Afeganistão: o preço da guerra
Do "Jornal Avante", de Portugal
"A guerra dos EUA no Afeganistão já custou mais de 700 bilhões de dólares desde que o presidente George W. Bush autorizou a invasão do país em 2001, revelou recentemente a organização sem fins lucrativos "National Priorities Project" (NPP).
Só este ano, o conflito já consumiu cerca de 35 bilhões de dólares, apesar de a administração Obama ter reduzido as tropas presentes no Afeganistão para 10 mil homens. Isso significa que a guerra custa aproximadamente quatro milhões por hora aos contribuintes norte-americanos.
Os números deixam claro até que ponto “derrapou” o orçamento da guerra. O custo estimado de 20 bilhões de dólares para os anos de 2001 e 2002 caiu para 14 bilhões com a guerra do Iraque, mas depois subiu em flecha até ultrapassar os 100 bilhões em 2010, valor que se manteve até 2013, até chegar ao valor atual. De acordo com o site "sputniknews", que cita um artigo do "New York Times", o custo para os EUA por cada soldado deslocado no Afeganistão é de cerca de um milhão de dólares por ano, valor que ultrapassa largamente os 390 mil dólares estimados por especialistas do Congresso em 2006.
Entretanto, quer Washington como Cabul começam a admitir – após 14 anos de morte e destruição – que a resolução do conflito só poderá ser alcançada através de negociações de paz. Desde que assumiu suas funções, em Setembro, o presidente afegão Mohammed Ashraf Ghani diz ter como prioridade um acordo de paz com os Talibãs, tendo já havido reuniões entre representantes de ambas as partes.
“A administração Obama reconheceu há algum tempo que a única forma de terminar a guerra no Afeganistão é com algum tipo de negociação. A questão é: a que custo”, afirmou o diretor do "New Internationalism Project at the Institute for Policy Studies", Phyllis Bennis, à "Russia Today".
A contabilidade da guerra, seja qual for a perspectiva que se adote, será no entanto sempre muito superior à dos números oficiais. O NPP, por exemplo, considera que os 700 bilhões que constam dos números oficiais ficam aquém da realidade, já que não contabilizam os gastos com a assistência médica a soldados e veteranos feridos, nem incluem os juros sobre a dívida nacional referente aos custos da guerra.
Posição semelhante tem a economista da Universidade de Harvard Linda Bilmes, citada pelo "sputniknews", que em 2013 calculou que as guerras do Afeganistão e do Iraque se tornaram “as mais caras da história dos EUA”, com os custos médicos e cuidados adicionais iminentes antes até mesmo de as guerras acabarem.
Vidas humanas perdidas à parte, impossíveis de traduzir em qualquer moeda, nessa contabilidade de guerra não entra a devastação do Afeganistão, que aparentemente ninguém se arrisca a fazer. Por responder fica ainda a perguntar mais elementar: quem lucrou/lucra com essa(s) guerra(s)?
FONTE: do "Jornal Avante", de Portugal. Transcrito no portal "Vermelho" (http://www.vermelho.org.br/noticia/267992-9).
Só este ano, o conflito já consumiu cerca de 35 bilhões de dólares, apesar de a administração Obama ter reduzido as tropas presentes no Afeganistão para 10 mil homens. Isso significa que a guerra custa aproximadamente quatro milhões por hora aos contribuintes norte-americanos.
Os números deixam claro até que ponto “derrapou” o orçamento da guerra. O custo estimado de 20 bilhões de dólares para os anos de 2001 e 2002 caiu para 14 bilhões com a guerra do Iraque, mas depois subiu em flecha até ultrapassar os 100 bilhões em 2010, valor que se manteve até 2013, até chegar ao valor atual. De acordo com o site "sputniknews", que cita um artigo do "New York Times", o custo para os EUA por cada soldado deslocado no Afeganistão é de cerca de um milhão de dólares por ano, valor que ultrapassa largamente os 390 mil dólares estimados por especialistas do Congresso em 2006.
Entretanto, quer Washington como Cabul começam a admitir – após 14 anos de morte e destruição – que a resolução do conflito só poderá ser alcançada através de negociações de paz. Desde que assumiu suas funções, em Setembro, o presidente afegão Mohammed Ashraf Ghani diz ter como prioridade um acordo de paz com os Talibãs, tendo já havido reuniões entre representantes de ambas as partes.
“A administração Obama reconheceu há algum tempo que a única forma de terminar a guerra no Afeganistão é com algum tipo de negociação. A questão é: a que custo”, afirmou o diretor do "New Internationalism Project at the Institute for Policy Studies", Phyllis Bennis, à "Russia Today".
A contabilidade da guerra, seja qual for a perspectiva que se adote, será no entanto sempre muito superior à dos números oficiais. O NPP, por exemplo, considera que os 700 bilhões que constam dos números oficiais ficam aquém da realidade, já que não contabilizam os gastos com a assistência médica a soldados e veteranos feridos, nem incluem os juros sobre a dívida nacional referente aos custos da guerra.
Posição semelhante tem a economista da Universidade de Harvard Linda Bilmes, citada pelo "sputniknews", que em 2013 calculou que as guerras do Afeganistão e do Iraque se tornaram “as mais caras da história dos EUA”, com os custos médicos e cuidados adicionais iminentes antes até mesmo de as guerras acabarem.
Vidas humanas perdidas à parte, impossíveis de traduzir em qualquer moeda, nessa contabilidade de guerra não entra a devastação do Afeganistão, que aparentemente ninguém se arrisca a fazer. Por responder fica ainda a perguntar mais elementar: quem lucrou/lucra com essa(s) guerra(s)?
FONTE: do "Jornal Avante", de Portugal. Transcrito no portal "Vermelho" (http://www.vermelho.org.br/noticia/267992-9).
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