gestão'. Preço dos combustíveis seguirá atrelado ao barril de petróleo, mas sem reajustes frequentes. Apoio à indústria brasileira com exigência a fornecedores locais também será preservado. Prioridade é investir em exploração e produção.

A nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, assumiu o cargo na segunda-feira (13) com a promessa de preservar as linhas gerais da companhia, como cobrar preços no Brasil atrelados à cotação internacional do petróleo, mas sem reajustes frequentes, e exigir de fornecedores quantidade mínima de componentes fabricados no país. Aumentar exploração e produção segue no topo da lista de prioridades dos investimentos. E, alinhada com a atitude gerente da presidenta Dilma Rousseff, garantiu: “Meu foco é a gestão.”

Funcionária de carreira da Petrobras há mais de trinta anos e 10 mil dias, como registrou em discurso na sede da campanhia, Maria das Graças é a primeira mulher a comandar a estatal e a primeira a dirigir uma das gigantes petroleiras mundiais. Sua indicação é responsabilidade direta e exclusiva de Dilma, a quem disse que terá “gratidão e fidelidade incondicional”.

O substituído, José Sérgio Gabrielli, nunca teve relação de “gratidão e fidelidade incondicional” com a presidenta, o que não significa também que os dois fossem adversários. Tal devoção ele dedicava ao ex-presidente Lula, que o nomeara em 2005 e por quem quase chorou no discurso de despedida na cerimônia de posse de Maria das Graças.

“Minha gestão será de continuidade”, afirmou a nova comandante da estatal, que por mais de quatro anos esteve subordinada a Gabrielli e, como diretora de Gás e Energia, conhece bem os planos e rumos da companhia e por eles também é responsável.

Depois da cerimônia, em entrevista coletiva transmitida pela Petrobras via internet, Maria das Graças explicou um pouco mais sobre o que pretende fazer agora como dirigente máxima da maior empresa brasileira. E, logo de cara, anunciou que o “foco é a gestão”, porque o perfil autodeclarado dela seria “executivo, de gestão”.

E como seria essa atitude gestora no dia a dia? “O que não for cumprido eu quero saber por quê. O tempo todo eu quero saber por quê.” Em seguida: “Sou bastante combativa, para mim, tudo é em cima de números”. Mais adiante: “Eu tenho perfil de discussão permanente.”

Em vários momentos da entrevista, ela insistiu que se guiará por razões econômicas, mesmo que a decisão pareça nacionalismo. Um exemplo? A manutenção da política de compras da Petrobras, que impõe aos fornecedores a obrigação de oferecer produtos com uma porção mínima, de 62% a 65%, de conteúdo feito no Brasil, uma forma de estimular a industrialização do país. “Política de conteúdo local não é discurso nacionalista. É literalmente técnica”, afirmou.

O mesmo vale para a preservação da política de preços da Petrobras, vinculada ao valor externo do barril de petróleo do tipo brent. É uma política atacada pelos dois lados. O “mercado”, sobretudo aqueles 600 mil acionistas da Petrobras ou seus representantes, que gostariam de ver a estatal subindo sempre os preços, para ganhar mais dinheiro no fim do ano por meio de dividendos. De outro, os que acham que a estatal poderia lucrar menos e vender gasolina mais barata à população.

Não podemos passar a volatilidade do brent e do câmbio para esse mercado”, disse Maria das Graças, ao justificar a falta de reajustes mais frequentes. Segundo ela, quanto mais sobe e desce houver, pior para a formação do mercado interno brasileiro, um mercado que ela chamou de “grande” e que, quanto maior for, melhor para a própria Petrobras, que poderá ganhar em escala vendendo dentro do país o que negociaria fora.

A estatal tem quatro refinarias em construção que vão entrar em operação nos próximos anos apenas para vender mais combustíveis dentro desse “mercado grande” que cada vez mais se torna brasileiro.

Apesar desse tipo de investimento em produção de derivados, a grande prioridade da Petrobras, na gestão Maria das Graças, continuará sendo exploração e produção. No ano passado, quase metade dos investimentos da companhia foram para esse segmento. No plano de negócios 2011-2015, a situação se repete.

Até 2020, a empresa pretende triplicar a produção atual, sobretudo em função da crescente produção na camada pré-sal. Em 2011, a estatal dobrou a produção de pré-sal, que já responde por cerca de 10% do total.”

FONTE: site “Carta Maior”  (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19610) e UFF  (http://www.prograd.uff.br/exalunos/gra%C3%A7-foster) .[imagem do google e sua legenda adicionadas por este blog 'democracia&política'].

Nenhum comentário: