O início de tem sido promissor. As dúvidas sobre a dimensão dos deficits em conta corrente de 2010 e 2011 não põem em risco nossa solvabilidade. Devem apenas levar-nos a repensar a necessidade de maior esforço exportador dos nossos manufaturados e serviços. É errôneo pensar que isso sugere a redução da ênfase nas exportações do agronegócio ou do setor mineral. Pelo contrário.
Essas exportações têm garantido a melhoria das relações de troca e continuam sendo um componente importante do crescimento do nosso PIB.
A ênfase na exportação de produtos manufaturados é necessária, porque, normalmente, o tamanho do mercado interno é incapaz de garantir os ganhos de produtividade embutidos no aumento de escala. É o caso, por exemplo, dos setores de alimentação, de comunicação, celulose, petroquímica e energia elétrica, onde se formam complexos de dimensão internacional. Eles precisam, entretanto, ser submetidos a um adequado controle por agências ou pela competição externa, que impedirão o uso abusivo do seu poder de mercado.
Nessa linha, chama a atenção a disposição da Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, que começa a voltar os seus olhos para o inconveniente monopólio da Petrobras na rede de distribuição de gás. Além do mais, deve ser evidente que em 2030 teremos de dar emprego de boa qualidade a 151 milhões de brasileiros entre 15 e 65 anos, o que só se conseguirá se a um agronegócio de alta produtividade agregarmos setores industriais e de serviços igualmente eficientes, o que exige a ajuda das exportações.
Outro fato promissor é o compromisso "em pedra e cal" do Tesouro Nacional de que construiremos ("sem choro nem vela") um superavit primário de 3,3% do PIB. Isso é fundamental para o controle da relação dívida pública/PIB, um dos fatores determinantes da taxa de juro real.
O terceiro e fundamental fato promissor para o nosso desenvolvimento é o avanço registrado no setor de energia elétrica. A concessionária Energia Sustentável do Brasil (ESBR) anunciou que no final de 2012 estará antecipando a produção de Jirau, com 2.000 MW. Por outro lado, parece que as resistências a Monte Belo estão se liquefazendo e o seu leilão sairá (talvez!) no segundo trimestre. O quarto e decisivo fator promissor é o anuncio da renovação das concessões do setor elétrico, cujo atraso injustificado já custou um enorme retardo dos investimentos nas 49 usinas hidrelétricas cujos contratos terminam entre 2015 e 2020. Começamos muito bem!"
FONTE: escrito por ANTONIO DELFIM NETTO e publicado hoje (10/02) na Folha de São Paulo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário