sábado, 12 de fevereiro de 2011

GOVERNO DO EGITO: MUDOU DE 6 PARA MEIA DÚZIA

          [CONTINUAÇÃO DO PROCESSO ACIMA ESTÁ GARANTIDA

QUEDA DE MUBARACK: EUA E ISRAEL SE COMPROMETEM QUE NÃO HAVERÁ PREJUÍZOS À CONTINUAÇÃO DA INVASÃO DA PALESTINA


A principal preocupação “do Ocidente” [sic] (isto é, dos EUA, Israel e seus aliados) é que eventual e indesejável “governo muçulmano” no Egito venha a prejudicar a política em curso, há mais de meio século, de expansão territorial de Israel e de seu fortalecimento militar (inclusive atômico).

Isso atende ao poderoso lobby judeu nesses países e ao interesse dos EUA e de seus aliados europeus de alcançar [com o papel israelense de ser, na prática, poderosa base militar dos EUA no Oriente Médio] o máximo de controle da produção e exportação do petróleo árabe.

A revolta popular no Egito poderia ameaçar esses interesses, pois Mubarack era há décadas conveniente e submisso aliado. Como a sustentação de Mubarack tornou-se impossível, encontraram a solução de alçar ao poder o seu vice, igualmente submisso aliado. Também não foi possível.

Agora, sob total controle e orientações dos EUA, Mohamed Hussein Tantawi, presidente do Supremo Conselho Militar, assumiu o poder no Egito após a renúncia do ditador Hosni Mubarak. Tantawi já é há muito tempo confiável facilitador dos interesses norte-americanos e israelenses na região.

Assim, por enquanto, o levante popular somente serviu para trocar seis por meia dúzia.

As duas reportagens de agências norte-americanas de notícias, a seguir transcritas, apesar de totalmente tendenciosas pró-EUA/Israel, permitem que se percebam em suas entrelinhas esses conceitos acima mencionados.

Inicialmente, vejamos a da agência norte-americana de notícias Reuters publicada pela Folha/UOL:

“EUA PROMETEM IMPEDIR QUE MUDANÇA NO ORIENTE MÉDIO AMEACE ISRAEL


“Os Estados Unidos estão comprometidos em garantir que as mudanças políticas no Oriente Médio, incluindo o levante no Egito, não ameacem Israel [e suas continuadas e crescentes invasões e apropriações dos territórios dos palestinos], disse o vice-secretário de Estado norte-americano, James Steinberg, na quinta-feira.

Seja qual for o novo governo no Egito, ele precisará "honrar o tratado de paz histórico do Egito com Israel" [isto é, não atrapalhará a política militar-expansionista de Israel apoiado pelos EUA], afirmou Steinberg aos congressistas dos EUA.

"Estamos comprometidos em garantir que as mudanças políticas nas fronteiras de Israel não criem novos perigos para Israel e região", disse ele, num depoimento ao Comitê de Assuntos Externos da Casa dos Representantes.

"Ao trabalhar para as transições pacíficas, acreditamos que podemos ajudar a garantir a segurança de Israel [nas novas fronteiras ampliadas com as invasões] no longo prazo, assim como podemos apoiar os governos que respondem mais à sua população", afirmou Steinberg.

O governo norte-americano ficará atento contra as tentativas de "sequestrar" a reforma no Egito para fazer avançar o “extremismo”, disse ele [isto é, “extremista” é qualquer governo que não seja submisso aos EUA].

O Egito foi sacudido por duas semanas de protestos exigindo a saída do presidente Hosni Mubarak, no poder há 30 anos, antes do fim do seu mandato em setembro. Mubarak recusava-se a deixar o cargo, mas disse que não concorreria à reeleição.

Steinberg repetiu as advertências dos EUA ao governo egípcio de que "passos mais concretos" são necessários para sustentar suas promessas de diálogo com os manifestantes, além de eleições livres e justas [“livre e justa” é aquela cujo resultado seja conveniente para os EUA-Israel].

O governo do Egito tem resistido à pressão cada vez maior vinda dos EUA, seu aliado-chave, e do movimento de protesto.

Steinberg indicou que os EUA prosseguiriam a ajudar economicamente o Egito, dizendo que o país apoiará grupos democráticos e a retomada econômica.

A assistência norte-americana ao Cairo [espécie de “cala-a-boca” para não interferir na política expansionista de Israel] é de cerca de 1,5 bilhão de dólares por ano. A maior parte desse valor, porém, consiste em auxílio militar.”

FONTE: reportagem de Susan Cornwell, de Washington-EUA, divulgada pela agência norte-americana de notícias Reuters (http://www.defesanet.com.br/11_02/110211_04_rts_eua_om.html [título, imagem e trechos entre colchetes adicionados por este blog]

A seguir, outra reportagem de agência norte-americana de notícias:

NOVO CHEFE DE ESTADO EGÍPCIO É TIDO COMO RELUTANTE À MUDANÇA

“Funcionários do governo dos Estados Unidos consideram o presidente do conselho militar do Egito, que assumirá o governo nesta fase de transição, como um aliado que tem o compromisso de evitar nova guerra contra Israel. Mas o criticaram em foro privado, no passado, por sua resistência a reformas políticas e econômicas.

Mohamed Hussein Tantawi, 75, presidente do Supremo Conselho Militar que assumiu o poder no Egito após a renúncia do ditador Hosni Mubarak, conversou por telefone com o secretário da Defesa americano, Robert Gates, cinco vezes durante a crise [recebendo as ordens de missão]. A última foi na quinta-feira passada.

O relacionamento com o Egito é antigo e importante para Washington, que fornece US$ 1,3 bilhão em assistência militar às Forças Armadas egípcias a cada ano.

Funcionários do Departamento da Defesa não revelaram detalhes sobre as conversas entre Tantawi e Gates, mas o secretário elogiou publicamente as Forças Armadas egípcias pelo papel estabilizador que exerceram durante a turbulência. Na terça-feira, Gates declarou que as forças egípcias "fizeram sua contribuição para a evolução da democracia".

Mas, reservadamente, [no passado] funcionários do governo americano classificaram Tantawi como um líder "relutante em mudar", e pouco confortável com a concentração dos EUA no “combate ao terrorismo” [isto é, combate aos que prejudiquem interesses norte-americanos na região], de acordo com um telegrama de 2008 do Departamento de Estado divulgado pelo site WikiLeaks.

Tantawi serviu em três guerras contra Israel, a começar pela crise do canal de Suez, em 1956, e também nas guerras do Oriente Médio em 1967 e 1973. É ministro da Defesa e chefe das Forças Armadas desde 1991.

O telegrama diz que "ele tem o compromisso de impedir que nova guerra aconteça". Ainda assim, os diplomatas alertaram, antes de uma visita de Tantawi a Washington em 2008, que os deputados americanos deveriam se preparar para receber um ministro "envelhecido e resistente a [algumas das] mudanças [impostas pelos EUA]".

"Charmoso e cortês, ele ainda assim está preso a um paradigma militar pós-Camp David que serviu bem aos interesses estreitos de seu grupo pelas três últimas décadas", afirmava o telegrama, fazendo referência ao acordo de paz entre Egito e Israel.

Washington há muito instava por mudanças no Egito.

Mas o telegrama afirma que Tantawi "se opôs a reformas econômicas e políticas que considera prejudiciais ao poder do governo central".

Durante as manifestações, ele foi nomeado vice-premiê, após Mubarak demitir seu gabinete em tentativa fracassada de acalmar os protestos, em 29 de janeiro.

Isso levou a especulações de que ele poderia concorrer à Presidência, embora alguns analistas dissessem que ele tinha apoio limitado entre os militares.”

FONTE: de agências estrangeiras de notícias e publicado no portal UOL e Folha.com (tradução de Paulo Migliacci) (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/874654-novo-chefe-de-estado-egipcio-e-tido-como-relutante-a-mudanca.shtml)

[título, imagem e trechos entre colchetes adicionados por este blog]

4 comentários:

Darkkann disse...

não é de interesse só dos eua e aliados que os estados islamicos sejam extintos, é de interesse de todo o mundo que possui valores humanistas - aqueles ideiais que são desejados por todos os homens e estão acima de qualquer cultura.

se o mundo sob dominio desses paises já está uma porcaria, porque nem sempre eles são fieis a esses valores, imagina sob o dominio daqueles que nem reconhecem o direito a vida das pessoas!

é uma contradição a esquerda brasileira se declarar defensora incotestavel dos direitos humanos,e se alinhar com paises que nem os reconhecem (mesmo que seja só pra fazer oposição ao 'império do mal').

e o pior é ver mulheres manifestando seu apoio a esses regimes que as tratam como animais. queria saber se voce, maria teresa, trocaria a vida cheia de liberdades que voce leva cá do lado ocidental capitalista imperialista do mundo - e que só é possivel graças a derrota ideologica que os 'imperialistas' impuseram sobre o oriente -, por uma vida num pais islamico qualquer.

Unknown disse...

Darkkann,
Achei, no mínimo, curioso o seu comentário. Você diz reconhecer "o direito à vida das pessoas", possuir "os valores humanistas acima de qualquer cultura" e, ao mesmo tempo, prega "que os Estados islâmicos sejam extintos" !?!
Quanto a sua última pergunta, uma observação. Sou católica praticante e fui criada na cultura "ocidental capitalista". Abordar erros da política externa de potências ocidentais não quer dizer que eu queira mudar para "um país islâmico qualquer", nem, como você, que deseje que os que tenham outras culturas sejam extintos.
P.S: achei deselegante você escrever a inicial do seu nome com letra maiúscula e as do meu com letras minúsculas. É somente um deslize ou desconhecimento de regras do idioma?
Maria Tereza

Darkkann disse...

direitos humanos são para pessoas, não para regimes. eu disse que a extinção dos estados islamicos é bem vinda, porque eles não respeitam os direitos humanos (à vida, à liberdade, à igualdade de direitos, etc.). como eu já disse, esses valores são anseios comuns de todos os homens e estão acima de qualquer cultura. se uma tradição não respeita os direitos humanos, ela deve ser extinta. quanto a sua observação, não fui que escrevi meu apelido, mas o google. eu só loguei com meu email pra que o comentario fosse publicado. eu não utilizo maisculas nos meus textos apenas por questão de comodidade.

Unknown disse...

Darkkmann,
Compreendi seu ponto de vista e suas comodidades de redação.
Continuo não compartilhando com o conceito da extinção dos estados islâmicos pelo pretexto de, na sua opinião, "eles não respeitarem os direitos humanos (à vida, à liberdade, à igualdade de direitos etc)". Como você já disse, "esses valores são anseios comuns de todos os homens e estão acima de qualquer cultura". Ainda segundo sua opinião, "se uma tradição não respeita os direitos humanos, ela deve ser extinta".
Se assim fosse, pelo fato de os EUA não respeitarem os direitos humanos, por exemplo dos iraquianos, sem nenhuma justificativa aceitável pela ONU, eles deveriam ser extintos. Acho muito radical essa punição.
Maria Tereza