domingo, 12 de outubro de 2008

CRISE BANCÁRIA NÃO ATINGE TANTO A EUROPA CENTRAL E ORIENTAL

O site do jornal inglês “International Herald Tribune”, em texto de Judy Dempsey, escrito em Berlim (Alemanha), publicou esta semana o seguinte artigo, que li no UOL em tradução de Deborah Weinberg:

“Os novos membros da União Européia localizados na Europa Central e Oriental evitaram grande parte da comoção causada pela crise de confiança no sistema financeiro global.

Apesar de o consumo e o índice de crescimento declinarem na República Tcheca, Polônia, Eslováquia, Eslovênia e, particularmente, na Estônia, analistas disseram que a tendência não estava relacionada ao caos bancário que está se espalhando pelo continente.

"É notável como o impacto da crise foi pequeno nesta região", disse o principal economista do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, Erik Berglof, durante entrevista. O banco foi estabelecido em 1991, após o colapso do sistema comunista, para ajudar os países na Europa Central e Oriental a fazerem a transição para economias de mercado.

"A questão interessante é por que a região não foi mais atingida", disse Berglof.

Uma razão é que, quando os países na região abriram seu setor bancário a bancos estrangeiros, preparando-se para a entrada na UE em 2004, eles também reforçaram seus processos de regulação e fiscalização.

"A presença de bancos estrangeiros no sistema bancário conseguiu suavizar o impacto de liquidez na crise", disse Berglof.

"O que muitos bancos na Europa Ocidental fizeram foi emprestar para a Europa Oriental", continuou. "Em geral, eles tinham muito pouca exposição aos instrumentos de empréstimo de risco que foram tão desastrosos para os bancos americanos."

A parte do crédito que vem desses bancos tem sido alta.

"Entre 60 e 80% dos ativos do setor bancário são controlados por bancos estrangeiros", disse Berglof.

Inicialmente, esses bancos domésticos eram administrados como subsidiárias independentes. Agora, tornaram-se muito mais integrados aos seus bancos-mãe.

"Neste caso, se houvesse qualquer tipo de contágio, se os bancos estrangeiros nesses países tivessem algum tipo de dificuldade, isso seria uma preocupação séria", advertiu Berglof.

Alguns estrangeiros que compraram bancos na Europa Oriental, como o UniCredit da Itália, agora estão enfrentando sérios problemas de liquidez em casa.

Até agora, os problemas do UniCredit não respingaram na Polônia, disse Maciej Krzak, especialista em macro-economia do Centro de Pesquisa Social e Econômica em Varsóvia.

"Os bancos na Polônia têm sido extremamente lucrativos porque se concentraram em financiamentos e adotaram padrões de crédito estritos", disse Krzak. "Esses bancos não estavam interessados na confusão de risco".

As bolsas de valores pequenas e imaturas da Europa Oriental também foram uma vantagem.

"A exposição dessas bolsas à economia mundial é relativamente pequena", disse Vasily Astrov, especialista em Europa Oriental do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais em Viena.

Ainda assim, os índices de crescimento e consumo estão caindo por toda a região, por razões internas, segundo Astrov. Dependendo do país, incluem taxas de juros mais altas, inflação ou esforços para deter o déficit orçamentário.

O FMI informou na quarta-feira (08) que as economias da Europa Oriental enfrentavam riscos crescentes com a retração do crédito global, mas que parte da região teria crescimento mais rápido do que Europa Ocidental em 2009.

"O desafio de política é criar um pouso suave" e, ao mesmo tempo, manter a região no caminho para obter o padrão de vida da Europa ocidental, disse o FMI.

Na Polônia, a inflação e a alta taxa de juros tornaram sua moeda, o zloty, mais forte contra o euro e o dólar. Como resultado, as exportações, que são o motor da economia polonesa, estão caindo.

O crescimento deste ano deve cair para 6%, de 7% no ano passado.

O Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento estima que o crescimento da Europa Central e Oriental neste ano será em média 4,7%, em contraste com 5,9% no ano passado.

O banco disse que a redução reflete as políticas monetárias e apertos contra a inflação, além da previsão de declínio nas exportações.

Na Eslováquia, o banco central reavaliou a moeda em maio em 17% para alcançar paridade com euro, que a Eslováquia adotará no ano que vem. Isso alimentou a inflação e enfraqueceu as exportações”.

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