domingo, 7 de dezembro de 2014

NOVA FASE DA UNASUL




NOVA FASE DA UNASUL

Por EMIR SADER, cientista político 
(originalmente publicado na Carta Maior)

"No momento em que tanto o Mercosul, quanto a Aliança para o Pacífico revelam uma diminuição nos ritmos dos seus projetos, a Unasul retoma seu dinamismo inicial.

Depois do seu lançamento, a Unasul deu passos importantes para constituir a região em um espaço de integração politica. Nessa primeira fase, foi constituído o Conselho Sul-Americano de Defesa, que permite à região resolver seus conflitos internos sem apelar à OEA. Foi assim que foi possível resolver os conflitos entre a Colômbia, o Equador e a Venezuela, assim como problemas internos à Bolívia. Da mesma forma, o Banco do Sul surgiu como forma de financiamento de projetos conjuntos regionais.

Porém, depois da sua fase de lançamento, a Unasul como que sofreu uma paralisia, em parte porque, depois do mandato compartilhado entre a Colômbia e a Venezuela, se geraram impasses, que fizeram com que a entidade ficasse praticamente acéfala, até que se definisse o seu novo comando.

Recentemente, esse impasse foi superado e o ex-presidente colombiano Ernesto Samper assumiu a direção geral de Unasul. A reunião desta semana no Equador representa a retomada de Unasul. Uma retomada em grande estilo.

Se reúnem os presidentes de toda a região, em Guayaquil e em Quito, com uma agenda com temas relevantes – como projetos de integração energética, a criação do passaporte único para os habitantes de toda a região, entre outros. Ao mesmo tempo, será inaugurada a belíssima sede construída pelo governo de Rafael Correa, em Quito, para abrigar a Unasul, que receberá, significativamente, o nome de Nestor Kirchner, um dos maiores incentivadores da constituição da Unasul, junto com Hugo Chavez e com Lula.

Ao mesmo tempo, se realizou um seminário organizado conjuntamente pelo Instituto Lula e pelo IAEN – Instituto de Altos Estudos Nacionais, vinculado à presidência do Equador -, que teve uma conferencia do Lula e uma conferência de encerramento do Rafael Correa, além da participação de Ernesto Samper, do vice-presidente da Bolivia, Alvaro Garcia Linera, do ministro de Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patino, de Emir Sader, entre outros.

A Unasul terá, entre suas responsabilidades maiores, a de buscar a aliança entre os países que participam do Mercosul e os que estão vinculados à Aliança para o Pacífico – grupos de governos que têm estratégias distintas sobre os processos de integração. O Mercosul privilegia a integração regional, enquanto a Aliança para o Pacifico o faz com os Tratados de Livre Comercio bilaterais com os EUA.

Em princípio, os dois projetos competem entre si, mas a Unasul se propõe a encontrar formas de convivência e de colaboração entre eles. Esse é um dos desafios do mandato de Ernesto Samper.


Por outro lado, quando surgiu a crise econômica no centro do capitalismo mundial, a Unasul esboçou algumas medidas de resistência conjunta aos efeitos recessivos da crise. Posteriormente, cada país tratou de encontrar suas formas próprias de resistir, mas se vê que a recessão internacional se prolonga e essas formas se mostram menos eficientes que no início para, por exemplo, neutralizar a livre circulação de capitais especulativos pela região. A Unasul pode retomar medidas conjuntas que permitam não apenas uma resistência aos fluxos recessivos que vêm do centro do sistema, como encontrar outras formas de colaboração econômica, que possibilitem o surgimento de um novo ciclo expansivo das economias da região.

No seu conjunto, assim, no momento em que tanto o Mercosul, quanto a Aliança para o Pacífico revelam uma diminuição nos ritmos de avanço dos seus projetos, a Unasul reaparece com um dinamismo que já havia tido na sua fase de lançamento."

FONTE: escrito pelo cientista político EMIR SADER (originalmente publicado na Carta Maior)   (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/162874/Nova-fase-da-Unasul.htm).

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