[OBS deste blog 'democracia&política':
Além de lista do "Estadão" ser muito estranha, também são intrigantes esses vazamentos do processo secreto, com informações seletivas "conseguidas" pela imprensa.
Segundo tem sido divulgado, o Congresso e suas CPMI, a Presidência da República e outros órgãos dos três poderes ainda estão impedidos de ter acesso ao processo ultrassigiloso.
Contudo, a "Veja", o "Jornal Nacional", agora o "Estadão", volta e meia, publicam trechos e áudios extraídos do processo. Será que há grave corrupção na compra e venda dessas informações vazadas? Ou é simples gentileza com a imprensa, por pura ideologia partidária dos delegados da Operação Lava-Jato, que já se declararam publicamente (no facebook) radicais aecistas e antiPT, antiDilma ? Ou o padrão no Brasil é esse mesmo e azar do que é certo? Creio que esses fatos e dúvidas aparentemente gravíssimos merecem investigação rigorosa, no mínimo explicação à população.
Vejamos o interessante artigo de Fernando Brito]:
Na “lista da propina”, falta dinheiro, ou faltam políticos ou falta verdade
Por Fernando Brito
"Muito estranha a lista dos beneficiários de dinheiro de empreiteiras que trabalhavam para a Petrobras, divulgada ontem (19) pelo Estadão.
Dos valores citados, chega-se á conclusão que os maiores foram para políticos de oposição, em valores [elevados] que, de forma alguma, poderiam ser confundidos com doações eleitorais: Eduardo Campos/PSB (R$ 20 milhões) e Sérgio Guerra/PSDB (R$ 10 milhões).
Supõe-se que, embora hoje ambos estejam mortos, Costa tem os meios de demonstrar como e por que meios foram feitos os repasses. [Aliás, a lista do "Estadão" também é muito estranha porque os únicos apontados fora da base aliada, Eduardo Campos e Sérgio Guerra, estão mortos...]
Aliás, o mesmo deve se aplicar àqueles que, diz o jornal, “segundo o ex-diretor de Abastecimento, recebiam repasses com frequência ou valores que chegaram a superar R$ 1 milhão”.
Mas, estranhamente, a reportagem afirma que “sobre vários políticos, o ex-diretor da estatal apenas mencionou o nome. Não revelou valores que teriam sido distribuídos a eles ou a suas agremiações”.
Muito pouco para quem quem está “enojado”, “arrependido” e disposto a “entregar tudo”.
E para quem vai sair livre depois de ter roubado – com todo esse “nojo” alegado – R$ 23 milhões de dólares, com a ajuda da família, também perdoada.
Não tenho a menor simpatia por nenhum dos citados – muito ao contrário, na maioria dos casos – mas é preciso discernir entre o que é pedir para conseguir doações [eleitorais] e negociar contratos para receber propina.
Porque, se pedir doações eleitorais de empresas for crime, dos 513 deputados e 81 senadores sobraria uma dúzia, se tanto.
Nenhuma empresa doará se não se lhe pedir, não é?
Goste-se ou não (viu, Ministro Gilmar Mendes?) é assim que funcionam eleições com financiamento privado de campanhas.
É algo completamente diferente, senão do ponto de vista moral, do ponto de vista jurídico.
O tráfico de influência, juridicamente, liga o pedido à promessa de uma vantagem.
Dizem as metáforas jurídicas que teria vindo de um certo Vetronio Turino, que vendia supostos favores do imperador romano Alessandro Severo e que foi executado com fumaça, pois fumaça vendia.
Não duvido que os demais políticos citados tenham pedido a Paulo Roberto Costa que conseguisse doações de empreiteiras para suas campanhas.
Centenas de candidatos a deputado, a senador, a governador, a vereador pediram diretamente ou solicitaram a alguém que pedisse dinheiro a empreiteiras. No mínimo, aceitaram que alguém pedisse em seu nome.
Será que as empreiteiras, as citadas na Lava Jato e outras, foram bater na porta de Aécio Neves/PSDB e dizer “queremos te doar R$ 50 milhões”?
Será que a Odebrecht (diretamente ou através de sua controlada Foz do Jaceaba) doou mais de R$ 7 milhões a Aécio, sem contar os R$ 4 milhões da Braskem, da qual é sócia?
Será que os candidatos mandam pedir ao contínuo das empresas?
Se essa lista for tratada sem hipocrisia, ela é muito pequena.
Se for olhada frente à realidade política que faz as campanhas mergulharem na tenebrosa promiscuidade, pode incluir quem não fez nada além de pedir que pedisse, sem prometer ou acenar com vantagem.
E se for olhada pelo ângulo do dinheiro, está faltando, se chegou à casa dos bilhões que se diz ter chegado.
Tem contra-sensos evidentes, como dar 20 milhões de reais à campanha de um governador e, supostamente, um décimo disso a uma campanha presidencial. Aliás, a Odebrecht deu o mesmo valor às campanhas de Dilma e de José Serra, naquele ano…
Ou será que foi Costa que prometeu conseguir doações para construir uma teia de simpatias para que ele próprio pudesse, “enojadamente”, roubar a Petrobras?
De qualquer forma, a registrar que o “vazamento seletivo”, antes circunscrito aos Ministério Público Federal do Paraná, chegou à Procuradoria-Geral da República.
A ver como reagirá o Procurador-Geral Rodrigo Janot a isso.
Porque, se ele mantém esses depoimentos a sete chaves, deve saber quem deles poderia “catar” nomes.
Ou se quem os enviou a ele está fazendo isso, traindo seu dever funcional."
FONTE: escrito Por Fernando Brito em seu blog "Tijolaço" (http://tijolaco.com.br/blog/?p=23838).[Título e trechos entre colchetes acrescentados por este blog 'democracia&política'].
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