ESTADOS UNIDOS x CUBA: É PARA VALER?
Por Valter Xéu*
"As conversações para um reatamento de relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos já vinham acontecendo há algum tempo. Primeiro, com a intermediação da Espanha e agora através do Papa e do Canadá.
Se fosse Cuba esperar pelos “esforços” da Espanha, esse reatamento nunca iria acontecer, pelo simples fato de que é a Espanha o país estrangeiro hoje que mais desfruta de posição privilegiada dentro de Cuba, operando em várias frentes de negócios, principalmente no turismo, onde domina totalmente o setor.
Está na cara que, com uma reaproximação da ilha caribenha com os Estados Unidos, fatalmente a Espanha terá que dividir o mercado que explora com os norte-americanos que estão apenas 30 minutos de voo do aeroporto José Marti, enquanto a Espanha está do outro lado do oceano.
Mas acredito que o que precipitou mesmo essa atitude dos Estados Unidos, foi o fator Rússia. Esse deve ter sido realmente o que desencadeou uma corrida americana a se reaproximar de Cuba, principalmente quando viu as intenções russas já em conversações com os cubanos em rearmar sua antiga base militar no país e que, só em pensar nisso, já seria bastante para tirar o sono do ocupante da Casa Branca que não quer, em nenhuma hipótese, reeditar a crise dos mísseis de 1961, em que quase se chegou a um confronto armado contra a União Soviética e que poderia ter levado o mundo à Terceira Guerra Mundial.
Os Estados Unidos pretende de todas as maneiras enfraquecer a Rússia, principalmente, no seu ponto mais vital, que é a economia.
"As conversações para um reatamento de relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos já vinham acontecendo há algum tempo. Primeiro, com a intermediação da Espanha e agora através do Papa e do Canadá.
Se fosse Cuba esperar pelos “esforços” da Espanha, esse reatamento nunca iria acontecer, pelo simples fato de que é a Espanha o país estrangeiro hoje que mais desfruta de posição privilegiada dentro de Cuba, operando em várias frentes de negócios, principalmente no turismo, onde domina totalmente o setor.
Está na cara que, com uma reaproximação da ilha caribenha com os Estados Unidos, fatalmente a Espanha terá que dividir o mercado que explora com os norte-americanos que estão apenas 30 minutos de voo do aeroporto José Marti, enquanto a Espanha está do outro lado do oceano.
Mas acredito que o que precipitou mesmo essa atitude dos Estados Unidos, foi o fator Rússia. Esse deve ter sido realmente o que desencadeou uma corrida americana a se reaproximar de Cuba, principalmente quando viu as intenções russas já em conversações com os cubanos em rearmar sua antiga base militar no país e que, só em pensar nisso, já seria bastante para tirar o sono do ocupante da Casa Branca que não quer, em nenhuma hipótese, reeditar a crise dos mísseis de 1961, em que quase se chegou a um confronto armado contra a União Soviética e que poderia ter levado o mundo à Terceira Guerra Mundial.
Os Estados Unidos pretende de todas as maneiras enfraquecer a Rússia, principalmente, no seu ponto mais vital, que é a economia.
Agora fica difícil a instalação de uma base militar em Cuba, o que seria visto por Washington como uma espécie de provocação cubana e, assim sendo, nem Cuba, nem os Estados Unidos estão interessados, neste momento histórico, em criar problemas um para o outro. Então, a presença russa em solo cubano com certeza já esta descartada.
A queda nos preços do petróleo, o principal produto de exportação de países considerados indesejáveis pelos Estados Unidos, como Rússia, Irã e Venezuela, de uma só cartada esse acontecimento leva ao enfraquecimento das economias desses países, principalmente no caso russo, a segunda potência militar do planeta.
BRICS
Enfraquecendo a Rússia e incentivando, no Brasil e na Venezuela, grupos de direita na tentativa de desestabilizar o governo e de criar o caos. No caso russo, brasileiro e chinês com seus problemas em Hong Kong, essa situação pode levar a um enfraquecimento dos BRICS, grupo formado pelas cinco maiores economias do planeta, fora Estados Unidos, Alemanha e Japão.
A formação dos BRICS é vista pelos Estados Unidos como uma afronta à sua economia e ao enfraquecimento do FMI e Banco Mundial, entidades financeiras controladas por Washington.
As crescentes transações entre Rússia, China e Irã já não usam a moeda americana e isso é um fator que preocupa os Estados Unidos, que não vão tolerar a mudança da moeda padrão no mundo que é o dólar. Não é atoa que, ate hoje, a Inglaterra, parceira dos Estados Unidos em tudo e, mais precisamente, na pilhagem das riquezas do Oriente Médio ou onde os EUA se meter, não tenha aderido ao euro.
No caso sul-americano, a crescente oposição no continente aos ditames de Washington deve-se muito à politica mantida contra Cuba nesses mais de 50 anos, o que desencadeou na América Latina forte solidariedade ao país caribenho e a formação de diversos governos simpáticos a Cuba, onde uma boa parte dos países latinos é governada por políticos oriundos de partidos muito mais afinados com Cuba, que com os Estados Unidos.
A normalização das relações diplomáticas pode levar esses partidos e grupos de esquerda a um enfraquecimento, com a perda do discurso contra Washington, pois o que eles combatiam agora é amigo daquele que eles defendiam.
No caso dos cinco heróis cubanos presos nos Estados Unidos e condenados a prisão perpétua, isso fomentou uma série de protestos em todo mundo com campanha de solidariedade pela libertação dos cinco.
O governo norte-americano já tinha dado sinais de mudança de comportamento quando dois deles foram libertados depois de 15 anos em cadeias americanas.
Com um americano preso acusado de espionagem em Cuba, ali já estava sinalizado que a libertação dos três outros que permaneciam presos era questão de tempo e que deveria acontecer com a tradicional troca de prisioneiros.
Há algumas décadas, a Assembleia Geral da ONU vem condenando o bloqueio dos EUA contra Cuba em votações onde somente três países votam contra (Estados Unidos, Israel e Ilhas Marshall) e mesmo assim, além de manter o bloqueio econômico, os Estados Unidos vêm financiando grupos subversivos para ações de terror na ilha, e fazia isso abertamente através da USAID, CIA e ONGs de fachadas, que desenvolviam ações na tentativa de desestabilizar o regime cubano.
Com o restabelecimento de relações diplomáticas em nível de embaixadas e não mais de escritórios de representação diplomática, vamos aguardar se esse reatamento é para valer, ou simplesmente para facilitar as ações da inteligência norte-americana em solo cubano, na tentativa de implodir o regime, o que já vinham fazendo há 53 anos sem nenhum sucesso.
Outra expectativa é como os Estados Unidos irão se posicionar em relação à Venezuela, e o que fará Cuba caso a Venezuela seja de fato ameaçada de invasão.
Os dois países, desde o início da era chavista, mantêm fortes alianças nas mais diversas áreas e, no momento, a pátria bolivariana está sofrendo sanções da Casa Branca.
É esperar para ver."
FONTE: escrito por *Valter Xéu, diretor e editor dos portais "Pátria Latina" e "Irã News" (http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e&cod=14820).
A queda nos preços do petróleo, o principal produto de exportação de países considerados indesejáveis pelos Estados Unidos, como Rússia, Irã e Venezuela, de uma só cartada esse acontecimento leva ao enfraquecimento das economias desses países, principalmente no caso russo, a segunda potência militar do planeta.
BRICS
Enfraquecendo a Rússia e incentivando, no Brasil e na Venezuela, grupos de direita na tentativa de desestabilizar o governo e de criar o caos. No caso russo, brasileiro e chinês com seus problemas em Hong Kong, essa situação pode levar a um enfraquecimento dos BRICS, grupo formado pelas cinco maiores economias do planeta, fora Estados Unidos, Alemanha e Japão.
A formação dos BRICS é vista pelos Estados Unidos como uma afronta à sua economia e ao enfraquecimento do FMI e Banco Mundial, entidades financeiras controladas por Washington.
As crescentes transações entre Rússia, China e Irã já não usam a moeda americana e isso é um fator que preocupa os Estados Unidos, que não vão tolerar a mudança da moeda padrão no mundo que é o dólar. Não é atoa que, ate hoje, a Inglaterra, parceira dos Estados Unidos em tudo e, mais precisamente, na pilhagem das riquezas do Oriente Médio ou onde os EUA se meter, não tenha aderido ao euro.
No caso sul-americano, a crescente oposição no continente aos ditames de Washington deve-se muito à politica mantida contra Cuba nesses mais de 50 anos, o que desencadeou na América Latina forte solidariedade ao país caribenho e a formação de diversos governos simpáticos a Cuba, onde uma boa parte dos países latinos é governada por políticos oriundos de partidos muito mais afinados com Cuba, que com os Estados Unidos.
A normalização das relações diplomáticas pode levar esses partidos e grupos de esquerda a um enfraquecimento, com a perda do discurso contra Washington, pois o que eles combatiam agora é amigo daquele que eles defendiam.
No caso dos cinco heróis cubanos presos nos Estados Unidos e condenados a prisão perpétua, isso fomentou uma série de protestos em todo mundo com campanha de solidariedade pela libertação dos cinco.
O governo norte-americano já tinha dado sinais de mudança de comportamento quando dois deles foram libertados depois de 15 anos em cadeias americanas.
Com um americano preso acusado de espionagem em Cuba, ali já estava sinalizado que a libertação dos três outros que permaneciam presos era questão de tempo e que deveria acontecer com a tradicional troca de prisioneiros.
Há algumas décadas, a Assembleia Geral da ONU vem condenando o bloqueio dos EUA contra Cuba em votações onde somente três países votam contra (Estados Unidos, Israel e Ilhas Marshall) e mesmo assim, além de manter o bloqueio econômico, os Estados Unidos vêm financiando grupos subversivos para ações de terror na ilha, e fazia isso abertamente através da USAID, CIA e ONGs de fachadas, que desenvolviam ações na tentativa de desestabilizar o regime cubano.
Com o restabelecimento de relações diplomáticas em nível de embaixadas e não mais de escritórios de representação diplomática, vamos aguardar se esse reatamento é para valer, ou simplesmente para facilitar as ações da inteligência norte-americana em solo cubano, na tentativa de implodir o regime, o que já vinham fazendo há 53 anos sem nenhum sucesso.
Outra expectativa é como os Estados Unidos irão se posicionar em relação à Venezuela, e o que fará Cuba caso a Venezuela seja de fato ameaçada de invasão.
Os dois países, desde o início da era chavista, mantêm fortes alianças nas mais diversas áreas e, no momento, a pátria bolivariana está sofrendo sanções da Casa Branca.
É esperar para ver."
FONTE: escrito por *Valter Xéu, diretor e editor dos portais "Pátria Latina" e "Irã News" (http://www.patrialatina.com.br/editorias.php?idprog=d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e&cod=14820).
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