quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

THE NEW YORK TIMES: O IRÃ DEVERIA TER A BOMBA


Na foto, a "diplomacia da dependência"

Paulo Henrique Amorim:

"O Irã deveria ter a bomba. O Brasil também

Faz parte do “pensamento convencional” dos colonizados entreter dois sentimentos em relação à bomba atômica.

O primeiro, conjuntural, critica o programa nuclear do Irã e entra na última fila do coro de protestos americanos, como se fosse fazer alguma diferença.

É uma questão de hábito: o alinhamento automático aos interesses dos Estados Unidos.

Ou a “diplomacia da dependência” do Governo do Farol de Alexandria.

Foram os dois presidentes neoliberais, Fernando Collor e Fernando Henrique, que, abruptamente, e da forma mais servil, romperam com um dos mais sólidos principios da diplomacia brasileira de Vargas aos militares: não assinar o Tratado de Não-Proliferação das Armas Nucleares [como Israel, Índia e outros também não assinaram, pois o tratado é hipocritamente unilateral e não impede os EUA, Rússia e outros detentores de fazerem as suas bombas].

Porque o Brasil, até os dois Fernandos, não aceitou decretar a sua minoridade tecnológica, com o congelamento do poder nuclear [garantido pelo Tratado eternamente nas mãos das grandes potências atômicas].

Os dois Fernandos jogaram no lixo uma longa tradição que embaixadores como Araujo Castro, já no Governo do grande presidente João Goulart, ajudaram a construir.

Depois a China, a Índia e o Paquistão detonaram a bomba e o Brasil fez papel de bobo.

Agora, os colonizados brasileiros prefeririam que o Brasil comprasse caças dos Estados Unidos e da Suécia, exatamente porque pretendem que o Brasil fique no banco dos reservas.

Pois, o 'Conversa Afiada' acha que é incontornável o Brasil controlar a tecnologia e ter a bomba propriamente dita.

Como acha muito saudável que o Irã tenha a bomba.

Essa é exatamente a opinião de Adam B. Lowther, um analista para assuntos de defesa, do Instituto de Pesquisa da Força Aérea Americana.

Nesta terça-feira, ele escreveu na página de Opinião do New York Times, um artigo com o título:

Iran’s two-edged bomb”. Ou, os dois lados da bomba do Irã.

Lowther acha que o Irã deveria ter a bomba por alguns motivos:

Os Estados Unidos poderiam finalmente derrotar a Al Qaeda.

Como ?

Um Irã com a bomba se tornaria a maior ameaça na região, e os Estados Unidos poderiam oferecer um “guarda-chuva nuclear” enquanto impõem uma reforma os países árabes autocráticos da região.

Com esse “guarda-chuva nuclear”, os Estados Unidos podem, finalmente, desmontar o oligopólio dos países produtores de petróleo no Oriente Médio.

Israelenses e os Palestinos ficariam assustados com a bomba do Irã e poderiam, a com a ajuda americana, chegar, finalmente , a um acordo.

Os Estados Unidos venderiam tecnologia e equipamento militar aos aliados na região por causa da bomba do Irã, o que ajudaria a combalida indústria armamentista americana.

Como se vê, americanos costumam defender os interesses nacionais americanos.

Com mais talento, porém, que os colonizados brasileiros.

Em tempo: a China não deixa que os Estados Unidos imponham sanções econômicas ao Irã. A China tem muito a vender ao Irã e também costuma defender o interesse nacional da China."

FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e postado hoje (10/02) em seu portal "Conversa Afiada" [título e entre colchetes colocados por este blog].

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