sexta-feira, 11 de novembro de 2011
DEFESA NACIONAL: ASSUNTOS POLÊMICOS, por Celso Amorim
“O ministro da Defesa, Celso Amorim, destacou quarta-feira (9), em audiência pública da ‘Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados’, que a garantia das riquezas brasileiras passa por uma estrutura de defesa forte (Foto – Câmara).
MINISTRO DA DEFESA, NA CÂMARA, ABORDA ASSUNTOS POLÊMICOS
“EM AUDIÊNCIA NA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, MINISTRO AFIRMA QUE SOCIEDADE E PARLAMENTO NECESSITAM ENTENDER IMPORTÂNCIA DAS FORÇAS ARMADAS
O Ministro da Defesa, Celso Amorim, destacou quarta-feira (9), em audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados (CREDN), que a garantia das riquezas brasileiras passa por estrutura de defesa forte.
Ele lembrou a importância das reservas de petróleo, a riqueza florestal e a produção de alimentos como possíveis frutos de cobiça de potências estrangeiras. Também ressaltou a necessidade de política orçamentária estável que garanta os recursos necessários para que as Forças Armadas cumpram sua função.
“Nossa estratégia passa pela construção de um cinturão de paz e boa vontade na América do Sul e de dissuasão para fora do continente”, explicou o ministro da Defesa. “Hoje, estamos fora dos eixos de conflito, mas não posso garantir que isso ocorra no futuro. Não é como nos tempos da Guerra Fria, em que escolhíamos um dos lados para garantir nossa segurança global. Vivemos uma ordem multipolar, onde as ameaças são multifacetadas e podem vir [repentina e inesperadamente (ex: Líbia, por conta do seu petróleo)] de variadas direções.”
Para que o Brasil tenha uma política de Defesa viável, segundo o ministro Celso Amorim, seria necessário que a sociedade e o Parlamento entendessem a importância das Forças Armadas para o país. “É, mais ou menos, como um seguro de vida”, afirmou. “Você pode viver 80 anos sem precisar de um, mas sempre pode haver um imprevisto.”
O convite ao ministro da Defesa originou-se em quatro requerimentos preparados pelos deputados Eduardo Azeredo Temas, Íris de Araújo, Antônio Carlos Mendes Thame e, em conjunto, pelos parlamentares Ivan Valente e Chico Alencar.
A pauta incluiu o ‘Centro de Lançamento de Alcântara’, o estágio atual de reequipamento das Forças Armadas Brasileiras, a ‘Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti’ (MINUSTAH), o sucateamento das Forças Armadas brasileiras e esclarecimentos sobre supostas ações de contrainteligência.
HAITI
"Segundo a ciência política, o Haiti cumpriu os requisitos que caracterizam uma sociedade estabilizada e democrática: duas passagens de governo de um presidente eleito para outro. Hoje, o ex-presidente Bertrand Aristide vive no país, embora não participe da vida política e concentre seu esforço na área da educação. Na situação atual, não faz sentido manter a mesma presença com o mesmo número de tropas no Haiti. Por isso, falamos em redução gradual. Temos que deixar claro para os haitianos que não vamos nos eternizar, mas que também faremos isso de forma responsável."
MODERNIZAÇÃO
“Convoquei uma grande reunião com as Forças Armadas, a ser realizada no início de dezembro, para ter visão integrada das carências que precisam ser supridas prioritariamente. A questão do reequipamento não pode ser tratada de forma isolada. Há poucos dias, quando visitei um centro de pesquisas do Exército, tive oportunidade de conhecer um fuzil que é o primeiro programa conjunto das três Forças Armadas.”
DESCONTINUIDADE ORÇAMENTÁRIA
“Defesa envolve recursos, alguns bilhões de reais. Temos a segunda maior fronteira [no mundo], inferior apenas à da Rússia, com 17 mil quilômetros, e o maior litoral atlântico, com 5 mil quilômetros. Por isso, temos de dar continuidade aos programas. Quando uma estrada é interrompida, você pode reiniciá-la de onde parou. O mesmo não ocorre durante a paralisação de um projeto de alta tecnologia. As equipes se dispersam, perde-se patrimônio humano e não há como reconstituí-lo em curto prazo.”
F-X2
"Os jatos continuam no radar. Há plena consciência de que são necessários, mas temos que aprofundar a discussão na questão dos custos e da transferência de tecnologia."
GERAÇÃO DE TECNOLOGIA
“Os programas militares são grandes geradores de tecnologia de uso dual. Setenta por cento das pesquisas realizadas nos Estados Unidos partiram de demandas oriundas do Departamento de Defesa.”
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
“A transferência de tecnologia não se resume ao repasse. Precisamos ter capacidade de absorvê-la, mantê-la e desenvolvê-la para que, no futuro, não tenhamos de adquiri-la novamente.”
PANORAMA INTERNACIONAL
“Precisamos nos aparelhar de acordo com nossa presença internacional. Como integrante do BRICS e de outros fóruns privilegiados, não podemos participar de reuniões em que poucos entram sem ter uma defesa forte.”
MISSÕES NO EXTERIOR
“Somos extremamente atuantes, mas com pequenos contingentes. A única exceção é a ‘Força Interina das Nações Unidas no Líbano’ (UNIFIL), onde o comando é exercido por um almirante brasileiro, um privilégio que antes era exclusivo de militares da OTAN. Enviamos uma fragata com 280 homens e um helicóptero para servir-lhe de capitânia.”
CONTRAINTELIGÊNCIA
“Determinei uma revisão dos manuais de contrainteligência do Exército e da Marinha. A própria doutrina que serve de fonte para a elaboração dos manuais passa por processo de revisão. O Brasil vive, hoje, momento de democracia e com funcionamento pleno do Estado de Direito. Nossos documentos têm de estar adequados às atuais circunstâncias. No entanto, necessitamos de contrainteligência para combater possíveis atos de espionagem. Costumamos nos subestimar, mas temos desenvolvimentos científico-tecnológicos que interessam a outros países, como as centrífugas de produção de urânio enriquecido de Aramar, de concepção inteiramente nacional.”
FONTE: site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/defesa/noticia/3504/Defesa---Amorim-na-Camara-Avalia-Assuntos-Polemicos) [título e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
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Unasul: Defesa sul-americana tem como meta proteger recursos
LIMA, 11 Nov 2011 (AFP) - À medida que diminuem os problemas fronteiriços e conflitos internos na região, a política de defesa sul-americana passa a ter como objetivo a segurança estratégica e conjunta dos recursos naturais, afirmou a secretária-geral da Unasul, Maria Emma Mejía, esta sexta-feira, em entrevista à AFP em Lima.
Mejía, que está na capital peruana para uma reunião de ministros da Defesa da União de Nações Sul-americanas (Unasul), afirmou que a região "é o grande ativo para o mundo em termos de reservas naturais".
"Temos hidrocarbonetos,
minérios,
água,
grandes florestas naturais,
a Amazônia,
grandes reservas de alimentos.
Então, o Conselho de Defesa (que reúne os ministros dos 12 países da Unasul) falaram desse tema, começando a pensar qual é o elemento estratégico perante o mundo", disse.
Ela advertiu que "não se trata de fixar uma política de defesa para cuidar esses recursos como se fossem roubá-los de nós, mas na medida em que diminui a pressão militar tradicional fronteiriça ou conflitos internos nos países sul-americanos, vejo cada vez mais os exércitos e uma política de defesa comum para esses grandes ativos e teremos que trabalhar nisso".
Mejía, ex-chanceler colombiana, afirmou que esse enfoque é possível pela "maturidade que se alcançou na compreensão da necessidade de uma política comum na questão da defesa na América do Sul".
"Isso é histórico. Há poucos anos, isto era impensável, inclusive com duros enfrentamentos, e hoje há uma região de paz consolidada", acrescentou.
"Se pode haver uma inquietação, eu diria que em comparação com o resto do mundo a corrida armamentista na América do Sul é um mito. Esta é uma região de paz", reiterou, ao ser consultada acerca de receios sobre os gastos na defesa de países como Venezuela e Chile.
A questão da defesa dos recursos naturais foi abordada durante a inauguração do Centro de Estudos Estratégicos da Defesa da Unasul (CEED), em maio passado, em Buenos Aires.
O diretor da entidade, o argentino Alfredo Forti, afirmou que um dos principais objetivos do CEED é que a América do Sul tenha informação própria sobre seus "ativos estratégicos".
"É alarmante registrar
que as principais fontes de informação sobre os recursos da nossa região venham
de fora.
São instituições governamentais,
agências multilaterais
e organismos privados que,
de Londres,
Nova York,
Estocolmo,
Washington
ou Pequim,
nos dizem o que temos
o que não temos.
É nestes centros que se realizam estudos prospectivos sobre a América do Sul", comentou Forti.
"Os recursos naturais,
na qualidade de [bens] estratégicos,
são fatores de altíssima importância
que podem ser cobiçados por países de outras regiões", acrescentou.
O Instituto Internacional para a Paz (SIPRI) de Estocolmo informou, em seu último relatório, que
em 2009
a América do Sul destinou 51,8 bilhões de dólares para despesas militares
contra 680 bilhões da América do Norte (principalmente os Estados Unidos).
A Unasul não possui ainda estatísticas de gastos e precisamente será um Plano de Ação, firmado esta sexta-feira em Lima, que permitirá afinar uma metodologia para padronizar estes números.
Probus,
Oportuno e pertinente o seu comentário. Complementa para mim e leitores do blog o tema da postagem.
Obrigada
Maria Tereza
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