terça-feira, 30 de dezembro de 2014

CORRUPÇÃO NA PETROBRAS NÃO É CORRUPÇÃO DA PETROBRAS




VENINA, OU A DELAÇÃO VAZIA PARA APARECER COMO MUSA DO VERÃO

Por JOSE CARLOS DE ASSIS, economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB. Artigo 
originalmente publicado no blog Tijolaço

"Estão tentando transformar a corrupção 'na' Petrobras em corrupção 'da' Petrobras, como pretexto para roubar do Brasil seu instrumento de desenvolvimento.



A musa do verão deste ano no Rio chama-se Venina. É um produto da parceria jornal "Valor" e "Tevê Globo". A palavra é da mesma raiz de veneno, mas o princípio ativo é de muito má qualidade. Na verdade, precisou ser embalado triplamente para envenenar a opinião pública brasileira contra a presidente da Petrobrás. O mais forte sortilégio para o envenenamento foi uma entrevista de 25 minutos de Venina no "Fantástico". O segundo, uma reapresentação dos “melhores momentos” da entrevista no "Jornal Nacional". O terceiro, uma tréplica do "Jornal Nacional" depois da entrevista de Graça Foster, que a havia desmentido.

O que continha a entrevista de 25 minutos? Tinha, essencialmente, uma antiga denúncia significativa a propósito de irregularidades no setor de Comunicação. Foi em 2008, Graça estava longe de ser presidente. Gerou uma comissão de inquérito, e da comissão de inquérito resultou a demissão do responsável, retardada porque ele estava de licença médica. Portanto, essa denúncia teve pleno efeito. Acaso houve outra denúncia objetiva a respeito de mais irregularidades na Petrobras? Só a suprema má fé ou imbecilidade dos jornalistas do "Fantástico" e do "Jornal Nacional" justificariam uma resposta positiva.

Nada, nenhuma sombra do que Venina disse na entrevista pode se aproximar sequer um milímetro das grandes trapaças que o diretor de que foi gerente por anos, Paulo Roberto, praticou na empresa. Ele próprio negou qualquer relevância nas supostas denúncias dela. É até possível que ela tivesse ouvido o galo cantar, mas não sabia onde. No e-mail para Graça Foster que se tornou uma espécie de peça de resistência de suas denúncias, conforme reiterou várias vezes, só há palavras vagas e imprecisas, impossíveis de serem tomadas como indicações objetivas de irregularidades. Imaginem, uma empresa de 85 mil funcionários, cada um mandando e-mails vagos para todo lado, superiores e pares!

E quanto à credibilidade da musa? Sim, alguém descobriu que ela havia assinado pela Petrobras dois contratos, em 2004 e 2006, com alguém que viria a ser seu marido. É verdade que ela correu para dizer que o contrato foi descontinuado depois que ela se casou formalmente em 2007. Questão ética. Imaginem agora se a "Globo" fosse tão perversa com ela como tem sido com Graça Foster? Os repórteres do "Fantástico" correriam para dizer ao Brasil e ao mundo que contratar, pela Petrobrás, com namorado pode, mas não com marido! Aliás, como é que foi exatamente essa descontinuação contratual? Teve multas? Pagas por quem?

E quanto à motivação de Venina? Sou incapaz de dizer alguma coisa. É preciso convocar psicólogos. Noto apenas que, quando há uma massificação de qualquer assunto pela grande mídia, aparecem malucos por todo lado para surfarem na onda e tentar aparecer. É claro que isso não aparece do nada. O gigantesco episódio de corrupção na Petrobras, descoberto por eficazes instrumentos de investigação, notadamente a delação premiada, uma vez descoberto pode suscitar a exaltação de um ego gigantesco capaz de achar realmente que sabia de tudo antes, e tudo denunciou no tempo certo.

Agora vejamos por que a "Globo" e grande parte da mídia querem derrubar Graça Foster. O esclarecimento está numa agenda de bolso da Petrobrás de 2015. Ela diz: em 2006 foi descoberto o pré-sal; em 2014, o pré-sal está produzindo 520 mil barris por dia; a produção acumulada chegou a 360 milhões de barris; a vazão média por poço é de 25 mil barris/dia; o tempo médio de perfuração de poços no pré-sal nos campos de Lula e Sapinhoã passou de 134 dias em 2010 para menos de 60 dias em 2013. Alguém viu ou ouviu a "Globo" falar sobre isso?

Ora, essas conquistas da Petrobrás são intoleráveis para os que querem entregar nosso petróleo às grandes petroleiras mundiais, inclusive mediante a "mudança do regime de exploração" conforme acaba de ser proposto pelo tucano Aloysio Nunes em projeto na Câmara. O oportunismo é descarado. Estão tentando transformar a corrupção na Petrobrás, praticada por um punhado de bandidos, em corrupção da Petrobrás, como pretexto para esquartejar, aí sim, a empresa, subtraindo ao Brasil seu principal instrumento de desenvolvimento."

FONTE: escrito por Jose Carlos de Assis, economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB. Artigo originalmente publicado no blog Tijolaço. Transcrito no jornal digital "Brasil 247" (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/164937/Venina-ou-a-dela%C3%A7%C3%A3o-vazia-para-aparecer-como-musa-do-ver%C3%A3o.htm).

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