Navio hidro-oceanográfico fluvial Rio Branco, construído no Ceará
"O Exército grita Selva!, mas na Amazônia eu digo Água!", afirma Domingos Sávio A. Nogueira
Comandante do 9º Distrito Naval, o vice-almirante revela em entrevista que a Marinha irá fazer um dos mais importantes trabalhos para o desenvolvimento do Estado, o levantamento cartográfico e a sinalização do rio Madeira.
Por Gerson Severo Dantas, no portal " A Crítica", de Manaus
A principal missão da Marinha Brasileira é operar/mobilizar o chamado Poder Naval contra os inimigos externos, mas na Amazônia os “homens de branco” não se limitam a esperar pela guerra e cumprem uma missão secundária importantíssima na região que concentra a maior bacia hidrográfica do planeta.
Trata-se da administração, organização e controle do transporte aquaviário, hoje considerado essencial para o desenvolvimento local. No comando do 9º Distrito Naval, que tem jurisdição sobre os Estados da Amazônia Ocidental, o vice-almirante Domingos Sávio Almeida Nogueira, um paulista que está em Manaus há pouco mais de um ano e nove meses, compara esse papel da Força Naval ao de um Departamento Estadual de Trânsito, que licencia os veículos e habilita os condutores; e também ao da Polícia Federal, pois combate o crime flagrado em nossas estradas de água, água cuja abundância encanta o comandante em sua primeira experiência Amazônia.
“O Exército grita Selva, como forma de cumprimento, mas poucos entram e vivenciam a selva. Aqui eu digo Água! porque é por ela que correm as riquezas e as pessoas desta região”, comparou nesta entrevista na qual revelou ainda que o Comando Naval e o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte (DNIT) estão na bica de assinar um termo de cooperação para que a Marinha faça a carta náutica e implante a sinalização na hidrovia do rio Madeira, no trecho entre Porto Velho e a foz no rio Amazonas.
Comandante do 9º Distrito Naval, o vice-almirante revela em entrevista que a Marinha irá fazer um dos mais importantes trabalhos para o desenvolvimento do Estado, o levantamento cartográfico e a sinalização do rio Madeira.
Por Gerson Severo Dantas, no portal " A Crítica", de Manaus
A principal missão da Marinha Brasileira é operar/mobilizar o chamado Poder Naval contra os inimigos externos, mas na Amazônia os “homens de branco” não se limitam a esperar pela guerra e cumprem uma missão secundária importantíssima na região que concentra a maior bacia hidrográfica do planeta.
Trata-se da administração, organização e controle do transporte aquaviário, hoje considerado essencial para o desenvolvimento local. No comando do 9º Distrito Naval, que tem jurisdição sobre os Estados da Amazônia Ocidental, o vice-almirante Domingos Sávio Almeida Nogueira, um paulista que está em Manaus há pouco mais de um ano e nove meses, compara esse papel da Força Naval ao de um Departamento Estadual de Trânsito, que licencia os veículos e habilita os condutores; e também ao da Polícia Federal, pois combate o crime flagrado em nossas estradas de água, água cuja abundância encanta o comandante em sua primeira experiência Amazônia.
“O Exército grita Selva, como forma de cumprimento, mas poucos entram e vivenciam a selva. Aqui eu digo Água! porque é por ela que correm as riquezas e as pessoas desta região”, comparou nesta entrevista na qual revelou ainda que o Comando Naval e o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transporte (DNIT) estão na bica de assinar um termo de cooperação para que a Marinha faça a carta náutica e implante a sinalização na hidrovia do rio Madeira, no trecho entre Porto Velho e a foz no rio Amazonas.
Confira os principais trechos:
A missão primordial da Marinha é operar o Poder Naval contra os inimigos, mas na Bacia Amazônica quais outras funções ganham relevo?
Na Amazônia, não temos estradas ou ferrovias, os rios são nossas estradas. Nesse sentido, a Marinha age como um DETRAN dessas vias, inscrevendo e registrando as embarcações, habilitando os condutores, um serviço que está crescendo muito com a criação, no ano passado, do "Centro de Formação de Fluviários". Este ano, por exemplo, formamos 1.873 fluviários em Manaus, pessoas que ganharam uma profissão e estão habilitadas a conduzir de canoa à embarcações regionais. Nós, então, fazemos o ordenamento do tráfico fluvial e, como uma Polícia Federal, fiscalizamos tudo que diz respeito ao transporte nos rios.
Fale um pouco sobre o trabalho na hidrovia do rio Madeira?
Estamos para assinar um termo de comparação que, dentro da Marinha, já passou por todas as instâncias e no DNIT está sob análise dos assessores jurídicos. É um termo no valor de R$ 40 milhões para serem usados em quatro anos. Nós vamos elaborar a Carta Náutica do Madeira, num trecho de 1,076 quilômetros entre Porto Velho e a foz, no rio Amazonas, em Itacoatiara. E o que é essa carta náutica? Bem, faremos o levantamento hidrográfico para conhecer a batimetria do rio, ou seja, saber a profundidade da lâmina d’água em todos os pontos do rio, mostrando o canal de navegação com um grau de 90% de confiabilidade. Isso vai garantir a segurança aos usuários do transporte fluvial pelo Madeira. Além desse levantamento hidrográfico, vamos também implementar a sinalização do rio e indicar os pontos em que deveremos intervir para melhorar a navegação, ou seja onde será preciso fazer dragagens, o que ficará ao encargo do DNIT.
Quais meios a Marinha possui para fazer este trabalho?
Temos três navios hidro-oceanográficos fluviais equipados com ecobatímetros. O mais moderno deles foi recebido agora, em Fortaleza, no último dia 17, o navio "Rio Branco". Esse navio desloca até 500 toneladas e foi equipado, além do ecobatímetro normal, de monofeixe de luz, com um ecobatímetro de multifeixe, que se arrasta pelo leito do rio e produz imagens em 3D. Além de captar dados da profundidade, do relevo, ele também nos permite a obtenção de dados ambientais que serão importantes para o CENSIPAM, o Centro de Gerenciamento do Sistema de Proteção da Amazônia). O navio Rio Branco, além dos equipamentos de ponta, vai navegar com uma equipe especializada formada por engenheiros e cartógrafos, comandado por um capitão de fragata. Tudo isso vai subsidiar de informações o Serviço de Sinalização Náutica do Noroeste.
Qual a importância econômica desse trabalho no rio Madeira?
Primeiro, quero mostrar uma comparação. Vamos fazer todo o trabalho numa hidrovia de 1.076 quilômetros por R$ 40 milhões, em quatro anos. Para se fazer uma rodovia na Amazônia, cada quilômetro sai por R$ 1 milhão. Vejam então a vantagem de investirmos em hidrovias. Segundo, toda a riqueza que circula no Amazonas passa pelo Rio Madeira. Por ele, navega o segundo maior comboio de transporte de carga do mundo, o da "Hermasa", trazendo soja até o terminal graneleiro de Itacoatiara. Esse comboio tem 270 metros de comprimento e 44 metros de boca, sendo capaz de transportar 32 mil toneladas de soja com apenas um empurrador. Para transportar tudo isso por rodovia, seriam necessários mais de mil caminhões, o que elevaria o custo enormemente, além de não termos que derrubar uma única árvore para fazer estrada. Esse é um trabalho estratégico para o País.
Como está sendo essa experiência de comandar a Marinha aqui na Amazônia?
O general Villas-Boas (Eduardo, ex-Comandante Militar da Amazônia) tem uma frase exemplar: “A Amazônia está distante do brasileiro, o brasileiro não conhece como ela é e a trata como uma colônia distante”. E é verdade, eu não conhecia a Amazônia, ela tem peculiaridades, tem a água, água dá vida. É um patrimônio valioso do Brasil.
Como tem sido a atuação da Marinha no combate a crimes transnacionais na zona de fronteira, como o narcotráfico?
A lei nos garante poder de polícia na faixa de 150 quilômetros a partir da fronteira e nela temos agido no combate a esses crimes, principalmente em operações conjuntas, como recentemente na "Operação Ágata 8", na "Operação Parintins", quando fazemos questão de estabelecer parcerias com outros órgãos de Estado.
Em números:
--22.807 fluviários estão habilitados pela Marinha para trabalhar nos mais diferentes tipos de embarcações na Amazônia, segundo registro na Capitania dos Portos da Amazônia Ocidental.
--35.810 embarcações estão registradas na Capitania.
Na Amazônia, não temos estradas ou ferrovias, os rios são nossas estradas. Nesse sentido, a Marinha age como um DETRAN dessas vias, inscrevendo e registrando as embarcações, habilitando os condutores, um serviço que está crescendo muito com a criação, no ano passado, do "Centro de Formação de Fluviários". Este ano, por exemplo, formamos 1.873 fluviários em Manaus, pessoas que ganharam uma profissão e estão habilitadas a conduzir de canoa à embarcações regionais. Nós, então, fazemos o ordenamento do tráfico fluvial e, como uma Polícia Federal, fiscalizamos tudo que diz respeito ao transporte nos rios.
Fale um pouco sobre o trabalho na hidrovia do rio Madeira?
Estamos para assinar um termo de comparação que, dentro da Marinha, já passou por todas as instâncias e no DNIT está sob análise dos assessores jurídicos. É um termo no valor de R$ 40 milhões para serem usados em quatro anos. Nós vamos elaborar a Carta Náutica do Madeira, num trecho de 1,076 quilômetros entre Porto Velho e a foz, no rio Amazonas, em Itacoatiara. E o que é essa carta náutica? Bem, faremos o levantamento hidrográfico para conhecer a batimetria do rio, ou seja, saber a profundidade da lâmina d’água em todos os pontos do rio, mostrando o canal de navegação com um grau de 90% de confiabilidade. Isso vai garantir a segurança aos usuários do transporte fluvial pelo Madeira. Além desse levantamento hidrográfico, vamos também implementar a sinalização do rio e indicar os pontos em que deveremos intervir para melhorar a navegação, ou seja onde será preciso fazer dragagens, o que ficará ao encargo do DNIT.
Quais meios a Marinha possui para fazer este trabalho?
Temos três navios hidro-oceanográficos fluviais equipados com ecobatímetros. O mais moderno deles foi recebido agora, em Fortaleza, no último dia 17, o navio "Rio Branco". Esse navio desloca até 500 toneladas e foi equipado, além do ecobatímetro normal, de monofeixe de luz, com um ecobatímetro de multifeixe, que se arrasta pelo leito do rio e produz imagens em 3D. Além de captar dados da profundidade, do relevo, ele também nos permite a obtenção de dados ambientais que serão importantes para o CENSIPAM, o Centro de Gerenciamento do Sistema de Proteção da Amazônia). O navio Rio Branco, além dos equipamentos de ponta, vai navegar com uma equipe especializada formada por engenheiros e cartógrafos, comandado por um capitão de fragata. Tudo isso vai subsidiar de informações o Serviço de Sinalização Náutica do Noroeste.
Qual a importância econômica desse trabalho no rio Madeira?
Primeiro, quero mostrar uma comparação. Vamos fazer todo o trabalho numa hidrovia de 1.076 quilômetros por R$ 40 milhões, em quatro anos. Para se fazer uma rodovia na Amazônia, cada quilômetro sai por R$ 1 milhão. Vejam então a vantagem de investirmos em hidrovias. Segundo, toda a riqueza que circula no Amazonas passa pelo Rio Madeira. Por ele, navega o segundo maior comboio de transporte de carga do mundo, o da "Hermasa", trazendo soja até o terminal graneleiro de Itacoatiara. Esse comboio tem 270 metros de comprimento e 44 metros de boca, sendo capaz de transportar 32 mil toneladas de soja com apenas um empurrador. Para transportar tudo isso por rodovia, seriam necessários mais de mil caminhões, o que elevaria o custo enormemente, além de não termos que derrubar uma única árvore para fazer estrada. Esse é um trabalho estratégico para o País.
Como está sendo essa experiência de comandar a Marinha aqui na Amazônia?
O general Villas-Boas (Eduardo, ex-Comandante Militar da Amazônia) tem uma frase exemplar: “A Amazônia está distante do brasileiro, o brasileiro não conhece como ela é e a trata como uma colônia distante”. E é verdade, eu não conhecia a Amazônia, ela tem peculiaridades, tem a água, água dá vida. É um patrimônio valioso do Brasil.
Como tem sido a atuação da Marinha no combate a crimes transnacionais na zona de fronteira, como o narcotráfico?
A lei nos garante poder de polícia na faixa de 150 quilômetros a partir da fronteira e nela temos agido no combate a esses crimes, principalmente em operações conjuntas, como recentemente na "Operação Ágata 8", na "Operação Parintins", quando fazemos questão de estabelecer parcerias com outros órgãos de Estado.
Em números:
--22.807 fluviários estão habilitados pela Marinha para trabalhar nos mais diferentes tipos de embarcações na Amazônia, segundo registro na Capitania dos Portos da Amazônia Ocidental.
--35.810 embarcações estão registradas na Capitania.
Na avaliação do comandante Domingos Sávio, esses números ainda não refletem a realidade encontrada nos rios da Amazônia."
FONTE: reportagem de Gerson Severo Dantas, no portal " A Crítica", de Manaus. Transcrito no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/notimp#n84111).[Imagem do google e sua legenda acrescentados por este blog 'democracia&política'].
FONTE: reportagem de Gerson Severo Dantas, no portal " A Crítica", de Manaus. Transcrito no portal da FAB (http://www.fab.mil.br/notimp#n84111).[Imagem do google e sua legenda acrescentados por este blog 'democracia&política'].
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