terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

IRÃ NÃO É AMEAÇA PARA ISRAEL E SEU ARRASADOR PODER ATÔMICO, diz historiador israelense

Martin van Creveld acredita que o Irã não atacaria Israel sem motivos

“As comemorações pelo 33º aniversário da Revolução Iraniana, que tiveram início no último dia 1º, se encerraram no sábado (11) em um momento em que o país é cada vez mais pressionado pela comunidade internacional para que encerre seu suposto programa [de energia elétrica] nuclear [acusado de, no futuro, poder eventualmente vir a também produzir armas atômicas] .

Nesse cenário, as relações com Israel se tornam cada vez mais delicadas à medida que os dois lados ameaçam garantir a segurança nacional por meio de ações militares.

Na comunidade internacional, os israelenses [hipocritamente, com suas bombas atômicas desenvolvidas às escondidas e à revelia da comunidade internacional] fazem lobby para que a ONU (Organização das Nações Unidas) adote sanções cada vez mais agressivas contra o Irã, atingindo, principalmente, sua economia e sua produção de petróleo.

Apesar da tensão entre os dois países, Martin van Creveld, historiador pela Universidade Hebraica de Jerusalém, especialista em estratégia militar e Ph.D pela “London School of Economics”, afirma que o Irã está longe de ser uma ameaça a Israel.

Para ele, as declarações de Teerã buscam atrair o apoio árabe na região. No entanto, mesmo afastando a possibilidade de uma ação militar iraniana, van Creveld não descarta que Israel pode dar o primeiro passo.

Acompanhe a entrevista:

Opera Mundi: Diante deste cenário que envolve acusações e ameaças de ambas as partes, qual é a real situação das atuais relações entre Irã e Israel?

Martin van Creveld: O Irã tem dois inimigos principais. O primeiro são os Estados Unidos [que querem o seu petróleo e também destruir o Irã para obedecer ao tradicionalmente fortíssimo lobby judeu no Congresso, na mídia e no governo dos EUA]. Assim com as Guerras de 1991, 1999 e 2003 [Golfo, Kosovo e Iraque] mostraram, ninguém nunca sabe qual será o país que o próximo presidente dos EUA irá atacar com bombas e/ou invadir. Se os iranianos estão realmente tentando construir uma bomba o mais rápido possível – e isso não é nada certo – então o principal objetivo [ou melhor, o falso pretexto] norte-americano é deter essa ameaça.

O outro rival do Irã é a Turquia. Após o desaparecimento do Iraque (da geopolítica internacional) e do enfraquecimento da Síria, um vácuo de poder se abriu. Ele atinge desde a costa nordeste do Mediterrâneo até o Golfo Pérsico. Tanto o Irã quanto a Turquia querem dominar essa área. Os dois países têm cerca de 80 milhões de pessoas e são potências regionais.

Comparado com essa luta titânica, Israel é pequeno e não tem importância [mas tem o poderoso aliado norte-americano que o apoia e supre com numerosas, modernas e mortíferas armas]. Para o Irã, fazer todos os tipos de ruído anti-israelense é muito útil para puxar a opinião pública árabe na Síria e no Iraque para seu favor.

Opera Mundi: É tão perigoso assim que o Irã produza energia nuclear?

MC: A energia nuclear está fora de questão. Muitos países possuem reatores, mas não têm a [vontade e capacidade de produzir armas atômicas]. A questão é: será que os iranianos irão usar a infraestrutura que possuem agora para construir uma bomba? Ninguém sabe a resposta. O que parece claro, porém, é que ninguém mais tem reservado tanto tempo para isso [questão nuclear]. Esse fato pode levantar algumas suspeitas.

Opera Mundi: O Irã é uma ameaça para Israel?

MC: Não. Relatórios internacionais apontam que Israel "tem o que é necessário" para transformar o Irã em um deserto radioativo em poucas horas se esta for a ordem. Os iranianos sabem disso, assim como todo mundo sabe. [Hipocritamente, ao mesmo tempo que cobra sanções e ataque contra o Irã, Israel possui centenas de bombas atômicas, clandestinamente construídas sem controle e punição das grandes potências. Usa seu poder militar atômico e o de seu fiel e até submisso aliado (EUA) para amedrontar e respaldar suas invasões e ocupações na Palestina, sul do Líbano e colinas sírias de Golã].

Opera Mundi: O Sr. disse uma vez que o “Irã é um país perigoso, mas não para nós (israelenses)”. Para quem então?

MC: Os países que possuem razões para se preocupar (em relação ao Irã) são aqueles que fazem fronteira com o Golfo, como o Kuwait, Bahrein, Qatar, Emirados Árabes Unidos e, é claro, a Arábia Saudita. Se o Irã desenvolver a bomba, a pressão sobre esses países irá aumentar, sem dúvida. Mas nós, em Israel, estamos muito longe, e salvar os árabes de seus irmãos muçulmanos não é nosso negócio [ao contrário...].

Opera Mundi: É possível que um dos dois países inicie alguma ação militar em um futuro próximo?

MC: Dias atrás, um blogueiro iraniano escreveu que a melhor defesa é o ataque e que o Irã poderia atacar Israel antes que os israelenses tomassem a primeira atitude. Esta foi a primeira vez que algo dessa forma apareceu na internet [iraniana]. No entanto, nós não sabemos quem é o blogueiro e quem ele representa. Eu considero que um ataque iraniano, sem um motivo aparente, está fora de questão. No entanto, será que Israel atacaria o Irã agora? Se eu soubesse, com certeza não lhe diria.

Opera Mundi: Como uma forma de estrangular a economia iraniana, a comunidade internacional vem aprovando cada vez mais novas sanções contra o país. Qual é o peso dessas medidas contra o Irã? Como isso afeta a população?

MC: Difícil dizer. De qualquer forma, parece que as sanções estão tendo impacto na economia iraniana. O dinar (moeda iraniana) está caindo feito uma pedra. Os preços dos alimentos e combustíveis subiram e parece haver agitação popular. Não considero impossível que, caso o descontentamento pelos aumentos cresça entre a população, e o regime começar a se sentir em perigo, o homem no comando, Aiatolá Khamani, irá se livrar de Ahmadinejad para salvá-lo (regime). No entanto, ainda não estamos nesse estágio.”

FONTE: publicado no site “Opera Mundi” e transcrito no portal “Vermelho”  (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=175513&id_secao=9). [título, imagem do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’]

3 comentários:

Probus disse...

14/02/2012: O 33º aniversário da Revolução Islâmica no Irã

Com significativa presença do estado na economia, políticas públicas foram consolidadas nestes 33 anos de Revolução levando a nação persa a praticamente ter erradicado o analfabetismo que na época da ditadura do Xá alcançava mais de 90 por cento da população. O salto educacional e cultural do Irã neste período é digno de nota.

Por Beto Almeida

Há 33 anos, num 11 de fevereiro, a Revolução Islâmica sacudia as estruturas retrógadas da sociedade do Irã, derrubava a ditadura pró-imperialista do Xá Reza Pahlevi e, sob a direção do Aiatolá Khomeini, com tremendo apoio popular, a ponto da constituição de milícias armadas e com a incorporação de mulheres - com chador e tudo - dava início a um período de significativas transformações sócio-econômicas e políticas, apesar de todas as hostilidades, agressões militares, sanções econômicas e manipulação informativa que só comprovam com este processo revolucionário incomoda profundamente o império.

Só com forte apoio popular é possível suportar e vencer o cenário hostil que a Revolução Islâmica teve que enfrentar. As agressões foram de vários tipos. Quando agora em dezembro um avião não tripulado dos EUA , tipo drone, invadiu ilegalmente o espaço aéreo iraniano e foi - com absoluta legitimidade - capturado por meio de uma tecnologia de controle remoto que os norte-americanos não calculavam existir, um simbolismo imenso surgiu diante do Pentágono. Os Eua enviam naves ao espaço sideral, mas não puderam impedir que o controle remoto sobre o drone lhe fosse tomado por aquilo que foi construído em 33 anos de desenvolvimento tecnológico independente.

Ou seja,

nestes 33 anos de

revolução iraniana, a

nação persa adquiriu

soberania tecnológica em

vários setores, a despeito das agressões e dos boicotes. Ou, exatamente por

causa deles, foi

obrigada a

contar com

suas próprias pernas. Hoje, o Irã possui a

esmagadora maioria de

seus

cientistas na idade média de

30 anos

dirigindo projetos de

excelência tecnológica, entre as quais, a que lhe

confere um dos

mais

avançados

programas

espaciais do

mundo,

estando previsto, ainda para 2012, o lançamento de uma nave tripulada ao espaço sideral.

Analfabetismo político?

Só para contextualizar um pouco, vale mencionar que o

Brasil, denominado a 6ª economia do mundo, não tem ainda

qualquer previsão para alcançar a

maioridade em matéria de

tecnologia espacial. Aliás, não há nem mesmo sequer previsão sobre quando eliminará o analfabetismo, o que a

Bolívia,

a mais

frágil

economia do continente, já alcançou, sob o comando de

um índio que,

na infância,

vivendo no norte da Argentina,

foi

condenado como

inepto para a

leitura e a

escritura.

Os

telhados de vidro

mencionados pela Presidenta Dilma em Cuba, analisando com coragem a hipocrisia que cerca o debate sobre direitos humanos, vale também para outras áreas da política, como o desenvolvimento científico-tecnológico.

Praticamente toda a

tecnologia da

potente indústria

petroleira do Irã foi

nacionalizada e

está

sob o comando de

100 por cento de

técnicos iranianos,

formados nas

modernas universidades que se

multiplicaram no

país como efeito da

Revolução Islâmica de 11 de Fevereiro de 1979.

Probus disse...

Vale relembrar:

70 por cento dos

universitários do país são

mulheres,

quando na Arábia Saudita as

mulheres são proibidas do

voto, de

dirigir automóveis e são

punidas com a

degola. Mas, a

mídia imperial

silencia sobre os

podres do

aliado.

Desde a Revolução Islâmica,

nenhuma

iraniana foi

punida com a pena de

apedrejamento, apesar de

todo o dilúvio de

mentiras que se lança sobre

Sakhine, cidadã iraniana condenada pelo

assassinato do

marido - o que é crime em

qualquer

parte do

mundo - mas apresentada ao mundo, cotidianamente, como se tivesse sido condenada ao apedrejamento por

adultério.

Dilúvios de mentiras

Os dilúvios de mentiras contra o Irã são

cortinas de fumaça para

que

não

sejam desnudados os

verdadeiros

interesses imperialistas na região:

fortalecer Israel a qualquer custo,

impedir o desenvolvimento econômico e tecnológico de um país do porte do Irã, com 70 milhões de habitantes, e,

por fim,

rapinar o

petróleo persa, tal como se

fez na

Líbia, mediante

sanguinária

ocupação da

Otan, com o

apoio de uma

certa esquerda

otanista na

Europa.

O progresso do país deve-se fundamentalmente à

nacionalização dos

setores

fundamentais da

economia, a começar pelo

petróleo, medida adotada ainda sob a direção de

Aiatolá Khomeini. Com

significativa presença do estado na economia, políticas públicas foram consolidadas nestes 33 anos de Revolução levando a nação persa a praticamente ter

erradicado o analfabetismo que

na época da

ditadura do Xá

alcançava mais de

90 por cento da população.

O salto educacional e

cultural do

Irã neste período é digno de nota.

Com a

expansão universitária, a

multiplicação de centros científicos, o

Irã tem hoje indústria

própria

nos setores de

automobilismo,

aeronáutica,

armamentos,

navegação,

ferrovias,

tratores,

setor petroquímico,

farmacêutico.

Humanismo e estratégia comunicativa

No plano da cultura, deve-se

refletir acerca das

repetidas

premiações do

talentoso

cinema

estatal

iraniano,

prêmios alcançados

apesar da

hostilidade midiática ocidental, da hegemonia esmagadora de Hollywood, e da

ditadura da

estética da

mediocridade a que a

humanidade está

submetida. O cinema

iraniano

pensa o

gênero humano, convida a

refletir

sobre causas nobres,

promove a delicadeza do olhar, da sonoridade, de uma plástica que acaricia o pensamento e eleva a capacidade inteligente. Conquista também da

Revolução Islâmica. Se os

iranianos fazem

bom cinema, provavelmente

poderão fazer também

boa televisão: para comunicação com o mundo,

nasceu a HispanTV, canal iraniano de tv em espanhol, indicando visão estratégica por lá. Na Era Vargas, que o

FHC

tentou

destruir, a Rádio Nacional era a

terceira

mais

potente

emissora do mundo, irradiava em 4 idiomas, chegava aos quatro cantos do mundo. Ainda

hoje, a

TV Brasil

não

pode ser

sintonizada plenamente nem em

toda a cidade de Brasília.

É isto e muito mais o que se pretende

esconder e

destruir por meio de

sanções, pela

agressão militar do Iraque, quando Sadam esteve fazendo o

serviço sujo

para os EUA. E é isto o que se pretende demolir também com

os

sinistros

atentados, os

assassinatos de

renomados cientistas, e com

a acusação de que

o Irã é

um perigo nuclear para a região e o mundo. Ora, o Irã nunca agrediu nenhum país, ao contrário de

Israel

que agrediu e foi

derrotado no

Líbano, do próprio Iraque antes, da Arábia Saudita e do Qatar, que participaram da agressão à Líbia, sob as bênçãos da

esquerda otanista, que

ainda hoje

aplaude a TV Al-jazeera, mesmo que a emissora

tenha sido

totalmente tragada pela

indústria petroleira dos

EUA.

Probus disse...

Israel tem 300 ogivas e acusa o Irã?

Israel , com

300 ogivas nucleares, brada que

o Irã é que é o

perigo para a

humanidade. Ao contrário, o Irã é um

berço da

humanidade, ali se

elaborou a

primeira carta de

direitos humanos universais que nossa civilização tem notícia, inscrita no Cilindro de Ciro.

Em seu discurso na Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente Mahmud Armadinejad,

fez proposta límpida e

cristalina, até hoje

escondida e

sonegada à

humanidade pelos

meios de

desinformação do

capital: Energia Nuclear para

todos, Armas Nucleares para

Ninguém!!!!

A

criminosa

hipocrisia dos

países super-armados, mas

que se esforçam para

impedir

que esta

informação circule dá a

medida dos

planos sinistros que

se preparam contra a

nação persa, já postos em marcha, com agressões externas encobertas, contra a

Síria. Mas, o alvo

é outro.

Telhado de vidro

As relações entre Brasil e Irã progrediram muito durante o governo Lula. É bem verdade que houve um

voto matreiro

do Brasil na

ONU

aliando-se à

hipócrita campanha dos

direitos humanos e

que teve como

alvo o

Irã, autorizando o

país que

mais

carnificina faz a

seguir com suas

sanções e

pressões contra os persas. Se todos

têm

telhado de vidro, e é verdade, por que o voto

exclusivo

contra

o Irã e a

omissão

diante dos

massacres dos

EUA no

Iraque, Afeganistão, Pakistão, Líbia, o

sequestro e as

torturas de

prisioneiros na

Base de Guantânamo?

Apesar dele, é bem provável que algo esteja sendo rediscutido com mais realismo no Itamaraty quando o tema é direitos humanos.

Com

mais de

cem homicídios em

poucos dias de

greve da

PM na Bahia, com

novo assassinato de

jornalista no Estado do

Rio de Janeiro, é preciso

avaliar

com mais rigor e

concretude o tema

direitos humanos.

Especialmente após

a Presidenta Dilma ter

lembrado que, nesta matéria,

todos têm

telhado de vidro, o que

na prática,

desautoriza o

próprio voto brasileiro

na ONU

contra o Irã, logo no início do governo.

Jornalista, Membro da Junta Diretiva da Telesur.

http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=5465

P.S. Te amo demais BETO ALMEIDA