quarta-feira, 20 de abril de 2011

O PROF. GUDINHO NÃO QUER OS US$ 12 BILHÕES DA FOXCONN

O Mestre Vitalino e o professor Gudinho, o pai dos colonizados do Séc XXI

“Este ansioso blogueiro [Paulo Henrique Amorim, no “Conversa Afiada”] leu no [portal] R7 que o Brasil é a bola da vez em investimentos em tecnologia avançada.

No Blog do Planalto, a presidenta Dilma mostrou o que espera da renovada relação com a China:

Nós não achamos que será fácil. Nós vamos ter muito trabalho pela frente, vamos ter de formar brasileiros e brasileiras capacitados para trabalhar nesta área de tecnologia de informação. Mas uma coisa é certa: as empresas não estão vindo para cá por acaso. No ano passado, o Brasil foi o terceiro país que mais vendeu computador no mundo, e isso significa um grande mercado potencial.”

Nada disso, porém, parece confortar os colonistas (*) do PiG (**).

Este ansioso blogueiro leu nos últimos dias, com estupefação, colonas (*) de nomes ilustres a condenar o investimento de US$ 12 bi que a Foxconn, uma microempresa chinesa vai fazer no Brasil.

Perseguido por dúvida cruel, o ansioso blogueiro resolveu consultar o professor Eugênio Gudinho, de notável saber Econômico:

- Professor, a saúde vai bem ?

- Muito bem, meu filho, numa voz quase inaudível. Por que você resolveu me importunar ? (O professor é dono de notório mau humor.)

- Professor, o senhor é a favor do investimento de US$ 12 bi que a Foxconn vai fazer no Brasil ?

- Contra !, respondeu secamente.

- Mas, por que, professor ?

- Porque vai provocar inflação.

- Mas, professor, o investimento vai contratar 100 mil pessoas. Isso não é bom para o Brasil ?

- Não, porque eles vão trazer os malaios para produzir.

- Mas, professor, o dono da Foxconn diz que vai precisar de 25 mil engenheiros …

- Meu filho, se você somar todos os engenheiros que se formaram na Escola Politécnica do Rio de Janeiro desde que eu me formei, não dá isso.

- Mas, professor, pode contratar engenheiro de outras faculdades.

- O Brasil não precisa de engenheiro.

- Precisa de que, professor ?

- De gente que saiba carpir café.

- Carpir café, professor ? Por quê ?

- Porque café é câmbio. O resto é bobagem.

- Mas, professor, veja bem, o Brasil precisa se industrializar, não pode depender só da agricultura.

- Meu filho, você já ouviu falar em David Ricardo, um rapaz inglês muito talentoso …

- Sim, claro, professor. Mas o que ele tem a ver com a Foxconn ?

- Tem a ver o seguinte, seu tolo. Ele é que formulou a tese do “cada macaco no seu galho” …

- Péra aí, professor, me desculpe, mas quem formulou essa importante teoria científica foi o Riachão. E com a colaboração do Caetano e do Gil.

- Meu filho, não sei do que você está falando. O que eu sei é o seguinte: quem nasceu para produzir trigo não pode produzir banana. E quem produz banana não pode produzir trigo. Se tentar produzir, vai sair uma porcaria.

- Sim, professor, e o Riachão com isso ?

- O Brasil nasceu para produzir café. E café é câmbio. E às vezes, banana.

- Mas, veja, professor, me permita uma consideração … sem querer importuná-lo.

- Mas é o que você sabe fazer: me importunar …

- Veja bem, professor, desculpe. Mas, quando os primeiros peregrinos ingleses chegaram às 13 Colônias americanas, eles só sabiam produzir torta de maçã …

- Ridículo …

 - Logo depois da II Guerra Mundial, os japoneses se especializaram em produzir aqueles guarda-chuvas de papel que a gente botava em cima do sorvete …

- Ridículo … você não está à altura de conversar comigo. Estou perdendo o meu tempo.

- Professor, uma última consideração: quando o Deng Xiaoping disse aquele frase … “não importa a cor do gato” … o senhor sabe, né, quando ele disse isso os chineses só sabiam produzir brinquedinho de matéria plástica, de um dólar … professor …

- O que você quer provar ?

- Eu só queria trocar uma ideia com o senhor, professor.

- E nessa troca … você entra com quê ?, perguntou o velhinho, uma fera.

- Professor, o Brasil já é uma economia importante, não é uma das 13 Colônias. O Brasil vai pegar esses US $ 12 bi da Foxconn e vai virar por dentro. Em pouco tempo, transformar isso em conhecimento, pesquisa, inovação …

- Meu filho, não insista. O Brasil vai montar, MONTAR os tablets da Foxconn … e mais nada. Vai ser um trabalho artesanal. A Foxconn vai ser um Mestre Vitalino eletrônico !

- Ah, o senhor sabe o que é um tablete, professor ?

- Claro, seu idiota !

- Quer dizer, então, que o brasileiro vai lá, professor, monta o tablete e fica burro, de tanto montar tablete…

- Fica, não. É burro !

- Bom, aí, já é demais. Ai, o senhor me ofende. E o senhor pensa que a Presidenta é uma ingênua … vai deixar a Foxconn transformar isso aqui numa grande Cingapura !

- Quem me dera, meu filho ! Quem me dera ! Mas, nem para Cingapura a gente serve.

- Então, a gente serve para que, professor ?

- Para carpir café.

- E café é câmbio, não é isso ?, pergunto.

- Claro ! Pelo menos isso você aprendeu !

Pano rápido."

(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

FONTE: escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e publicado em seu portal “Conversa Afiada”  (http://www.conversaafiada.com.br/economia/2011/04/18/o-prof-gudinho-nao-quer-os-us-12-bi-da-foxconn/).

3 comentários:

iurikorolev disse...

Muito interessante Maria Tereza
Ótima matéria !

iurikorolev disse...

A tarefa que espera a Dilma é hercúlea.
1-Precisamos (com ações concretas e não retórica) melhorar muito a educação, pois se a intenção do presidente Lula foi boa, os resultados não foram essas coisas.
2-A outra tarefa a ser feita é incluir o Brasil nos paises tecnologicamente desenvolvidos.
Se a Dilma conseguir isto será colocada no rol dos grandes presidentes. Se ficar só na intenção provavelmente não será reeleita.

Unknown disse...

Iurikorolev,
Concordo totalmente.
Se não houver gigantesco esforço em educação, não conseguiremos subir para o patamar dos países tecnologicamente desenvolvidos. Na tendência atual, no máximo, conseguiremos manter a distância deles.
Maria Tereza