“SERÃO MONITORADOS EVENTOS CLIMÁTICOS, RISCO DE CALOTE E CUMPRIMENTO DE LEIS AMBIENTAIS
Sistema projetado em convênio que inclui a Embrapa e a Allianz já está em teste e terá piloto no final do ano
A agricultura brasileira terá, a partir do fim do ano, seu primeiro "big brother". Um sistema já em fase de teste usará imagens de satélite e banco de dados on-line para saber se a produção de determinada fazenda corre riscos.
Serão monitorados desde eventos climáticos até a possibilidade de calote e o cumprimento de leis ambientais. As fazendas cadastradas terão monitoramento diário de cinco satélites.
De posse das informações, o produtor poderá planejar do período ideal de colheita aos contratos de escoamento da produção.
As seguradoras poderão premiar com descontos os proprietários cujas áreas apresentarem as menores médias de risco -e até saber se seus segurados de fato plantaram e vão colher.
O sistema é fruto de um convênio de R$ 1 milhão entre a EMBRAPA, a seguradora Allianz, a empresa alemã de sensoriamento remoto Rapid Eye e a R3ZIS, firma brasileira de tecnologia agrícola.
Ele já vem sendo testado no interior paulista e terá um piloto em funcionamento em vários municípios de Minas Gerais no fim do ano.
"GOOGLE CAMPO"
Segundo Maurício Meira, sócio da R3ZIS, o sistema funcionará como uma espécie de Google Earth, em que as imagens de satélite das propriedades formam uma "base" à qual são adicionadas informações.
Entre elas, dados de solo e clima, tipo de semente plantada e especificações técnicas de cada cultivar.
"Muito do risco ocorre porque as pessoas não usam o produto correto. Uma variedade de milho sujeita à perda em um número X de dias sem chuva e que é plantada em uma região com estiagens desse tipo", diz Meira.
Eles são capazes de "enxergar" o estado de saúde das plantas. Como eles captam luz infravermelha, conseguem, por exemplo, ver uma folha amarelando antes de o produtor perceber.
Somado aos dados meteorológicos, isso permite emitir alertas de risco precoces. Testes no interior paulista conseguiram prever estiagens com sucesso.
"RISCO MORAL"
Além do risco climático e agropecuário, o software permitirá avaliar o chamado risco moral.
"Muitas vezes, a pessoa pode criar uma informação que não é verídica [inventar uma quebra de safra] para acessar o seguro", diz Paulo Cruvinel, da Embrapa Instrumentação Agropecuária.
A idéia, no futuro, é adicionar mais dois tipos de informação. O primeiro são dados de logística, como estradas, portos e armazenagem.
O segundo tipo, cada vez mais importante para produtos de exportação, são dados socioambientais, como o cumprimento dos percentuais de reserva legal e área de preservação permanente.”
FONTE: reportagem de CLAUDIO ANGELO publicada na Folha de São Paulo e no portal UOL (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me3108201017.htm).
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