quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O DENOMINADOR COMUM

"No trecho de improviso do discurso do presidente da República ontem, na inauguração dos estúdios da Record no Rio de Janeiro, dá para notar o segredo do sucesso de Lula. Ele é o "denominador comum". Não diz nada que exija do Seo Zé ou da Dona Maria raciocínio político elaborado ou uma tremenda capacidade de abstração. Há obviedades, por certo. Mas ele repisa, no discurso, temas e ideias com as quais qualquer pessoa consegue se identificar. Por exemplo, quando fala do FMI, ele não se arrisca a falar das "condicionalidades" que o FMI impunha à economia brasileira. A ideia central é: a gente devia, agora não deve mais, além disso emprestou algum a eles e ainda tem guardado um monte debaixo do colchão. Qualquer pessoa entende isso e entende o que significa passar de devedor da padaria da esquina a credor. Simples assim:

"Eu queria, sempre faço um improvisozinho, mas eu queria pegar dois minutos aqui, rapidinho, para dizer que como cidadão brasileiro e como presidente da República é de forma muito prazeirosa e com muito orgulho que eu participo de mais esse evento da TV Record. Porque vocês começaram ele [o estúdio] em 2005. Ainda não era muita gente que acreditava no Brasil em 2005. Aqueles que em 2003… em 2002, não tinham votado em mim, depois da vitória ficaram em 2002, 2003, 2004 torcendo para que o governo não desse certo. Porque tem um certo tipo de gente no Brasil que ele não se contenta no exercício da democracia em perder, ele quer que quem ganhe não faça nada para ele poder justificar os discursos feitos durante a campanha.

Eu acompanho os meios de comunicação no Brasil e sei o quanto a Record e o povo da Record foi vítima de preconceito. E vocês fazendo esse investimento estão dando uma demonstração extraordinária de que acreditam no Brasil. Esse país tem tudo para em 2016 ser a quinta economia do mundo. Esse país tem tudo para ser até 2016 um grande exportador. Esse país vivia envergonhado. Esse país era tratado de forma quase que a humilhar a grandeza e a nossa auto-estima.

Porque a gente não se respeitava, nós nos colocávamos diante dos outros como se nós fossemos inferiores. As pessoas sempre diziam que nós não podíamos, que nós não tínhamos chances, que nós não tinhamos conhecimento. Nós quando chegamos ao governo, nós só não tinhamos reservas como deviamos praticamente 30 bilhões de dólares ao FMI. Hoje, este país pagou o FMI, emprestamos mais 10 bilhões de dólares pro FMI e temos 230 bilhões de dólares de reservas pra dar segurança na nossa balança comercial e para enfrentar crises como essa que se apresentou, que em outros momentos teria quebrado o Brasil.

A verdade é que para um país dar certo, para uma empresa dar certo, para que as coisas aconteçam de forma positiva num país, é preciso que a gente acredite na gente mesmo e por todas as conversas que nós tivemos ao longo desses anos eu posso testemunhar que vocês acreditam na capacidade empresarial de vocês, na capacidade gerencial de vocês e sobretudo acreditam no poder de competitividade de vocês.

Não seria bom para o Brasil que a gente tivesse apenas uma televisão produzindo novela, não seria bom para o Brasil que a gente tivesse apenas uma televisão dando informações, não seria bom para o Brasil que a gente ligasse a televisão… antigamente sem controle remoto ficava num canal só porque a gente ficava brigando em família para ver quem levantava para rodar o botão… mas agora com o controle remoto ou seja… não precisa levantar, é só clicar aquilo...

E o que que tá acontecendo na verdade? É essa opção, essas alternativas, é que estão permitindo que o povo brasileiro não seja vítima de alguns formadores de opinião pública que não querem formar opinião pública, mas que querem induzí-la a um pensamento único, a uma verdade única, sem permitir que as pessoas tenham possibilidade de ter opções de informações. Eu sei o quanto vocês estão investindo no Jornalismo, eu sei o quanto vocês estão investindo em novelas, agora vão investir na produção de filmes. Como cidadão brasileiro, que quero ser bem informado, como presidente da República eu só posso dizer aos companheiros da família Record… um tempo atrás essa quantidade de artistas, alguns já conhecidos de outros canais, se tivessem perdido emprego, estariam possivelmente marginalizados nesse país, não tinha muita opção.

Deus queira que apareça outros canais, competindo com vocês, e que apareça outros competindo com aqueles que estão competindo com vocês, porque aí nós vamos ter mais informações, mais cultura, mais novela, mais cinema, mais coisa importante pra gente ver, e sobretudo vão ter mais empregos, mais emprego pros nossos artistas e pras nossas artistas, mais empregos para os trabalhadores, para os câmeras, para aqueles que carregam carrinho, para aqueles que batem aquela plaquinha que eu bati aqui, para aqueles que atendem bem a gente na portaria e quanto mais empregos a gente tiver, mais cidadania a gente estará construindo em nosso país". "

FONTE: escrito por Luiz Carlos Azenha e postado hoje (29/10) em seu portal "Vi o mundo".

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