Keynes e PNB Jr: quem entra e sai sem controle é passarinho
“Saiu no ‘Wall Street Journal’:
Nações emergentes rejeitam plano do FMI para disciplinar medidas de controle do influxo de capital.
O FMI foi obrigado a adiar o plano para ajudar os países a administrar o influxo de capital externo de curto prazo.
O Secretário do Tesouro americano – TIM Geithner põe a culpa na China.
Outros culpam o Banco Central americano.
Quando o FMI, finalmente, aceitou medidas para controlar o influxo de capitais de curto prazo, foi uma importante novidade: [Lembro: “O FMI sugere que o Brasil faça o Clinton acusou FHC de não fazer: defender o Brasil”].
Mas o FMI considera que esse tipo de controle deve ser usado só em última instância.
Antes de recorrer a ele, diz o FMI, os países têm que usar medidas tradicionais: aumentar os juros, deixar as moedas flutuar e cortar gastos do Orçamento.
(Ou seja, o FMI era o velho FMI de guerra.)
Aí, os países emergentes no FMI, liderados pelo Brasil, a Turquia e a Coréia do Sul, disseram um sonoro não !
Ou, como disse, em Washington, o Ministro Guido Mantega, em nome da Presidenta:
“Não aceitamos nenhuma pré-condição, balizamentos ou ‘códigos de conduta’ que tentem constranger, direta ou indiretamente, as respostas políticas dos países que enfrentam o aumento de influxos de capital volátil”.
(Saravá !)
O que está em jogo ?
Para tentar sair da crise profunda –que poderá levar a um calote da dívida, como apontou a Standard & Poor’s– os Estados Unidos, através de seu Banco Central, encheram o mundo de dólares para desvalorizar a moeda e exportar mais.
Foi uma forma de desvalorizar o dólar e sair do buraco.
Ou seja, os Estados Unidos tiveram que, voluntariamente, renunciar ao poder.
E com isso, derramam dólar pelo mundo afora, como forma de pressão para que o mundo inteiro valorize suas moedas –e exporte menos.
Ou seja: os Estados Unidos exportam mais e o Brasil, menos.
Aí, o Brasil começou a criar obstáculos à entrada de dólar.
O Brasil já tem mais reservas cambiais do que a Alemanha, a França e a Inglaterra.
Esse ‘Nunca Dantes’ [Lula]...
Agora, chega o FMI com a velha receita neoliberal, disfarçado de moderninho.
Ante de colocar barreira ao dolar, o FMI quer o que o “mercado” brasileiro quer –ele e seus porta-vozes no PiG (*):
Juros, mais juros, juros na veia !
Para engordar os bancos !
Afinal, o FMI foi criado no fim da Segunda Guerra Mundial para trabalhar pelos bancos, com uma capa de “Ciência”.
A posição brasileira diante dessa ofensiva do FMI estava no artigo do nosso representante lá, o economista Paulo Nogueira Batista Jr, na pág. 7 do Globo de sábado:
“É irônico que esses países, entre eles os que foram responsáveis pela eclosão da maior crise econômica desde 1930, (leia-se EUA – PHA) queiram agora estabelecer ‘códigos de conduta’ para os países que estão se protegendo da enxurrada de liquidez provocada pelas suas políticas”.
PNB Jr lembra, também, que, no desenho original do FMI, o Lord Keynes não gostava da idéia de o capital poder trafegar livremente de lá para cá, sem controle na entrada.
Disse Keynes: “Nada é mais certo de que os movimentos de capital têm que ser regulados”.
O que o amigo navegante já observou é que o Mundo de 1945 foi para o saco.
O Mundo americano criado após a Segunda Guerra Mundial ruiu.
Lá, em Bretton Woods, os vencedores da II Guerra (ao lado da União Soviética, é sempre bom lembrar) criaram o FMI para regular o Caixa do Mundo.
Esta semana, uma agência de risco mequetrefe diz que rebaixou a nota americana para contemplar o risco de um calote.
E o Guido Mantega e a Presidenta dizem ao FMI para ir quebrar coquinho.
O amigo navegante há de se lembrar que, no sombrio Governo do FHC, o Brasil foi três vezes ao FMI de cócoras –e depois de tirar os sapatos, como é da natureza da política da dependência.
Hoje, o Brasil é credor do FMI.
Esse Nunca Dantes …”
Em tempo: a Folha (**) demitiu o PNB Jr da equipe de articulistas e colocou no lugar o Nizan Guanaes [marqueteiro dos tucanos].”
FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e publicado em seu portal “Conversa Afiada” (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2011/04/19/o-mundo-de-1945-ruiu-e-o-pig-nao-viu/).
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