quinta-feira, 2 de setembro de 2010

JUDEUS DO IRÃ VIVEM MUITO MELHOR QUE OS PALESTINOS DE GAZA

Há 25 mil judeus no Irã. É a maior população judaica no Oriente Médio fora de Israel. Os judeus iranianos não são perseguidos nem sofrem abusos do estado; de fato, estão protegidos sob a constituição iraniana. São livres para praticar sua religião e para votar nas eleições.

Por Mike Whitney, no “CounterPunch”

Não são parados e revistados em checkpoints, não são brutalizados por um exército de ocupação e não estão confinados numa colônia penal densamente povoada (Gaza) onde sejam privados dos meios básicos de subsistência. Os judeus iranianos vivem dignamente e gozam dos benefícios da cidadania.

O presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad é demonizado pela mídia ocidental. É chamado de anti-semita e de "novo Hitler". Mas se essas alegações fossem verdade, então porque a maioria dos judeus iraquianos votou em Ahmadinejad nas recentes eleições presidenciais? Será possível que a maior parte do que se sabe sobre Ahmadinejad seja baseado apenas em boatos e em propaganda?

Este trecho apareceu num artigo da britânica BBC:

"O gabinete (de Ahmadinejad) fez recentemente uma doação monetária para o Hospital Judaico de Teerã. É um dos quatro únicos hospitais judaicos de caridade no mundo e foi fundado com dinheiro da diáspora judaica – coisa notável no Irã onde mesmo as organizações locais de ajuda têm dificuldade em receber fundos do estrangeiro por medo de serem acusados de agentes estrangeiros".

Quando foi que Hitler alguma vez doou dinheiro para hospitais judeus? A analogia com Hitler é uma tentativa desesperada de lavagem cerebral aos americanos. Nada nos diz sobre quem realmente é Ahmadinejad.

As mentiras sobre Ahmadinejad não são diferentes das mentiras sobre Saddam Hussein ou Hugo Chávez. Os EUA e Israel estão tentando criar uma justificação para outra guerra. É por isso que a mídia credita a Ahmadinejad coisas que ele realmente nunca disse. Ele nunca disse que quer "varrer Israel do mapa". Essa é mais uma ficção. O autor Jonathan Cook explica o que disse realmente o presidente:

"Este mito tem sido interminavelmente reciclado desde que ocorreu um erro de tradução num discurso de Ahmadinejad dois anos atrás. Especialistas em farsi atestaram que o presidente iraniano, longe de ameaçar com a destruição de Israel, estava citando um antigo discurso do Aiatolá Khomeini no qual ele reassegura aos apoiadores da Palestina que "o regime sionista em Jerusalém" iria "desaparecer das páginas do tempo".

Ele não estava ameaçando exterminar judeus ou Israel. Estava comparando a ocupação israelense da Palestina com outros sistemas ilegítimos cujo tempo havia passado, incluindo os xás que outrora governaram o Irã, o apartheid na África do Sul e o império [NR] soviético. Não obstante, a tradução errônea sobreviveu e prosperou porque Israel e seus apoiadores a exploraram para seus próprios propósitos de propaganda" ("Israel's Jewish problem in Tehran", Jonathan Cook, The Electronic Intifada)

Ahmadinejad não representa qualquer ameaça para Israel ou para os EUA. Como todos no Oriente Médio, ele quer apenas um alívio da agressão israelense e norte-americana.

Isto é da “Wikipedia”:

"O Departamento de Estado dos EUA tem alegado discriminação no Irã contra judeus. De acordo com seu estudo, os judeus não podem ocupar posições importantes no governo e estão proibidos de servir nos serviços judiciário e de segurança e de tornar-se diretores de escolas públicas. O estudo diz que cidadão judeus podem obter passaportes e viajar para fora do país, mas a eles são freqüentemente negadas as permissões de múltiplas saídas normalmente concedidas a outros cidadãos. As alegações feitas pelo Departamento de Estado norte-americano foram condenadas pelos judeus iranianos. A Associação de Judeus de Teerã diz numa declaração, "nós judeus iranianos condenamos as declarações do Departamento de Estado dos EUA sobre as minorias religiosas iranianas, anunciamos que estamos totalmente livres para executar nossos deveres religiosos e não sentimos nenhuma restrição para realizar nossos rituais religiosos".

Em quem deveríamos acreditar: nos judeus que realmente vivem no Irã ou nos encrenqueiros do Departamento de Estado norte-americano?

Há seis açougues kosher, 11 sinagogas e diversas escolas hebraicas em Teerã. Nenhum funcionário de Ahmadinejad nem de qualquer outro governo iraniano fez qualquer tentativa de fechar essas instalações. Nunca. Judeus iranianos são livres para viajar (ou mudar-se) para Israel se assim o desejarem. Não estão aprisionados por um exército de ocupação. Não estão privados de alimentos ou remédios. Seus filhos não crescem com doenças mentais originadas do trauma da violência esporádica. Suas famílias não são atingidas por barcos armados atirando enquanto circulam nas praias. Seus apoiadores não são esmagados por escavadeiras ou atingidos na cabeça por balas de borracha. Não são atingidos por gás ou espancados quando fazem demonstrações pacíficas por suas liberdades civis. Seus líderes não são caçados e assassinados premeditadamente.

Roger Cohen escreveu um ensaio bastante cuidadoso sobre este tema para o “New York Times”. Diz ele:

"Talvez eu seja um pouco tendencioso em relação aos fatos mais do que a palavras, mas digo que a realidade da civilidade iraniana acerca dos judeus nos diz mais sobre o Irã – seu refinamento e cultura – que toda retórica inflamada. Isso pode ser devido a eu ser judeu e ter sido frequentemente tratado com tanta gentileza no Irã. Ou talvez eu esteja impressionado com a fúria contra Gaza, trombeteada em posters e na TV iraniana, nunca se ter convertido em insultos ou violência contra judeus. Ou talvez seja porque eu esteja convencido de que a caricatura do Irã como "o Mullah Doido" e a comparação de qualquer vínculo com Munich em 1938 – uma posição popular em alguns círculos judaicos norte-americanos – seja incorreta e perigosa". ("What Iran's Jews Say", Roger Cohen, New York Times).

As coisas não são perfeitas para os judeus que vivem no Irã, mas são melhores do que para os palestinos que vivem em Gaza. Muito melhor.”

FONTE: escrito por Mike Whitney e publicado no “CounterPunch”, no “Pátria Latina” e no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=136082&id_secao=9).

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