"Depois do PT e do PSDB, Democratas enfrentam escândalo de pagamento de propinas a aliados de José Roberto Arruda
Os vídeos que vieram a público no final de semana não deixam margem para dúvida: políticos em romaria ao escritório de Durval Barbosa, secretário de Relações Institucionais do governador José Roberto Arruda (DEM-DF), para receber maços volumosos de dinheiro. O caso já está sendo chamado de "mensalão do Democratas".
Uma das peças centrais da investigação da Polícia Federal está em gravação na qual Arruda pede a um assessor que repasse a políticos aliados dinheiro de empresas contratadas pelo governo do Distrito Federal. Busca da PF nas casas de auxiliares diretos de Arruda resultaram na apreensão de R$ 700 mil. O próprio secretário Barbosa está colaborando com a investigação.
Arruda reagiu alegando indignação e perplexidade com os fatos denunciados. Afastou, além de Barbosa, José Geraldo Maciel (chefe da Casa Civil), Fábio Simão (chefe de gabinete), José Luiz Vieira Valente (secretário da Educação) e Omézio Pontes (assessor de imprensa).
Em nota assinada também por seu vice, Paulo Octávio (DEM-DF), o único governador eleito pelo Democratas nega as acusações e se diz vítima de suposta trama armada por Barbosa. Afirma, sem apresentar notas, que os recursos que recebeu foram contabilizados e que há problemas técnicos no vídeo em que aparece recebendo dinheiro vivo.
Arruda protagonizou há nove anos outro espetáculo lamentável da política nacional [quando era líder no Senado do Governo FHC/PSDB/PFL] . Acusado de participar de violação do sigilo de votos no Senado, começou negando tudo e terminou por renunciar ao mandato, para escapar de cassação. Deixou o PSDB e, já no DEM, elegeu-se governador. Será espantoso se conseguir recuperar-se deste novo e grave escândalo, agora de corrupção.
As atenções se voltam doravante para seu partido, que vem encolhendo à sombra do PSDB, com o qual faz dueto na oposição ao governo Lula e seu PT.
O DEM já fora alvejado na bandeira da austeridade fiscal, quando outra estrela da sigla, o prefeito paulistano Gilberto Kassab, recorreu ao aumento de imposto para sustentar gastos da máquina. Agora é a bandeira da moralidade a atingida, uma vez exposto o nível de malversação no governo estadual do partido. Da gestão Arruda, vale lembrar, participam PSB, PDT, PPS e PSDB -os três primeiros anunciaram ontem a saída do governo.
O princípio da presunção de inocência impõe aguardar a conclusão das investigações, e seu exame pela Justiça, para aferir o grau de responsabilidade do governador do DEM. As cenas gravadas, porém, falam por si. E em nada prejudicará as investigações que Arruda e seu partido se adiantem e ofereçam explicações -se houver- e satisfação à opinião pública, diante da gravidade política dos fatos.
Qualquer que seja o desfecho, uma constatação lamentável se impõe desde já: três dos maiores partidos agora têm um mensalão no prontuário. O do PT, federal, prossegue sob exame do Supremo Tribunal Federal, assim como o do PSDB 'mineiro' [sic]. O do DEM dá seus primeiros passos, como para confirmar que corrupção não é exclusividade de nenhuma agremiação, mas vício arraigado da política brasileira."
FONTE: editorial da Folha de São Paulo de hoje, 01/12 [trecho entre colchetes, no 5º parágrafo, e pequeno "sic" no último, colocados por este blog].
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