quarta-feira, 16 de setembro de 2015

ANÁLISE DA CONJUNTURA DE ONTEM (15) E HOJE (16)




ONTEM: Governo reage e golpômetro despenca 4 pontos 

Por Miguel do Rosário

I)  Análise Diária de Conjuntura - Terça-feira, 15/09/2015

"No mesmo dia em que se esperava um avanço maior da onda golpista, nota-se um forte refluxo da mesma.

O governo, enfim, reagiu.

1) Lançou um pacotão que consegue resolver em boa parte os problemas de déficit fiscal previsto para 2016. Cortando um pouco aqui, elevando um pouquinho os tributos ali, pedindo para os servidores aguentarem um pouco a barra, pronto, eis-nos preparados para enfrentar a crise.

2) 19 governadores se reuniram no Planalto e deram declarações bastante fortes em apoio à permanência da presidenta.

3) O vice-presidente Michel Temer também deu entrevista com declarações bastante enfáticas em defesa do mandato da presidenta.

4) O próprio Eduardo Cunha, cuja crista se quebrou nas vigas da Justiça, tirou o corpo fora de um golpe que ele já sabe que não tem como dar certo. Na coluna do Ilimar Franco, há notinha em que Cunha deixa bem claro que não está com a oposição nessa aventura.

5) A presidenta mesma deu mostras de que está empenhada em frear qualquer tentativa de golpear o seu mandato conquistado nas urnas. Sua declaração de que "fará de tudo para impedir processos não democráticos" impactou bem na mídia, inclusive nos jornais de oposição, como "O Globo":



6) O apoio mais importante que recebeu, contudo, foi o documento assinado por lideranças partidárias no Congresso e presidentes de todos os partidos da base aliada, declarando que apoiam a presidenta e defenderão a sua permanência no cargo até o fim de seu mandato. Até mesmo Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara, e aliado de Cunha, deu declarações fortes em apoio à presidenta:

Trecho de post publicado no "247":

"Líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ) disse que a presidenta está "100% forte no cargo" e criticou movimentos da oposição que, desde o início do segundo mandato, vêm buscando fundamentos para abertura de um processo de impedimento do governo. Há cinco dias, quatro partidos de oposição lançaram um manifesto virtual a favor da saída de Dilma. "Tenho a percepção de que eleição se disputa até as 17h do dia do pleito, após isso tem que se respeitar o resultado das urnas, pode se fazer oposição e críticas, mas tem que respeitar o mandato."

7) O presidente do Senado, Renan Calheiros, ficou animado com a demonstração de iniciativa do governo, que desanuvia um pouco o clima de golpe no Congresso. O apoio de Renan vale alguns pontinhos no golpômetro.

8) As delações viraram um samba do crioulo doido, jogando sujeira para tudo quanto é lado, inclusive na oposição, o que neutraliza um pouco o lado golpista das conspirações midiático-judiciais.

9) Fora da política, a economia trouxe uma boa notícia para o governo e o país. O preço dos alugueis caíram fortemente, no mês e no acumulado de 12 meses, o que deve puxar para baixo a inflação nos próximos meses.

O maior desafio da presidenta será dissolver as insatisfações de sua própria base, sobretudo nas centrais e nos movimentos sociais, por causa do anúncio de cortes de despesas. A esquerda, porém, mesmo reclamando, respira aliviada com o declínio do golpômetro.

A instabilidade política, naturalmente, continua. Nenhuma crise se evapora de um dia para outro. Dilma conseguiu melhorar sua articulação política junto às lideranças partidárias e governadores. Falta agora fazer um trabalho similar junto à sociedade civil. E não adianta fazer 'do mesmo', tipo reunião com Leonardo Boff. Tem que fazer diferente. Nem creio que reuniões tenham serventia neste momento. A hora é de anunciar ações de governo que interessem à população, sair da pauta negativa.

Tem de oferecer algum avanço político a seu próprio eleitorado, aos movimentos sociais, aos servidores, às centrais, para compensar o recuo econômico.

É hora das grandes negociações, republicanas, sobre planos de carreira para os servidores, por exemplo.

Mesmo com todos os cortes, o governo tem quantidade enorme de instrumentos à sua disposição. Tem a política interna e internacional para manobrar. A melhora na articulação abre mais uma brecha para a presidenta avançar. Se repetir os erros que tem cometido sistematicamente desde que começou sua nova gestão, de usar cada melhora na atmosfera política para recuar, para voltar à pasmaceira, a crise voltará mais forte.

O meio de campo do governo conseguiu tirar a bola da zona de perigo, falta passá-la para os atacantes e ir em direção ao gol."

FONTE: escrito por Miguel do Rosário no seu blog "O Cafezinho"   (http://www.ocafezinho.com/2015/09/15/governo-reage-e-golpometro-despenca-4-pontos/).

HOJE: Oposição dá o primeiro tiro na batalha do impeachment




II)  Análise Diária de Conjuntura - Quarta-feira, 16/09/2015

O golpômetro ficou doido.

"Aparentemente, vai ser assim por tempo indeterminado, pois é exatamente isso o que caracteriza um momento de instabilidade, o sobe e desce enlouquecido dos índices de estabilidade do governo.

Horas depois de cair quatro pontos, volta a subir mais cinco, por causa do avanço das movimentações da oposição para aplicar um golpe parlamentar.



Eduardo Cunha faz um jogo duplo, delicado, como que medindo as forças de um lado e outro. Ele não aceitou nenhum pedido de impeachment, nem sinalizou que irá aceitar, mas acatou uma questão de ordem da oposição sobre o tema.

É uma questão de ordem perigosa, uma armadilha inteligente da oposição, porque dá início, na prática, a estudos concretos para um processo de impeachment, na medida em que faz a máquina administrativa da Câmara iniciar os trabalhos para dar uma forma legal ao golpe.

A imprensa noticia a entrada da própria presidenta como articuladora política de seu governo, caso se confirme a informação de que Giles Azevedo, um de seus assessores mais próximos, assumirá a articulação política.

Não seria má notícia, se houvesse mais confiança, o que não é o caso, na capacidade política da presidente de gerir as contradições e dilemas da relação do Executivo e o Congresso.

No entanto, está claro que, se há alguém que pode interromper o processo deliberado de desestabilização do governo, é a própria presidenta, se agir com a rapidez e a objetividade necessárias.

Na [tucana] "Folha", o colunista Bernardo Mello Franco afirma que "começou a batalha do impeachment", referindo às movimentações parlamentares da oposição de terça-feira, onde prevaleceram gritos e não debate.

É impressionante o investimento da "Folha", e da mídia em geral, em infográficos e vídeos pró-impeachment. E a Dilma continua dando entrevistas e publicando seus artigos prioritariamente nesses jornais, aumentando o prestígio daqueles mesmos que querem derrubá-la.

O jogo está claro.

As forças do golpe empurram Dilma, praticamente ameaçam, como fez o editorial da "Folha" no final de semana, para que ela imponha medidas conservadoras, que desagradem os movimentos sociais organizados, com vistas a lhe surrupiar o que resta ao governo de apoio nas ruas.

Em seguida, usam a carga máxima de seu arsenal semiótico para descrever o impeachment como algo muito normal e democrático.

A extrema direita nunca espumou tanto sangue pela boca como agora.

As conspirações, por sua vez, continuam avançando. Na próxima sexta-feira de manhã, o dono da UTC, chamado pela política política do golpe de "chefe do cartel de empreiteiras", deporá no TSE, no processo que o PSDB move contra Dilma.

A acusação é surreal.

Pessoa disse ter doado R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em negócios com a Petrobrás. O montante foi declarado à Justiça Eleitoral.

Pessoa teve prejuízos sim. Foi preso e sua empresa está à beira da falência - por ter doado à campanha de Dilma. Ou seja, os próprios fatos negam completamente a versão psicodélica da polícia política.

O horário e o dia do seu depoimento são convenientes para entrar na roda midiática do final de semana, dando tempo para as revistas semanais prepararem novas edições.

A irresponsabilidade com que a operação Lava Jato foi conduzida, quebrando grandes empresas de engenharia, vazando "seletivamente" [pró-oposição], prendendo preventivamente por tempo exagerado, ameaçando famílias dos réus, promovendo espetáculos televisivos, tudo contribuiu para causar terrorismo penal, político e econômico.

Até o momento, as conspirações estão realizando seus objetivos: queriam derrubar a economia brasileira e promover instabilidade política; conseguiram."

FONTE: escrito por Miguel do Rosário em seu blog "O Cafezinho"  (http://www.ocafezinho.com/2015/09/16/oposicao-da-o-primeiro-tiro-na-batalha-do-impeachment/#more-31835)

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