domingo, 13 de fevereiro de 2011

AMÉRICA LATINA SE UNE PARA ENFRENTAR O IMPÉRIO [EUA]


“Nas últimas semanas, ocorreram dois fatos importantes relacionados com a luta de classes na América Latina. De um lado, o presidente dos EUA, Barack Obama, reassume agora o papel também de presidente do império num contundente discurso no Congresso estadunidense. E, de outro lado, celebrou-se, no dia 2 de fevereiro, doze anos da tomada de posse do governo Hugo Chávez, na Venezuela, e com ele os novos ventos que soprariam, na década, alterando a correlação de forças no continente.

Em quase todos os países da América Latina, e também aqui no Brasil, houve celebrações, atos políticos e manifestações nas representações diplomáticas da Venezuela, comemorando os doze anos do fim do neoliberalismo naquele país com a vitória eleitoral de Hugo Chávez e a derrota do governo repressor de Andrés Carlos Perez. A vitória do desconhecido coronel da reserva Hugo Chávez não foi uma vitória pessoal ou fruto de marqueteiros de aluguel. Sua conquista foi o coroamento de diversas lutas sociais na Venezuela a partir do “caracazo”, em que a população se levantou contra o neoliberalismo e pagou o preço de milhares de mortos, número até hoje desconhecido. Em outros países da América Latina, como aqui no Brasil, pipocaram centenas de lutas localizadas, algumas mais massivas e outras mais radicais, que vai desde as manifestações de Seatlle, o levantamento Zapatista, as realizações dos Fóruns Sociais Mundiais, às revoltas contra a privatização da água, energia elétrica etc. em quase todos países de nosso continente.

O resultado desse processo de resistência ao neoliberalismo se transformou em vitórias eleitorais, em que foram eleitos diversos governos antineoliberais e anti-imperialistas.

Chávez representa essa virada. A partir de sua vitória eleitoral e do processo que se iniciou na Venezuela, como a chamada revolução bolivariana, o povo daquele país passou a mobilizar-se permanentemente por um novo modelo de desenvolvimento, que resolva de fato seus problemas. E tivemos também mudanças significativas em quase todos os países da América Latina.

O império estadunidense levou um susto e teve que recuar. Sofreu derrota política estratégica ao não conseguir impor o projeto da ALCA, que submeteria nossas economias a seus interesses. Outras pequenas vitórias de nossos povos se seguiram.

Depois veio a crise do sistema capitalista a partir de 2008, que abalou as bases da economia dos EUA. E, como consequência dessa crise, a vitória eleitoral de Obama, um político democrata, de origem afrodescente e com vínculos em lutas sociais de Chicago, que conseguiu derrotar a candidata do sistema Hilary Clinton.

Sua eleição despertou curiosidade e esperança entre os pobres dos EUA e entre as forças progressistas do continente.

Mas o tempo passou e as forças do capital foram retomando sua verdadeira cara. Na política externa, comandada pela derrotada Hilary Clinton, nenhuma mudança. Ao contrário: mais soldados no Afeganistão, no Haiti (apesar do terremoto), mais provocações em todo mundo a partir de suas bases militares.

Passada a expectativa, finalmente o presidente Obama retoma seu verdadeiro papel de coordenador político dos interesses econômicos do império e suas empresas.

Num discurso contundente, virulento e imperialista, no Congresso estadunidense, reafirma perante a imprensa de todo mundo e seu povo a vontade política de recuperar os interesses do império estadunidense e de impor, a qualquer custo, seus interesses frente aos demais povos. Todo mundo deve seguir trabalhando, usando o dólar, para manter a melhoria e o bem-estar apenas dos que vivem nos EUA. As empresas dos Estados Unidos devem reassumir o controle dos mercados e a primazia sobre as demais empresas. O dólar deve continuar regendo os destinos do mundo. Eles usam a maquininha de pintar papel de dinheiro, e os povos do mundo se obrigam a curvar-se para pagar a conta.

Triste papel esse. Agora assumido formalmente.

E as consequências já começam a serem sentidas na tentativa de salvar o regime corrupto e ditatorial de Mubarak no Egito. Assim como tiveram a petulância de enviar o secretario do tesouro para pressionar a presidenta Dilma a fim de que se afaste da China, para que não tenha política externa independente e volte aos braços dos interesses estadunidenses.

Certamente, teremos ainda duros anos de luta pela frente. Pois o império começa a retomar a ofensiva, depois das derrotas sofridas com a ascensão de Chávez.

Felizmente a América Latina trata de unir-se cada vez mais para enfrentar o império. Já está marcada para a primeira semana de julho de 2011 a fundação, em Caracas, da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), que vai sepultar a OEA e reunir todos os países do continente com exceção dos EUA e Canadá. A CELAC será importantíssimo instrumento para enfrentar a sanha imperial de recolonizar o continente.”

FONTE: publicado no site “Brasil de Fato” e transcrito no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=147440&id_secao=7) [imagem do Google adicionada por este blog].

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